25 de janeiro de 2014

Marcos 2.1-12

Em Busca da Verdadeira Prioridade da Igreja

(Mensagem na Igreja Presbiteriana Independente de Arthur Alvim - São Paulo - por ocasião do aniversário da Igreja)

Foco da Nossa Condição Decaída

O coração humano tende a perder a teocentricidade como elemento fundamental da vida. POr isso, as circunstâncias podem gerar distrações e a nossa fé se dissipar em preocupações secundárias. Neste texto, Jesus Cristo nos dá uma lição a respeito da "prioridade da igreja" como agência proclamadora do perdão de Deus. Recuperar essa visão é uma luta constante contra a nossa própria natureza que exasperadamente nos afasta do foco.

Introdução

O homem foi para que a sua existência produzisse a glória de Deus. Não somente através da sua própria vida, mas por meio da sua ação no mundo, o homem foi capacitado a fazer tudo para que o nome de Deus fosse glorificado e sentir alegria e prazer nisto. 
O pecado injetou em nosso coração uma nova prioridade, uma mudança de paradigma existêncial e passamos a viver para outro deus, o próprio "ego". Para alimentar o "ego" o homem passou a viver para si mesmo e Deus se tornou um instrumento deste modelo de vida egocêntrico. 
No texto que temos em mãos, Marcos está propondo à igreja dos primórdios do cristianismo que não desista do elevado propósito de viver sob o governo de Cristo. A ideia de "autoridade" de Cristo, como Senhor é evidente. Sendo ele o Filho de Deus e o resgatador da humanidade, deve ser nossa prioridade nos render a ele. 
Marcos, incentiva seus leitores a não temerem as dificuldades, em particular, a grande perseguição que sofriam da parte das forças imperiais de Roma. Ele os convoca a mentalizar a Cristo e quem ele é para ser o fator de motivação.


Nossa Prioridade é a Busca do Bem Alheio

Dias, depois, entrou Jesus de novo em Cafarnaum, e logo correu que ele estava em casa. Muitos afluíram para ali, tantos que nem mesmo junto à porta eles achavam lugar; e anunciava-lhes a palavra. Alguns foram ter com ele, conduzindo um paralítico, levado por quatro homens. E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o eirado no ponto correspondente ao em que ele estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o doente. Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados (Marcos 2.1-5)
Enquanto o coração caído busca seus próprios interesses, o realinhamento do coração humano produzirá uma nova prioridade de interesses: a busca do bem alheio. O raciocínio do coração caído é que em primeiro lugar vem o meu interesse e, se possível, o interesse alheio. O raciocínio do coração redimido é que o interesse do outro é minha prioridade. O apóstolo Paulo escreveu sobre esse tema na Carta aos Filipenses:
Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros (Filipenses 2.3-4)
Quatro homens desejavam ver a Cristo. Era a sua prioridade naquele momento. Entretanto, eles tinham um amigo paralítico, que estava acamado. A única chance deste paralítico ver Jesus era se alguém o levasse. E aqueles homens não pensaram nas dificuldades que teriam para priorizar aquele amigo necessitado. 
Evidentemente o foco de Marcos é mostrar que Cristo pode alcançar qualquer pessoa. Mas era necessário que o paralítico fosse a Cristo e isto só ocorreu porque alguém priorizou o que era alheio. 
Para que priorizassem o bem do seu amigo acamado, aqueles homens superaram algumas barreiras. 

Eles priorizaram o alheio vencendo a necessidade pessoal - o texto nos diz que muita gente concorria para ver Jesus. Chegar cedo e encontrar um lugar perto ou em posição de poder ouvir Jesus poderia ser uma justificativa para priorizarem a si mesmos, mas eles venceram a necessidade pessoal para servir o seu amigo. Enquanto não diminuirmos em nosso desejo de auto-satisfação não exerceremos a verdadeira prioridade da Igreja. 

Eles priorizaram o alheio vencendo aparente obstáculos intransponíveis - Quando chegaram à casa de Jesus, havia tanta gente, que não era possível se aproximar. Eles poderiam desistir, ficar do lado de fora, voltar para casa e vir noutro dia mais cedo... No entanto, eles fizeram o que poderia ser considerado uma loucura, um ato desesperado... Eles descobriram o telhado, calcularam o lugar exato e lá foram, desceram o leito com o paralítico ao lado de Jesus. É muito fácil fazermos as coisas que estão à nossa mão, com facilidade. Recolher produtos para a cesta básica, ou realizar um programa evangelístico na Igreja. Mas estamos prontos a vencer outros obstáculos para levar Cristo a outras pessoas? 

Eles priorizaram o alheio vencendo a barreira da falta de fé - O verso 5, nos informa que Jesus observou aquele momento de uma maneira diferente de todos os demais. Talvez, as pessoas estivessem pensando: que loucura! O que está acontecendo? Quem pensam que são? Mas, Jesus, diz o texto: observou a fé: "vendo-lhes a fé..." . O que de fato motivava aqueles homens em sua desesperada busca pelo seu amigo? Eles tinham fé! Eles sabiam que aquele homem precisava de Jesus e, então, se esforçaram por levá-lo a ele. Todos eles confiavam em Cristo e sua fé os motivou a vencer tudo. 

Quando a Igreja realmente tiver verdadeira fé no seu Cristo. Quando ela desenvolver um senso de prioridade da pregação do evangelho para as ovelhas perdidas de Israel. Ela cumprirá a sua missão, ela viverá segundo sua prioridade. 

Nossa Prioridade é Buscar a Libertação dos Homens Perdidos

Filho, os teus pecados estão perdoados. Mas alguns dos escribas estavam assentados ali e arrazoavam em seu coração: Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus? E Jesus, percebendo logo por seu espirito que eles assim arrazoavam, disse-lhes: Porque arrazoais sobre estas coisas em vosso coração? Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda? Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados - disse ao paralítico: eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para a tua casa (Marcos 2.5-11).

O fato de vivermos em uma sociedade que priorizou o egocentrismo e fez do "hedonismo" e seus derivados o seu ídolo máximo, influenciou a Igreja evangélica, que passou a pensar nos desejos do coração caído como a sua prioridade. 
Igrejas com programas de culto lúdico, cada vez mais centradas na busca da felicidade humana em padrões determinados pelo próprio homem; mensagens baseadas no psicologismo, na auto ajuda, na teologia da prosperidade. 
Na busca de relevância para este mundo, nos desviamos de nossa verdadeira prioridade. Não viemos para servir como uma casa de espetáculos da religião, ou do bem estar para este mundo. A igreja foi chamada para uma tarefa de luta contra a força anti-teocêntrica do pecado. 
No texto, o que vemos é um exemplo desta infeliz distorção do valor da verdadeira religião. Paulo nos disse que  um dos problemas dos crentes judeus era sua ênfase na busca de sinais. 
Porque tanto judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria dos Deus (1 Coríntios 1.22-24). 
Os judeus que estavam reunidos na casa de Jesus tinham a grande oportunidade de aprender preciosidades sobre o Reino, sobre a vida e todo o desejo do Pai para as suas vidas e estavam ali. Entretanto, eles não perceberam a verdadeira prioridade de Cristo no mundo: redimi-los do pecado. 
Paulo dizia o mesmo, eles priorizavam os milagres, os gregos a sabedoria, mas a prioridade da pregação do Evangelho é apresentar a cruz de Cristo e o perdão que dela emana. 
Caros irmãos, podemos nos envolver em muitas tarefas neste mundo. Podemos ter escolas, hospitais, atendimento social, psicológico etc... Mas todas essas tarefas não podem substituir a necessidade que temos de priorizar a mensagem que anuncia a todos que Deus, em Cristo está reconciliando consigo o mundo. 
Jesus deixou clara essa intencionalidade, quando disse: "para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados - disse ao paralítico: Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para a tua casa". Meus irmãos, Jesus deixou claro o propósito dos seus milagres: anunciar que Deus enviara o seu Filho para cumprir o propósito eterno de salvar homens do seu pecado. 
O quê? Nossa geração não gosta de ouvir falar sobre os seus pecados? Vamos perder público? Vamos atingir poucas pessoas? Será que a melhor maneira de avisar a todos a respeito de uma perigosa tempestade que está se aproximando é falando para eles sobre as propriedades maravilhosas da água? 
Se homens não nos virem preocupados com a salvação eterna deles, não entenderão o que é o evangelho e para que serve a Igreja. Se eles acharem apenas que a Igreja é importante para o equilíbrio social, familiar, psicológico, não buscarão a DEus arrependidos de seus pecados. 
Nossa prioridade máxima é anunciar aos homens que é necessário se arrepender dos pecados hoje e buscar a Deus. Esse senso de urgência na busca do perdão de Deus permeia o Evangelho de Marcos e as Escrituras, em particular o Novo Testamento. 

Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus, dizendo: o tempo está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho (Marcos 1.15). 
Então, saindo eles, pregavam ao povo que se arrependesse; expeliam demônios e curavam numerosos enfermos, ungindo-os com óleo (Marcos 6.12-13). 
Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis como Deus. E, nós, na qualidade de cooperadores com ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus, porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação (2 Coríntios 5.18 a 6.2). 
Está claro nas Escrituras que não estamos aqui porque o mundo é lindo e maravilhoso e o ser humano é admirável. Estamos aqui porque o pecado condena o homem e o aprisiona. Estamos aqui para proclamar a libertação que há no sangue de Jesus e que não há outro caminho. Não viemos para construir prédios, ou competir com outros grupos religiosos, viemos em nome de Cristo clamar aos homens que se reconciliem com Deus, esse é o nosso verdadeiro ministério.

Nossa Prioridade é a Busca da Glória de Deus

Entrão, els se levantou e, no mesmo instante, tomando o leito, retirou-se à vista de todos, a ponto de se admirarem todos e darem glória a Deus, dizendo: Jamais vimos coisa assim! (Marcos 2.12)
A pregação do arrependimento não é um fim em si mesmo. O que é arrepender-se? E por que é importante? 
O problema humano é a sua busca cega pela auto-glorificação. A busca do próprio prazer ou interesses, nada mais é que a progressão do pecado original, aquele em que Adão tomou do fruto porque desejou assumir o papel de Deus, e dizer para si mesmo o que é o bem e o mal. O homem mudou a plataforma de sua criação original. Ele tinha sido criado para glorificar a Deus em tudo, quer na sua existência, como através de tudo o que viesse a realizar. Entretanto, como nos dias da torre de Babel, o homem buscou servir a si mesmo: "...tornemos célebre o nosso nome" (Genesis 11.4).
Arrepender-se é voltar-se para Deus. Arrepender-se é admitir que Ele é a sua prioridade e que você existe para Ele. Arrepender-se é negar-se a si mesmo e buscar a Deus. Arrepender-se é aceitar que Ele é digno de toda glória. 
O texto encerra esta perícope com o resultado daquele milagre e do seu ensino. Jesus propõe uma nova maneira de Marcos nos conduz a atenção para o alto. Não se trata mais do que aconteceu com o paralítico, mas daquele que tem autoridade para perdoar pecados. 
Acredito que muitos apenas se admiraram do milagre, pois jamais teriam visto algo parecido. Mas, com certeza, estava entre eles o homem que tinha autoridade para nos conduzir de volta a Deus. 
Dar glória a Deus é resultado de uma mente capaz de discernir a sua grandeza. O texto diz o seguinte: 

A ponto de se admirarem - O verbo "ecsistemi" (admirar) no texto é colocado na forma passiva. Foram conduzidos à admirarem, ou se maravilharem. Deus abre a mente do homem a perceber sua grandeza, isso é o arrependimento, isso é o que a liberdade do pecado produz. 
Enquanto o homem vive sob o domínio do pecado, sua mente fica em trevas, ele não pode contemplar ou discernir o seu caminho. Mas, quando Deus nos liberta, ele nos conduz para ele. 
Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor. Foi precisamente para este fim que Cristo morreu e ressurgiu; para ser Senhor tanto de mortos como de vivos (Romanos 14.7-9). 
A glória de Deus é a nossa prioridade, mas é resultado dela também. Quando nos engajamos na busca da prioridade verdadeira da Igreja, Ele é glorificado, porque os pecadores se encontram com Jesus, ele perdoa os seus pecados e a nova dos crentes produz a glória de Deus. 
Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus (Mateus 5.16). 
Precisamos de uma igreja que enxergue com maturidade o fato de que está neste mundo para conduzir todas as coisas na direção de que Deus seja glorificado em tudo. 


Conclusão

Uma inversão de valores e prioridades tem sido o grande mau da ação da igreja neste mundo. Cada vez mais, nos dedicamos à causa de construir reinos pessoais e deixamos de lado nossa ligação vital com o Filho de Deus que deu a vida por nós. 
Nos dias de Marcos, a igreja se via atônita, pois o mundo que a cercava estava contra a sua causa e tornaram difíceis a sua caminhada na terra. Marcos percebe a necessidade de provocar na Igreja uma reestruturação de suas prioridades. 
Hoje pudemos ver três aspectos que nos ajudam a pensar sobre a verdadeira prioridade da Igreja. Priorizar o serviço aos outros; Priorizar a salvação dos perdidos; Priorizar a glória de Deus. 
Desejo que esta querida igreja entenda essa mensagem e se motive a buscar essa prioridade na sagrada Escritura. 

Buscai, pois, em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas (Mateus 6.33)



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quanto o coração caído busca seus próprios interesses, o realinhamento do coração humano produzirá uma nova prioridade de interesses: a busca do bem alheio. O 


5 de janeiro de 2014

Marcos 1.6-8 (parte 2)

O Batismo Com o Espírito Santo

Parte II

 

Foco da Nossa Condição Decaída

O ponto a ser observado nessa passagem é a clara intenção do Evangelista de que seus leitores concebam em suas mentes que vivem para servir a Jesus Cristo, o Filho de Deus e que essa percepção os conduza a viver mais firmemente a sua fé, aceitando os desafios de um mundo caído que os hostiliza e buscam perseguir. Da mesma forma, este texto nos chama a viver debaixo da mesma consciência e dependência, com fé e ousadia para realizar a sua obra.

Introdução

Na última semana, este mesmo texto nos ofereceu a oportunidade de ouvir a instrução do Senhor nos conduzindo a perceber qual deve ser a nossa postura na nossa relação com Jesus.
Vimos, por exemplo, que devemos perceber que essa relação que se torna verdadeira no Batismo com o Espírito Santo é uma obra da graça, pois Jesus, sendo perfeito, vem ao nosso deserto sem que nada possamos lhe oferecer.
Outro aspecto que destacamos foi a natureza do poder que torna eficaz o Batismo com o Espírito Santo, pois não é algo que pode ser feito por homem algum, somente por Deus, por meio de Jesus.
Também nos detivemos a ouvir que Deus espera que haja que, todas essas posturas nos conduzam a uma mudança interior, pois o Batismo com o Espírito Santo é um projeto para a transformação do nosso interior. Jesus não nos manda o Espírito Santo apenas para ser um rótulo da nossa fé, mas um transformador do nosso coração.
A nossa relação com Deus é entre Pai e filhos, é uma relação de amor íntima, por isso, o Espírito opera uma obra redentiva em nós.
Hoje, voltaremos ao mesmo texto, mas o veremos do ponto de vista da obra do próprio Cristo. Não mais observaremos qual é a nossa atitude para com a nossa relação com Deus, mas veremos isso, de uma maneira intentada também por Marcos, que aprendamos que toda a obra de mudança que Deus quer operar em nós ocorre por uma vontade e poder ativo do nosso salvador.


O Batismo Com o Espírito Santo

é o Resultado da  Obra do Amor Altruísta de Cristo Jesus


Altruísmo é a qualidade de trabalhar pelo bem do outro, mesmo quando se exige a negação de si mesmo.
Para Marcos, era necessário que os seus leitores iniciais tivessem uma consciência clara da “superioridade de Cristo” e de “sua autoridade como Filho de Deus”.
Entretanto, ele deseja também mostrar que Cristo Jesus  não se manteve distante apesar da nossa pecaminosidade e veio até nós.
Para Marcos, essa consciência do amor de Cristo motivaria os crentes em uma vida de coragem. A maneira deste texto nos mostrar essa verdade tem a ver com a figura de João e suas vestimentas de camelo, o seu deserto e Cristo vem a ele.
E as vestes de João eram feitas de pelo de camelo, ele trazia um cinto de courro e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre (Mc 1.6).
E no verso 9
Naqueles dias, veio Jesus de Nazaré da Galiléia e por João foi batizado no rio Jordão (Mc 1.9).
Para Marcos, a autoridade de Jesus era um dos aspectos destacados de sua figura messiânica e é por isso que ele veio ao mundo, pois era o único com autoridade para mudar as nossas trevas em luz.
O batismo com o Espírito Santo não é uma obra que qualquer um poderia fazer. Somente Jesus teria tal autoridade, mas devemos perceber que ele não tinha este dever, ele o fez por amor.
O batismo de João era para arrependimento e ele batizou um homem que não tinha pecados, mas que se sujeitou a este trabalho.
No entanto, há algo mais sublime ainda nessas palavras de Marcos. O Batismo com o Espírito Santo é uma graça que pecadores não merecem, mas Jesus nos batizou, por que o seu amor altruísta fez com que agisse em nosso favor, mesmo em detrimento de si mesmo.

O Batismo Com o Espírito Santo

é o Resultado da  Obra do Único Que Tem Autoridade Para Mudar a Vida Humana


Mais poderoso (ischirós) - Marcos se interessa por todo o destaque ao poder de Cristo e de como ele, sendo o Filho de Deus revelou isso em sua vida.
O ponto central, mais uma vez é perceber que Marcos está disposto a mostrar aos seus leitores o valor de sua fé em Cristo Jesus, pois eles receberam de Cristo, o único que tinha autoridade para enviar o Espírito Santo.
Dois aspectos são enfatizados aqui, pois Marcos coloca em relevo a palavra de João: eu vos batizo com água e ele com o Espírito Santo. Com essas palavras Marcos deixa claro que o homem mais “santo” e “dedicado” de seu tempo, o impressionante homem do deserto só poderia oferecer um ritual externo e de valor transitório. No entanto, na fé, os cristãos são batizados com o Espírito Santo.
Um outro lado desta palavra é para que os crentes entendessem não somente a natureza de sua ligação com Cristo, ou seja a natureza espiritual desta ligação. Eles precisavam discernir também o alto privilégio que isso significava.
Só Jesus Cristo poderia fazer aquilo! Ainda que João Batista fosse um grande pregador e um homem enviado por Deus, ele não era a luz que transforma todo o homem. Ele apenas apontava para tal. JOão Batista sempre apontava para Jesus e o seu valor superior e sua obra superior.
João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de quem eu disse: o que vem depois de mim tem, contudo, a primazia, porquanto já existia antes de mim. Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça. Porque a lei dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo (João 1.15-17).
É importante que entendamos que nossa nova vida, ou nosso Batismo com o Espírito Santo é um alto privilégio que nos foi concedido pelo único que poderia fazê-lo e o fez por graça e amor.




O Batismo Com o Espírito Santo

é o Resultado da  Vontade Ativa de Jesus


Certo filme de Hollywood apresenta o seguinte enredo: vários ladrões se associam para assaltar um cassino, cujo proprietário é desonesto. Ao final, depois de realizar o grande roubo, eles ainda conseguem transferir milhões do dono do cassino para uma obra de caridade. A imprensa procura este altruísta doador e ele posa de um benfeitor, dizendo que não foi nada e é bom ajudar os outros.
Pode ser que façamos o bem, mas, muitas vezes, o fazemos por uma mera necessidade ocasional. Nem sempre nossa vontade ativa está empenhada nisso.
Marcos procura enfatizar o fato de que o envio do Espírito Santo para nos dar nova vida é parte de uma obra da vontade ativa de Cristo. Não se tratava de algo incindental, mas intencionalmente desejado pelo Senhor.
Ele porém “vos batizará” - O tempo verbal aplicado a esta frase aponta para o fato de que Cristo realizaria essa obra com a intenção de fazê-la e com interesse no que está fazendo.
Ou seja, estamos falando do fato de que Cristo não veio até a nossa miséria somente oferecer salvação geral, mas veio intencionalmente na ideia de resgatar de forma particular cada um dos seus.
Essa consciência era importante para que os crentes do seu tempo sobrevivessem a perseguições e outras dificuldades para continuarem a jornada cristã.



Conclusão

É muito importante que repensemos o que é que tem ocasionado uma fé tão tímida e tão desprovida de ousadia e interesse em nossos dias. Olhando para textos como este, acredito que o problema é ainda o mesmo dos dias de Marcos.
Precisamos melhor compreender o valor de nossa ligação vital com Cristo. O Batismo com o Espírito Santo é o selo da nossa nova vida, de nossa ligação com aquele que deu a vida por nós, aquele cujo sangue nos lavou de todo o pecado.
A obra de Jesus deve nos marcar e marcados devemos nos dedicar e empenhar para que ele seja amado e louvado por todos os homens.
João Marcos, o autor deste evangelho, foi um moço que viveu momentos de fraqueza, mas quando a sua fé foi restaurada ele decidiu e entregou a sua vida em prol do Evangelho. O seu interesse em fortalecer os seus irmãos, nos desperta para o fato de que a melhor obra que podemos fazer aqui é nos dedicarmos para que outros possam encontrar razão de existir em Cristo.
Marcos sabia e falou do fato de que somente Jesus Cristo poderia mudar a vida dos homens. Ele nos leva, emseu evangelho, a pensar mais seriamente sobre isso. 

Aplicação Para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa

Estamos começando um novo ano e isso, por si só, já é um grande desafio. Entretanto, temos um ano de tantas coisas importantes a realizar. Precisamos nos deter em terminar as reformas que essa casa precisa. Também precisamos continuar a obra de plantar novas igrejas e fortalecer nossas igrejas irmãs. Precisamos pensar em levar nossos familiares a uma experiência com Cristo e os que nós amamos a conhecer o evangelho.
Temos crianças que precisamos educar na fé, jovens para ensinar o caminho da retidão e homens e mulheres idosos que precisam ser cuidados e tratados com todo o carinho.
Quem irá fazer essa obra? Mas, pergunta ainda melhor eu tenho para a você: POR QUE VOCÊ DEVERIA FAZER ESSA OBRA?
Porque a nova vida que recebemos é um grande privilégio que nós não merecíamos e só poderíamos encontrar por que Cristo nos encontrou e pensou ativamente em nós. Assim como fomos alcançados e beneficiados, por amor e dedicação devemos seguir em frente. .

Oração


Ensina-nos a viver para ti com ousadia! Amém!