25 de janeiro de 2015

Lucas 1.76 a 80


Buscando a Essência do Nosso Compromisso com Cristo
Lucas 1.76 a 80
(Mensagem entregue no dia 25 de janeiro de 2015 - no dia da comemoração do 56º aniversário da IPB Vila Formosa)

Foco da Nossa Condição Decaída
Na identificação do ministério de João Batista com o ministério da Igreja, buscaremos os elementos do compromisso de João com a luz da graça de Cristo e apontaremos para o fato de que, nos dias atuais, a mesma missão está sobre a igreja, pois Deus a chamou para caminhar no meio do deserto, anunciando o reino de Cristo trazendo luz e vida onde há trevas e morte.

Introdução
O texto que temos diante de nós é um trecho do chamado “Cântico de Zacarias” o “Benedictus”. Zacarias, depois  meses sem dizer nenhuma palavra, aponta no nome do seu filho “João” toda a certeza de que se tratava de um escolhido de Deus para fazer uma grande obra.
Lucas registra este cântico de Zacarias que pode ser dividido em duas partes. Na primeira, do verso 68 ao 75, Zacarias exalta o poder de Deus que trouxe ao mundo uma nova esperança, cumprindo suas preciosas promessas. Na segunda parte, do verso 76 ao 79, Zacarias se dirige à criança, como quem canta sua alegria e esperança no modo como o próprio menino reagiria ao seu chamado.
Buscaremos nesta segunda parte do cântico uma identificação entre a igreja de nossos dias e a esperança de Zacarias no que realizaria João Batista em cumprimento ao seu chamado. Buscaremos algumas lições que podem nos ajudar a avaliar se estamos mesmo crescendo e amadurecendo como igreja, conforme o tempo vai passando. Afinal, a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa completou 56 anos de sua organização.
Infelizmente, somos uma geração cristã  de pessoas que não estão prontas para cumprir o seu ministério. A falta de maturidade na fé é uma doença crônica dos nossos dias no meio evangélico. Entretanto, precisamos nos preparar e buscar o pleno desenvolvimento de nossa vida cristã e nosso ministério para este mundo. Olhemos atentamente para João Batista e a esperança que fora depositada naquele menino, buscando esperança para cumprir o nosso próprio papel em nossa geração.

Em essência, nosso compromisso com Cristo Começa na Busca de Uma Forte Preparação Para Viver a Fé

Vamos, primeiro ao final do texto. Na verdade, há uma moldura textual para este cântico. Lucas, embora esteja repetindo as palavras de Zacarias tem o foco em João Batista. Por isso, emoldura o cântico com o versículo 67 e 80, formando uma espécie de quadro textual, cujo conteúdo aponta para o ministério de João.
No verso 67 ele simplesmente diz que o pai de João profetizou a seu respeito, por meio da ação do Espírito Santo. E no verso 80, nosso ponto aqui, ele volta o seu olhar para o modo como a profecia apresentada no cântico estava se desenvolvendo no crescimento e fortalecimento do menino.
O menino crescia e se fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até ao dia em que havia de manifestar-se a Israel (Lc 1.80).
Estamos começando pelo final do texto, mas isto é importante agora para nós. Tudo o que é esperado deste menino teria o momento certo de acontecer, mas antes ele deveria amadurecer para cumprir o seu trabalho.
O ministério de João Batista era o de apresentar aos homens o messias, Jesus Cristo. Mas, ele precisou amadurecer para fazer isto com competência.
Crescia e se fortalecia em espírito - Com essas palavras, Lucas emoldura a esperança de Zacarias dizendo que João estava investindo no seu crescimento com o objetivo de cumprir o seu papel.  Ele buscava o crescimento natural de todos os meninos, mas junto com isso, havia uma forte preparação espiritual. Ele estava se fortalecendo na alma, como alguém que se preparava para uma batalha, este é o sentido de fortalecia (ekrataiouto).
Você também se prepara para a realização de um ministério em nome de Deus? Aquela esperança depositada em você, como Igreja de Cristo, está também emoldurada por um trabalho de preparação, cujo objetivo é servir a Deus e cumprir o seu papel?
Muitas vezes, o comportamento dos cristãos parece ser contrário. Alguns até mesmo usam a igreja no sentido contrário. Ou seja, em lugar de se prepararem pessoalmente para viverem com o foco de se tornarem Igreja de Cristo, usam a igreja com o foco de viverem no mundo.
Precisamos recuperar a visão de reino, que foi justamente a mesma visão que João teve e torna-lo prioridade. Mas, para isso, precisamos discernir com mais clareza que estamos neste mundo a serviço de Cristo.
VOCÊ PRECISA RENOVAR SEU COMPROMISSO COM CRISTO, RENOVANDO O SEU DESEJO DE SE PREPARAR PARA VIVER PARA ELE.


Em essência, nosso compromisso com Cristo é no Desenvolvimento de Um Ministério Profético Contra o Pecado

A expressão “Ministério Profético” tem se desgastado em nossos dias. Pois, para muitos, ter um ministério profético é ter um poder pessoal de “trazer à realidade os sonhos de Deus para as pessoas” - foi assim que eu li a definição de ministério profético de um líder, chamado pelos seus liderados de “apóstolo”.
Eu uso este termo apontando para a ação que mais marcou todos os profetas bíblicos: a integridade de apontar para os erros de sua geração, exortando a todos para retornar ao Senhor.
O ministério de João Batista tinha este contorno profético, pois foi justamente isto que João Batista fez. Ele apontou para os erros dos homens de sua geração e os conclamou  ao arrependimento.
Zacarias, em cântico, chama a atenção para esta importante marca:
Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos, para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimí-lo dos seus pecados (Lucas 1.76-77).
Profeta do Altíssimo porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos - o que qualificaria o ministério profético de João, segundo Zacarias, é que ele caminharia à frente, viria antes, preparando o caminho.
Preparar o caminho do Messias é uma expressão do Antigo Testamento. Malaquias a utilizou dizendo que um mensageiro viria adiante do Anjo da Aliança e anunciaria o grande e terrível dia do Juízo do Senhor:
Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; de repente, virá ao seu tempo o Senhor, a quem vós buscais, o Anjo da Aliança, a quem vós desejais; eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos. Mas, quem poderá suportar o dia da sua vinda? E quem poderá subsistir quando ele aparecer? Porque ele é como o fogo de ourives e como a potassa dos lavandeiros. Assentar-se-á como derretedor e purificador de prata; purificará os filhos de Lei e os refinará como ouro e como prata; eles trarão ao Senhor justas ofertas (Ml 3.1-3).
Isaías também usa esta expressão “preparar caminhos” com o mesmo sentido de corrigir pessoas para receberem a Cristo. Veja Isaías 40.3-4.
Dar conhecimento da salvação no redimi-lo do seu pecado - João Batista foi chamado para dizer aos homens que eles não podem se salvar, mas Cristo o pode fazer; eles não podem resistir diante do dia do juízo, mas Cristo pode socorrer-lhes; eles não tem chance alguma sem Cristo, mas em Cristo podem ser sim vitoriosos.
Infelizmente, os homens estão tão longe de Cristo que não conseguem perceber que estão em perigo. A missão da Igreja é chamar-lhes à razão. Nossas livrarias estão cheias de livros de “auto ajuda”, ou de instruções sobre o “poder pessoal”, ou os cinco passos para “tornar-se um vencedor”.
Essa infantilidade generalizada chega até mesmo na igreja. Quando percebemos que até mesmo os crentes, interpretam que a ideia de sermos vitoriosos seria fruto de nossa capacidade de agir espiritualmente, ou como dizem: mover o mundo espiritual. Quando Paulo disse que somos “mais que vencedores” sua ênfase estava no fato de que o amor poderoso de Deus, em Cristo Jesus, não nos largaria. Ele nunca quis dizer que isto era uma força nossa, ou uma capacidade nossa de fazer alguma coisa. Mas, nos chamou a confiar.
A ESSÊNCIA DO NOSSO COMPROMISSO COM CRISTO É ANUNCIAR A TODOS PROFÉTICAMENTE QUE PRECISAM SE ARREPENDER DE SEUS PECADOS E CONFIAR EM CRISTO.
A pergunta é: amadurecemos a este ponto? Temos mesmo nos tornado uma igreja com uma visão profética do pecado e do amor de Deus? Este é o foco da vida cristã que adotamos como modelo para nós?
A esperança de Zacarias em João, como profeta do Altíssimo, é a mesma de Cristo na sua igreja, afinal foi o que ele nos mandou fazer: ide pregai o evangelho.

Em essência, nosso compromisso com Cristo é o de Sermos Despenseiros da Graça
Pedro nos ensinou em sua primeira carta que a melhor maneira de aguardarmos a volta do Senhor Jesus é nos tornarmos cada dia mais parecidos com Cristo, na prática do verdadeiro amor. Ele completa o seu pensamento dizendo que isto é agir como um “despenseiro da graça”, um mordomo, que vai à despensa do seu Senhor e recolhe os mantimentos da graça e distribui a todos os que precisam. Precisamos mostrar às pessoas, aquilo que já falamos um pouco, o poder do amor salvador de Deus.
No cântico de Zacarias, vemos que a esperança do velho sacerdote era de que o seu filho cumpriria este papel de despenseiro do amor de Deus. Ele o faria, anunciando a misericórdia de Deus.
Graças à entranhável misericórdia de nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas, para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz (Lucas 1.78-79).
Entranhável misericórdia de Deus - Literalmente Lucas descreve a misericórdia de Deus como “misericórdia intestinal”. Não soa bem em português, mas significa uma misericórdia que vem das entranhas de Deus. Este era o jeito como os hebreus descreviam um amor afetuoso e intenso. Para nós, preferimos dizer que isso vem do coração, eles diziam que este amor vinha do ventre das pessoas.
João Batista deveria mostrar às pessoas este amor poderoso de Deus e o foco de João seria o próprio Senhor. É o Senhor quem nos ilumina, quem nos guia pelo caminho da paz. É possível uma mudança por causa do Senhor.

Sol e Trevas; Morte e Paz - Os contrastes deixam evidente a dependência dos homens em relação à salvação de Deus. Este é o ministério da Igreja, assim como o de João Batista, mostrar ao mundo que sem Deus está perdido.
Deus vem até nós, ele nos ilumina as trevas e ele nos guia os pés. Quando voltarmos a ter uma percepção clara de que nossa missão é apontar o pecado como uma prisão e Cristo como o libertador. Ser um despenseiro da GRAÇA é entender o que realmente ela significa e o quanto precisamos dela, assim como entender o quanto os outros precisam dela para serem salvos.
EM ESSÊNCIA PRECISAMOS CONHECER O AMOR GRACIOSO DE DEUS E REPARTI-LO.
Você está estimulado a repartir o amor de Deus com as outras pessoas? Em geral, as pessoas que menos repartem o Evangelho com os outros, são pessoas que não compreenderam o que é a graça. Aqueles que sabem falar sobre o evangelho, mas não conseguem discerni-lo para si mesmos, pouco podem fazer pelos outros.
João Batista, revelando o seu entendimento sobre o Evangelho, no dia em que Jesus se apresentou para ser batizado, disse: eu é que tenho que ser batizado por ti (Mt 3.14).

Conclusão
Talvez, você também esteja dizendo agora: eu é que tenho que ser batizado por ti. Como se estivesse admitindo que ainda não tem vivido o compromisso com Cristo em sua essência.
Para chegar a este ponto, você precisa amadurecer. Isto  aconteceu com João vivendo no deserto, até o dia em que havia de aparecer para cumprir o seu ministério.
Você está em um deserto e pode começar ainda hoje a fazer essa mudança. Você pode começar a viver a essência do seu compromisso com Cristo, crescendo, lutando contra o seu pecado e os da sua geração e sobretudo, vivendo e compartilhando o amor poderoso de Deus.
Contudo, deve atentar para o fato de que o tempo está passando e não pode deixar isto para mais tarde. Você deve atender ao tempo decorrido para mostrar ao mundo o quanto você está ligado a Cristo. João cresceu e se fortaleceu em espírito para a sua obra, faça o mesmo e comece agora.
APLICAÇÃO PARA A IGREJA PRESBITERIANA DE VILA FORMOSA
Da mesma forma, uma igreja também precisa amadurecer, se tornar porta para apontar o pecado da sua geração e pregar o amor poderoso de Deus.
Hoje, depois de 56 anos, temos mais obrigação de realizar bem a nossa tarefa que os nossos antepassados. Alguns de nós tem suas raízes familiares nesta igreja, outros estão começando agora uma jornada, uns acabaram de chegar, não importa, temos uma história e ela pertence a todos nós. Temos um compromisso com o ministério da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa.
O que eu desejo mais que tudo em meu ministério é corrigir as minhas falhas. Mas, hoje, muito mais do que antes, vocês precisam reconhecer que precisamos da colaboração de todos e que precisamos fazer isto em conjunto.
Agradeço a Deus, de coração, a família da IPBVF. Os anos que temos caminhado juntos e o quanto já podemos dizer o quanto Deus nos ajudou. Mas, devemos considerar o fato de que há muito a ser feito e uma longa jornada para que sejamos uma grande igreja.
Gostaria de que nos tornássemos uma igreja plantadora de outras igrejas. Para isto, precisamos nos preparar e isto significa ter foco no ministério. Este foco é da igreja, mas é de cada família e de cada membro.
Irmãos, vamos olhar para o futuro!

Oração
Obrigado, Senhor, por nos ter dado a oportunidade de termos um relacionamento com o Senhor. Ajuda-nos em nosso compromisso com Cristo, para que possamos crescer e te servir, apontando o caminho às pessoas e levando-as a confiar na tua graça. Amém!


4 de janeiro de 2015

Lucas 1.57 a 66

Igreja - Oásis da Graça
Lucas 1.57 a 66

Foco da Nossa Condição Decaída
O propósito desta mensagem é encontrar os corações desejosos de ter uma vida consagrada e lhes mostrar que sua vida precisa ser um oásis da graça neste mundo desértico. Como nos dias de João, Lucas estimula seus leitores a manterem firme sua confissão, esperança, fé e operosidade em meio a um estreito desértico que a vida no mundo sem fé. Os desafios vividos por João Batista são parecidos com os nossos e o mundo para o qual ele veio ser um mensageiro da luz e um oásis da graça de Deus é, em muitas coisas, com o deserto de amor, fé, esperança do século XXI.

Introdução
O mundo para o qual João Batista foi enviado como preparador do caminho do Salvador era um verdadeiro deserto de fé e esperança. O deserto não deve ser compreendido como um lugar totalmente sem vida, mas onde a sobrevivência é mais difícil. Assim também, Lucas nos fala da esperança que algumas pessoas guardavam no coração naqueles dias, fala de Zacarias, pai de João que orava a Deus.
Não sabemos o exato conteúdo das orações deste homem, mas toda a construção de Lucas é realizada para nos mostrar um homem com anseios de Deus, por ter uma mulher estéril e por ser sacerdote em dias do seu turno. O anjo Gabriel lhe dá duas notícias:
“Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, a quem darás o nome de ‘JOÃO’” (Lucas 1.13).
As duas notícias contidas nesta frase do anjo é que Deus haveria de lhe conceder filho, o que já era um grande presente para ele e sua esposa, mas também o Senhor se manifestaria graciosamente sobre a sua vida, pois João significa: “Deus é gracioso”. O fato é que aquela família trilhava o seu deserto quando Deus veio lhe mostrar o “oásis da graça” e lhes visitar com o nascimento de seu filho.
Da mesma forma, Lucas dedica espaço para ouvir Maria, que declara o seu estado de humilhação, quando o Senhor fez brilhar sua misericórdia e fez grandes coisas sobre a sua vida (Lucas 1.46-50).
O que dizer de Simeão e a profetiza Ana que da mesma sorte aguardavam a consolação de Israel e demonstravam vidas no deserto, aguardando o “oásis da graça”.
O ministério de João esteve diretamente ligado ao deserto da Judéia, onde ele se tornou um importante pregador e anunciador do Juízo de Deus e a da chegada do seu Reino.
O menino crescia e se fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até ao dia em que havia de manifestar-se a Israel (Lc 1.80).
Sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias no deserto (Lucas 3.2).
Tendo-se retirado os mensageiros, passou Jesus a dizer ao povo a respeito de João: Que saístes a ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Que saístes a ver? Um homem vestido de roupas finas? Is qye se vestem bem e vivem no luxo assistem nos palácios dos reis. Sim, que saístes a ver? Um profeta? Sim eu vos digo, muito mais que profeta. Este é aquele de quem está escrito: Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho diante de ti. E eu vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João; mas o menor no reino de Deus é maior do que ele (Lucas 7.24-28).
Para Lucas, o Evangelho, assim como o Livro de Atos dos Apóstolos, servem como uma alavanca para a consciência da Igreja para que se desperte em saber que é a continuadora do ministério de Cristo até que ele volte. Os apóstolos compreenderam seu chamado e se dispuseram a fazer aquilo para o que Jesus os enviou, até a  consumação dos séculos, isto é, a sua volta.
Lucas pretendia que a própria igreja lesse estes textos e se percebesse ali. Pois, bem, quando ele dedica tanto espaço para a pregação de João Batista, talvez esteja nos conclamando, hoje em pleno século XXI, a trabalharmos pelo reino do Senhor. Talvez Lucas esteja nos mostrando que é possível que em meio ao deserto de fé do século XXI, a igreja seja como João, um “Oásis em meio ao deserto”.
Nos seus dias, João enfrentou todo um sistema ganancioso e pecaminoso e disse: raça de víboras, dividam a capa com quem precisa, comeu gafanhotos, vestiu pelo de camelos e acusou o pecado dos governantes não porque tinha uma posição política contrária, mas porque as pessoas haviam perdido o senso da eternidade. Elas havia se esquecido da Ira vindoura e de viverem para Deus.
A igreja tem o mesmo chamado. Talvez por isso, Jesus nos diz que o menor no reino poderá ser maior que João. Afinal, vivemos sobre os ombros de João. Isto é, sua mensagem é a nossa mensagem e muito mais, temos a Cristo e os apóstolos e séculos de pregação já se passaram e nos deram a oportunidade de sermos a voz para o século XXI.
A Igreja é Um Oásis da Graça no Deserto Quando Ela Sabe Que Sua Missão Deriva de Deus
No texto que separamos, uma das principais discussões era o nome do menino. Os parentes de Zacarias queriam chama-lo de Zacarias, em homenagem ao pai ou a algum antepassado famoso, possivelmente. Esse era o costume, segundo o próprio texto nos diz. Mas, o nome do menino não fora escolhido por homens, mas sim por Deus, que o havia chamado para um missão.
A Isabel cumpriu-se o tempo de dar a luz, e teve um filho. Ouviram os seus vizinhos e parentes que o Senhor usara de grande misericórdia para com ela e participaram do seu regozijo. Sucedeu que, no oitavo dia, foram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. De modo nenhum! Respondeu sua mãe. Pelo contrário, ele deve ser chamado João. Disseram-lhe: ninguém há na tua parentela que tenha este nome. E perguntaram por acenos, aopai do menino que nome queria que lhe dessem. Então, pedindo ele uma tabuinha, escreveu. João é o seu nome. E todos se admiraram (Lucas 1.57a 63).
Nem sempre percebemos estas pequenas nuances nos textos. Mas a vinda de João ao mundo tinha um propósito e não era servir aos interesses dos homens, mas aos propósitos de Deus.
O anjo Gabriel anunciara a Zacarias que seu filho seria grande diante de Deus e que teria uma vida consagrada aos interesses do Senhor, um nazireu. Ele trabalhará por algo muito maior que apenas uma sociedade melhor, ele lutará para a conversão das pessoas.
Disse-lhe, porém, o anjo: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida; e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, a quem darás o nome de João.  Em ti haverá prazer e alegria, e muitos se regozijarão com o seu nascimento.  Pois ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte e será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno.  E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus.  E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado. (Lucas 1.13-17).
Conquanto os parentes e vizinhos de Isabel estivessem bem intencionados em propor um nome para o menino, homenageando o pai, Zacarias. Que aliás era um excelente nome: Deus se lembra. O ponto do Evangelho é mostrar o imperativo de cumprir a vontade de Deus e não a dos homens. Assim como mais tarde, os discípulos fariam quando disseram: Antes importa obedecer a Deus que aos homens.
Para que a Igreja alcance a graça de ser um OÁSIS NO DESERTO, ela precisa ter este senso de missão e saber que sua missão vem de Deus e não dos homens.
Podemos dizer que isso é fundamental para que assumamos realmente um compromisso de consagração da vida a Deus. Isto é, precisamos discernir e cristalizar em nossa mente que estamos aqui para cumprir o nosso papel e cuidar para nos assumirmos compromissos com o mundo e com nossas vontades que sejam obstruidores da nossa missão.

A Igreja é Um Oásis da Graça no Deserto Quando Ela Recebe Sua Missão Com Alegria
Meus irmãos, às vezes nos vemos arrastando como igreja, porque o chamado parece ser muito pesado. Sim, viver no deserto não é fácil, mas quem disse que não pode existir alegria no deserto? Precisamos receber o nosso chamado com alegria.
O salmista diz: servi ao Senhor com alegria. Quando deixamos de compreender que existe alegria em nosso chamado, pela felicidade e o regozijo de termos sido escolhidos para a mais elevada missão, a de sermos sal e luz, de sermos graça em meio à este mundo da desgraça, deveríamos estar contentes: alegrai-vos sempre no Senhor.
Se não há alegria no servir as pessoas não verão o “OÁSIS DE DEUS”. O oásis difere da deserto à sua volta. Ele está no meio do deserto, mas vive um realidade diferente. Ele embeleza, encanta e dá esperança aos caminhantes. A igreja deve ser um lugar de felicidade no serviço.
Lucas nos diz que as pessoas se admiraram da determinação de Zacarias e Isabel e que o louvor foi a marca daquele momento.
Imediatamente a sua boca se lhe abriu, e, desimpedida a língua, falava louvando a Deus (Lucas 1.64).
Quando o anjo fez o anúncio do nascimento de João à Zacarias houve dúvida em seu coração. Por isso, o sinal da firmeza da palavra de Deus foi o cessar de sua voz.
Todavia, ficarás mudo e não poderás falar até ao dia em que estas coisas venham a realizar-se; porquanto não acreditaste nas minhas palavras, as quais, a sesu tempo se cumprirão (Lucas 1.20).
Podemos dizer que a incredulidade pode ser a causador da mudez e da tristeza da igreja em seu serviço. Embora tenhamos a certeza de que Deus é real, nossa crença não se cristaliza em uma prática coerente com a nossa fé.
Não há como ser um OÁSIS DE DEUS NO DESERTO DE NOSSOS DIAS, se mantivermos a nossa fé apenas em um discurso e ela não for prática em nossa mente e coração. Estou dizendo que muitas vezes, a verdade que professamos com a boca, não a cremos com o coração.
Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo (Romanos 10.9). .
Precisamos de uma fé que realmente nos faça assumir nosso papel com alegria. Assim que nasceu o menino, a punição pela incredulidade deu lugar ao regozijo e ao louvor na boca de Zacarias. O anjo havia dito a ele que nele, Zacarias, haveria prazer e alegria.
Zacarias havia compreendido a grande missão de seu filho e se sentia parte dela. Assim como Maria que se alegrava em Deus por ser seu instrumento para trazer ao mundo o Salvador, Zacarias também tinha essa perspectiva e o fazia com alegria.
Ele mesmo eleva a Deus um canto cujo tema é a bondade do Senhor e sua alegria na missão de seu filho João. Zacarias foi agraciado por Deus em participar disto, por isso, se regozijava.
Precisamos servir com alegria e redescobrir o prazer de servir a Deus, de ver pessoas se convertendo, casamentos sendo reconstruídos, vidas sendo ajustadas etc.
Precisamos ter com alegria no coração o senso de missão de transformar a terra, evitando o seu apodrecimento e sendo luz em meio às trevas que fazem morrer as pessoas.
Quando a Igreja age com esta alegria ela mostra ao mundo o que é ser UM OÁSIS DA GRAÇA em um mundo com tanta DESGRAÇA.

A Igreja é Um Oásis da Graça no Deserto Quando Ela Compartilha a Sua Visão e Com Isso Provoca Fé e Esperança no Coração das Pessoas
Lucas tem uma clara mensagem para a Igreja dos seus dias, ele a quer sendo testemunha do Evangelho em todas as terras. Zacarias e Isabel tinham compreendido quem seria e qual seria o ministério do seu filho João. Aquele que é a representação da graça de Deus no mundo, traria ao meio do deserto um OÁSIS da graça de Deus.
Zacarias compartilhou esta visão com seus vizinhos e parentes e com as pessoas de todas a circunvizinhança. O texto nos diz que estas coisas foram se espalhando, como elos de uma corrente de fé e todos o s que ouviam, guardavam no coração estas coisas e começavam a nutrir um fé muito esperançosa.
Sucedeu que todos os seus vizinhos ficaram possuídos de temor, e por toda a região montanhosa da Judeia foram divulgadas estas coisas. Todos os que as ouviram guardavam no coração, dizendo: Que virá a ser este menino? E a mão do Senhor estava com ele (Lucas 1.65-66).
Poucas coisas são importantes para que sirvamos ao Senhor e cumpramos o nosso papel como Igreja. Precisamos crer em Cristo e receber a missão que nos dá com a mesma fé. Precisamos servir com alegria e nos tornar uma referência de vida em meio à morte do deserto. Mas, não podemos fazer isso sem uma mensagem viva com conclame ao arrependimento e à fé convertida a Deus.
Zacarias sabia do que estava falando àquelas pessoas, ele anunciava a sua fé com alegria, sabendo sua origem divina, mas as falava com esperança e as pessoas eram contagiadas por aquelas notícias.
O Evangelho é uma proposta de vida eterna que começa com um reconhecimento de nossos pecados. Ou seja, o Evangelho começa admitindo o deserto, mas anunciando a graça abençoadora.
Lucas, descrevendo a chegada de Jesus e o início do seu ministério, quando leu o profeta Isaías na sinagoga, destacou a leitura do Senhor no seguinte texto:
O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor (Lucas 4.18-19).
Isso é graça em meio à desgraça é um OÁSIS EM MEIO AO DESERTO. A igreja é a continuadora desta obra e assim, ela é hoje, o que João foi para o seu tempo, conclamando pessoa   se arrependerem para fazer parte de um reino diferente, da graça.
Porque onde abundou o pecado, superabundou a graça.

Conclusão
Um vida consagrada a viver para a glória do Senhor deve ter como resultado a transformação do mundo ao seu redor. A Igreja precisa renovar o seu desejo de ser um lugar de fé, de esperança, de amor, de luz, de eternidade.
Precisamos discernir a origem divina do nosso chamado e não nos amedrontarmos ou nos submetermos às regras pecaminosas deste mundo. Devemos continuar crendo em um chamado divino para a nossa vida e isso deve nos levar à ação. Não podemos deixar o mundo dizer o que somos, temos de mostrar a eles o nosso chamado divino.
Também precisamos recuperar a alegria do serviço. Meu Deus, às vezes, parece que a igreja é o lugar mais triste do mundo. Não pode, não deve ser assim e se estiver assim a sua vida como igreja de Cristo está errado e precisa mudar.
Precisamos servir com alegria e todos precisam partilhar desta mesma maneira de ver as coisas. Irmãos, fomos escolhidos para a tarefa que os anjos gostariam de entender.
Uma igreja assim definida em seu chamado e feliz por servir a Deus, compartilhará a verdade com mais vigor e transmitirá fé. Tudo pode ser diferente para os que se arrependem e precisamos crer nisto porque foi Deus quem disse.
UMA IGREJA QUE ANUNCIA COM ESTA FÉ, CAUSA ESPERANÇA E VENCEM AS PORTAS DO INFERNO QUE ENCERRAM PESSOAS NA DESGRAÇA.
João significa: Deus é gracioso! A Igreja deve significar isso para o mundo!

Oração
Pai quero entender estas coisas e viver segundo esta esperança que renova a vida onde ela já estava morta!
Amém!