28 de setembro de 2014

Jó 42.1 a 10

Sinais da Restauração de Deus
Jó 42. 1 a 10

Foco da Nossa Condição Decaída
Precisamos reagir mais positivamente às ações de Deus na nossa vida. Neste texto, encontramos alguns caminhos que podem nos ajudar a identificar algumas das principais mudanças pretendidas por Deus quando nos expõe às provações. 

Introdução
O capítulo 42 do livro de Jó é uma  espécie de “final feliz”. Ele ilustra, com excelência, a obra restauradora de Deus na vida de seus filhos.
O capítulo 42 é também uma espécie de reação de Jó às perguntas de Deus. Este é um ponto de partida importante, pois um dos aspectos signaficativos do desfecho deste livro.
Se você observar bem, a maior parte deste livro é composto pelas perguntas de Jó e as respostas de seus amigos. Em geral, Jó questiona Deus sobre o que Deus fez em resposta às suas ações. Os amigos de Jó, por sua vez, questionam Jó sobre suas ações que estariam produzindo  reações de Deus. Mas, quando Deus aparece no desfecho do livro, o que  percebemos é uma estrutura diferente:
Eu te perguntarei e tu me responderás.
O que temos no capítulo 42 é justamente o resultado desta mudança. O  que percebemos é uma transformação do modo de pensar de Jó e uma adequação ao modelo proposto por Deus. O  que realmente está em jogo é o modo como o homem compreende o mundo  ao seu  redor e principalmente a sua própria existência em relação a Deus.
Talvez você ainda não tenha percebido, mas Deus está trabalhando na sua vida para reformar o modo como você se relaciona com ele. Deus está agindo para que o seu coração se torne completamente teocêntrico e você consiga, por conta desta mudança viver sim para a glória de Deus.
O que buscamos neste texto hoje é conhecer alguns dos sinais desta obra de Deus em nossa vida. Observando os resultados obtidos por Deus na vida do seu servo Jó, nos tornaremos mais prontos para agir na direção certa e aceitar melhor o trabalho de Deus na nossa vida. 
 
Sabemos Que Deus Está Completando Sua Obra Na Nossa Vida Quando Nossa Mente Reconhece a  Primazia de Deus Em Todas as Coisas
Meus irmãos, o que vemos é que Deus está terminando sua obra prima, chamada “Meu Servo Jó”. O processo delapidação da vida deste homem de Deus foi conduzido por Deus de forma sábia em meio à angústia. Deus o conduziu por meio de um grande sofrimento e o levou às mais sinceras e profundas indagações. 
Como saber que estava realmente concluindo sua obra de lapidação? Pode ser muito difícil de se identificar, mas você pode começar a pensar que Deus está chegando ao  ponto desejado quando ele conduz sua vida, assim como a de Jó, a ter uma mente que reconhece a  primazia do Senhor em todas as coisas.
Então, respondeu Jó ao Senhor: Bem sei que tudo podes e que nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Quem é aquele, como disseste,  que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu  não conhecia. Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei;  eu te perguntarei, e tu me ensinarás Jó 42.1-4
Estes versos falam desta mudança estrutural da mente de Jó. Tomemos algumas partes destes versos que nos mostram essa mudança. Veja o final, o que está registrado principalmente no verso 4.
Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei;  eu te perguntarei, e tu me ensinarás - o que Jó está nos dizendo é que a moldura proposta por Deus nos capítulos anteriores agra estava fazendo sentido para Jó. A mente do homem de Deus percebeu que a vida deve girar em torno dos interesses de Deus. Quando sua mente começar a pensar nessa estrutura  é um sinal de que Deus está assumindo a primazia na sua estrutura de pensamento. Quando seu interesse nas perguntas de Deus se tornar mais determinante para o seu modo de pensar do que os seus próprios interesses, então, saiba que Deus está concluindo uma grande obra de transformação da sua vida.
Bem sei que tudo podes e que nenhum dos teus planos pode ser frustrado -  Voltando um pouco nos versos anteriores, veja que esta mudança afetou determinante no modo como Jó passou a encarar o seu próprio sofrimento. Ele passou a admitir que as ações de Deus eram sábias e que sua postura era equivocada. Ele se expressa com uma palavra muito significativa “yakol” que aponta para a possibilidade de Deus ter poder para “todas as coisas”. Admitir que Deus é o Todo-poderoso e que pode dispor de todas as ferramentas que deseja usar, quer seja uma enfermidade, um problema de relacionamento, uma crise conjugal ou qualquer outra que seja é um dos grandes sinais de que estamos assumindo uma postura de primazia para Deus em nossa vida.
Na verdade falei do que não entendia, coisa maravilhosa demais para mim coisas que eu não conhecia - assumir o fracasso da própria mente em conceber a realidade é um atitude de humildade. Jó está se colocando diante de Deus em confissão de seu pecado e admitindo que seu plano era puramente baseado em um visão equivocada e limitada do seu coração. Ele assume que somente Deus é sábio e que sua sabedoria é uma palha diante de Deus.

Sabemos Que Deus Está Completando Sua Obra Na Nossa Vida Quando Somos Conduzidos a Um Relacionamento Vivo e Humilde Com o Nosso Deus
O amadurecimento do coração de Jó o conduziu a um estado de vida muito elevado. Embora, o testemunho deste livro é de que Jò era um homem de Deus cheio de grandes qualidades, um homem sincero na sua busca, o que percebemos é que Deus não se acomoda com uma boa obra, ele deseja produzir um “homem perfeito e íntegro, em nada deficiente”.
Precisamos claramente de um padrão de cristianismo mais elevado. Não podemos nos acomodar e nos sentir bem em apenas ser um cristão mínimo, no sentido de ser apenas aquele que tem fé em Deus e que se comporta positivamente. Na verdade, uma visão de um relacionamento de proximidade e conhecimento mais profundos com Deus deve nos estimular.
O que aconteceu com Jó não foi apenas um pequeno progresso teológico, ou seja, ele não apenas aprendeu uma coisa nova sobre Deus. Na verdade, Jó passou a ter uma percepção mais clara de Deus e do modo como ele realiza o seu querer em sua vida.
Antes eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem (Jó 42.5).
Estamos diante de uma das mais importantes declarações deste grande livro. Aqui, Jó admite uma evolução do seu seu relacionamento com Deus. Ele ilustra este crescimento a  partir de dois sentidos: audição e visão. Ele está dizendo que uma maior nitidez no seu relacionamento com Deus agora era possível discernir. Mas, que nitidez era essa?
Amor
Antes eu te conhecia só de ouvir - Jó está nos dizendo que seu coração passou a ver mais claramente que Deus tem propósitos santos em tudo o que faz e passou a reagir às circunstâncias produzindo aquilo que Deus espera de nós: amar a Deus sobre todas as coisas.
Curiosamente, a palavra que temos traduzida por “conhecia” não é o verbo “iadah” (conhecer  - amar), mas o verbo “shamah” (ouvir) O que temos aqui é um jogo  de palavras: eu te ouvia apenas ouvindo. Esta é uma expressão de difícil entendimento, vou propor que a ideia aqui deve ser: ouvia por ouvir, mas não o percebia realmente. Então, agora, consigo discernir-te melhor como que não apenas ouve, mas vê. A voz de Deus agora faz mais que sentido aos ouvidos, faz com que Jó consiga como que vê-lo.
O ponto focal do relacionamento de Deus como o homem não é a aparência do Senhor, mas a sua Palavra. Neste ponto, temos uma importante revelação de que a voz, a palavra de Deus, agora comunica a Jó mais que apenas informações, mas o leva a uma experiência viva com o seu Senhor.
A palavra mais significativa deste trecho é “Shemá” que nos conduz a outro texto muito importante da Escritura: Ouve pois ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor, amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Jó agora amava mais a Deus e o propósito supremo da Lei é alcançado na sua vida apartir do agir de Deus no seu coração.
Humildade
Um outro aspecto deste relacionamento vivo com Deus é que ele não nos conduz a nenhuma atitude de soberba, mas de humildade na presença do Senhor.
Jó não consegue mais se posicionar como um homem justo que estava sendo injustiçado pelas decisões de Deus. Em lugar disto, ele agora está pronto para se conduzir humildemente diante de Deus.
Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza - Não iremos nos deter muito na análise de palavras deste verso, mas é necessário notar o que realmente está acontecendo com Jò. Isso é uma ação decorrente. Isto é, como agora eu te ouço mais profundamente e consigo ter uma percepção mais clara de ti, o que acontece comigo é natural: eu me abomino e me arrependo.
Arrependimento
Na verdade, somente o homem que se aproxima de Deus tem o seu coração incomodado para o arrependimento. Nem toda palavra de “arrependimento” que ouvimos em nossos dias é de fato arrependimento. Pessoa arrependida  que não se incomoda em viver em pecado, ou em mentir para todos, não teve um encontro profundo com Deus e por isso não se incomoda. Mas quando alguém de fato ouve a Deus e tem seu coração compungido pela palavra, seu primeiro movimento é a percepção de sua própria pecaminosidade.
Este comportamento humilde diante de Deus é um dos mais importantes sinais da obra restauradora do Senhor. Este de fato é um dos principais elementos da obra redentiva de Deus no nosso coração. Siga esta estrada, busque-a como um alvo e viva um relacionamento vivo e humilde com o Senhor.

Sabemos Que Deus Está Completando Sua Obra Na Nossa Vida Quando Nossa Mente Assume o Verdadeiro Papel de Abençoar o Nosso Próximo
Estamos falando sobre o processo da Lei de Deus de nos conduzir de volta ao verdadeiro amor a Deus. Mas neste trecho, você pode perceber o segundo aspecto mais importante da Lei: o amor ao próximo.
Você pode pensar que a grande obra restauração da vida de Jó fosse o fato de que Deus devolveu-lhe os bens, ou ter-lhe dado outros filhos e filhas, ou tê-lo tornado ainda mais poderoso que antes:
Assim, abençoou o Senhor o último estado de Jó mais do que o primeiro (Jó 42.12).
Mas o que vemos nos versos que separamos é que a verdadeira restauração de Jó foi torna-lo mais perto de Deus e mais útil para a vida de seus amigos. Enquanto os amigos de Jó pensavam estar ajudando a Jó e enquanto ele se manteve fechado para Deus também pensou que seus amigos estavam em melhor condição que ele. Mas, agoara, o que percebemos é que eles precisavam de Jó para abençoar as suas vidas.
O Senhor aceitou a oração de Jó - Elifaz, Zofar e Bildade estavam diante de alguém que tinha comunhão com Deus e Deus usou este homem para abençoar a suas vidas.
Um homem que Deus transforma o faz para torna-lo mais útil na vida dos que o cercam. Um dos sinais mais importantes desta obra de Deus é o crescimento de nossa relação abençoadora do nosso próximo.
No verso, 10, enquanto Jó operava em favor de seus amigos, Deus mudou as circunstâncias de Jó. Na verdade, Deus havia mudado o coração de Jó e agora as condições adversas já podiam ser retiradas, afinal, as aflições de Jó haviam cumprido o grande propósito restaurado de Deus.


22 de setembro de 2014

Jó 40.1 a 41.34

“Deus é a Resposta”
Jó 40.1 a 41.34

Foco da Nossa Condição Decaída
O reconhecimento da grandeza de Deus é uma condição necessária para a retomada da estrutura de um mundo teocêntrico, condizente coma realidade criacional. O texto nos exorta a considerar a realidade da nossa existência a partir de Deus e suas proposituras para a nossa vida. Desta forma, assim como Jó, somos instados a considerar nossa vida a partir da premissa de um Deus soberano e Todo-poderoso, governando com sabedoria e propósito todos os detalhes da nossa existência.

Introdução
O livro de Jó tem sido muito negligenciado na leitura da maior parte dos cristãos. Quase sempre temos uma visão muito parcial de seu conteúdo, limitando a saber que Jó foi um homem que sofreu muito e se manteve paciente. Outro aspecto limitante de nosso conhecimento deste grande livro é que muitos se detém na ação do Diabo, no primeiro capítulo. Bem, como pudermos ver em uma sequência de sermões, este é um livro mais complexo, que nos mostra um homem temente a Deus, um legítimo servo do Senhor passando pelo vale da dor e sendo tendo a sua fé provocada.
Assim como Jó, muitas vezes, nos perguntamos as razões para que o sofrimento nos marque tão fortemente. Basta um pouco mais de convivência com a dor e a angústia da alma e entramos em um estado de alerta espiritual. Quase sempre, mesmo os cristãos mais devotos, tendem à questionamentos existenciais na sua relação com Deus.
O livro como um todo é uma grande obra de ensino sobre o que devemos pensar e como devemos agir em relação a cada uma das circunstancias da nossa vida. Nos capítulos que temos diante de nós, estamos lendo a segunda parte das respostas de Deus a Jó. O ponto que precisamos enxergar aqui é: como Deus espera que reajamos em momentos de grande dificuldade? Qual a resposta que precisamos encontrar para que possamos discernir sobre os propósitos de cada uma das coisas que nos acontecem? Pense em você e no modo como reage às coisas que te acontecem? Eu o convido a meditar sobre a resposta que Deus deseja que você encontra para a sua jornada de fé.


Deus deseja que nossas respostas sejam resultado de suas proposições para a nossa vida

Nessa primeira parte, vamos considerar sobre o método de Deus, utilizado com Jó. Muitas vezes, desejamos respostas prontas, mas as melhores respostas que obtemos na nossa vida, aquelas que realmente mudaram o nosso modo de ver as coisas não nos foram dadas de forma pronta, mas são construídas em nossa mente a partir de conceitos que experimentamos na prática.
O texto de Jó é construído sob a premissa de que Jó conhecia a Deus, mas precisava conhecer mais. O texto que temos diante de nós é parte da resposta de Deus a Jó, pois já nos capítulo 38 e 39, o Senhor começa a responder a Jó de forma contundente.
Existe uma moldura para estas duas partes da resposta. Veja o capítulo 38m versos 1 a 3:
Depois disto, o Senhor, do meio de um redemoinho, respondeu a Jó: Quem é este que escurece os meus desígnios com palavras sem conhecimento? Cinge-te, pois, os lombos como homem, pois eu te perguntarei e tu me farás saber.
Perceba que esta mesma moldura se repetirá nas poesias do capítulo 40 e 41, veja os versos 6 e 7:
Então, o Senhor, do meio de um redemoinho, respondeu a Jó: Cinge agora os lombos como homem; eu te perguntarei, e tu me responderás:
Então, o que desde já podemos perceber nestes versos é que Deus não está dando uma resposta pronta, mas conduzindo Jó à ela. O Todo-poderoso está levando Jó a refletir mais claramente sobre quem é o Senhor. Pense que Deus tem um método aqui e isto é importante para nós que aprendamos o caminho que ele aponta.
Mas, perceba que para você aplicar esse método precisa perceber que há uma preparação. Note que há pelo menos duas atitudes necessárias para que essa dinâmica realmente nos conduza a resposta certa. O texto as indica na frase que exige a preparação de Jó:

Cinge agora os lombos como homem - a humildade é necessária para que sejamos conduzidos à presença de Deus e aprendamos sobre Ele. Essa expressão aponta para a necessidade de Jó de se colocar em seu lugar se deseja ouvir e aprender de Deus. Um dos grandes problemas da nossa fé e da nossa vida em geral é que frequentemente somos arrogantes diante de Deus.
O método de Deus de nos conduzir a respostas exige que estejamos prontos a observar todas as coisas a partir de uma condição de reconhecimento de que Ele é Deus e nós somos apenas homens´.

Eu te perguntarei e tu me responderás - Nessa expressão, descobrimos que o método de Deus tem ponto de partida e de chegada. A nossa resposta não começa em nós e nossas certezas, mas em Deus e a chegada é resultado da partida. Ou seja, nossa resposta não pode ser resultado dos nossos pensamentos, mas resultado da ação e da proposição de Deus. Na verdade, esse é outro grande defeito da nossa fé. Pois, muitas vezes, o que buscamos em nossas perguntas sobre Deus são respostas parecidas com as nossas proposições sobre o que achamos da vida. Mas, o método de Deus começa nele e nas proposições dele. Ou seja, se você deseja realmente conhecer a Deus e obter respostas certas sobre a sua própria vida, deixe Deus te conduzir e não busque conduzir a Deus.

Na verdade, a maior parte das pessoas pensa que o método de Deus é nos dar respostas prontas. Quem sabe se eu perguntar ao pastor, ao seminarista, aos teólogos, aos presbíteros, Deus irá me ensinar tudo o que preciso saber! Sim, é bom que você tenha fontes de conhecimentos e pessoas preparadas para lhe explicar coisas da vida e principalmente das Escrituras. É bom ler livros e bons livros sobre questões cruciais da existência, tais como, vida conjugal, relacionamentos, amor ao próximo, santidade, salvação e outros. Mas, as mais importantes respostas que iremos encontrar para os conflitos da nossa alma estarão contidas em um método muito prático que Deus usa, que são as circunstâncias reais da vida de cada um. Fique mais atento, Deus está falando e você não está ouvindo. Ele está te ensinando e você não está aprendendo. Talvez, você não tenha se valido as atitudes corretas para isso: humildade e primazia a Ele, porque as nossas respostas devem ser resultado das ações e proposições dEle.
Quanto mais conhecemos a Deus, mais aprendemos sobre o fato de que “Deus” é um conceito muito elevado, ou seja, quando afirmamos redundantemente que “Nosso Deus é Deus”, estamos apontando para o fato de que Ele é maior do o conhecemos hoje e suas obras são apenas umapequena representação do que Ele, de fato é.

Deus deseja que nossas respostas sejam resultado de uma percepção clara da sua grandeza
Irmãos, o livro de Jó usa repetidamente uma maneira de se referir a Deus: “O Todo-poderoso. São, pelo menos 31 versos que se utilizam dessa expressão. Esse modo de se referir a Deus não é tão usual nas Escrituras, apenas outros 16 versículos, todos do Velho Testamento se utilizam do termo “Shaday” para apontar para Deus.

O capitulo 40 é aberto da seguinte forma:
Acaso, quem usa de censuras contenderá com o Todo-poderoso? Quem assim argúi a Deus que responda (Jó 40.2).
O que o Senhor espera da nossa estrada diária com Ele é que aprendamos a honrá-lo como o Senhor de todas as coisas. Não se trata de um desejo egoísta e narcisista de Deus, mas de uma reestruturação da realidade em nossa mente.
Quando o homem pecou no jardim do Éden, sua mente perdeu uma percepção clara de Deus. Ele passou a não ter o discernimento correto de quem é o Senhor. Então o homem passou a construir a realidade a partir de si mesmo e crer nessa realidade. Em pouco tempo, o homem passou a negar a soberania, a majestade, a glória, a grandeza, o poder e até mesmo a existência de Deus.
O que ocorre, então, é que o homem assim, passou a viver como realidade uma mentira. Isto é, passou a considerar a sua existência a partir de si mesmo e não do seu Criador.
Quando Deus propõe seu método de aprendizado a Jó, ele espera conduzi-lo a uma reflexão ainda mais profunda sobre sua grandeza e glória. Então, ele conduzirá a Jó a realmente considerar o Todo-poderoso.
Os capítulos 38 a 41 apontam nessa direção nas perguntas que Deus faz a Jó e vamos tomar alguns exemplos do capítulo 40 e 41.
Nos versos 15 a 24, Deus leva Jó a contemplá-lo a partir de sua Criação. Ele o leva a refletir sobre o Hipopótamo e sua força.
Contempla agora o hipopótamo, que eu criei contigo, que come a erva como o boi. Sua força está nos seus lombos, e o seu poder, nos músculos do seu ventre....
Acaso, pode alguém apanhá-lo quando ele está olhando? Ou lhe meter um laço pelo nariz?
Deus pede a Jó que reflita sobre esse animal que é fruto da sua obra criacional, assim como o homem. Reflita sobre sua força, sua glória, como obra prima de suas mãos, ou seja, como um admirado e temido pelos homens (verso 19).
Em seguida, Deus passa a falar do crocodilo. Pela sua descrição, não estamos falando dos pequenos jacarés, mas das maiores espécies deste gênero réptil.
Podes tu, com anzol apanhar o crocodilo ou lhe travar a língua com uma corda? (...) brincarás com ele c om ele, como se fora um passarinho? (...) Ninguém há tão ousado, que se atreva a despertá-lo. Quem é, pois, aquele que pode erguer-se diante de mim? Quem primeiro me deu a mim, para que eu haja de retribui-lhe? Pois o que está debaixo de todos os céus é meu (Jó 41.1 a 11).  
Nestes dois exemplos, o que Deus está propondo é que Jó considere o fato de que Deus é o Criador e Senhor de todas as coisas, mesmo os animais terríveis lhe são subordinados e, aqueles que o homem teme, são para Deus apenas como seres que ele cria, cuida e determina os dias e o alimento.
Para Deus é muito importante que o nosso dia a dia nos conduza refletir sobre o fato de que Ele é grande e isso deveria mudar a nossa atitude para com Ele. Considerá-lo como o Todo-poderoso, o El-SHADAY implica em descobrir que Ele é a origem e o sustentador de todas as coisas, isso nos leva a uma condição de receber dEle tudo o que nos dá com humildade e submissão. Isso é um aprendizado para a vida toda.

Deus deseja que nossas respostas sejam resultado de uma percepção clara de que seu agir na nossa vida é sempre reto e tem um propósito
No livro de Jó, o autor nos propõe a história de um homem que era temente a Deus e que, por causa das coisas que sofreu, passou a questionar a retidão dos desígnios de Deus. O ponto em discussão não é apresentar uma censura a Jó, como fizeram os seus amigos. A questão proposta neste livro é a busca de uma compreensão mais clara da razão maior para que um homem de Deus sofra em um mundo que pertence a Deus.
Deus escolhe o que irá fazer e não cabe julgamento do homem a esse respeito. Esse ponto pode parecer duro demais, ao dizer que o homem está à mercê do seu Deus, mas é preciso que entendamos que isso é assim. O que talvez precisemos incluir nesse pensamento é que Deus tem um propósito elevado a fazer o que faz na nossa vida.
Acaso anularás tu. De fato, o meu juízo? Ou me condenarás, para te justificares? Ou tens braço como Deus ou podes trovejar com a voz como ele faz? Orna-te, pois, de excelência e grandeza, veste-te de majestade e glória. Derrama as torrentes da tua ira e atenta para todo o soberbo e abate-o. Olhar para todo soberbo e humilha-o, calca aos pés os perversos no seu lugar. Cobre-os juntamente no pó, encerra-lhes o rosto no sepulcro. Então, também confessarei a teu respeito que a tua mão direita de dá a vitória (Jó 40.8-14).
Estes versos são escritos em um certo tom de ironia. Deus está dizendo a Jó que quando ele conseguir fazer coisas de Deus, que o próprio Deus o reconheceria. Posso ver aqui alguns ecos do Gênesis 3, o texto da queda e da proposta do Diabo: “como Deus sereis”.
Algumas vezes somos tão arrogantes que pensamos em julgar Deus, como se pudéssemos fazer melhor que Ele. Essa é a maior de todas as loucuras e pode acontecer com até mesmo aqueles que são tementes ao Senhor, como Jó o era.
Nestes versos desejo destacar três pontos. O juízos, isto é, as escolhas que Deus faz para a nossa vida não podem ser julgadas por nós e, em geral, quando julgamos Deus estamos, na verdade, tentando nos justificar:
Acaso anularás tu. De fato, o meu juízo? Ou me condenarás, para te justificares?
Um segundo aspecto é a nossa impressionante arrogância como fruto de uma total falta de sabedoria. O texto, em forma irônica, deixa claro que Jó estava se portando como um louco ao ousar pressionar uma resposta a partir de uma censura a Deus.
Ou tens braço como Deus ou podes trovejar com a voz como ele faz? Orna-te, pois, de excelência e grandeza, veste-te de majestade e glória.
E o terceiro aspecto diz respeito aos propósitos de todas as ações de Deus. Na verdade, dentro de um texto irônico, em que Deus propõe a Jó que seja Deus, ele, então, pede a Jó que faça a sua obra, qual seja: a de tornar os homens soberbos em pessoas símplices e humildes e também agir com justiça contra todos os ímpios.
Derrama as torrentes da tua ira e atenta para todo o soberbo e abate-o. Olhar para todo soberbo e humilha-o, calca aos pés os perversos no seu lugar. Cobre-os juntamente no pó, encerra-lhes o rosto no sepulcro.
Neste último ponto, Deus apresenta a sua principal obra, a de nos conduzir a Ele por meio de um quebrantamento. Só Deus pode realmente quebrantar o homem soberbo e essa é a grande obra que Ele opera. A redenção que temos em Cristo é uma transformação do nosso coração para se tornar o coração bem aventurado dos humildes de espírito, dos mansos, dos misericordiosos etc.
Jó precisava deste quebrantamento, ainda que fosse um homem temente a Deus e ainda que sua vida pudesse servir de exemplo para muitos. Assim também, devemos perceber isso em nós mesmos.
A grande resposta é que o nosso Deus é Deus porque pode e usa todas as coisas para mudar quem somos e nos transportar para o reino do seu filho. Somente quando esse Deus estiver ante os nossos olhos e nossa percepção honrá-lo com nosso submissão e obediência é que poderemos dizer que temos realmente vivido e aprendido de Deus.

Conclusão
Algumas vezes na vida você esteve diante de um grande impasse espiritual e talvez tenha lutado contra Deus. Neste texto, somos exortados a manter o nosso olhar fito naquele que nos  criou, o Todo-poderoso. Aqui somos exortados a abrir o nosso horizonte de pensamento sobre a vida e admitir que se desejamos realmente prevalecer em cada circunstância da nossa vida, precisamos ser determinados pelos objetivos de Deus e seus desejos, não pela nossas aspirações mundanas, pequenas e pecaminosas.
O texto, nos aponta o fato de que o método de Deus e nos conduzir a respostas construídas pela vida e experiência com Ele. Como se a vida fosse uma escola que nos prepara para admitir que Deus é Deus sempre e que somos apenas servos inúteis, pequenos e carentes de sua ajuda e cuidado. Também nos indica o fato de que o grande propósito de Deus é mostrar o seu amor ao cuidar de nosso coração, conduzindo-o ao grande quebrantamento que nos faz mais próximos, ligados e abençoados por Deus.
Caro irmão, diante desta exposição eu convido você a fazer uma profunda reflexão sobre a sua postura diante de Deus. Ele deseja que você pense e repense os valores que estão norteando sua caminhada na terra, mas também te conduz a considera-lo em todos os seus caminhos. Permita-se ao quebrantar de todo o seu coração e à uma mudança tão profunda quanto a que aconteceu no coração de Jó que só pode exclamar:
Eu sei que tudo podes e nenhum dos teus planos pode ser frustrado (...) na verdade falei do que não entendia, coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia (...) Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem, por isso, eu me abomino e me arrependo no pó e na cinza (Jó 42.2-6).  
Esse é o homem a ser construído a partir de uma viva e clara experiência com Deus, um homem que vive teocentricamente, que se dispõe a considerar Deus em tudo e se permitir provar e ainda assim reconhecer a grandeza e supremacia do Todo-poderoso.

Conclusão Para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Meus queridos irmãos. Deus deseja de sua igreja que viva a dinâmica da humildade e da busca por um relacionamento mais vivo com Deus. Quando você se distancia deste Deus vivo que conduz todas as coisas e se permite viver como se Ele não existisse, ou como se a vontade humana devesse prevalecer sobre a divina, toda a igreja sofre, porque a sua distância provoca buracos na nossa irmandade.
Busquemos sim, intensamente a cooperação mútua para que todos alcancemos a graça de servir a Deus de maneira plena e espiritualmente equilibrada pela palavra. Não apenas visualize os erros do seu irmão, mas ajude-o a encontrar-se no caminho. Deseje que todos alcancem a mesma estatura na fé e que todos, assim como também você possam desfrutar de uma comunhão com Deus que se assemelhe a essa de Jó, que tem os seus olhos abertos para ver e entender mais claramente a vida e o seu Deus.
Uma igreja de Cristo é uma agência de vida que precisa, antes de ensiná-la, vivê-la em sua plenitude.

Oração
Conceda-nos, Senhor, uma visão mais clara de quem és e de sua grandeza. Dá-nos um coração humilde, quebrantado e ensina-nos a viver. Amém.