26 de março de 2017

Mateus 26.1-5

A Natureza da Oposição a Cristo
Mateus 26. 1 a 5

FCD
O capítulo 26 de Mateus abre uma nova sessão dedicada aos eventos que antecederam a crucificação. Nesta sessão, algo que me chama a atenção, especialmente no capítulo 26, é o total conhecimento de Jesus sobre o que está acontecendo ao seu redor, inclusive, dos elementos sórdidos da oposição que se levantava contra ele. Este capítulo aponta para a força de uma fé que não se intimida e caminha em frente, mesmo diante da oposição e serve como estímulo para que não deixemos de viver a fé, quando forças contrárias se levantam.

INTRODUÇÃO
Sem dúvida alguma, precisamos nos lembrar de outras passagens bíblicas que apontam para o fato de que aqueles que desejarem viver piedosamente serão perseguidos. Muitas vezes, Jesus apontou para seus discípulos a respeito da oposição que teriam por causa do seu amor a Ele. O Mestre enfatizou que o ódio que o mundo pecaminoso tem em relação a ele, seria transferido para todo aquele que se voltar em amor a Cristo e seu Reino.
O capítulo 24 e depois o 25 de Mateus é dedicado a falar deste tempo de lutas e tribulação, mas também da importância da perseverança na fé e no trabalho em prol do Reino de Cristo. Ao final, o capítulo 25, fala deste trabalho abnegado do cristianismo bíblico piedoso e a recompensa que todos receberemos no Dia de Cristo.
Contudo, até que tudo se complete, precisamos passar pelo vale da oposição, que se levanta contra os filhos de Deus em todas as épocas, cuja intenção é nos calar ou nos amordaçar com seus estratagemas.
Olhando para o início do capítulo 26 e em seu transcorrer, algo que podemos observar é que os eventos da traição e prisão de Jesus não aconteceram sem que o Mestre os soubesse. Ao contrário, tudo o que observamos é que ele sabe que será traído, preso e até abandonado por seus discípulos.
Nos versos que vamos observar para esta mensagem, Jesus está ciente de que, enquanto está ensinando aos seus discípulos sobre como se comportar em meio a tempos de tribulação e perseguição, os principais sacerdotes estão tramando em como prendê-lo. Nestes versos, veremos a respeito da natureza da oposição contra Cristo e nos perguntaremos a respeito de nós mesmos, quando os traços desta oposição são vistos em nós e contra nós.
Jesus Não se Intimidou Mesmo Sabendo Que a Natureza da Oposição Contra ELE era de Ódio Mortal
Um famoso quadro de um rafaelita, chamado Holman Hunt, retrata um dia em que o jovem Jesus estava na carpintaria de seu pai e, enquanto o sol entrava pela janela da carpintaria, projeta sua sombra sobra a parede do fundo da carpintaria. A imagem que se formava na soma da sombra projetada, com os cavaletes de madeira colocados na parede era a da crucificação. O pintor procurou mostrar que a vida de Jesus se passou sob a sombra da cruz que haveria de carregar no dia de sua morte.
Em um tempo em que as pessoas vivem cada vez mais para si mesmas, buscando fugir de compromissos que lhes exijam alto preço a pagar, precisamos resgatar esta teologia da entrega e da Cruz. Enquanto o Cristianismo Evangélico no Brasil do século XXI pode estar preocupado em buscar a redenção financeira, o Cristianismo que desceu do Monte das Oliveiras no dia do Sermão Profético estava interessado em buscar a Cruz e a Redenção dos Pecados.
Tendo Jesus acabado todos estes ensinamentos, disse a seus discípulos: Sabeis que, daqui a dois dias, celebrar-se-á a Páscoa; e o Filho do Homem será entregue para ser crucificado (Mateus 26.2).
Todas estas palavras aos discípulos – estamos diante de uma mensagem endereçada aos discípulos, como uma continuação ou uma aplicação direta a tudo o que foi dito antes. Jesus está dizendo aos seus discípulos que haveria grande tribulação e que eles deveriam permanecer fiéis e atuantes no seu Reino quando tudo acontecesse. Bem, agora ele começa a dizer que a tribulação começa nele. O ódio dos opositores começará a se manifestar.
Acredito que Jesus deseja que seus discípulos considerem atentamente o fato de que seu sofrimento é uma lição que deverá servir para quando eles próprios tiverem de tomar a sua cruz.
O ensino do Novo Testamento parece apontar nesta direção, quando Paulo diz que “(...) nos foi dada a graça de padecer por Cristo e não somente crer nEle”. Da mesma forma, Pedro diz: “alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo”.
Bem, esta é uma palavra para os discípulos: o ódio contra mim começará e a sua NATUREZA É MORTAL.
O Filho do homem será entregue para ser crucificado – Aqui, portanto, Jesus aponta para a letalidade das ações do ódio contra ele. Os principais fariseus tramaram encontrar algo para incriminar Jesus diversas vezes, mas como não conseguiram encontrar nada contra ele, resolveram que haveriam de pegá-lo à traição, isto é, à revelia da própria Lei e depois acusa-lo falsamente. Seu ódio contra Jesus não seguia regras da ética humana, da Lei ou de qualquer outra coisa razoável, ao contrário, era um ÓDIO PROFUNDO E DE NATUREZA MORTAL – ÓDIO MORTAL. Queriam ver Jesus morto!
Não é de se estranhar que o modo como ainda hoje algumas pessoas tentam calar os Cristãos é com ameaças de morte, como acontece em países onde ser cristão é um crime de morte. Também não é de se estranhar que pessoas queiram tanto silenciar a voz da verdade em seu coração e fazer morrer o Ensino de Cristo em sua própria mente. Não é de se admirar que tantos, inclusive alguns que dizem amar Jesus, quando o assunto é CONTRARIAR SUA VONTADE PESSOAL, prefeririam não ter conhecido a VERDADE.
Tudo isto é a manifestação da LETALIDADE DA MALIGINADADE HUMANA em sua rebeldia contra o Deus e o seu Ungido. Contra Cristo e a sua Mensagem e os portadores da sua mensagem, os piedosos da terra.
MAS JESUS NÃO SE INTIMIDOU DIANTE DO SEU ÓDIO MORTAL, PORQUE A FERRAMENTA DO SEU ÓDIO, A CRUZ, FOI A FERRAMENTA DE JESUS PARA VENCER A MORTE.

Jesus Não se Intimidou Mesmo Sabendo Que a Natureza da Oposição Contra ELE era pessoal e nascia no coração de quem deveria recebe-lo
Às vezes nos esquecemos de que os homens que planejaram trair, prender e matar Jesus eram homens religiosos, que tinham por tarefa principal alentar o povo para aguardar a chegada do Messias. Também nos esquecemos de que, os homens e mulheres que gritaram “Crucifica-o” diante de Pilatos eram judeus, o povo que havia sido escolhido para ser o portador dos oráculos que anunciavam a chegada do Rei.
Então, os principais sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram no palácio do sumo sacerdote, chamado Caifás (Mateus 26.3).
Mateus descreve a história desta traição dizendo que, enquanto Jesus estava terminando os seus ensinos no Monte das Oliveiras, estando no vilarejo de Betânia em visita à casa dos irmãos, Marta, Maria e Lázaro, a quem ele tinha ressuscitado, homens que deveriam busca-lo tramavam mata-lo, inclusive tendo provas incontestes de sua procedência divina, como constatou Nicodemus. Chega a ser assustador pensar que pessoas podem saber tanto sobre Deus e ainda assim se colocarem em oposição a Deus.
Principais Sacerdotes e Anciãos do Povo – Mateus destaca que o conluio não era apenas dos dirigentes da religião, mas tinha a representação do povo. Trava-se de uma guerra de poder e uma oposição que se generalizava, mesmo que houvesse, da parte deles mesmos, uma clara noção da excepcional comunhão deste homem de Nazaré com Deus. No Evangelho de João, a sua maligna deliberação tem ainda mais detalhes:
Então, os principais sacerdotes e os fariseus convocaram o Sinédrio, e disseram: Que estamos fazendo, uma vez que este homem opera muitos sinais? Se o deixarmos assim, todos crerão nele; depois, virão os romanos e tomarão não só o nosso lugar, mas a própria nação (João 11.47-48).
Estavam cegos por causa do pecado e não conseguiam ver a Luz que emanava de Jesus. Mesmo que considerassem a realidade dos seus sinais, ainda assim, mantinham o seu coração endurecido. Volto a dizer: é assustador que pessoas que conheçam tanto de Deus possam se colocar em oposição ao seu Reino. Há só uma explicação: o pecado lhes dominou e cegou o entendimento. Estão vivendo e sendo guiados pelas forças das trevas.
Mas precisamos saber que Jesus não intimidou diante da natureza pessoal da oposição a Ele. Antes, sua determinação foi a de simplesmente ir à festa da Páscoa, mesmo sabendo que aqueles sórdidos planos estavam orquestrados e que nasceram de corações que o odiavam mortalmente. 
Precisamos destacar, mais uma vez, que estes homens que alimentaram em seu coração a oposição a Cristo eram exatamente aqueles que deveriam tê-lo recebido. Eles, teoricamente, eram os que tinham mais condições de receber o Messias, afinal eram estudiosos, líderes do povo e estudiosos das Escrituras.
Precisamos atentar para o perigo de sermos os primeiros a deixar o coração se colocar contra Cristo, especialmente, devemos cuidar para que nossa crença em Cristo não seja meramente discursiva, mas transformadora do nosso próprio ser interior.   
Por outro lado, vale a pena pensar que devemos viver de uma maneira corajosa, como Cristo viveu. Afinal, muitas vezes, nós também temos de enfrentar oposição nascida no coração, baseada não em raciocínios ou fruto de alguma realidade tangível, mas fruto de inclinações naturais de oposição. Isso não deve nos desesperar, mas nos permite olhar para Cristo e saber que, assim como o Mestre, nós também sofreremos a mesma oposição e devemos resistir corajosamente.

Jesus Não se Intimidou Mesmo Sabendo Que a Natureza da Oposição Contra ELE era Carregada de Engenhosa Malignidade
Caros irmãos, a oposição a Cristo não foi algo planejado somente nesta reunião do Sinédrio. Em outras ocasiões tentaram pegar Jesus em alguma falta, procurando um modo de leva-lo ao descrédito. Agora, entretanto, após a ressurreição de Lázaro, o seu medo em relação a Jesus aumentou, afinal, todos falavam daquele Rabi Nazareno que ressuscitara um homem. Este medo ficaria ainda maior, quando após a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém.
Deliberaram prender Jesus, à traição e mata-lo. Mas diziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo (Mateus 26.4-5).
Deliberaram prender - Algumas palavras do verso 3 indicam a malignidade deste acordo das lideranças contra Jesus. Primeiro, o termo “deliberar” é “sunebouléusanto”  (concílio – juntos oficialmente) que indicavam que se tratava de uma reunião oficial, para se tratar de uma estratégia. O outro termo é o verbo “prender” (Kratos), que indicava o uso da força, do poder da autoridade.
Precisamos considerar que estes homens estão agindo oficialmente em nome da “lei” da sua religião e tramando ou organizando um modo de fazer aquilo com Jesus. Evidentemente, eles não tinham um motivo, e qualquer coisa que fizessem deixaria claro sua malignidade, mas chegaram ao ponto de que o problema não é mais a lei, mas um ato maligno do coração.
Traição para matar – (doloi – apoktenousin) Um planejamento maligno “doloi” e o assassinato (apoktenousin) estes são os termos que definem a oposição que estava se levantando contra Jesus. Facilmente podemos perceber a sordidez destes planos e a sua malignidade.
Não durante a festa - No verso 5, eles definem quando deveriam fazer isto e não poderia ser no momento da festa, afinal, o povo poderia se ficar do lado de Jesus, afinal todos veriam que aquilo era uma farsa maligna, carregada da inveja dos principais sacerdotes. Tratava-se de um plano bem organizado, havia uma estratégia maligna sendo orquestrada e implementada. A compra de Judas era só uma parte deste plano.
Jesus sabia de tudo isto, conhecia estes planos, tinha em mente que as coisas seriam assim. Afinal ele anuncia que os principais sacerdotes lhe tomariam dos discípulos. Ele não se protegeu, ele sabendo de tudo isto, foi orar no Getsemani, um lugar escondido, ideal para um assalto fora das vistas do povo. Estamos vendo que Jesus não se intimida, ele sabe o que tem de fazer, o que irá ocorrer e caminha na direção de cumprir a vontade de Deus.
Precisamos considerar o quanto estamos expostos a todo tipo de oposição e não podemos nos portar de forma despreparada, desavisada. Não podemos pensar que os homens que projetam leis contra a nossa fé ou que propõe noções anticristãs nas telenovelas, nos filmes, nos programas de talkshow, nas peças de teatro, nos jornais etc, estão simplesmente agindo sem nenhuma ordenada intenção.
Cristãos precisam ser sábios para conhecer as épocas e lutar pelo mundo como sal e como luz, mas quando, mesmo que brilhemos intensamente a luz de Cristo por meio de nossa vida impoluta (não poluída), devemos saber que Cristo se comportou com perseverança, mesmo em meio à oposição malignamente planejada. Não podemos nos assustar como se não soubéssemos deste ódio presente contra Cristo e seus discípulos no mundo.  
Conclusão
Meus irmãos, estes versos devem ser lidos com a ideia clara de que Cristo nos enviou como ovelhas para o meio de lobos.
Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas (Mateus 10.16).
Precisamos ter em mente que esta é a nossa dupla missão: transformar e resistir. Devemos lutar como transformadores, iluminando o mundo. Mas também devemos resistir como Cristo resistiu.
Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto alma como o corpo (Mateus 10.28).
Em nossos dias precisamos dos dois tipos de igreja: a que luta pela transformação da sociedade, mesmo sabendo que é grande a oposição e sua natureza maligna, pessoal, planejada.
Precisamos também de uma igreja que esteja preparada para resistir no dia mal e manter sua fé. Não podemos ceder àqueles que querem uma igreja sem santidade, sem diferença em relação ao mundo. Não podemos nos submeter aos desejos dos homens deste mundo, que querem fazer calar a nossa voz, então precisamos resistir.
1)   Precisamos criar filhos que não vivem segundo o padrão do mundo, mas precisamos instilar neles a coragem para serem diferentes;
2)   Como trabalhadores não podemos ceder ao modo corrompido da prática da vida profissional deste mundo, mas precisamos ter a coragem para ser luz, em termos de honestidade e qualidade de serviço;

3)   Em todas as áreas, precisamos da força da nossa fé fazendo a diferença e revelar ao mundo um novo modo de vida ou simplesmente estar prontos para morrer por Cristo e por sua mensagem. 

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