23 de abril de 2010

O Mundo da Igreja Evangélica Brasileira


Astros e Estrelas Num Mundo Sem Sol
Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

O meio evangélico tem se tornado em um ambiente de insensata busca pelo sucesso. Mas, como a maior parte das pessoas não alcançarão proeminência social, o glamour e o destaque em geral, nosso povo tem se dedicado a criar os seus heróis e viver à sombra de seu sucesso pessoal, como se pudéssemos ter outros “mini” redentores.

Esses heróis acabam recebendo a atenção do povo e da mídia evangélica, que exploram seu magnetismo e, aos poucos, vão se convencendo de que fato são heróis, que são importantes, astros e estrelas da vida cristã.

Creio que a Igreja Evangélica Brasileira, na seqüência da mesma decadência da Igreja Americana, tem sido culpada de fazer com que seu rebanho ame olhar para as estrelas, mas perca a consciência de que as estrelas só brilham quando o Sol está ausente da nossa visão.

Recentemente, assisti a um vídeo no YouTube, no qual, uma cantora evangélica brasileira de grande prestígio, “uma estrela pop da música para Deus”, dizia-se escolhida por Deus para destruir grandes principados e potestades, no Brasil e em outros cantos do mundo, e que o poder lhe seria conferido, através do uso de “botas de couro de cobra” e “botas de cowboy”.

O que me espanta é que isso tudo é dito do alto de um “Trono” de pretensa sabedoria, consagração e santidade. Tais pessoas, que não se resumem apenas a esta irmã, mas se espalha pelo evangelicalismo dos jatinhos, campanhas, televisões, cd´s, dvd´s etc, se sentem acima do bem e do mal, não existe parâmetro bíblico para seus devaneios, não submetem suas palavras à autoridade bíblica e não aceitam críticas.

Afinal, são tão importantes, são astros e estrelas. Meus amados irmãos e irmãs, não
sou do tipo de buscar as controvérsias ou as polêmicas com esse mundo “gospel”, pois considero, como o apóstolo Paulo, falatórios inúteis. Minha preocupação é que isso tem tomado de assalto aos crentes menos preparados, mas também os mais maduros. Pois, depois de alcançar o sucesso, especialmente o sucesso midiático, a sede de manter-se como herói no imaginário do povo de Deus, se torna um laço do qual nossos astros e estrelas não conseguem se soltar.

O maior problema disto tudo é que este mundo de astros e estrelas brilha porque o Sol da Luz de Jesus, o Sol da Justiça, não tem brilhado. Caso continuemos a seguir neste caminho, logo a igreja evangélica brasileira será a mais apóstata de todas as igrejas do mundo, superando as do Velho Mundo, pois terá como deuses, seus próprios líderes.

Irmãos, sejamos sábios! Nem tudo é farinha, nem tudo é do mesmo saco. Mas, esse mundo evangélico tem muitos perigos. Cuidemos para que a luz que guia os nossos pés pelo caminho venha da Palavra do Senhor. Deixemos Cristo crescer e sejamos servos dEle e só dEle. Não digo que devamos considerar todos os líderes que se destacam como pessoas perigosas, mas repito, até o mais elevado dos homens, o mais digno ser humano, não possui luz própria, mas deve refletir a luz de Cristo.

O maior exemplo, que eu considero, de líder que viveu o padrão divino para a liderança cristã, foi João Batista. O próprio Jesus disse que, nascido de mulher, nenhum homem, antes ou depois, fora ou seria como João. Entretanto, esse homem teve como temática de seu ministério, apontar para Cristo, de quem, dizia Ele: não sou digno de desatar as sandálias, Façamos o possível para libertar nossas igrejas desse evangelho em vias de apodrecimento.

Fidelidade - Um Preço a Pagar

Marcos 16.14 a 20


"Finalmente, apareceu Jesus aos onze, quando estavam à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, porque não deram crédito aos que o tinham visto já ressuscitado.


E disse-lhes: Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem , porém não crer será condenado. Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enferemos eles ficarão curados.

De fato, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à destra de Deus. E eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando a apalavra por meio de sinais que se seguiam".







INTRODUÇÃO TEMÁTICA





Estamos acostumados a pagar pelas coisas que precisamos e sabemos que se queremos algo de valor, haveremos de pagar um bom preço por isso. Ainda que procuremos coisas no menor preço, sabemos que sempre haverá um preço mínimo a ser pago. Algumas vezes chegamos mesmo a descartar preços menores, com medo de que o produto oferecido não seja de qualidade, um bom exemplo disto é quando procuramos um posto de gasolina para abastecer o nosso carro. Se em todos os postos a gasolina está R$ 2,49 e você passa em frente a um posto de gasolina com a placa: gasolina - R$ 2,00, tenho certeza absoluta, que você irá se perguntar: será que é boa?





Eu tenho visto e ouvido as pessoas na igreja falando sobre vida com Deus. Muitos dizem que precisam de Deus e querem ter mais da manifestação da presença de Deus, que desejam ter mais comunhão com ele, e muitos dizem esperar que Deus faça uma obra em suas vidas. Mas, a maioria absoluta destas pessoas, não estão dispostas a pagar o preço por uma vida de tão grande valor.





Se você deseja seguir a Jesus e ter uma vida que agrada a Deus e viver a expectativa positiva para o dia da volta de Cristo Jesus, você deve saber: HÁ UM PREÇO A SER PAGO! A salvação é uma obra da graça, pois sequer seríamos capazes de pagar por ela, mas quando a ser discípulo de Jesus e viver como seu embaixador e ter vida suprida pela presença de comunhão do Espírito Santo, sentir-se filho de Deus e desfrutar de todas as bem-aventuranças da graça que nos foi concedida no Amado, isto requererá de você um preço.





Tão acostumados estamos a tratar a vida com Deus como um produto de segunda categoria, ou quem sabe terceira, que temos pago muito pouco por isso. Não é de se admirar que tantos crentes se contentem com uma vida tão miserável na fé, que sequer podem compartilhar seus dons e receber dos outros aquilo que eles têm à compartilhar. Preferindo suas vidas vazias de Deus e cheias de si mesmos, a pagarem o preço de uma total entrega ao Senhor da Vida.





CONTEXTO DA PASSAGEM





Os versos finais do evangelho de Marcos são contestados por muitas pessoas se de fato estariam inclusos no texto original do evangelho. Algumas das argumentações são bem convincentes de que, Marcos não teria escrito os versos 9 a 20 e que os mesmos teriam sido incluídos por algum irmão, com a finalidade de dar um desfecho mais adequado ao evangelho que parecia uma obra inacabada. Por outro lado, há também aqueles que crêem que, por se tratar de um livro escrito não em forma de papiro, mas em forma de códice, isto é, várias páginas separadas, por algum tempo esta última parte teria se extraviado e foi depois inclusa novamente na leitura deste evangelho.


Talvez jamais saibamos a resposta verdadeira para estas questões quanto ao final do Evangelho de Marcos. Particularmente, prefiro adotar a posição da Igreja antiga, que, apesar de compreender que havia alguma dúvida sobre este final, adotou-o como sendo parte do evangelho, mesmo que tivesse sido incluso mais tarde por um irmão, pois os dizeres dos versos finais, não são conflitantes com o restando do conteúdo bíblico e se harmoniza em parte, com a passagem do capítulo final de Mateus.



Como os outros evangelhos, Marcos também retrata a incredulidade dos discípulos após a ressurreição de Jesus. Quando Maria Madalena conta aos discípulos que Jesus havia ressuscitado, diz o texto: ...não acreditaram (Mc.16.11). Quando os dois que caminhavam para Emaús, chegaram de volta à Jerusalém e encontraram aos discípulos e lhes contaram como fora o seu encontro com Jesus, diz o texto: ...também a estes dois não deram crédito (Mc.16.13).
A incredulidade é a resposta do coração humano à revelação de Deus, quando o homem não está disposto a pagar o preço de abrir mão de si mesmo para seguir a Cristo. Há pessoas que até acham que o caminho do fé é interessante, mas tem valores demais para abrir mão, por isso, preferem a resposta da incredulidade.


Mas, os discípulos já haviam deixado tudo para seguir a Cristo Jesus, por que então não creram. Não seria mais lógico que viessem crer, já que a vida deles havia girado em torno de Jesus? Aparentemente, a incredulidade deles teria uma outra explicação, quem sabe, os homens que viram os pães e os peixes se multiplicarem, mortos ressurgindo, coxos, cegos, mudos, surdos, endemoninhados sendo curados... ainda não teriam fé o suficiente para crer na ressurreição, que aliás já era uma doutrina que os próprios judeus, em sua maioria, cria.



A Escritura nos diz que a incredulidade deles, nascia da dificuldade que tinham de dar crédito à Palavra de Deus, por isso, Lucas diz que somente depois, quando entenderam as Escrituras é que creram. Essa falta de fé na Palavra de Deus é também o motivo porque muitos crentes preferem viver a distância de qualquer comprometimento sua vida cristã.








Se você observar o texto que separamos, não terá dificuldade em perceber que ele está dividido em três partes. A primeira, Jesus censura os discípulos por sua incredulidade (verso 14); a segunda, o comissionamento deles a pregar com as observações sobre os sinais que haveriam de seguir os que crêem (versos 15 a 18); e a última, uma nota editorial de Marcos, afirmando que de fato, depois de Jesus subir aos céus e assumir a autoridade do trono celestial, aqueles sinais acompanharam os seus discípulos.








Minha intenção não é abordar o tema nas três partes, mas abordar inicialmente a terceira e a primeira, para depois explorar os meus argumentos sobre o PREÇO DA FIDELIDADE nos versos 15 a 18.








De Incrédulos e Descompromissados a Homens de Fidelidade Sem Igual

(versos 14, 19 e 20)





Em sua nota editorial, Marcos está mais ou menos nos dizendo assim: "de fato, depois que Cristo subiu ao céu e assentou-se no trono de sua glória, os discípulos saíram pelo mundo para pregar o evangelho e o Senhor ia com eles, como havia prometido, e os sinais da presença de Cristo os acompanhava".


O texto do Comissionamento Para Evangelização, é introduzido por Marcos dentro de um contexto de descomprometimento e incredulidade. A palavra grega que definia a sua incredulidade é "apistian", sendo esta proveniente da raiz: "pistis" - fé. Na verdade, o que Jesus está dizendo é que eles eram incrédulos, não "pistós", isto é, não crentes, lhes faltava "fé". Nesta mesma raiz encontraremos a palavra "fidelidade".

Fidelidade é a fé em sua obra prática. Fidelidade é a expressão do conteúdo da nossa fé, por isso, podemos encontrar na Escritura, textos como o de Tiago que dizem: a fé sem obras é morta. Em outras palavras, o modo como transformo o meu conhecimento de Cristo e sua obra em algo palpável é a minha entrega a Ele, em termos da minha fidelidade.


Eu insisto em dizer que um dos nossos problemas neste tema é quanto a questão: o que é fideldiade? Quando o Senhor Jesus, na parábola que contou sobre os trabalhadores que receberam talentos e termina com aquela terrível palavra para aquele homem que tinha apenas um talento e o enterrou, eu fico apavorado! Mas, certamente, a fidelidade que o Senhor exige de nós não pode ser confundida com a absoluta impecabilidade, isso seria o mesmo que condenar-nos a todos. A parábola não trata de uma competição pelo exercício dos dons, nem ressalta a nossa capacidade total de administrar as coisas de Deus. Creio que o ponto central da fidelidade se distingue na idéia: A QUEM SERVIMOS? PARA QUEM VIVEMOS? QUAL DEVE SER O NOSSO MAIOR INTERESSE ENQUANTO SERVOS?


Um escravo, no tempo dos apóstolos era considerado fiel não se fosse perfeito e fizesse tudo direito, mas se tivesse a mentalidade de entrega e pertencimento, isto é, sou escravo do senhor tal. Creio que a fidelidade que Deus exigirá de nós tem a ver com essa idéia geral: VIVEMOS E PERTENCEMOS AO SENHOR?


Para alcançar essa graça da FIDELIDADE, a fé em prática, precisamos nos dispor a pagar o preço de uma vida assim. Quero fazer uma avaliação dos versos 15 a 18 e depois 19 e 20 a guiza de conclusão, partindo desse pressuposto homilético: JESUS APRESENTA O PREÇO DA FIDELIDADE DO DISCÍPULO.


FIDELIDADE - PAGUE O PREÇO DE UMA VIDA PEREGRINA


Ide por todo o mundo


O texto apresenta aos discípulo o desafio de desaraigar-se do lugar onde viviam. Na verdade, a Escritura nos mostra, como o próprio Marcos (ou o autor do trecho) destaca, de fato os discípulos foram e pregaram em toda a parte.


Uma das coisas que mostrarão nossa fidelidade é a nossa capacidade de desaigar nossas paixões por este mundo. Uma das coisas que mais nos incomoda não somente no passado, mas sobretudo nos dias atuais são as nossas posses, em particular nossa moradia.


Lembrando uma das passagens dos evangelhos, quando alguns discípulos disseram que queriam seguir a Jesus, ele lhes disse: As raposas tem os seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do HOmem não tem onde reclinar a cabeça (Mt.8.20).


Para muitos isso é coisa de missionário, para Jesus, o desapêgo das coisas temporais é um preço a ser pago por todos os que desejam segui-lo. Tomo como ilustração uma passagem de 1 Coríntios 7.29 a 34a.


FIDELIDADE - PAGUE O PREÇO DE UMA VIDA DE TESTEMUNHO PARA A SALVAÇÃO DE ALMAS


Pregai o evangelho a toda criatura


Anunciar que Cristo é o Senhor pela vida e pala Palavra, esse é o compromisso que fazemos quando nos tornamos membros da Igreja. Muitos se acomodam em ouvir a Palavra e sua fidelidade não pode ser demonstrada apenas porque você aceita a verdade, mas sua fé se torna prática, quando você compartilha a verdade que você aceita e você se interessa em que outros também a conheçam e creiam nela.


Há pessoas na Igreja que não tem disposição de pregar o evangelho por simples acomodação e já estão na vida cristã há 20, 30 anos e nunca, vou repetir NUNCA falaram de Jesus com segurança, ou compartilharam sua fé com convicção, quer por simples comodismo, quer por medo... tomo mais uma vez Paulo por exemplo: ai de mim se não pregar o evangelho.


FIDELIDADE - PAGUE O PREÇO DE SER ACEITO OU NÃO


Quem crer e for batizado será salvo, porém, quem não crer será condenado


Eu sei que nós queremos gastar tiro com a caça certa. Por isso, esperamos somente aquela presa fácil, aquela que demonstra que nossa empreitada será facilitada. Alguns irmãos, querem ser fiéis ao SENHOR, mas desejam que sua fidelidade seja provada sempre na certeza absoluta de que serão compreendidas e bem recebidas sempre. Não pensam que a fidadelidade a Deus será mais evidente quando recebermos oposição ou quando nossa conquista, empreender lutas.



FIDELIDADE - PAGUE O PREÇO DE CORRER RISCOS



Estes sinais hão de acompanhar os que crêem: em meu nome, expelirão demônios; falarão em novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados.


A maior parte dos crentes lêem esses versos com uma ênfase fundamental na grandiosa descrição das capacitações dadas aos crêem. Eu, particularmente, faço uma leitura bem diferente. Baseado no modo como o evangelho, ao longo de seu percurso nos ensina sobre o preço do discípulado e que o próprio Jesus sofreu a injustiça da morte na cruz, eu prefiro ler o evangelho do ponto de vista dos sofrimentos que só seriam suplantados por uma ação sobrenatural de Deus no meio da comunidade dos que crêem.

Somente que viveu intensamente ministérios reais de expulsão de demônios, ou missionários que tentaram comunicar verdades a povos de linguas diferentes sabem, quanto é cansativo e de uma poder depressivo expor nossa alma a tamanha luta espiritual.



FIDELIDADE - ESTE É O PREÇO DA CERTEZA DA COMUNHÃO COM O SENHOR.


E eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o SENHOR e confirmando a palavra por meio de sinais que se seguiam..



Este é o ganho da FIDELIDADE: a Comunhão do SEnhor, a manifestação de sua presença ao nosso lado. Portanto, a FIDELIDADE é o preço para esta segurança.

9 de abril de 2010

João 21.15-23

A RESSURREIÇÃO DA VISÃO DO AMOR DE DEUS EM MEU CORAÇÃO
João 21.15-23
O último capítulo do Evangelho de João parece nos convidar para um momento mais na vida de relacionamento entre Jesus e os seus discípulos.

Em particular, quando olhamos o capítulo 20, versos 30 e 31, ficamos com a sensação de que João terminaria o seu evangelho, entretanto, ele inclui ainda mais uma narrativa, com duas cenas desenvolvendo ainda mais o tema da humanidade restaurada de Cristo Jesus e as provas de sua ressurreição, fechando o foco da cena na figura de Pedro e no modo como Jesus tratou de fazer reviver o amor de Pedro por si mesmo, pelo Senhor e por seu próximo.

Pedro Cabisbaixo

Simão Pedro é o protagonista da cena. João descreve suas atitudes, pensamentos, dramas etc.
No início do capítulo, introduzido pelo resumo do que João queria contar, qual seja a manifestação de Jesus aos seus discípulos junto ao Mar de Tiberíades, pontua-se que Pedro está junto a outros discípulos e toma a frente de uma pescaria: "vou pescar, ao que respondem os outros: nós vamos contigo" (Jo 21.3).
Essa cena nos remete a algumas possibilidades. Uma delas é que havia passado alguns dias e Jesus deixara de manifestar-se com a regularidade mostrada no capítulo 20, oito em oito dias. Essa possibilidade nasce do fato de que João muda o modo introdutório da narrativa, que no capítulo 20, pontuava sempre pela menção: "no primeiro dia da semana...".

No capítulo 21 a partícula introdutória do texto é "Depois disto...", o que parece ser um estilo bem joanino, conforme podemos ver em outros capítulos, quando o tempo de cronologia não é tão definido, mas pretende-se assim mesmo mostrar a idéia de progressividade na narrativa dos fatos.
A questão é que vemos Pedro e os discípulos demonstrando uma certa impaciência na espera. Sua decisão de ir pescar sugere um desconforto com a situação e até mesmo uma insegurança com o futuro.
Na progressão da narrativa, quando Jesus se aproxima deles na praia e é reconhecido, como sempre, primeiro por João e depois por Pedro e, novamente o Mestre lhes sugere onde pescar, sendo esta a segunda vez que Jesus os ajudava na pescaria, apontando para o lugar onde estavam, percebemos que a aproximação dos discípulos não é de alegria, nem parece confortável, pois todos sabem que é Jesus, mas não ousavam fazer perguntas a ele (verso 12).
Jesus toma a iniciativa e procura Pedro (verso 15) iniciando uma segunda cena, com o foco todo centrado em Pedro, suas tristezas, perguntas e incertezas. Neste momento, cremos que Deus está fazendo "ressurgir a visão do amor de Deus no coração do discípulo que havia fraquejado, negando o seu Mestre".
Todos nós, em algum momento da vida, nos sentimos como este discípulo. Sentimos que nossa vida não agrada a Deus e que estamos em tão grande falta que não somos dignos de sua companhia, sequer dignos de sua compaixão ou amor.
Podemos dizer que este é um processo natural da consciência cristã, que se ressente de sua própria pecaminosidade e inconsistência, por querer o bem e não conseguir fazê-lo, antes, praticando o que é mal e perverso, contra o amor do Senhor.
Essa é a mesma inclinação ensinada no Salmo 51 e na parábola do filho pródigo: Pequei contra ti, contra ti somente... não sou digno... trata-me segundo a sua justiça...
Não obstante Deus realmente se entristecer com o pecado, Ele nos declara que haverá de sempre restaurar o seu povo e fazer com esse povo volte para Ele mesmo. E percebemos, desde os tempos do antigo Israel, que uma das primeiras coias que Deus faz, quando deseja manifestar este amor por seu povo, é fazer renascer em nosso coração (mente) o entendimento correto, a perspectiva adequada, a visão própria deste Seu amor por nós.
Este processo ocorreu na vida de Pedro e isto podemos extrair deste texto, incluso por João para que a nossa fé se mantivesse firme em Deus e no seu amor.
Ressuscitando a Visão de Que o Amor de Deus se Manifestará em Nosso Amor Manifesto à Sua Igreja

"Tu me amas?" - "Sim, tu sabes que te amo" - "Apascenta as minhas ovelhas."

Essa seqüência proposital do diálogo entre Pedro e Jesus, repetida por três vezes, nos versos 15, 16 e 17, revela a intenção de Jesus em provocar uma reação na mente de Pedro. O texto nos informa que Pedro se entristeceu com estas perguntas.
Curiosamente, no verso 17, a pergunta de Jesus sobre o amor de Pedro por ele, vem com o uso de um verbo diferente. Nas duas primeiras ocasiões, Jesus prefere a idéia de um amor que inclui uma idéia mais "sacrificial", utilizando o verbo "aghapáo", já no verso 17, ele prefere trabalhar com a idéia de "irmandade e fidelidade" utilizando o verbo "filéo".
Tento imaginar que era como Jesus estivesse dizendo a Pedro: Pedro, você se sacrificaria por mim, estaria disposto a dar a vida por mim? Você faria algo muito difícil por mim? Pedro responde, sim Senhor, tu sabes que eu daria a vida por ti! Pedro, você é fiel a mim? Essa era uma pergunta ainda mais pesada, pois trazia à memória o fato de que Pedro o havia negado. Sim, Senhor, tu sabes todas as coisas e sabes que desejo ser fiel a ti.
Como conseqüência natural das respostas de Pedro, Jesus termina com a frase: cuide (bosqueh), guie (poimêne) e alimente (bosqueh) o meu rebanho (meus cordeiros, minhas ovelhas - arniah e probatá).
Jesus está restaurando a visão de Pedro em relação ao amor que ainda tem por ele, mostrando-lhe que aquele amor que ele, Pedro, nutre pelo seu Senhor é coroado com o fato de que Deus não o afastou de sua obra de amar os seus filhos, suas ovelhas.
Jesus chama Pedro para a tarefa de pastoreio, para o ministério em seu rebanho. Em outras palavras, Jesus chama Pedro para continuar o seu trabalho, pois Ele é o Bom Pastor, que Pedro mesmo irá chamar de "Supremo Pastor".
Deus nos ama, dando oportunidade de servi-lo em sua seara, em seu aprisco, exercendo nossos dons e cuidando da sua vinha, seu rebanho, seu povo.
João mesmo, nos ensinou que provamos nosso amor a Deus, quando o amor ao próximo se evidencia em nossas atitudes e, quando isto acontece, Deus prova que nos ama, pois aprendemos a amar, porque Ele nos amou primeiro.
Mas o amor de Deus por nós não se manifesta apenas desta forma, Deus cuida de nós e nos guia pelo caminho. Assim passaremos a considerar os versos 18 e 19.

Ressuscitando a Visão de Que o Amor de Deus se Manifestará Quando Ele Conduzir a Nossa Vida Fazendo-nos Viver Para a Sua Glória

"Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres. Disse isto para significar com que gênero de morte Pedro havia de glorificar a Deus. Depois de assim falar, acrescentou-lhe: segue-me"


Estes dois versos têm uma mensagem maravilhosa. Sinto uma real alegria ao ver retratado nestes versos o propósito maior de Deus e a maior manifestação do seu amor em nossa própria vida, que é o fato de que Deus nos conduzirá pela vida, de tal forma, que serviremos para que seja exaltada a sua glória.
Olhando para esta estrutura, perceberemos que João intercala a narrativa com uma palavra "editorial", uma espécie de nota explicativa, quando diz: Disse isto para significar com que gênero de morte Pedro havia de glorificar a Deus. Por isso, tratemos a passagem, primeiramente sem esta nota explicativa e depois voltemos a ela.
Alguém te levará pela mão para onde não queres - O ponto de Jesus é chegar a esta fala, ou seja, dizer a Pedro que sua vida mudará completamente. Nem sempre ele será o Pedro que era, antes, a força de Deus em sua vida o transformará. A mudança tem relação com o amadurecimento do apóstolo. Por isso, o texto trata de fazer uma comparação entre o jovem Pedro e o Pedro "gerow", "gerassen" (ancião).
Pedro, mais tarde, se referirá a si mesmo neste termos "eu ancião com eles (presbítero)", o que sem dúvida alguma nos mostra que de fato, Deus trabalhou o amadurecimento da vida de Pedro.
No entanto, o amor de Deus se evidencia neste momento, quando Deus revela a Pedro que ele seria transformado e que Deus guiaria o seu caminho, por isso, Jesus não perde tempo em dizer a ele: vem e segue-me. O que em outras palavras pode ser compreendido desta forma: você me seguirá não segundo o seu modo de andar, mas segundo o modo como eu provocarei os seus passos. Isso é maravilhoso, que Deus nos faça andar segundo a sua vontade, pois, se assim for, ainda que for no vale da sombra da morte, não precisamos temer, porque é Ele quem está nos levando.
É muito melhor andar no vale da sombra da morte tendo Deus como pastor, que ir para lá, apenas com as próprias pernas.

Glorificar a Deus com a vida
- Embora João registre a palavra morte (Phanaton), a idéia geral do verso é que Pedro glorificaria a Deus com a sua trajetória de vida, culminando em uma morte que mostraria sua fidelidade (filéo) e sua vida sacrificial (aghapáo), conforme declarada pelo próprio Pedro nos versos precedentes. João fala em tons explicativos, pois, no momento em que escreve estas palavras, o próprio Pedro já havia deixado este testemunho para todos os irmãos, o que possivelmente, motivou João a incluir esta passagem, como uma nota póstuma ao amigo, companheiro e líder que foi o apóstolo Pedro para a sua vida.
Na verdade, João está disposto a esclarecer alguns possíveis equívocos a respeito de sua própria pessoa e os demais apóstolos. Ele João recebeu o privilégio de ser o último dos apóstolos a morrer. Isso fez com que muitos julgassem que sua lealdade a Cristo fosse maior que a dos outros, uma vez que ele esteve presente no momento dramático da cruz. Mas João deseja mostrar a todos que, na verdade, a vida de cada um dos filhos de Deus glorificará ao Senhor de uma maneira diferente. Isso nos leva ao último trecho da perícope selecionada.

Ressuscitando a Visão de Que o Amor de Deus se Manifestará Quando Ele Tem Um Plano Específico Para a Vida de Cada um Dos Seus Filhos

"Então, Pedro, voltando-se, viu que também o ia seguindo o discípulo a quem Jesus amava, o qual na ceia se reclinara sobre o peito de Jesus e perguntara: Senhor, quem é o traidor? Vendo-o, pois, Pedro perguntou a Jesus: E quanto a este? Respondeu-lhe Jesus: SE eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-me. Então, tornou-se corrente entre os irmãos o dfito de que aquele discípulo não morreira. Ora, Jesus não dissera que tal discípulo não morreria, mas: SE eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa?


Mais uma vez a estrutura dos versos nos ajuda a chegar ao ponto fundamental a ser considerado. Novamente, João inclui uma nota explicativa. Desta feita, tem a ver com a sua vida e morte. Quando ele diz: "então, tornou-se corrente entre os irmãos o dito de que aquele discípulos (ele mesmo) não morreria", ele completa a nota explicativa com a seguinte conclusão: Ora, Jesus, não dissera que tal discípulo não morreria, mas: (enfatiza) Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa?
Com essa explicação, João faz uma exegese das palavras de Jesus, corrigindo a visão que tinham em relação a ele próprio e nos fazendo pensar seriamente no fato de que Jesus está falando para Pedro que devemos nos concentrar em nosso próprio ministério sem uma preocupação tão extensa em relação aos outros, senão for apenas para prestar-lhe serviços.
Que te importa? (...) segue-me - Podemos dizer que Jesus está dizendo para Pedro: não procures comparação no modo como eu trato meus filhos. Cada um será tratado segundo o meu plano soberano, cada um receberá o seu ministério e cada um receberá o seu próprio galardão. Não se concentre no modo como eu trato os outros, mas pense no fato de que cada um passará por coisas diferentes e, deste modo, todos me servirão.
Essa perspectiva de Jesus é reforçada com as palavras intermediárias que dizem: "se eu quero". Esta palavra - Thelos em grego - foi usada anteriormente para fazer aquele contraste em relação a Pedro: andavas por onde querias e irás por onde não queres. Naquele momento, fora aplicada a Pedro, mostrando que o querer de Pedro não era soberano, mas Deus iria mover o seu querer e transformá-lo. Agora, entretanto, a palavra é utlizada para denotar a soberania de Cristo e da manifestação do seu amor aos seus discípulos. O "thelos" agora é inquestionável: "Se eu quero..." - que te importas? Definitivamente, devemos admitir: Deus tem um plano para cada um dos seus filhos. O que importa? Importa que façamos a nossa parte...

Segue-me - A raiz da palavra grega é o verbo "akoloupheo", o qual denota a idéia de acompanhar e imitar aquele a quem acompanho. Em outras palavras: seja um discípulo de Jesus. Jesus chamava Pedro e lhe mostrava o modo como a sua vida o glorificaria. E ele o ensinou que a maneira como o viver o glorificaria é que Pedro seria um imitador do próprio Senhor. Primeiro, ele o imitaria tendo como prerrogativa o cuidado pastoral com o seu rebanho, em segundo lugar, ele o glorificaria com uma morte muito semelhante a do seu Senhor. Fundamentalmente, ele o glorificaria seguindo-o e tornando-se cada vez mais conformado à sua imagem.
E esta é a maneira como Deus melhor manifesta o seu amor por nós. Nos guiando pela vida, segundo um plano específico, fazendo-nos passar por situações direfentes, com o propósito de revelar em nós o seu próprio Filho.
Conclusão
Desejo fazer aqui uma distinção entre "explosão" e "implosão". Os dois métodos visam a destruição de coisas, talvez para limpar o espaço onde se deseja construir algo novo. Existe um programa no History Channel intitulado "cemitério de máquinas". Em um dos seus epsódios eles falam de implosões de velhos prédios nos Estados Unidos.
Mas a diferença significativa entre a implosão e a explosão não está na destruição que ambos promovem, mas no modo como ambas promovem esta destruição. A explosão espalha partes por todos os lados, a implosão faz com que todos os pedaços fiquem no mesmo lugar, embora destruídos.
O evangelho de Deus é o poder de Deus para destruir e construir vidas novas em seu lugar. Mas o evangelho não nos explode, espalhando pedacinhos de nós por todos os lados, pelo contrário, o evangelho destrói nossa própria auto-confiança, deixando com todos os pedaços de nosso coração no mesmo lugar e nos reconstrói a partir destes pedaços e não de outros.
Creio que podemos considerar que foi isso que Jesus fez com Pedro ao longo de sua vida. Creio que podemos começar essa conclusão com essa visão do que aconteceu com Pedro.
É fundamental para nossa vida cristã que tenhamos uma visão cada vez mais clara do amor de Deus por nós. Algumas vezes nos sentimos frutrados com nossa própria vida. Outras tantas, nossas frustrações apontam contra o modo de Deus agir em nossa vida.
Nem sempre compreendemos porque passamos por situações difíceis, porque fomos nós que pecamos vergonhosamente e porque somente nós somos os que sofrem.
Esse estado mental precisa ser corrigido, como precisava acontecer com Pedro. Cristo levou Pedro a repensar, ele implodiu os seus pensamentos e o levou a sua alma aos pedaços, alguns deles tão pequenos que mal Pedro podia vê-los. Ele o fez sentir os seus erros, mas não permanecer prostrado, cabisbaixo, pelo contrário, o Senhor fez Pedro notar o caminho da manifestação do amor de Deus em sua vida, quando Jesus, pouco a pouco, começou a juntar novamente os cacos de sua alma.
Todos nós precisamos aprender a ver o agir implosivo de Deus e o seu reconstruir amoroso em nossa vida, em particular nos momentos em que nos sentimos pequenos, devedores e aparentemente rejeitados.
Aplicação
Tenho um profundo anseio de que você redescubra o amor de Deus por você. Fazendo uma releitura bíblica da sua vida. Permitindo com que Deus explique melhor o modo como tem agido para que você se torne um discípulo dele.
Também espero que este texto lhe sirva não somente nesta noite, mas todos os dias, quando os vales pelos quais você passar forem absurdamente mortificantes e parecer que você está sozinho.
Espero que você esteja disposto a renunciar suas amarguras em relação a si mesmo, a Deus, ao aparente melhor desempenho do outro e se firme na verdade de que seu chamado para servir a Deus não pode ser deixado de lado, pelo contrário, que você se disponha a voltar ao estado e ao lugar, do qual, nem os seus pecados têm poder de te tirar: o amor de Deus por você.
Deixe ressurgir no seu coração essa visão!

8 de abril de 2010

Ressurreição em Nós

A Ressurreição do Verdadeiro Amor

A ressurreição é um ato redencional de Deus, por meio do qual o Pai estabelece o reinado do Filho, que passa a governar o Universo, tendo seu principal foco na restauração do povo do pacto: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós” (Rm. 8.18). Isso torna a ressurreição o princípio de um mundo transformado pela vida que vem do trono de Deus.

Não obstante compreendermos que a ressurreição implica em mudança redencional para o povo do pacto de Deus, falta-nos conhecer as transformações práticas que se deve esperar deste povo, uma vez que a expectativa de restauração da humanidade em Cristo não pode ser considerada como uma realidade apenas para a vida “por vir” (celestial ou nova-terreal).

A implicação mais direta da ressurreição tem a ver com o estado dos crentes em Cristo; Pois, com a morte e ressurreição de Jesus, todos passam a ser considerados “vivos para Deus”.

Essa nova vida, que recebemos na ressurreição de Cristo, nos transforma em cidadãos do Reino do Filho do amor de Deus (Cl.1.13). O que se configura como um cumprimento de diversas profecias do velho testamento, que apontam para mudanças significativas não somente em nosso estado em relação a Deus, mas também em transformações comportamentais que se devem evidenciar em nossa consciência e prática da nova vida em Cristo Jesus.

Dentre as grandiosas transformações que se operam e esperam nos crentes, o “viver para amar” é aquela que principalmente precisamos perseguir, uma vez que a que melhor evidencia nossa ligação com Cristo (Jo.13.35),

Amar a Deus e ao próximo é o principal ponto de ajustamento da nossa natureza humana ao novo padrão da sociedade redencional do Reino de Jesus. Isto implica em que tal comportamento de amor deve ser considerado indispensável para que o cristão demonstre seu novo estado em relação a Deus.

Concluímos, então, que o verdadeiro cristão deve procurar com todas as forças o desenvolvimento dos hábitos de amor que o aproximem de Deus e do seu próximo. Afinal, Deus nos deu vida para amar.

A Ressurreição da Perseverança

Perseverar é permanecer em uma vereda com insistência, não se importando com as dificuldades do caminho. Na Bíblia o termo é fruto da tradução das palavras “Hupomoneh” (constância - carregando um peso sobre as costas) e “Steréoma” (firmeza e resistência contra uma ação contrária).

Os conceitos exarados nestes termos propõem duas maneiras de encarar o ato de perseverar. No primeiro vocábulo, podemos compreender a perseverança como algo ativo, uma ação de prosseguir. No segundo, a perseverança é vista do ponto de vista reativo, ou seja, o modo como suportamos aquelas coisas que desejam nos afastar do caminho.

De muitas formas, estes dois modos de compreender o que é perseverar tem a ver conosco. Muitas vezes, em nossa vida com Deus somos tentados a pensar que o caminho é duro demais, outras tantas, achamos que a ação contrária será mais poderosa do que a nossa capacidade de resistir e nos manter firmes.

Este é um momento delicado da vida de todo crente. Pois, quando a nossa perseverança está ameaçada, de alguma forma, dentro de nosso coração a esperança e nossa fé em Deus ficam doentes. A perseverança não é apenas uma recomendação bíblica, mas uma ferramenta eficiente para o combate ao pecado que ainda habita em nós. Por isso, asseverou Jesus: "de todos sereis odiados por causa do meu nome. Contudo, não se perderá um só fio de cabelo da vossa cabeça. É na vossa perseverança que ganhareis a vossa alma" (Lucas 21.17 a 19).

A ressurreição de Jesus é a mola mestra de toda a perseverança cristã. Ao ressuscistar, Jesus concedeu a todos os seus irmãos e irmãs a confirmação de todas as promessas de Deus aos pais, desde Adão, quando o Senhor prometeu nos resgatar.

Todas as vezes que nossa capacidade para perseverar se vê diminuida, devemos recorrer à escritura na busca de fazê-la reacender em nosso coração. Isso é o que percebo, aconteceu certa feita, quando Jesus encontrou dois dos seus discípulos que haviam desistido da caminhada cristã.

Quando Jesus Cristo foi crucificado, muitos dos seus primeiros discípulos tomaram aquele acontecimento como uma “ducha de água fria” em seus planos. A morte “prematura” de Jesus colocara fim nos anseios messiânicos deles e muitos resolveram dar novo rumo às suas vidas.

Um bom exemplo podemos encontrar em Lucas 24.13 a 35, que fala dos dois discípulos que caminhavam na direção de Emaús. Eles tiveram um encontro maravilhoso com Jesus e viram renascer em seus corações as forças que nos fazem perseverar.

Destaco, nesse texto, três necessidades básicas de quem deseja perseverar na fé em Cristo. A primeira é que quem deseja perseverar até o fim é, considerar o que está perdendo ao desistir.

Jesus, se aproxima daqueles homens e lhes questiona sobre o que eles estão falando e os provoca a recontar a história que esperavam que se realizasse: “...nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel” (Vs 21a). Dessa forma, Jesus provê à mente desses irmãos, a memória de sua esperança. Quando repensamos o que verdadeiramente a vida cristã espera, começaremos a reagir para perseverar.

Logo após esse primeiro ponto da conversa, Jesus lhes dirige uma dura exortação: “Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram...” (vs.25). A perseverança cristã é o resultado de uma completa e total confiança na Palavra de Deus. Perseverar é seguir no Caminho que Deus nos mandou seguir. Desistir da jornada cristã é uma maneira tosca de se dizer: A Palavra de Deus não é tão confiável.

Por fim, a perseverança cristã depende diretamente de uma constante comunhão com o Salvador. A última parte do texto nos mostra a insistência deles para que Jesus continuasse em sua companhia. Depois que Jesus parte o pão, perceberam finalmente quem era aquele viajante e seus corações foram renovados em esperança e decidiram voltar imediatamente ao caminho, à vereda da fé: “Então, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram...” (vs 31).

Quando temos inclinação a desistir, precisamos nos lembrar da ressurreição e que ela é a nossa maior razão para continuar.

4 de abril de 2010

Implicações da Autoridade de Cristo - Mateus 28.18 a 20

"Toda autoridade me foi dada nos céus e na terra" Mateus 28.18

Devemos ler esta frase de Jesus, registrada apenas no Evangelho de Mateus, com uma visão global do próprio evangelho e de suas mais perceptíveis intenções.

De maneira geral, muitos bons estudiosos e leitores mais atenciosos do evangelho declaram que o autor tem o propósito de fortalecer a comunidade cristã, de raízes judaicas, em um momento delicado de sua história.
Na verdade, alguns sinais de confronto entre o cristianismo e judaísmo começavam a ser sentidos, em particular por parte das autoridades templárias, visto que, mesmo que aceitasse dentro do quadro da diversidade religiosa de sua época aquele grupo conhecido como "Os Nazarenos" ou "Os do Caminho", nunca este relacionamento foi tão bom, afinal, estes tais nazarenos afirmavam que os próprios líderes judaícos haviam matado o Messias, que era Jesus de Nazaré.
Esta tolerância, pode ser notada no registro do livro de Atos onde podemos ver que os "Nazarenos", ainda Gamaliel, aponta para a necessidade desta tolerância. Entretanto, desde os tempos de Estevão, mas muito mais após o ano 20 d.C, esta perseguição tornou-se mais feroz e ruidosa.
Os crentes, ouvintes e leitores de Mateus, passaram a ter a sua fé atacada, pelo povo, mas principalmente pelas lideranças do povo e este evangelho vem se tornar para todos eles uma instrução à perseverança e ao labor, mostrando claramente o contraste entre Jesus e tais líderes, desde os tempos do próprio Messias e como este, repeliu a autoridade dos escribas, fariseus e todos os "mestres da Lei", revelando-se como Messias e Senhor.

O verso 18 não é uma mera afirmação contundente, com a finalidade de apenas introduzir a chamada "Grande Comissão". Em minha visão, Mateus faz a ligação direta da ressurreição com a instalação do REino Milenar de Cristo, não diminuindo a força da "ascensão", mas pontuando primordialmente para a "autoridade real que fora conferida ao Filho de Deus".

Se este evangelho pode ser chamado de "Evangelho do Reino", esta afirmação é a mais contundente e convincente de todas a este respeito e, porque este Reino está estabelecido com Jesus Cristo munido de toda a autoridade - poder, isto implica em que, os que crêem e são parte deste Reino, devem sair pelo mundo tornando cada vez mais clara a mensagem do Reino de Cristo entre os homens.

Pontuando sobre as implicações da Autoridade Real de Cristo

Uma Vez Que Cristo Estabeleceu o seu Reino com POder

Nós temos de anunciá-lo aos homens, este é pirncípio do evangelho (as boas novas - kerigmáticas)

Temos de ensinar sobre como este Reino se manifesta na vida das pessoas (as boas novas didaskalias)

Temos de apontar para os homens a consumação do Reino (as boas novas escatológicas)