31 de março de 2013

Mateus 28. 1 a 10


Os Efeitos da Ressurreição na Vida do Crente

Mateus 28. 1 a 10
INTRODUÇÃO

O cristão bíblico, que foi quebrantado pelo Espírito de Deus e conduzido a Cristo para o receber como o seu único e suficiente Salvador, é uma pessoa que foi transportado do Reino das Trevas para o Reina da Luz, ou, como disse Paulo, o Reino do Filho do seu Amor.
Embora esta pessoa possa se parecer com todas as demais do mundo, tendo necessidades semelhantes como roupa, comida, cuidados médicos, limitações etc, deve-se saber que tal pessoa foi crucificada com Cristo, mas ressurgiu.
Quando Deus olha dos céus para os homens aqui na Terra, seus olhos passam por todos os homens, mas o cheiro de vida, que ganhamos de Cristo emana de nossas vidas direto para as narinas do Pai Celestial. Ele sabe distinguir quem somos. Portanto, ainda que pareçamos muito semelhantes a todos os demais somos, estamos vivos! Porque se morremos com Ele, com Ele também nós ressuscitamos! Aleluia!!!
Um modelo de vida baseado nessa nossa condição é a única resposta que devemos dar a Deus. Um cristão que recebe a vida de Cristo em sua vida, tem um compromisso implícito com Ele de que sua vida será a serviço dEle. Quando, alguém assim compromissado, se permite ainda manter seu coração apegado ao reino deste mundo e suas paixões, mostra que algo está em desequilíbrio em sua vida.
A mensagem que encontraremos nesta noite de ressurreição, ao olharmos para este texto, é uma mensagem que aponta sobre efeitos necessários da ressurreição na nossa vida, a fim de que sejamos nutridos pela vida de Cristo e sirvamos a Ele de todo o coração.
Se você precisa aprender a desenvolver sua nova vida em Cristo eu clamo que reflita bastante sobre estes sinais e implicações e peça a Deus a sua ajuda para que sua vida desenvolva esse aroma de vida que agrada a Deus.



A Consciência da Ressurreição Rompe a Prisão do Medo de Viver Para Cristo

Para Mateus, uma visão ampla do Reino de Deus inclui um envolvimento claro com um modelo ressurreto de vida. O último capítulo do livro é dedicado a unir o momento da ressurreição com a gloriosa chamada da Igreja para anunciar as boas-novas.
Diferentemente de outros evangelistas, parece-me que Mateus une rapidamente, morte, ressurreição e ascensão como sendo eventos únicos da glorificação de Jesus, propondo que a entrega dos crentes a um modelo ressurreto de vida deve ser um reflexo direto da nossa ligação com Cristo, o Senhor de todas as coisas.
Mesmo com a trama maligna para incriminar a Igreja do Senhor e tentar desmerecer o Cristo, Mateus ressalta a autoridade de Jesus, como Senhor sobre todas as coisas: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra.
Quando as mulheres aproximam-se do sepulcro e se deparam com a pedra removida pelo poder divino, através de um anjo e este lhes dirige a palavra, ele tem uma mensagem de paz: NÃO TEMAS!
A afirmação do anjo é completada pela frase: porque sei que buscais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Vinde ver onde ele jazia.
Pensemos sobre estas palavras. O temor seria afastado quando a consciência da ressurreição tomasse conta do coração daquelas mulheres.
Primeiro, o anjo pontua sobre o fato de Cristo ter sido verdadeiramente crucificado: buscais Jesus, que foi crucificado. A crucificação de Jesus foi um evento histórico. Ele realmente, foi sepultado naquele túmulo. Foi doloroso, foi real, foi fruto do pecado real dos judeus, de Pilatos etc, mas foi um pagamento oferecido pelos nossos pecados.
Agora o anjo as convida a receberem a convicção de sua ressurreição. Ele afirma: ele não está aqui. É necessário que uma consciência da ressurreição tome conta da nossa alma. Precisamos não somente repetir isto como uma história antiga, que aprendemos com os nosso pais, mas, crentes maduros na fé, precisam considerar o valor cósmico-espiritual e o significado redencional deste fato: Ele ressuscitou!!! Aleluia!!!
A ressurreição era fruto do plano redencional de Deus e isto não falhou: como havia dito!!! Não precisamos temer mais, se decidirmos que iremos entregar toda a nossa vida a Cristo.
Caso qualquer um de nós decidir que irá viver o plano de vida que Deus tem, colocando o Reino como prioridade, conforme disse o próprio Jesus: buscai em primeiro lugar o reino dos céus... , se decidirmos hoje abandonar tudo para servir a Cristo, ainda que pareça loucura para os homens, até mesmo para nós, não o será! Se você decidir que deixará gostos pessoais para agradar a Cristo ou se decidir mudar de vida agora para agradar a Cristo, quero garantir para você, esta é uma decisão baseada na realidade da crucificação e ressurreição de Jesus.
A consciência do significado da ressurreição te livrará do temor de viver para Deus!!! Romperá essa prisão que impede de que você mergulhe de cabeça em servir ao Senhor.


A Consciência da Ressurreição Será Motivação Eficaz Para Uma Vida Missionária

Particularmente, já disse isto em outras ocasiões de pregação em Mateus, penso que Mateus estruturou o seu evangelho para alcançar o clímax dos versos 18 a 20 do capítulo 28.
A questão de todo este Evangelho é fortalecer o sendo missionário dos crentes que estavam simplesmente atemorizados diante das grandes realidades daquele tempo: perseguição, o mundo inteiro diante de si para ser conquistado e o tamanho pequeno da Igreja para fazer esta obra. Acho que você consegue imaginar o que passaria pela cabeça de um crente naqueles dias, diante de todas essas circunstâncias.
Pois bem, aquelas mulheres que chegam ao sepulcro são tomadas por uma consciência clara, abundante, profunda, concreta da ressurreição. Acho maravilhoso que elas, apesar do medo, foram perpassadas por grande alegria e se dispuseram, primeiro para crer, isto é, foram alimentadas pela consciência da realidade da ressurreição.
Agora, recebem do anjo, o IDE! Ele diz: ide, pois, depressa e dizei aos seus discípulos que ele ressuscitou dos mortos e vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. É como vos digo! E,, retirando-se elas, apressadamente do sepulcro, tomadas de medo e grande alegria, correram a anunciá-lo aos discípulos.
Louvo a Deus por esta cena registrada por Mateus. As mulheres, conscientes da ressurreição assumem com todas as suas forças a tarefa de espalhar primeiramente a notícia mais gloriosa da ressurreição.
A consciência da ressurreição nos tornará mais obedientes ao IDE e PREGAI. Nos dará mais pressa para o anúncio das boas-novas. Veja se o que temos diante de nós, não é uma medida menor de toda a missão da Igreja: Vá, anuncie que Cristo vive e que quem crer nisto o verá!
A vida missionária deve ser alimentada pela consciência da ressurreição para adquirir esta consistência, sendo de urgência e fidelidade na pregação. Elas não foram enviadas para contar que viram um anjo, chamar pessoas para peregrinação ao Santo Sepulcro, contar sobre o terremoto... elas foram enviadas para anunciar o CRISTO VIVO!!
A profunda consciência da ressurreição é a base da vocação missionária da Igreja. É disto que Paulo fala quando afirma: “E, se Cristo não ressuscitou é vã a nossa pregação e vá a nossa fé” (1 Coríntios 15.14)


A Consciência da Ressurreição Nos Conduzirá à Realidade da Comunhão Com Cristo

Acredito que crentes verdadeiros são desejosos de ter comunhão com Cristo. A nossa comunhão pessoal e até a coletiva experiência com a presença de Cristo é um alvo de todos nós. O verso final do Evangelho é um das mais reconfortantes e preciosas mensagens do Novo Testamente e de toda a Escritura. Quem nunca se consolou com estas palavras: E eis que estarei convosco todos os dias, até à consumação dos séculos (Mateus 28.20b).
Confesso aos irmãos, tais palavras me conduzem ao choro, proveniente de uma alegria que não posso medir. Cristo é meu melhor amigo, companheiro no Caminho. Aleluia!!!
João, quando escreveu sua primeira carta nos conduziu inicialmente à convicção profunda da realidade da ressurreição. Ele diz:
O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nosso próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida (...) o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo (1 João 1.1 a 4).
O anjo disse às mulheres: “vai adiante de vós para a Galiléia, ali o vereis... Não temais! Ide avisar a meus irmãos que se dirijam à Galiléia e lá me verão”. Jesus convoca os homens para uma vida de comunhão com Ele. Esse é o grande chamado do discipulado: andar, conviver, comungar com Cristo.
Acho interessante que Mateus tenha terminado o seu Evangelho com estas palavras. Acho interessante que o capítulo 28 esteja tão impregnado desta decisão de Cristo de estar perto de nós. Acho maravilhoso que eu e você, se desenvolvermos uma consciência profunda da ressurreição, haveremos de lembrar que o Cristo Vivo está aqui, Cristo vive em nós! Aleluia!!!


Conclusão

Não há outra decisão mais sábia diante da ressurreição, temos de viver como ressurretos. Homens, mulheres, jovens, crianças que caminham neste mundo na perspectiva da presença de Cristo, assumindo a responsabilidade missionária de nossas vidas.
Caso sua vida ainda reflita um modelo de vida baseado na morte e no pecado é tempo de se dispor a olhar para a Cruz e o Túmulo Vazio e clamar por mudanças. Você pode lançar fora o medo, você pode se impregnar missionariamente da ambição de servir ao Reino Glorioso! Trata-se de uma mudança de atitude em relação ao modo como você considera a realidade ao seu redor e, por mais que possa te parecer difícil, é a melhor saída, pois é a saída que combina com a realidade do Reino de Cristo.


Aplicação para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa

As nós, filhos da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa, uma palavra como esta deixada pelo Senhor deve nos motivar ao serviço. Nossa Igreja é rica em muito talentos e recursos.
Não precisamos temer o fato de não sermos a maior igreja do Brasil, nem precisamos nos sentir pequenos diante da missão que podemos assumir. Eu clamo que a consciência da ressurreição, o seu significado prático para a vida de cada crente, desenvolva o desprendimento necessário para que haja um grande avivamento do envolvimento dos membros da nossa Igreja com a Missão.
Permita-se crer e agir. Queremos uma igreja cheia da comunhão do Senhor, mas que conclame para que outros venham para ter o mesmo encontro.
Você poderá passar a ser um dizimista fiel, afinal, esta será uma decisão baseada no fato de que o Cristo que Vive, cuidará de você em toda a sua necessidade. Tome esta decisão... permita a nossa igreja ter condições de crescer e melhorar as condições do trabalho.
Você pode também decidir servir mais na sociedade interna. Ajudar na distribuição de cestas básicas... pode começar a ser aluno da Escola Dominical... Você poderá trazer pessoas para conhecerem a Cristo, ou ainda poderá discipular alguém. Começar um trabalho de pregação no seu lar. Enfim... ajude-nos a crescer... envolva-se com isto.
Uma igreja consciente de que deve agir como igreja ressurreta, será uma igreja obediente ao IDE. O tamanho, a força, a qualidade particular é de menos, pois Cristo é quem estará conosco todos os dias!

CRISTO VIVE? SIM! Ele vive em meu coração! Aleluia!!!

Em Cristo

Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno

29 de março de 2013

1 Pedro 1.17 a 21 (inacabado)


As Implicações do Preço Pago na Cruz

(mensagem entregue em no Culto da Paixão do Presbitério Leste Paulistano da IPI do Brasil - março 2013)

INTRODUÇÃO
Não precisamos gastar muito texto para convencer aos nossos leitores sobre a decrepitude do Evangelho em nossos dias. Todos somos testemunhas de como a vida dos crentes, em geral, desceu a padrões mínimos de cristianismo e, muitas vezes, até mesmo a condições que sequer podemos classificar como cristianismo.
Noutros tempos, cristãos evangélicos se distinguiam facilmente no meio da sociedade, nos lugares onde viviam. Hoje, infelizmente, pouco se sabe da pessoa se o que sabemos é que se trata de um crente, um evangélico.
Curiosamente, este é o tempo em que a palavra “avivamento” se tornou popular e, há quem afirme ter conseguido a fórmula para produzi-lo. Disto decorre os inúmeros cartazes que nos chegam com convites para o próximo “Congresso de Avivamento” que sua igreja não pode perder.
Será que as Igrejas evangélicas brasileiras perderam o rumo definitivamente? Estamos no vestíbulo da morte do cristianismo evangélico no Brasil? Não podemos pensar assim!
Para mim, esta é a grande oportunidade para igrejas históricas como as nossas. Pois, sinto que temos algo a dizer e apresentar que serve de um contraponto ao modelo desgastado, do evangelicalismo centrado no homem, carregado pelo vício consumista, que vê os bens simbólicos da fé apenas como uma moeda de troca.
Mas, antes de nos apresentarmos para ser esta opção cristã e evangélica, precisamos produzir uma grande reflexão sobre quem somos e quem devemos ser enquanto Igreja comprada pelo sangue de Cristo.
Ser Igreja Comprada Pelo Precioso Sangue de Cristo é ter compromisso com uma agenda espiritual e não terreal é ser chamado a viver em um paradigma que escapa à simples materialidade do existir para produzir um tipo de cristão comprometido com a eternidade, com uma fé que aponta para muito além de nós mesmos.

Contextualização – preâmbulo da carta
Quando Pedro escreveu esta carta de encorajamento ao povo de Deus, muitos cristãos estavam se perguntando sobre a veracidade das promessas de um Reino Eterno e da volta de Jesus. Alguns, por causa das violentas perseguições, a esta altura, especialmente por parte dos judeus, já estavam se perguntando se o cristianismo era algo realmente bom para se seguir.
Ele, por conta de todas estas incertezas que abatiam o coração dos crentes e que os fazia regredir no seu compromisso com o Reino inabalável de Cristo, produziu uma carta, com o objetivo de lhes mostrar uma agenda de vida, que faz com que a Igreja vivesse acima da realidade que a cerca.
Acredito irmãos, que cristãos verdadeiros são pessoas chamadas para viver o paradigma de dois mundos. Somos peregrinos neste mundo, com o compromisso de deixar por aqui o legado de pessoas que viveram paradigmas mais elevados.
Quando a Igreja se torna mundana no sentido de viver somente para este mundo, ela perdeu o referencial. Neste caso, não importa quanto sucesso ela tenha na mídia, em termos de público ou riquezas materiais, ela não passa de um monte de circunstâncias passageiras. O grande desafio que temos como Igrejas comprometidas com a Palavra do Reino Inabalável de Cristo é apresentar ao mundo, não uma instituição diferente, mas homens e mulheres capazes de viver no paradigma da mundanidade celestial, ou seja, homens que vivem para o eterno, o celestial, inseridos efetivamente no mundo.
Acredito que esta carta de Pedro se insere neste tipo de perspectiva. Em particular, gosto de sempre destacar os primeiros versos, onde ele aponta para nossa herança incorruptível. Ele a denomina como que “reservada nos céus”. Por outro lado, essa herança é reservada para pessoas que “são guardadas” para ela, enquanto peregrinam aqui na terra.
Este olhar para o que é eterno é o ponto de segurança que deve mover a igreja aqui na terra. Assim, ele pode conclamar os crentes perseguidos daqueles dias a exultarem, mesmo em meio a tantas tristezas que acontecem por aqui.
O texto que separamos para nossa meditação esta manhã é parte deste capítulo conceitual que exprime esse nosso duplo paradigma existencial: neste mundo, com compromisso com o eterno.
Portanto, temos a enorme responsabilidade de servir de janela da eternidade santa para os demais homens. Por isso, devemos crescer e amadurecer a nossa fé, perseverando em tudo, mantendo exemplar o nosso procedimento.
Os versos 17 a 21 são uma porção deste maravilhoso preâmbulo da carta. Toda a verdade destes poucos versos gira em torno de um fato que se deve saber: não fomos comprados mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, mas pelo precioso sangue de Cristo.
Esta cláusula central dá significado a todo o parágrafo que começa no verso 17. Ela é central e centralizadora das ações. É esta cláusula que, para Pedro, define a necessidade de todas as afirmações ao redor. Então, caros irmãos, eu vos convido a considerarem comigo as implicações práticas do sangue de Cristo que foi derramado como preço em favor da Igreja. Eu vos convido a considerarem de forma séria, o que Deus espera de sua igreja como resposta a tão elevado preço que pagou por nós.

O Preço Pago na Cruz Deve Nos Conduzir a Um Modelo de Vida Baseado na Nossa Relação de Filiação Com Deus

Meus irmãos, como já disse antes, nossa tarefa não está concentrada em criarmos uma instituição perfeita. Nossa tarefa primordial é a de forjar, na bigorna da Palavra de Deus, sob o fogo das provações desta vida, homens e mulheres que sejam capazes de mostrar Cristo ao mundo, por meio do caráter, conduta e testemunho.
Ainda que seja muito oportuno, que nossas instituições sejam uma demonstração clara da ordem do Reino de Cristo. Antes, elas devem ser um reflexo do tipo de pessoas que as compõem. Portanto, é preciso que os crentes sejam transformados e as instituições sejam resultados desta transformação.
Pedro não trata do assunto do ponto de vista institucional, ele trata a Igreja do ponto de vista orgânico, como Corpo de Cristo, como Família de Deus, daí no verso 17, ele introduzir a questão chave:
Se invocais como Pai aquele que sem acepção de pessoas julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor e tremor durante o tempo da vossa peregrinação, sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgastados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de Cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo...
Vocês podem perceber que o verso 17 gira em torno dos versos 18 e 19, uma vez que o termo “sabendo” funciona como um cláusula conclusiva “uma vez que vocês sabem isto...”.
Discernimento é uma das palavras importantes a serem aplicadas na vida do crente. O discernimento é o produto da avaliação do pensamento, que nos leva a distinguir as realidades. Meus amados irmãos, Pedro está chamando os crentes à discernirem que são filhos de Deus e têm com ele um compromisso filial.
Se invocais por Pai aquele que... – evidentemente, o cristão que vive com discernimento não pode se limitar a simplesmente considerar a existência de Deus e saber que ele tem um plano de salvação para a sua vida. O cristão verdadeiro é comprometido com Deus em um sentido muito mais profundo. É disto que Pedro fala nos versos anteriores: Sede santos, por que eu (Deus) sou santo.
Pedro está apenas concluindo que o modo de vida do cristão é um fruto decorrente do sangue derramado, do preço pelo qual ele foi comprado. Quando nos aproximamos da cruz o que devemos encontrar nela? Devemos encontrar na Cruz os motivos certos para continuarmos a viver como Filhos de Deus neste mundo caído, durante o tempo da nossa peregrinação.
Outro aspecto que Pedro trabalha no verso 17 é a questão de que não podemos viver de forma neutra, como se não tivéssemos ligação alguma com Deus, justamente por que Deus não trata a nossa vida como se fosse neutra. Ao contrário, Pedro diz que ele julga nossa vida.
Portanto, o discernimento a que somos concitados é o de que nossa relação com Deus é prioritária para a nossa vida aqui na terra e deve determinar todo o nosso procedimento.   
Antes de produzirmos bons frequentadores assíduos da casa de Deus, precisamos urgentemente de homens e mulheres que honrem o nome do seu Pai pelo tipo de vida de levam. Receio que tenhamos de constatar que os crentes perderam o sentido de vida que leva em conta o que significa: temer a Deus.

O Preço Pago na Cruz Deve Nos Conduzir a Um Modelo de Vida Que Seja Distinto Dos Homens Mundanos

Charles H. Spurgeon disse: "A igreja deve atrair pela diferença e não pela igualdade". Evidentemente este não é o lema de muitos crentes em nossos dias. Mas este era um ponto cardeal da igreja nos dias de Pedro.
O apóstolo, como já vimos no verso 17, identifica o caminhar peregrino da igreja neste mundo como a maior demonstração da sua ligação com Deus. Agora, no verso 18 ele vai pontua de uma outra forma sobre o mesmo assunto, enfatizando o fato de que andar como o mundo é andar como não resgatado.
O tipo de homem e mulher que devemos produzir neste mundo é aquele que tem discernimento de que foi resgatado de um modo de vida que totalmente desonra ao Criador. Mais uma vez, o conhecimento do preço pago na cruz deve nos conduzir a discernir, agora a discernir quem éramos e o que devemos ser.
Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram.
Evidentemente, esta expressão “fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram” está em contraste com o temor que se requer no tempo da peregrinação dos que tem uma relação de filhos com Deus.
Acredito que devemos considerar de forma mais atenta que a redenção que nos foi ofertada no sangue de Cristo, tinha como propósito fundamental nos retirar de um modelo de vida que nos afastava de Deus. Ainda se permitir viver em um modelo mundano de vida é a mais grotesca manifestação de apatia para com Deus. Um crente jamais deveria sentir qualquer alegria em qualquer coisa que apenas o fizesse mais parecido com um filho de Adão que com o filho eterno de Deus.
O fútil procedimento – é um termo que podemos considerar correspondente ao termo “vaidade” em Eclesiastes. Um modelo de vida não centrado em Deus e sim no homem e em suas paixões. E isso podemos encontrar ainda mais explícito no verso 14, onde Pedro diz que filhos da obediência não podem se amoldar a paixões mundanas.
Portanto, filhos de Deus, devem discernir o valor que foi pago por sua vida e que foram resgatados de se parecerem com o mundo.
Isto não significa que não podemos ter amigos que sejam ímpios, mas de forma alguma podemos compactuar com as obras infrutíferas das trevas, seja qual for o motivo, lazer, trabalho, socialização... nada combina com a Igreja que foi comprada na cruz.

O Preço Pago na Cruz Deve Nos Conduzir a Um Modelo de Vida Baseado Em Valores Eternos

Outro grande homem de Deus foi Jonathan Edwards. Certa vez ele disse: “sela a eternidade sobre os meus olhos”. Homens de Deus peregrinam com vistas à eternidade. Os valores eternos são os nossos verdadeiros valores.
Conquanto encontremo-nos em meio a tantas demonstrações da presença do pecado, devemos almejar e buscar a todo custo, um modelo de vida que represente a vindoura perfeita humanidade que foi iniciada no derramar do precioso sangue de Jesus.
Com o derramar de seu sangue, ele nos fez “sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamarmos as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. Tenho certeza de que estas palavras são preciosas para todos os irmãos!
O texto diz que desde a eternidade, este era o plano do Senhor que foi manifesto na história da Cruz, por amor de nós: que Deus, por meio da morte de seu filho nos daria toda a esperança de que precisamos para seguir em frente. 

27 de março de 2013

Mateus 26. 26 a 30


Lições da Noite de Páscoa
O Legado da Cruz Para a Vida no Reino

INTRODUÇÃO
Pouco antes de receber a visita dos guardas, que acompanhavam Judas que o traía, entregando-o às autoridades para ser morto, Jesus está com seus discípulos, no mesmo local onde comera antes a Páscoa com eles. Agora, entretanto, enquanto ainda comiam, ele se dirige a eles e lhes reparte o pão e o vinho e lhes diz: isto é o meu corpo, isto é o meu sangue.
Este momento tornou-se peculiarmente importante para toda a história da Igreja Cristã, pois aqui, o Senhor instituía a observância do sacramento da ceia. As suas palavras de instituição da santa ceia foram registradas também pelos evangelistas Lucas e Marcos, no entanto, na versão que encontramos registrada em Mateus tiramos lições muito específicas com as quais podemos aprender um pouco mais sobre o Reino de Deus.
Sendo Mateus o Evangelho que focalizou o Reino de Deus como uma das mais importantes mensagens a ser transmitida aos cristãos de todas as eras e em todos os lugares, sua visão do Reino, também na instituição da Ceia, é uma maneira peculiar de pensar a respeito deste precioso sacramento.
O verso 29, to trecho destacado para hoje, nos dão conta de que, este sacramento seria observado até a volta de Jesus, como uma espécie de antecipação da grande e gloriosa bênção que nos será concedida no encontro final, quando, novamente cearemos juntos com Cristo, no Reino de seu Pai.
A Santa Ceia é um anúncio, um sinal visível da graça invisível do Reino, uma espécie de janela, por meio da qual, podemos observar as preciosidades do Reino de Deus, do seu Reino Santo.
Desejo olhar para este texto esta noite e aprender valores que transcendem as possibilidades meramente humanas. Desejo aprender valores do Reino Eterno e Perfeito de Deus. Desejo também discernir que é possível, ainda neste mundo, viver sob a égide do que é eterno e me posicionar como quem olha além do que a visão pode alcançar.
Acredito que a Santa Ceia lança este tipo de olhar e desafio sobre a nossa vida. Viver, segundo os ensinos da Santa Ceia, a verdadeira Páscoa libertadora, é estabelecer um novo modo de vida, sob a sombra da Cruz.

Entrega Sacrificial e Voluntária a Deus
Um famoso quadro de um rafaelita, chamado Holman Hunt, retrata um dia em que o jovem Jesus estava na carpintaria de seu pai e, enquanto o sol entrava pela janela da carpintaria, projeta sua sombra sobra a parede do fundo da carpintaria. A imagem que se formava na soma da sombra projetada, com os cavaletes de madeira colocados na parede era a da crucificação. O pintor procurou mostrar que a vida de Jesus passou-se sob a sombra da cruz que haveria de carregar no dia de sua morte.
Quando chegamos aos versos 26, 27 e 28, no momento em que Jesus reparte o pão e o vinho, ele conclui sua atitude dizendo: tomai e comei, tomai e bebei, isto é o meu corpo, é o meu sangue... derramado em favor de muitos para remissão de pecados.
Jesus estava apontando para o fato de que ele estava sendo entregue. Entrega por amor, entregue em favor... Com estas palavras, Jesus estava encarnando o seu próprio ensino que nos chamava a viver em resignação da própria vida: negue-se a si mesmo, tome a tua cruz e siga-me!
Em um tempo onde as pessoas vivem cada vez mais para si mesmas, precisamos resgatar esta teologia da entrega. A Cruz nos deixa um legado para o modo como devemos viver no Reino de Cristo, devemos viver na perspectiva de viver para os outros e, sobretudo, viver para Deus.
Voltamos o olhar para a Igreja em nossos dias e o que vemos? Pessoas buscando o seu interesse, procurando ser agradadas, esperando ser servidas. Quem estender a mão para a mesa da ceia e não estiver disposto a viver na perspectiva da entrega está em desacordo com o que o próprio sacramento ensina. Esta mesa aponta para a cruz onde Cristo entregou a sua vida por nós.  

Disposição Para a Comunhão
Quando Cristo entregou a sua vida por nós, em sua alma, uma satisfação dominava: a alegria de saber qual seria o precioso fruto penoso de seu trabalho. Jesus sabia que sua cruz seria a única forma de nos congregar eternamente na família de Deus.
Entregue em favor de muitos – com estas palavras Jesus definia sua percepção da comunhão que estava propondo em sua morte expiatória, por isto insistiu: tomai e comei dele todos.
A nossa comunhão é um presente de Deus. Nos sacramentos da graça, o batismo e a santa ceia, não somos nós que ministramos, somos ministrados. Nós não nos batizamos, apenas recebemos simbolicamente o batismo que nos foi ofertado pelo Espírito de Deus, da mesma sorte a Santa Ceia nos é dada, é Cristo quem no-la dá!
Não repartimos o nosso pão, mas o pão que Ele nos deu e o vinho que ele repartiu. Jesus nos concedeu a unidade do seu corpo. A Igreja é o Corpo de Cristo, porque Cristo nos deu este privilégio.
Ao repartir com os discípulos o seu corpo e o seu sangue e pedir que eles se apropriassem daquilo pelo ato de comer e beber, Jesus estava unindo seus discípulos à sua cruz. Aquele era um ato de comunhão, um chamado à vida comunal.
Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Porque, nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão (1 Coríntios 10.17).
A noite da Páscoa de Cristo apontava para a Cruz e esta para a nossa comunhão. O Reino de Deus é o Reino da Comunhão daqueles que foram crucificados com Cristo. Este sacramento é o sacramento da comunhão do Corpo.
Quando pessoas se negam a vivenciar essa comunhão, não somente estão em desacordo com o sacramente, estão pecando contra o Corpo. Não podemos tomar destes elementos se não for nosso propósito o viver em amor comunal.
Acredito que as palavras de Paulo à igreja de Corinto, dentro de todas as implicações dos problemas que ocorriam naquela igreja, apontavam seriamente para pensarmos sobre a importância da comunhão como prerrogativa da Mesa do Senhor:
Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor... pois, quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si (1 Coríntios 11.27 a 29).
A Cruz deixa sobre a Igreja de Cristo o legado da comunhão. A disposição para vencer barreiras e amarmos uns aos outros é uma das mais preciosas bênçãos que a nossa nova natureza em Cristo nos oferece.

Uma Vida Cheia de Esperança e Alegria
Mesmo que para muitos em Jerusalém a cruz tenha significado o fim das esperanças e a chegada da tristeza. Na verdade, o legado da cruz vem no sentido contrário e proporciona para todos os que creem esperança e alegria.
Jesus distribuiu o pão e vinho com palavras de entrega sacrificial, chamando-os para comungarem da sua morte. Estas eram palavras tristes, apontavam para um momento sombrio. Mas, Jesus não permite que a tristeza assuma toda a direção daquela conversa.
Jesus introduz uma nova visão nos seus corações. Ele os convoca a pensar no futuro, para o tempo em que o Reino se tornar pleno, pois vão novamente cear com Jesus.
E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei o fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai (verso 29)
Jesus conduz seus discípulos a perceberem que a sua morte não seria o final da história. Esta palavra, na verdade, naquele momento não fora compreendida por seus discípulos, mas depois após a sua ressurreição uma mar de esperança inundou o coração dos seus discípulos.
Precisamos olhar para o futuro! Precisamos esperar muito mais do que apenas o que vemos e vivemos aqui. A Cruz é a certeza de um futuro para nós. O texto diz que ele ceará “conosco” e que o dia se aproximará.
Foi assim que a Igreja Cristã venceu todos os períodos históricos, olhando para o futuro e mantendo sua fé, esperança e alegria na volta gloriosa de Cristo.
O cristianismo consiste e bíblico não é uma fé depressiva, ou de pessoas imediatistas e materialistas, cujos únicos valores que importam são os passageiros valores terrenos. Este tipo de pensamento é tão anticristão quanto qualquer outra adoração a um deus estranho.
A Cruz nos legou a capacidade de esperar em Cristo. A Cruz, sobretudo o túmulo vazio nos legou a capacidade de sentir o consolo que vem da vitória certa do Senhor. Na noite daquela ceia, estas palavras de conforto de Jesus traziam a esperança para a mesa da tristeza e esta esperança era o que haveria de permanecer.
A Necessidade da Ação
Uma das preciosas lições daquela noite é esta: a Cruz era um ato intencional e proativo. Jesus não ficara à mercê dos acontecimentos, mas estava disposto a seguir da direção da cruz.
O verso 30, nos informa que ele canta um hino com seus discípulos e se põe na direção do lugar onde será preso, o Monte das Oliveiras.
Em, tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras (verso 30)
Mais à frente, Mateus nos informa que Jesus sabia exatamente o que estava fazendo e que deveria realmente estar ali, afinal esperava Judas com sua turba para o prender:
Então, voltou para os discípulos e lhes disse: ainda dormis e repousais! Eis que é chegada a hora, e o Filho do homem está sendo entregue nas mãos de pecadores. Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima (versos 45 e 46).
Precisamos aprender com estas atitudes de Jesus que a nossa fé deve nos levar a estar no lugar e hora necessários, mesmo que para tanto tenhamos de sofrer.
É muito imaturo da parte de alguns cristãos deixarem a sua fé se tornar em um marasmo de passividade e pouca produtividade. Ao contrário, a santa ceia não deve ser um sacramento que nos instigue à morosidade, ao contrário, ao reafirmarmos nossas convicções na entrega, comunhão e esperança é muitíssimo importante que nossas ações reflitam o caráter desta nossa fé.
A Cruz lança sobre nós o legado do agir. Os que a compreendem não podem ser tornar passivos neste mundo, mas devem procurar intrepidamente o espaço onde a marca da cruz possa fazer a diferença.
A igreja, a comunidade da cruz, a comunhão dos que foram crucificados com Cristo tem de se manifestar neste mundo. Este legado recebemos de Jesus em sua morte por nós. Somos a luz do mundo, o sal da terra e isto porque ele deu a sua vida por nós.
O viver que temos hoje na carne (como disse o apóstolo) vivemos pela fé em Cristo, que deu a sua vida por nós. Repita isto todos os dias para si mesmo, relembre a cruz e trabalhe neste reino.
Naquela noite, Cristo estava promovendo um chamado que se tornaria ainda mais concreto no Pentecostes: a igreja deveria ir e testemunhar de Cristo. Tomar da mesa da ceia sem ter o desejo de testemunhar é uma contradição com Cristo.

Conclusão
Evidentemente, muitas destas lições só foram compreendidas pelos discípulos depois da ressurreição e outras somente após a ascensão de Cristo.
Mas o que aprenderam, conferiu-lhes um sendo de entrega pelo reino, que os levou a enfrentar as maiores vicissitudes por amor a Cristo e em nome do estandarte da cruz.
Eles, por aprenderem as lições da cruz e receberem com fervor o seu legado, trabalharam arduamente, e as páginas do Novo Testamento comprovam, pela unidade da Igreja de Cristo.
Eles viveram os seus dias cheios de esperança e isto os levou a mudar o mundo de então. Saíram a testemunhar de Cristo, às vezes, com o preço da própria vida, pois descobriram que a sua pátria não era neste mundo, mas um Reino Celestial, no qual habitam o paz e a justiça.
O mesmo Reino inabalável que todos nós aguardamos.

Aplicação para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Querida igreja!
Este tipo de fé precisa ser visto também entre nós. Sei que Deus ainda levantará homens e mulheres com o calibre certo para terem a Cruz como a sua bandeira e receberem consistentemente o seu legado.
Pensem sobre suas vidas e sobre o este sacramento que estamos para dele tomar. Olhem e vejam a cruz e os seus compromissos com o Reino de Cristo. Pense proativamente em viver para glória de Cristo.
Pense na entrega que fará, o preço que estarás disposta a pagar por sua entrega. Pense na comunhão que deve ser um dos lemas mais preciosos do nosso convívio, pense em como você pode participar da construção desta comunhão.
Reflita também sobre a esperança do seu chamamento e o compromisso de ser um agente da esperança neste mundo. Uma igreja sem esperança é uma igreja morta. Assim também o é, uma igreja que vive apenas para si mesma.
Nosso chamado é para proclamar as virtudes daquele que, pela cruz, nos chamou ao Reino da luz.
Em Cristo
Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno

17 de março de 2013

Mateus 21.33 a 46


Proteja os Seus Frutos

“A Parábola dos Lavradores Maus”.
Mateus 21.33 a 46


INTRODUÇÃO
O pano de fundo mais remoto desta passagem é o texto de Isaías, capítulo 5, versos 1 a 7, o Canto da Vinha Má. Naquela ocasião, o profeta Isaías trazia ao povo de Deus uma mensagem dura, sobre o fato de que seu povo não correspondia às expectativas do seu Deus.
Da mesma forma como esta parábola de Mateus, o texto se inicia exaltando o trabalho preciso e cuidadoso do dono da vinha, que plantou sua vinha com vides escolhidas, preparou todo o cenário ao seu redor para que desse frutos, mas no final, suas uvas eram frutos bravos, isto é mirrados, sem possibilidade de uso para a fabricação de vinhos no lagar.
Aqui em Mateus a mesma decepção é revelada, mas de uma outra maneira. Aqui, os arrendatários da vinha eram os responsáveis pela sua baixa produção. Na verdade, o problema aqui não é a falta de produção da vinha, mas o fato de que os arrendatários não entenderam de que a vinha deveria servir à causa da alegria do seu senhor e se colocaram como os beneficiários finais. Trabalharam para si mesmos e se contentaram com a entrega dos frutos a si mesmos, sem se lembrar de que trabalhavam para o Senhor da vinha.
Os principais sacerdotes e fariseus eram estes homens a quem Jesus se referia. Eles não estavam servindo a Deus, mas se servindo da vinha do Senhor para atender aos seus próprios interesses. Para que chegassem a esta situação, seu coração fora completamente endurecido e se tornaram completamente insensíveis à voz de Deus.
Este texto trata de um grande perigo que todos nós corremos ainda hoje. A vinha não precisa ser compreendida exclusivamente como sendo a Igreja. Às vezes, esta vinha é a nossa própria vida, ou a nossa família. Para alguns, ela pode sim representar a Igreja, pois estão em uma situação de liderança maior no corpo de Cristo, mas para outros pode ser uma situação bem mais particular, como a própria vida ou a necessidade que tinham de cuidar de uma família para a glória de Deus.
Enfim, o perigo que corremos é o de confundir a quem pertence e qual o propósito da nossa própria vida, família ou igreja. Muitos estão interessados nos potenciais deixados pelo Senhor, apenas como uma alavanca para alcançar seus próprios objetivos egocêntricos.
Sua vida deve frutificar para o seu Senhor. A questão que levantamos esta noite é a quem nossos frutos servirão? A verdade que precisamos considerar esta noite é se os frutos que deveriam ser entregues, por nossas vidas, ao Senhor, estão ou não sendo roubados. E com certeza, os maiores ladrões destes frutos, podemos ser nós mesmos!
Quero convidá-lo a refletir sobre os cuidados que devemos tomar para que isto não aconteça na sua vida. A fim de que você consiga viver segundo uma estrutura de pensamento centrada em Deus e sua vontade santa. Cuidado, para que seus frutos não sejam roubados.

Proteja Seus Frutos Contra a Dureza do Seu Próprio Coração
A passagem é bastante ilustrativa sobre o modo como o Senhor da vinha enviou seus mensageiros para alertar os seus arrendatários. Ele envia uma embaixada de servos aos lavradores para que pudessem mostrar um pouco da sua produtividade. Mas o texto nos revela que eles resistiram violentamente aos servos, espancando, matando e apedrejando-os.
Ao tempo da colheita, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os frutos que lhe tocavam. E os lavradores, agarrando os servos, espancaram a um, mataram a outro e a outro apedrejaram. Enviou ainda outros servos em maior número; e trataram-nos da mesma sorte (versos 34 a 36).
Jesus Cristo está se referindo aos seus profetas. Eles foram enviados à Israel para os chamar a atenção sobre suas obras malignas. Mas, o povo de Deus resistiu à voz dos profetas e muitos deles foram presos, torturados, desprezados, até cerrados ao meio e mortos ao fio da espada.
Meus caros irmãos, apesar de vivermos em tempos tão diferentes, há uma coisa com a qual ainda nos assemelhamos àqueles homens descritos na parábola e que viveram nos dias dos profetas. Assim como eles, também nós podemos manter nosso coração endurecido à Palavra de Deus.
Quando Jesus Cristo disse que a palavra que ele nos tem falado é o que nos limpa para que produzamos frutos (João 15.3), estava também nos alertando para o fato de que resistir à palavra, a seus mandamentos e neles não permanecer é o caminho para uma vida cujos frutos não serão jamais entregues a Deus.
Há pessoas que resistem à Palavra de Deus de forma muitíssimo intensa. Seus corações se fecham para Deus, não conseguem se permitir ouvir as exortações de Deus e, quando as ouvem, mantém-se em seu caminho de rebelião e completa insensibilidade para com a voz do Senhor.
Pessoas que não atentam para a dureza do seu coração no intuito de buscar um quebrantamento do Senhor, na verdade estão servindo a si mesmas. Inverteram as prioridades de sua vida e buscam apenas se satisfazer com a vinha do Senhor.
O problema disto para a sua vida, meu irmão, é que isso pode estar exatamente acontecendo com você agora. Exatamente neste momento suas intenções são as de continuar a viver sua trajetória de vida sem Deus, dando pleno curso ao seu plano maligno, fortalecido por uma ideia louca de que você é o único que sabe o que você precisa.
Quando lemos o verso 33, e o somamos ao contexto do capítulo 5 de Isaías, percebemos que este não foi o objetivo de Deus ter nos chamado. Ele preparou tudo para que fôssemos produtivos em nossa vida de relação com Ele. Ele sempre nos chamou para participarmos da construção do seu Reino e ter o significado e utilidade de nossa vida na coisa eterna dos valores do seu reino, mas, infelizmente não foi assim que os lavradores maus se comportaram e não é assim que muitos hoje em dia se comportam.
Se você deseja viver e entregar ao Senhor frutos de uma vida que honra o seu nome. Cuidado, pois é comum que o nosso coração se endureça e perca a sensibilidade para a vontade de Deus. Lute contra isso! Pois, este tipo de comportamento é a ruína para nossa vida.


Proteja Seus Frutos Contra a Tendência Egocêntrica de Viver Para Si Mesmo
A raiz mais profunda da dureza do coração se chama a idolatria do EGO. O coração humano, após o pecado, passou a buscar um outro Deus que não o seu Criador. O homem, criado à imagem e semelhança de Deus, preparado para viver retamente e diretamente interligado a Deus, passou a viver segundo o seu próprio coração maligno e a adorar um outro deus, a si mesmo. Eis a raiz da dureza do coração, eis porque o coração do homem resiste à Palavra de Deus.
A Palavra de Deus nos exorta a guardar o nosso coração, porque dele procedem as saídas da nossa vida (Provébios 4.23). Curiosamente, estes capítulos do livro de Provérbios são todos iniciados pela seguinte fala: Filho meu, ouve a instrução do seu Pai.
Ouvi, filhos, a instrução do pai e estai atentos para conhecerdes o entendimento; porque vos dou boa doutrina; não deixeis o meu ensino... ama a sabedoria e ela te protegerá (Provérbios 4.1ss).
Voltando à parábola dos lavradores maus, nos deparamos com o fato de que o Senhor tentou uma última cartada: Ele enviou o seu próprio filho, o dono de toda a herança. Esperava o Senhor que eles seriam quebrantados com a presença do Filho do Senhor e, então, se converteriam e entregariam os seus frutos a quem de direito.
E, por último, enviou-lhes o seu próprio filho, dizendo: a meu filho respeitarão. Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; ora, vamos, matemo-lo e apoderemo-nos da sua herança. E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e o mataram (versos 37 a 39).
Não é assustadora esta descrição? Não nos faz tremer de medo a respeito da dureza do coração do homem? Pois bem, Jesus não está mais falando dos seus profetas, mas de si mesmo e esta predizendo sua morte e rejeição por parte dos judeus, os primeiros lavradores.
O texto diz que a motivação mais subterrânea dos lavradores para resistirem agora ao Filho e o rejeitarem e matarem foi a sua ganância, produzida em um coração egocentrado.
Temos uma natural tendência ao egocentrismo. Herdamos essa natureza de nossos primeiros pais Adão e Eva que pecaram. Desde, então, essa é a grande luta que travamos no interior de nossos corações, nossas mentes. Note que é muito fácil cairmos no erro do egocentrismo. Basta um desconforto pessoal e já nos refugiamos em nossos sentimentos sempre centrados em nós mesmos. Nos desculpamos até por nossos pecados e falta de frutos entregues ao Senhor, afinal, algo está, segundo nosso coração, nos prejudicando aqui e ali.
Temos tantas oportunidades para servir e alegrar ao Senhor com o serviço abnegado, suado e que o glorifica na medida em que entregamos coisas dignas da luta que tivemos para conseguir. NO entanto, preferimos o refúgio do comodismo. Coisas simples como uma hora a mais, ou sair de casa num dia de frio, ou deslocar-se alguma distância não costumeira, inverter a prioridade e pensar no outro etc; coisas simples assim nos incomodam e nos levam ao seguro refúgio do comodismo e da desculpa.
Na verdade, os lavradores desejaram que os frutos da vinha servissem à sua alegria pessoal e não a do seu Senhor. Ele viera para se alegrar nos vinhateiros arrendatários, mas estes não desejaram dar essa alegria nem ao dono da vinha, muito menos ao seu filho.
Um sentimento de posse egocêntrico os levou a isto. Não perceberam que tudo o que tinham era do seu senhor e do seu filho. Não puderam conviver com a ideia de que são servos de alguém maior que eles. Então, retiraram o filho do meio da sua vinha e o levaram para fora. Lá, como se ele não fosse o dono da vinha, o mataram.
Não pense que isso não pode ser feito por você também! Não pense que não é isso que fazemos quando permitimos o nosso coração seguir a livre curso nosso egocentrismo. Lute contra isso irmão! Lembre-se do ensino de Jesus: quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a cada dia a sua cruz e siga-me!.
Deus será a sua recompensa e ele te recompensará se o seu coração conseguir vencer o egocentrismo. Ele será o seu benefício e te beneficiará. Contudo, o grande desafio do Reino, nas condições caídas em que vivemos é o de dar o primeiro passo.

Proteja Seus Frutos Contra a o Tempo da Paciência de Deus

Esta parte final da parábola se inicia com um pergunta. Esta pergunta apela para a consciência dos seus ouvintes. Este tipo de apelo à consciência fora também aplicado no cântico de Isaías 5: julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha.
Quando, pois, vier o senhor da vinha; que fará àqueles lavradores? (verso 40).
A resposta que o próprio Senhor dá foi muitíssimo dura. Ele falou em fazê-los perecer horrivelmente, rejeitando-os completamente. Ele pontua sobre o fato de que os seus frutos, ele os receberá, mesmo que procure outros lavradores.
O problema de Deus não é como o de um empresário que tem medo da falência e, então perde a paciência com os seus diretores e demite toda a direção. Ele está no controle dos acontecimentos.
A questão de Deus é a de nos oferecer o seu Reino para que pudéssemos cumprir o nosso papel existencial de servos do Senhor. Entretanto, a paciência do Senhor pela nossa disposição de produzir os seus frutos pode terminar.
Precisamos nos lembrar de que a paciência de Deus é um dos seus atributos mais preciosos. É por sua paciência que ele nos envia tantos e tantos recados do alto. Ele nos mandou todos os seus profetas e, para o nosso caso particular, nos ofereceu uma igreja onde o Evangelho é proclamado, nos explicou a verdade... mas.... A paciência de Deus pode ter um ponto final.
Ele usa o texto do salmo 118, para falar sobre a ira do Senhor que faz com seus primeiros lavradores sejam rejeitados e completa falando sobre o final da oportunidade de servir no seu reino.
Portanto, vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos. Todo o que cair sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó (versos 43 e 44).
Não se esconda atrás de uma falsa segurança de sua salvação, às vezes, baseada em uma conversão que nunca existiu, em um contrato sem valor de obras ou em uma tradição meramente humana. A produção de frutos é o que torna conhecida sua vida com Deus.
Clame desesperadamente pela oportunidade de servir ao Senhor. Aproveite cada chance e não deixe para a amanhã, pois não sabemos quando a paciência de Deus irá se esgotar e não sabemos o quanto estará disposto para conosco para perdoar a rejeição prática de nosso coração em relação à sua Palavra e seu Filho.
O alerta bíblico é de uma gravidade ímpar: Terrível coisa é cair nas mãos do Deus irado. O tempo não é um servo do seu comodismo, mas pode ser seu inimigo. Aproveite enquanto é dia, antes que venha a noite e as oportunidades se encerrem. Basta ver o texto que se segue a esta parábola e perceberemos que esta é a principal exortação destes capítulos de Mateus.
Proteja seus frutos do fim da paciência de Deus com sua vida!

Conclusão
Exortações duras são muito presentes na Bíblia. A sua função é produzir um coração mais alerta e mais vigilante. Sua função é nos fazer acordar de um sono espiritual, que muitas vezes nos acomete.
Quando Mateus escreveu seu evangelho e recolheu estes ensinos de Jesus, estava vivendo em meio a muitos crentes que possivelmente estivessem deixando a urgência da obra do Senhor em segundo plano. Mateus, então, reforça estes textos que nos chamam à uma atitude alerta e produtiva.
O Reino de Cristo em nós só pode ser visto através de nossas ações. Mas, se nosso interesse por esta vida está complemente concentrado em nossos próprios interesses, estamos simplesmente agindo como aqueles lavradores maus. Deus nos chama a cuidar do seu Reino e a trabalhar para o seu progresso.
Faça um teste pessoal: se o Reino de Cristo fosse levado adiante somente por pessoas com o seu nível de comprometimento, o que você acha, estaria melhor ou pior?
Caro irmão... não rejeite a palavra, não deixe o seu coração se endurecer. Não rejeite a Cristo, pensando somente em você, negue-se a si mesmo e siga-o. Não se confunda, o tempo é curto demais e a paciência de Deus ainda lhe chama mais esta noite.

Aplicação para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Caros irmãos, quero exortá-los a olharem com mais cuidado para o Reino de Deus. Por vivermos em uma sociedade tão compromissada com o egocentrismo e, a partir disto, tão competitiva, não nos enganemos, nada mudou no modo como o Senhor vê a sua vinha.
Você já parou para pensar no quanto tem cuidado de entregar a Deus os seus frutos pessoais. E sua família? Como você está trabalhando para que seja uma família frutífera? Veja a nossa igreja! Você é capaz de perceber sua falta aqui? O quanto mais poderíamos fazer se você se levantasse para servir?
Quero convidar a todos vocês a não entrarem na contramão da vontade de Deus e a não esperarem convite. Este é o Reino do Senhor, não burocratize a sua fé, não permita que para fazer a obra do Senhor você precise de tapete vermelho. Aqui, todos podem ter uma função. O reino não é um CNPJ, uma instituição, o Reino é o amor ao próximo. O reino é pregar o Evangelho, levar pessoas a Cristo.
Convide pessoas para acompanharem você! Leve um copo de água fria para alguém sedento; cubra com vestes o que está nu; cuide dos doentes... mas liberte-se definitivamente da maior tirania, a de um coração egoísta.
Que tal você se engajar em algum dos trabalhos realizados pela igreja, com a finalidade de envolver você e ajudar a sua família. Estas coisas não podem substituir a sua fé, mas poderão muito ajudá-los.
Aos pais, vocês que são as pessoas mais responsáveis em nosso meio. Não pequem contra Deus e contra os seus filhos. Invista o quanto puderem para que a vida de seus filhos produza frutos para o Senhor.
Enfim... este é o tempo da oportunidade. Seja sábio!
Em Cristo, o Senhor da vinha!
Rev. José Maurício Passos Nepomuceno