22 de janeiro de 2013

O Pão Nosso de Cada Dia Dá-nos Hoje


A jornada cristã pela vida recomeça a cada dia, na medida que novos desafios se apresentam com a finalidade de provar a nossa fé, fortalecer nossas convicções e expor nossas fraquezas. Tudo isto se combina durante um dia, até mesmo naqueles que parecem mornos e sem novidades, para que terminemos a jornada diária mais convictos, apegados e conscientes da nossa ligação e dependência do Altíssimo. 
Talvez, por se tratar de um processo cotidiano é que a oração que o Senhor ensinou nos conduz a um ciclo diário de aproximação. Então, mais que uma súplica pelo alimento, esta petição é uma busca pelo auxílio do Senhor em cada experiência que consome a nossa preocupação durante o dia. O pão, mais que o alimento, é a representação da própria sobrevivência. 
Caminhe com Deus, mas faça-o diariamente! 

18 de janeiro de 2013

Mateus 3.13 a 17


Lições do Batismo de Jesus
O Amor Forjando Uma Íntima e Verdadeira Comunhão Com Deus

O indiscutível amor de Jesus pelo Pai produziu um tipo de vida que o conduziu a viver em plena comunhão com Ele. Este texto, quando visto deste ponto de vista, nos incita a imitar Jesus para ter a plena comunhão com o Pai. Procuraremos no texto as marcas da vida de Jesus que o levaram a tal comunhão e a partir delas procurar viver para agradar a Deus.


INTRODUÇÃO
O ministério de João Batista tinha como objetivo endireitar as veredas para a chegada do Messias e, com certeza, o dia mais impressionante da vida de João Batista deve ter sido aquele descrito neste texto, quando Jesus Cristo se apresenta diante de João para ser batizado.
Mateus nos mostra a hesitação de João naquele momento em que disse para Jesus que era ele, João, que deveria ser batizado. Certamente, João não estava mais pensando em água, mas no batismo com o Espírito Santo.
Entretanto, Jesus insistiu em que João o batizasse com a finalidade de cumprir toda a justiça da Lei e, no momento em que Jesus saiu da água, os céus se abriram e a voz do Pai ecoou afirmando o amor do Pai por Jesus e o Espírito Santo veio sobre o Senhor em forma de pomba.
Naquele momento, uma declaração gloriosa estava sendo feita, a declaração da plena comunhão entre o Pai e o Filho e da plena comunhão entre o Filho e o Espírito. Naquele momento estava sendo testemunhado para todos que Jesus Cristo era o Messias prometido, conforme predito pelos profetas.
A comunhão de Jesus com o Pai não surge apenas porque Ele é o Filho de Deus. Mas, como homem, ele aprendeu a viver para a glória do Pai. Ele cresceu diante do Pai, como nos diz Lucas no seu relato sobre a infância de Jesus. Devemos aprender que as atitudes de Jesus como homem são parâmetros para a nossa imitação. Elas revelam um caminho para a comunhão que Deus deseja ter com todos os seus filhos.
João, o discípulos, escreveu em sua primeira carta que ele escrevia sobre Jesus e a vida com Cristo para que todos tivessem comunhão com Ele, com o Pai e uns com os outros. Então, acredito que a imitação de Cristo é a mais perfeita estrada para a comunhão com Deus.
Nossa comunhão com o Pai se dá em duas etapas. A primeira tem uma característica forense e se dá no momento em que nossos pecados são pagos na cruz. Ali, Cristo restaura a nossa comunhão com o Pai em termos de nosso estado.
O segundo momento da nossa comunhão com Deus se dá em um processo de crescimento e amadurecimento da nossa fé, ou se você quiser, em nosso processo de santificação, quando vamos nos tornando cada vez mais parecidos com Jesus e, por isso, cada vez mais próximos do Pai.
Hoje quero falar sobre este segundo aspecto que deve ser trabalhado em nossa vida. Até porque, o primeiro momento da nossa santificação, para aqueles que depositam em Jesus sua fé, já foi dado uma vez por todas. O segundo momento é o da imitação do modo de vida de Jesus e este é um dos mais importantes passos da vida de qualquer pessoa.
Portanto, se você deseja um nível de comunhão elevada com o Senhor. Eu quero lhe convidar a olhar para Jesus e imitá-lo.

QUEM DESEJA VIVER UMA ÍNTIMA E VERDADEIRA COMUNHÃO COM DEUS NÃO PODE SER DOMINADO PELO AUTOAMOR
Já mencionei este ponto em uma mensagem anterior quando focamos o comportamento daqueles fariseus e saduceus que procuraram João para serem batizados.
Eles, inadvertidamente, tinham um autoamor tão elevado que julgavam que sua condição de descendentes de Abraão estava acima de seus pecados. Seus corações não poderiam ser curados da chaga do pecado, porque não poderia produzir fruto de arrependimento. Simplesmente porque o seu autoamor não os permitia ver com realidade sua condição e necessidade de homens caídos.
No texto de hoje, veremos este mesmo ponto de outra forma. O veremos no comportamento de Jesus que caminhava na direção contrária do comportamento dos fariseus e saduceus.
Jesus também se apresentou para ser batizado por João, assim como aqueles homens. Contudo, Jesus não poderia ser incluído de forma dura, como João fez com aqueles, no grupo da raça das víboras. Jesus não tinha pecados, ele não somente era digno de ser batizado, mas como o próprio João admite, não precisava ser batizado.

Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?

João está completamente certo no que está dizendo. Jesus era maior que João, como o texto anterior nos revela. João não era digno de carregar as sandálias dele. Ele era mais poderoso, Jesus era o Cristo! João está completamente certo no que está dizendo, Jesus ir até ele para o batismo de arrependimento é um contracenso.
Contudo, é importante que aprendamos uma lição aqui. Jesus sabia que era o filho de Deus. Jesus sabia também que não tinha pecados e Jesus sabia que era o Messias e que não precisava do batismo nos mesmos termos que os outros homens. A resposta que Jesus dá indica este conhecimento. Ele diz “por enquanto”... isto é, neste momento João, isto é necessário.
O autoamor de Jesus jamais o controlou. Ele jamais pensou de si mesmo além do que convinha e jamais procurou viver para satisfazer a si mesmo. Neste momento, ele revela que apesar de ser o Filho de Deus e o Messias prometido, esta condição não carregava em seu coração puro nenhuma inclinação para a vanglória ou a autoglorificação.
Você pode perceber esta atitude no texto? E agora, o mais importante, você pode pensar em você e em como você tem decidido as coisas da sua vida, especialmente nos momentos em que está em uma condição de superioridade? Como reagimos nestes momentos.
Estamos em uma sociedade que valoriza a imponência e o poder. Em nosso meio social os grandes é que são considerados os melhores e as pessoas lutam para mostrar sua supremacia sobre as outras.
Quando o autoamor nos domina, tendemos a expor nossa força e buscar superar os outros. Não é uma questão de arrogância ou de ser arrogante, mas trata-se de uma simples inclinação do autoamor que tende a nos inclinar para a autovalorização e buscar a admiração das outras pessoas. A questão é que isto ocorre tanto com aqueles que vivem circunstâncias maiores dentro de um grupo social maior, quanto para os pequenos círculos, às vezes, dentro da própria família, no relacionamento conjugal. Outras vezes, dentro dos limites da vida cristã, da igreja, dos ministérios.
Por isso, se queremos ter comunhão com o Pai precisamos aprender a não viver dominado pelo autoamor.


QUEM DESEJA VIVER UMA ÍNTIMA E VERDADEIRA COMUNHÃO COM DEUS DEVE DESENVOLVER O ESPÍRITO DE OBEDIÊNCIA E SUBMISSÃO

Uma moeda tem dois lados, contudo os lados são diferentes entre si e possuem características próprias. Pode parecer que diremos o mesmo que foi dito no passo anterior, mas eu garanto que estamos falando de coisas diferentes aqui.
Neste ponto, quero observar que o complemento do que pontuamos acima é o desenvolvimento do que pontuaremos aqui, contudo, nem sempre, as pessoas que dispõem do primeiro padrão de imitação, conseguem seguir neste segundo padrão. Uma coisa é não viver para a vanglória e dominado pelo autoamor, outra bem diferente é se dispor à  obediência e à submissão. O que no fundo, apenas revela que o primeiro padrão é incompleto de quem tem a dificuldade do segundo passo.
Acho que posso ir além e afirmar o seguinte: este segundo padrão da imitação de Cristo é o grande teste para saber que já temos o primeiro. Em outras palavras, as situações em que somos expostos a decidir sobre a obediência e a submissão são os grandes testes a respeito do poder de dominação do autoamor sobre a nossa vida.
Quando Jesus Cristo estabeleceu o padrão “negue-se a si mesmo,  tome a sua cruz e siga-me” estava propondo estes dois passos aos seus discípulos. Estava apresentando uma dupla atitude que ele mesmo mostrou em muitas e muitas ocasiões, principalmente na sua crucificação é claro, mas que também fica evidente aqui, no início do seu ministério no momento do seu batismo.
Veja que João o interpela e a resposta de Jesus é a seguinte:
Deixa por enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça.
Não sei se você parou pensar sobre isto, mas aqui, Jesus está se propondo a ser batizado por João, o que era determinado para pessoas em rebeldia diante de Deus, que viviam em pecado e que se sentiam ameaçadas pela ira vindoura. Mas Jesus não tinha nenhuma destas coisas contra si.
A motivação de sua entrega ao batismo de arrependimento de João é um ato voluntário de diminuição e entrega, por amor aos outros. Você consegue perceber isto aqui?
Eu diria que a vida de Jesus inteira foi um ato de voluntária submissão, humilhação e entrega obediente. Eu me pergunto se por acaso ele precisaria passar fome, ser tentado, ser acusado de blasfemo, ser odiado para ser o filho de Deus. Contudo, ele se submeteu às exigências que a Lei estabelecia para pecadores, mesmo sem ter nenhum pecado.
Jesus não era controlado pelo autoamor, mas se deixava mover por um amor voluntário a Deus e ao próximo. Por isso, era capaz de se submeter obedientemente às exigências da Lei.
Este ponto é um dos pontos mais difíceis da jornada de qualquer cristão. Trata-se daqueles pontos da nossa vida em que precisamos caminhar uma estrada escura e cheia de pedregulhos por amor ao próximo, mesmo que não tenhamos necessidade alguma de estar ali.
Eu penso em muitas discussões e divisões dentro do contexto das igrejas cristãs se dão em virtude de que ninguém deseja se submeter a pensamentos que julga serem menos interessantes ou inteligentes que os seus. Quantas vezes somos levados a ouvir frases do tipo: se for deste jeito, então não faço!
A grande prova do quanto aprendemos a não sermos dominados nosso autoamor é a o desenvolvimento da nossa capacidade de carregarmos cargas que não são nossas e fazer delas nossa própria cruz. Quando estivermos prontos para trilhar caminhos que exijam a nossa humilhação, ou mesmo que simplesmente exijam que olhemos para o outro mais que para nós mesmos, então estaremos apresentando os dois padrões da imitação de Cristo, conforme temos falado nesta pequena meditação.

QUEM DESEJA VIVER UMA ÍNTIMA E VERDADEIRA COMUNHÃO COM DEUS DEVE SE DISPOR A VIVER A AGRADAR A DEUS
Quem é dominado pelo autoamor não pode alcançar a graça de viver para agradar a Deus. Primeiramente não alcança essa graça por que, na verdade, vive para agradar a si mesmo, portanto, Deus é apenas um instrumento da sua vida e não a finalidade da mesma.
O primeiro sinal da vida que agrada a Deus é a manifestação da presença do Espírito Santo em nossa vida. Muitas vezes me perguntei sobre o motivo do Espírito Santo aparecer de forma tão evidente no batismo do Espírito Santo.
Em primeiro lugar, creio que isto aconteceu para testemunhar claramente que Jesus era o Cristo. Portanto, a descida do Espírito Santo em forma de pomba, somada ao ressoar da voz do Pai, eram importantes para a creditação da autoridade de Jesus Cristo como o Messias prometido.
Não obstante essa creditação, devemos considerar que ela não ocorrera apenas porque Jesus era o Messias, ele de fato tinha uma vida de proximidade com o Espírito Santo. Ele se dispôs a esta busca e se dispôs a viver para agradar a seu Pai.
A presença do Espírito Santo em forma corpórea era apenas um sinal do que já acontecia no interior do coração de Jesus Cristo, pois era homem cheio do Espírito Santo.
A voz do Pai ressoou em uma palavra de grande amor e felicidade na vida do seu Filho:
Este é o meu filho amado, em que me comprazo.
O pai declara o seu amor e afirma que tem prazer em seu filho. O amor de Jesus pelo Pai o levou a viver para agradá-lo. Jesus Cristo enfrentou decisões difíceis em sua caminhada na terra, mas sempre a vontade do Pai e o fazê-lo satisfeito era o seu prazer e a sua alegria, o maior combustível para a sua vida.
Certa feita, Jesus afirmou que a sua comida e a sua bebida era fazer a vontade de seu Pai. Assim, podemos aprender desta declaração de amor de Deus que ela é o resultado direto do fato de que o Amor de Jesus Cristo pelo Pai o levou a viver um padrão comprometido com a intencionalidade de agradar a Deus em tudo.
Quando crentes como eu e você decidem deliberadamente que sua vida refletirá o padrão de vida comprometido com a alegria de Deus, muita coisa muda no modo como passamos pelos nossos dias.
Quando a nossa comida for fazer a vontade do Pai e agradá-lo tornar-se a manifestação do Amor a Deus sobre todas as coisas, então, acredito que a Igreja de Cristo terá novamente forças para impactar este mundo tão egocêntrico.
Pessoas movidas pelo seu amor a Deus e a vontade de alegrar a Deus acima de tudo têm força moral, ética e espiritual para mostrar ao mundo o Reino de Deus.

Conclusão
Acredito que perdemos muito em nossos dias por termos nos distanciado dos padrões elevados mostrados nas Escrituras Bíblicas. Perdemos muito por termos tornado a vida de Cristo apenas um referencial teórico da nossa fé.
Um mundo afundado no autoamor como mecanismo básico do pensamento geral precisa urgentemente redescobrir o valor de uma fé centrada em Deus.
Jesus Cristo é o maior exemplo bíblico, por isso a imitação de sua vida é um passo mais que necessário para aqueles discípulos que servirão como janelas vivas do Reino de Deus. Por meio dos quais o mundo conhecerá a força do amor a Deus e a força da fé Cristocêntrica.
Neste texto três padrões de imitação são apresentados: Não viver dominado pelo autoamor, viver decidido prontamente a obedecer e se submeter a Deus e sua vontade e a mola mestra destes dois: o amor profundo a Deus que nos leva a viver deliberadamente para agradá-lo.
Pense bastante sobre estes três aspectos da vida cristã e se autoavalie. Procure sinceramente conversar com Deus sobre as grandes pretensões do seu coração em servi-lo e vê-lo agradar-se de você e de estar perto em comunhão plena com Ele.
De fato, você não verá o Espírito Santo descendo sobre você em forma de pomba, também não ouvirá a voz do Pai, ecoando audivelmente, mas, estará vivendo em comunhão com Deus, será cheio da presença do Espírito Santo o que é tudo o que precisamos nesta vida.

Aplicação para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Meus queridos irmãos, membros e frequentadores da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa. Passarmos os anos sem um motivo maior a nos mover até este lugar para o viver eclesiástico pode ser considerada uma grande perda de tempo.
Acredito que o Evangelho do Reino que foi pregado a nós, no qual cremos, tem algo muito maior a nos apresentar. Creio que fomos chamados para anunciar Cristo de uma maneira diferente, com compromisso com a Vontade e a Alegria de Deus.
O que é necessário para isso? Que haja entre nós um número considerável de irmãos que estejam dispostos a fazer da vida de Cristo um referencial prático para sua própria vida.
Hoje, extraímos de um texto apenas algumas características que abordava o modo como Jesus vivia e tomava as suas decisões. Há tantos outros para aprendermos. Por isso, é muitíssimo importante que estejamos dispostos a crescer no conhecimento do Filho de Deus.
Para que a IPBVF se torne uma janela viva do Reino de Deus é a vida dos crentes que deve se mover e se transformar. São os jovens, as mulheres, os homens, as crianças, os idosos testemunhando com a própria vida no modo como fazem suas escolhas, como trabalham para ao Senhor, como amam o próximo e valorizam o outro, na disposição de servir e viver o Evangelho, bem como aprender de Cristo. Esse tipo de atitude é que fará a IPBVF ser uma janela do Reino de Deus.
Quero compartilhar essa visão e essa preocupação com todos os irmãos. Acredito que muitos aqui tem um profundo amor por Deus, mas este amor não os está movendo a frutificar. Para mim, ainda são controlados pelo autoamor, mais que pelo amor a Deus.
Sei que os irmãos tem condições de refletir seriamente sobre esta situação e peço a vocês que o façam com muita seriedade diante de Deus e dos homens. Caso você precise de ajuda, procure-me... vamos falar com Deus e encontrar um modo de fazê-lo feliz com sua vida.
Em Cristo e no temor do Supremo 

6 de janeiro de 2013

Mateus 3.1 a 12

Produzindo Bons Frutos
 Movidos pelo amor para
uma vida frutífera



Considero no mínimo curioso que muitos fariseus e saduceus procurassem João Batista para serem por ele batizados. Parece-me curioso que pessoas tão apegadas aos seus princípios e valores religiosos tivessem algum tipo de angústia de alma que os levasse a “garantir” que aquele homem espantosamente comprometido com Deus os aliviasse.
Não os culpo por procurarem João Batista, aliás, eu admiro que tivessem a honestidade de fazê-lo. Sentiam-se oprimidos e talvez nem soubessem exatamente o por quê. Por isso, estavam expressando sua angústia naquela busca inusitada.
Não obstante eu admire a coragem deles para admitir sua necessidade espiritual, tenho de perceber neste texto que isso não era tudo. Estes pequenos frutos de aparente fé não eram os frutos que o Senhor Deus queria receber. Aliás, pareciam muito mais preocupados em afugentar suas angústias, que realmente em emendar os seus caminhos diante de Deus.
Assim como aqueles muitos fariseus e saduceus, também em nossos dias temos “muitas” pessoas em transito religioso, na intenção de afugentarem suas angústias, contudo sem querer curar os seus corações idólatras de si mesmos.
João Batista os advertiu seriamente: Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento (verso 8). E assim, ele os conclamou a uma busca ainda maior, a da cura de seu coração, sua alma para Deus.
O que realmente importa é o que nos move até Deus. O que, no fundo está na base de nosso anseio de encontrar a Deus?
Neste texto de Mateus, veremos a abertura do Reino para qualquer um que queira entrar tem uma porta estreita que, por ela, só podem passar pessoas que tomaram uma profunda decisão de mudança baseada no princípio: “Amar a Deus Sobre Todas as Coisas”.
Desejo levá-los a este texto com estas questões em mente, para que o Senhor nos conduza verdadeiramente aos mananciais de seu Espírito, que flui de sua Santa Palavra.

Na Base da Produção de Frutos Dignos de Arrependimento Está Um Autoamor Equilibrado Por uma Visão Verdadeira de Nossa Própria Miséria
Existe sempre uma inclinação em nossa natureza humana a da “auto-valorização” e da “auto-glorificação”. Evidentemente, a Palavra de Deus não nos recomenda o ódio por nós mesmos, isso não é uma virtude. Mas, também não podemos cair no extremo de viver de forma narcisista, nunca admitindo os efeitos que a queda, o pecado, produziu em nossa natureza.
Na base da miséria do homem está a sua sede por ser glorificado sem Deus. Quando voltamos nossos olhos para o primeiro pecado de nossos pais, lá no Jardim do Eden, facilmente observamos como esta sede de poder e autoglorificação invadiu cada recanto da alma humana.
O texto nos apresenta João Batista e a sua pregação. Na raiz de sua pregação, não está a apresentação de promessas de adulação do homem, uma mensagem ufanista das glórias do homem: vocês são filhos do Rei; suas palavras têm poder...
Na pregação de João Batista não há a bajulação da natureza humana, nem dos sonhos humanos, nem das possibilidades dos homens... Na base da pregação de João Batista está uma mensagem que conclamava ao arrependimento.
Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e dizia: arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus (versos 1 e 2)
Para João Batista, assim como para todos os profetas do Velho Testamento, não havia possibilidade de um relacionamento verdadeiro com Deus, sem um coração quebrantado e arrependido. Para ele, viver no Reino implicava em um reconhecimento de seus próprios pecados. Por isso, ele os batizava e os conduzia à confissão de pecados.
E eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados (verso 6).
O problema que João levanta com relação aos Fariseus e Saduceus é que eles buscavam algo, mas não buscavam a cura de suas próprias mentes e almas idólatras. Desejavam uma ligação com o Senhor, mas sem que o seu coração fosse dominado por ele. Desejavam continuar no erro denunciado pelo profeta: com seus lábios me honram, mas o seu coração está longe de mim (Isaías 29.13).
Eles agiam assim porque tinham de si mesmo uma opinião elevada. Neste Evangelho veremos Jesus recriminar esta postura destes homens, quando os cita orando nas praças, cantando vitórias acusando o pecados dos outros homens etc. Eles se sentiam homens melhores que os demais, pois tinham a linhagem de Abraão como uma marca de sua estirpe.
Não comeceis a dizer entre vós mesmos: temos por pai Abraão (verso 9).
Facilmente podemos perceber que se deixamos nossa inclinação para autoglorificação nos dominar, não teremos um relacionamento verdadeiro com Deus e, não teremos uma vida verdadeiramente frutífera, que glorifique a Deus.
Precisamos reconhecer nossas limitações, abandonar nossas falsas convicções de autoperfeição. Precisamos nos arrepender, ter o coração curado desta chaga. Precisamos equilibrar o nosso autoamor.
Amar a si mesmo é bom, mas nunca de forma que isso se torne em uma medida que nos sintamos melhores que os outros ou até mesmo mais sábios que Deus e sua Palavra.

Na Base da Produção de Frutos Dignos de Arrependimento Está O Reconhecimento da Necessidade de Amarmos a Deus
Ao lado de nossa inclinação para o autoamor desmedido e idolátrico, temos em nosso coração uma necessidade que, por mais que lutemos por fugir dela, não conseguimos nos ver livres. Estou falando da necessidade de nossa alma de um amor verdadeiro, por algo que realmente seja digno do nosso amor.
Conhecidamente o filósofo alemão, filho de um pastor luterano, Friederich Nietzche, foi um dos homens que mais influenciou o moderno pensamento ateísta. Leonardo Boff registrou em seu blog uma tradução de um poema do Alemão, a qual passo a ler para todos vocês:

Oração ao Deus Desconhecido de Friederich Nietzche
Antes de prosseguir no meu caminho
E lançar o meu olhar para frente
Uma vez mais elevo, só, minhas mãos a Ti,
Na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas do meu coração,
Tenho dedicado altares festivos,
Para que em cada momento
Tua voz me possa chamar.

Sobre esses altares está gravada em fogo

Esta palavra: “ao Deus desconhecido”
Eu sou Teu, embora até o presente
Me tenha associado aos sacrílegos.
Eu sou Teu, não obstante os laços
Me puxarem para o abismo.
Mesmo querendo fugir
Sinto-me forçado a servi-Te.

Eu quero Te conhecer, ó Desconhecido!

Tu que me penetras a alma
E qual turbilhão invades minha vida.
Tu, o Incompreensível, meu Semelhante.
Quero Te conhecer e a Ti servir.

Nietzche foi um propagador do ideal do homem invencível e grandioso, contudo, mesmo a sua alma, ainda enferma pela ferida mortal da autoglorificação, clamava a necessidade de amar a Deus.
Quando voltamos ao texto, uma pergunta de João Batista fica sem resposta. Ela não é dada no texto ou nos outros evangelhos, a resposta só pode ser inferida por nós. Espero que você não sinta esta propositura demais para nossa meditação. Mas eu concluo que havia naquela atitude uma manifestação da necessidade de um amor maior a Deus, que os inquietava, com a qual lutavam, por não desejarem abrir mão do amor próprio idolátrico.
Vendo ele, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao batismo, disse-lhes: raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? (verso 7).
Admito que o texto não afirma que eles sentiam alguma necessidade de Deus, mas não consigo me assegurar de nenhuma outra coisa que não a manifestação desta necessidade, impregnada na alma humana, a necessidade que temos de amar a Deus. O que Calvino chamaria de “sensus divinitatis e sêmen religiones”, um senso da divindade e uma semente da busca por Deus. A mesma motivação que declarou Agostinho como estando na base de sua ansiosa busca por Deus: “Tu mesmo que incitas ao deleite no teu louvor, porque nos fizeste para ti, e nosso coração está inquieto enquanto não encontrar em ti descanso” (Confissões Capítulo 1). 
O problema com aqueles Fariseus e Saduceus é que não reconheceram este clamor de sua própria alma, este clamor do seu coração e o sufocavam com suas estatuetas da egocentria. Pensavam nos seus luxos, nas suas reputações, posições etc.
Reconhecer e submeter-se à necessidade que temos de amar a Deus acima de todas as coisas formará uma base de frutificação na nossa vida. Será um passo precioso na direção de produzir frutos dignos de arrependimento, que apontem para um coração curado, quebrantado para amar ao Senhor.
iste sempre uma inclinação em nossa natureza humana a da “auto-

Na Base da Produção de Frutos Dignos de Arrependimento Está O Temor a Deus e o Senso de Urgência Que Este Temor Provoca
João Batista era um homem que se destacava como profeta do Senhor, era a voz do Senhor que clamava no deserto. Até o próprio Jesus reconheceu a grandeza deste profeta. Herodes vivia aterrorizado por João Batista e o povo via nele a coragem própria de um homem que segue a Deus e confia no Deus a quem segue.
Como já disse, a mensagem de João Batista não era bajuladora, mas apontava para a ira de Deus. Ele mesmo diz que os fariseus e saduceus estavam fugindo da ira vindoura. João Batista não usava isto como um recurso metodológico ou de oratória, ele sabia da urgência do arrependimento e do perigo que era viver sob a ira do Fogo Consumidor.
Algumas vezes, parecemos querer domesticar Deus. Outras vezes, parecemos considerar Deus como um animal de estimação, ao qual damos atenção para nosso próprio divertimento e quando nos sobre algum tempo. Pode parecer duro, mas é verossímel a comparação.
João não está brincando com Deus e a chegada do seu Reino. Ele primeiro adverte aqueles Fariseus e Saduceus a não brincarem com Deus e não procurarem fazer barganha com o Altíssimo. Eles não podiam manipula-lo, afinal o fato de serem filhos de Abraão não domesticava Deus na relação com eles.
E não comeceis a dizer entre vós mesmos: temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão (verso 9).   
As pedras do deserto da Judéia eram as coisas mais comuns e desprezadas. Estavam jogadas em todo o canto e, muitos nem se davam conta de que elas estavam lá. Pois bem, João Batista tem a intenção de lhes mostrar que Deus não precisa de gente de fina extirpe humana, ele não está preocupado se irá ou não irá faltar gente para compor o seu reino, afinal Deus era poderoso o suficiente para daquelas pedras desprezíveis suscitar seus filhos e súditos do seu reino.
Tentar domesticar Deus é um ato de loucura que revela a falta de temor ao Senhor. O temor ao Senhor é essencial para a frutificação, pois por temor ao Senhor seremos movidos na direção certa, sabendo que Ele quer ser adorado e servido segundo o seu conselho. Uma boa maneira de aprender sobre este assunto é estudar o livro de Eclesiastes à luz dos versos 13 e 14 do capítulo 12.
De tudo o que se tem ouvido, a suma é: teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem, porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más (Eclesiastes 12.13 e 14).
A ilustração de João para reforçar o senso de temor e de urgência que se requer para frutificar é a do machado ao pé da raiz. Isto aponta para o juízo de Deus sobre os homens que o negam e desprezam.
Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada fora (verso 10).
Quero destacar a força do argumento de João. Primeiro o machado já está à raiz das árvores. O reino e o juízo que dele procede já está em vigor em nossa geração. Ele se estende a todas as árvores que não produz bom fruto. E o resultado anunciado é simbolizado pelo lançamento para fora da plantação.
Estas palavras não podem ser consideradas sem o devido temor no coração. Nenhum de nós deveria passar por estes versos sem uma reflexão verdadeira sobre o seu significado para nós pessoalmente.
Caros irmãos, frutificar é um dever e uma prova de nossa verdadeira ligação com o Senhor. Temer a Deus e amá-lo são coisas muito próximas. Há uma falácia dizendo que se o amamos por que tememos não é amor verdadeiro.
Eu entendo o que as pessoas querem dizer. Contudo, não podemos descartar o fato de que ele nos conclama a amá-lo também com temor e tremor. Este amor não é fruto de uma coerção, mas de um verdadeiro conhecimento de sua natureza.
Na base de uma frutificação verdadeira está este conhecimento da gravidade do que significa uma vida sem Deus e do perigo que representa brincar com o tempo de frutificar. Certa feita, Jesus aproximou-se de uma figueira. Ela deveria dar frutos, pois estava cheia de folhas, mas não os tinha, então ela secou-se. Não é necessário dizer muito mais para que você entenda a importância de frutificar.

Conclusão
Temos de saber realmente o que está na base da nossa aproximação com Deus, porque estamos fugindo da ira vindoura. Muitos estão buscando a Deus apenas porque Ele pode ser uma boa escolha para o seu futuro, pelo que podem ganhar com isto. Já os que o fazem sem entusiasmo nenhum podem estar apenas procurando se justificar socialmente, ou para a família etc...
A falta de frutos na vida cristã aponta para uma doença que compromete a direção do nosso amor - não podemos simplesmente achar um culpado para nossa pouca vitalidade espiritual, isso não irá resolver e também não resolverá deixar para pensar neste assunto em outro momento. Precisamos entender a urgência que representa viver para Deus e frutificar. Precisamos também realinhar o amor do nosso coração.
Pense bem... Se você tem encontrado um “senhor” que está substituindo Deus e a sua vontade na sua vida? Pense que sua alma não está sossegada com isto e é talvez por isto que tantas angústias te consomem e nada te completa.
Quero lhe convidar a realinhar o seu coração com o Senhor. A buscar uma vida cristã frutífera. Alguns deverão reviver o primeiro amor, outros deverão aprender a amar a Deus acima de tudo.
Passos para isto foi o que vimos em nossa mensagem esta noite: reconhecer nossa miséria e equilibrar o nosso autoamor; reconhecer que nossa alma precisa do amor maior a Deus para encontrar descanso e, por fim, reconhecer que amar a Deus em temor é urgente.
Que Deus nos abençoe!



1 de janeiro de 2013

Pensamentos... correr atrás do vento!

Crédito: blog da Ayescha Elshout
"Correr atrás do vento cansa... e entope as veias de vazio"
De fato, pouquíssimas coisas são essenciais à nossa vida e felicidade e, por isso, não podem faltar. 
Mas, a maior parte de tudo o que tira o nosso sono. sossego, paz, cria abismos existenciais em nosso coração, e, em suma quase tudo que nos liga mais às coisas que às pessoas, são questões passageiras,, muitas delas supérfluas e, com certeza, não essenciais.
Acredito que o sábio Salomão tinha toda razão quando falou sobre a vaidade da vida e o correr atrás do vento, quando concluiu: "Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem" (Eclesiastes 12.13). 
Meditando sobre a simplicidade necessária para um viver feliz, comentei com Kleber Nepomuceno: não é preciso muito para viver em paz! Eu acredito que só precisamos de Deus como Senhor da vida, cuidar bem da esposa e dos filhos, paz com os irmãos de fé e amigos. 
Essa é a vida para o cristão bíblico, que sabe que a história tem um dono e dirigente, que o ama e seguirá realizando a sua vontade até que o seu coração seja completamente dEle!