21 de julho de 2013

Êxodo 20.7

O Terceiro Mandamento
PARA UMA VIDA EMOLDURADA PELO EVANGELHO
Êxodo 20.7
“Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão”
Introdução
A incrível ausência de vida piedosa tem sido uma marca do modo de vida da Igreja Cristã em nossos dias. Aparentemente, tem sumido da face da terra o crente piedoso, dedicado à oração, que faz o bem a todos e que vive para Cristo. Até mesmo entre os homens ligados ao ministério, os oficiais da Igreja, chamados para serem modelos do rebanho, os piedosos aparecem em menor número e, muitas vezes, não é possível conhece-los pois essas virtudes não tem sido consideradas prioritárias.
Em meio a esse vazio de piedade o que é que surge? Surge uma fé midiática, de autopromoção, que busca interesses pessoais acima do amor maior a Deus. A Igreja vira massa de manobra nas mãos de ministérios personalistas e, em compensação, os crentes vivem vidas muito mais moldadas pelo mundo que pelo poder do Evangelho.  O púlpito virou um palco de apresentação e demonstração de habilidades pessoais e não mais o lugar de onde Deus fala ao seu povo, por quem Cristo deu a sua vida.
Onde está o problema? Quais foram as estradas erradas que tomamos que nos trouxeram a esta realidade tão diferente daquela pretendida pela Palavra de Deus? Por que nos tornamos tão diferentes dos apóstolos e dos primeiros crentes em sua fé tão aplicada e decidida? Por que os efeitos da Reforma protestante e sua vivacidade bíblica se afastaram da Igreja moderna? Onde foi que perdemos o ardor missionário e a paixão pelo Evangelho simples e transformador que anuncia o céu sem omitir a realidade do inferno? Por que os crentes de nosso tempo investem mais tempo, recursos e anseios naquilo que é passageiro e sentem mais alegria em correr atrás do vento que construir sólido fundamento para a vida eterna?
Parece-me que o ponto central da resposta é que não existe mais temor de Deus, que, como diziam o salmista e o sábio, era o princípio da sabedoria. Ele foi diluído sob o pretexto de termos nos desenvolvido e nos tornado mais entendidos do amor de Deus.  E, se nos tornamos mais entendidos do amor de Deus por que é que o amamos menos? O que aconteceu com o nosso amor que se esfriou? Com certeza estava certo Jesus que já nos anunciava que o amor de muitos se esfriaria quando a iniquidade se multiplicasse.
Não há temor do Senhor e esse é o nosso problema. Nossos corações se inclinaram para esse mundo e se tornaram carnais, ainda que nossos credos sejam espirituais e a nossa fé se reduziu a uma porção de atitudes como o vir à igreja e o cantar canções com conteúdo religioso. Contudo, nossa vida tem outro foco e se aplica, cada dia mais, a construir a casa sobre a areia movediça dos interesses meramente naturais. O culto e o serviço a Deus são meros componentes e não o centro do interesse e da vida dos crentes.
Essa visão da Igreja de nossos dias, vocês sabem, não é apenas um amargo pessimismo. É real e completamente perceptível àqueles que possuírem um pouco de bom senso e consciência sobre o que ensina o Senhor a respeito do que Ele espera de nós e do valor e intenções da Cruz de Cristo. Para muitos, meras crianças na fé, que jamais viveram em contato com o Evangelho que brota da fé verdadeiramente bíblica, esse deserto pode parecer um oásis, como o cativeiro do Egito por causa das suas carnes pareciam melhores que a  liberdade de Canaã.
Essa mensagem que entrego hoje à Igreja Presbiteriana de Santa Maria da Vitória não é uma palavra doce ao paladar, mas será como mel para aqueles que desejarem uma fé mais viva, construída na mais absoluta entrega a Deus e consideração pela Palavra. Será uma palavra de direção para os que se decidirem a emoldurar a sua vida pelo evangelho e, possivelmente escândalo para os que insistem em viver para si mesmos.
O terceiro mandamento é assustador para os que se tornaram indolentes na sua jornada cristã, mas um norte maravilhoso para aqueles que desejarem viver piedosamente em santo temor e reverência ao Senhor.
O que tem de assustador no terceiro mandamento só pode ser percebido quando realmente refletimos sobre o que de fato deve significar “tomar o nome de Deus em vão”. Para muitos, isso apenas se reporta a não dizer o nome de Deus de maneira inadvertida, com deboche ou coisa assim. Mas isso, com certeza é muito pouco para Deus incluir em seus Dez Mandamentos, o coração da sua Lei.
Há pessoas que se quer se perguntam ou procuram entender melhor o que está por detrás dessa proibição. Por exemplo, sequer desejam saber como é que alguém toma o nome de Deus e de qual nome dele próprio, Deus está falando.
Viver tão displicentemente não é uma boa moldura para quem ama a Deus. Mas quem deseja emoldurar a sua vida pelo Evangelho precisará conhecer essas coisas e se preocupar com cada uma delas. 

A vida emoldurada pelo Evangelho precisa de uma consciência clara do poder da Ira de Deus
Historiadores cristãos insistem em nos informar que o sermão de Jonathan Edwards - Pecadores nas Mãos de um Deus Irado - produziu um terror tão grande no coração de sua congregação que as pessoas se agarravam aos bancos para não serem lançadas no inferno, tamanha o poder de quebrantamento da ação do Espírito Santo, naquele dia.
Eu não posso garantir a veracidade dessas descrições. Mas considero que a nossa falta de temor nos torna tão céticos que tais relatos soam muito mais como exagero que despertam nossa mente a considerar que Deus pode realmente nos conduzir a uma mudança viva e sua Palavra pode realmente produzir algo novo.
Contudo, quando olhamos para aquilo que os nossos símbolos de fé nos ensinam como sendo “as razões anexas do mandamento” devemos refletir com cuidado sobre o poder da Ira de nosso Deus e devemos incluir em nossa percepção de vida que realmente é terrível coisa cair nas mãos de um Deus irado.
Porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.
Palavras como essas deveriam soar como um grande e importante alerta. Deveriam acender todos os comandos de preocupação da nossa fé e nos colocar em estado de calamidade pessoal. Contudo, estão passando despercebidas, como se tivessem um sentido menor no mandamento. Às vezes, até nos esquecemos dessas razões anexas.
Deus não ter por inocente - com essas palavras o próprio Deus anuncia a Moisés que presa tanto a santidade do seu nome que se voltará como juiz contra todo aquele que tomar o seu nome em vão.
A palavra inocente é um termo bíblico que está ligado a todo o processo de quebra da Lei de Deus e da condenação que está colocada sobre o homem pecador.
O pecado trouxe-nos a uma condição de pessoas culpadas diante de Deus e, a Palavra afirma que o pecado de Adão colocou-nos todos sob a maldição da Lei, que é contra nós, pois o que ela faz é nos mostrar nossa condição espiritual.
Deus derrama do céu sua ira contra todo o pecado. Não há escape, não há nada moral o suficiente para evitar o fato de que fomos condenados por Adão.
Você não conseguirá recorrer desta sentença, revelando suas obras, porque as suas obras todas são para Deus como trapos de imundícia. De nada valerá toda a sua vida moralmente correta. Não lhe serão  úteis, para este fim, suas esmolas, suas visitas de caridade etc.. Porque Deus vê o coração e, se no seu coração Ele não é o primeiro, a prioridade, absoluto todos os dias, o pecado continua dominando você, mesmo que você ainda tente nos convencer do contrário. Não podemos esconder o nosso coração de Deus e não é possível enganá-lo com nossas desculpas esfarrapadas.
Deus não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão -  Se você nem sabe como é que toma o nome de Deus sobre sua vida, como saberá que não o tomou em vão? E se tomou o nome de Deus em vão, o que é que você deve esperar? Só não espere que Ele irá se esquecer deste mandamento, porque isso jamais acontecerá.
Mas, o que Deus fará com essa pessoa que Ele não tomar por inocente? Não vamos detalhar tantas coisas, embora seria muito interessante que você saiba os detalhes. Vamos nos limitar ao fato de que Deus lançará para longe de si mesmo todos aqueles que estão condenados pelos seus pecados.
Como já dissemos, a palavra inocente revela que Deus está falando em termos usados em um tribunal. Então devemos encarar este mandamento como nos falando de Deus como um juiz.
Pense em no que um juiz faz quando, na avaliação de um caso, entende e reconhece a culpabilidade de um réu. Evidentemente, ele profere a sua sentença condenando e prescrevendo uma pena. Eu considero culpado!
Qual o crime do homem que rejeitou o seu eterno Deus e escolheu viver para outro deus em seu coração, escolheu viver para si mesmo? Qual a penalidade a Bíblia diz que é dada àqueles que deixaram o Senhor?
Consumirei os homens e os animais, consumirei as aves do céu, e os peixes do mar, e as ofensas com os perversos; e exterminarei os homens de sobre a face da terra, diz o Senhor. Estenderei a mão contra Judá e contra todos os habitantes de Jerusalém; exterminarei deste lugar o resto de Baal, o nome dos ministrantes dos ídolos e seu sacerdotes; os que sobre os eirados adoram o exército do céu e os que adoram ao senhor e juram por ele e também por Milcom; os que deixam de seguir ao Senhor e os que não buscam o Senhor, nem perguntam por ele (Sofonias 1.3-6).
Gostaria, mas não posso me deter em falar mais sobre a Ira de Deus. Não considero fantasia os relatos sobre Edwards e seu sermão. Eu considero que o melhor que Deus faz para a nossa consciência e que nos faz buscar a moldura do Evangelho como um abrigo para a nossa vida, é nos revelar a importância de pensar sobre o que é a sua Ira e como é terrível coisa cair nas mãos de um Deus irado.
Pense melhor sobre sua inocência, não a presuma sem uma reflexão. Considere a importância dessa razão anexa ao mandamento. Por isso, vamos agora voltar no texto e considerar a respeito do Nome de Deus que temos que não podemos tomar de forma vã.

A vida emoldurada pelo Evangelho precisa de uma consciência clara do propósito salvador de Deus
Deus revelou-se através de muitos nomes. Geralmente eles apontam para faces de sua gloriosa majestade e virtude. Os nomes de Deus apontam para seu caráter e para a glória do seu poder. Os nomes de Deus revelam quem Ele é como deseja ser amado e adorado.
Deus revelou-se, por exemplo, como Elohim, o Deus Criador. Senhor de toda a criação. Adonai, o Senhor, dono de tudo e de todos. El Shaday, o todo poderoso, aquele que é providente, que tudo pode fazer para nos conduzir nessa vida. El Hoy, o Deus que tudo vê, diante cujos olhos nada pode se esconder e que principalmente vê o nosso sofrimento.
Há um sentido em que todos esses nomes de Deus devem ser honrados, amados, reverenciados e que nenhum deles pode ser tomado em vão. Mas, há ainda um outro nome que está mais ligado diretamente a este mandamento.
Eu sou o SENHOR - Não tomarás o Nome do SENHOR em vão -porque o SENHOR - Está intimamente ligado a este texto o nome Jehovah.
Desde o princípio, quando Moisés teve uma visão de Deus do meio duma sarça ardente, foi por este nome que o Senhor se revelou.
Disse Moisés a Deus: Eis que quando eu vier aos filhos de Israel e lhes disser: o Deus de vossos pais me enviou a vós outros; e eles me perguntarem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? Disse Deus a Moisés: Eu Sou o que Sou. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: Eu Sou me enviou a vós outros. Disse Deus ainda mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e do Deus de Jacó, me enviou a vós outros; este é o meu nome eternamente, e assim serei lembrado de geração em geração (Êxodo 3.13-15).
Eu SOU O QUE SOU - Jehovah é a revelação de um Deus que moveu-se na direção dos homens perdidos, escravizados pelo pecado. Meus irmãos, por mais que nos esforcemos para fugir da ira de Deus isso é impossível. Porque não somos capazes de mudar a natureza de nossa alma, Deus precisou ir à nossa prisão e nos libertar.
O Nome que devemos honrar, amar, servir e para ele viver não é outro, senão o nome de um Deus libertador. Jehavah é o NOME que Deus usou para nos mostrar a força de sua eterna fidelidade e a força das promessas que ele nos faz.
Naqueles dias, as guerras e dominações de nações e cidades eram regidas por pactos de suserania. Acontecia que um vilarejo era escravo e quando um rei inimigo dos seus dominadores os libertava, fazia com eles um pacto de suserania, que implicava em que eles deveriam viver agora escravas do seu novo suserano, como uma espécie de gratidão por terem sido libertados da escravidão do seu Senhor.
Deus conquistou a casa do Valente, onde estávamos aprisionados sob o seu poder. Ele entrou no Império das trevas e nos libertou e nos chamou a viver em um novo pacto de suserania, ele nos disse: EU SOU o seu Deus, o Deus de teus pais, Eu SOU O QUE SOU, Jehovah é o meu nome.
Certo homem muito rico, vivia muito bem na Inglaterra e ficou sabendo de excelentes oportunidades nos Estados Unidos. Estamos falando dos idos de meados do século XVIII. Viajando para os Estados Unidos para fazer negócios, montou um escritório na cidade de Nova Orleans (New Oleans).  Ouviu falar de um mercado de escravos, famoso naqueles dias e resolveu ir conhecer.
Quando chegou ao lugar onde ocorria este comércio, ficou impressionado e, em certo momento, seus olhos se fixaram em uma mulher. Uma negra escrava, com olhar altivo. O leiloeiro anunciava a venda da mulher e, ao lado do homem, dois outros homens conversavam entre si e faziam lances pela mulher. Enquanto ofereciam lances, falavam sobre o que pretendiam fazer com a mulher e seus planos eram sujos.
O homem que ouvia, levantou a mão e ofereceu três vezes o valor da última oferta. O leiloeiro disse: ninguém jamais pagou um preço tão alto por um escravo, o senhor tem este dinheiro? No mesmo instante ele tirou do bolso um saco de moedas de ouro. Os outros ofertantes desistiram da compra e ele levou a escrava. Quando o leiloeiro lhe chamou para busca-la, a escrava cuspiu-lhe no rosto. Ele tomou um lenço e limpou, ela cuspiu-lhe novamente e ele limpou sem nada dizer.
Caminharam até o escritório sem nada se falarem. Ele entrou, puxou uma cadeira para ela, sentou-se do outro lado da mesa e tomou um papel e começou a escrever. Nada disse e após escrever lhe entregou um papel assinado com seu nome. Ela disse que não sabia ler, então ele leu: a portadora desta foi liberta por e pós o seu nome.
Depois que ele leu este papel, ela olhou para ele e cuspiu-lhe no rosto. Ele disse: você não entende? Você é uma mulher livre, nunca mais será escrava e servirá àqueles homens maus.
Ela fez silêncio e depois de um longo choro. Olhou de novo para aquele homem e lhe disse: você me libertou? Ele disse sim. Posso lhe pedir mais uma coisa? O silêncio tomou conta de ambos, ele parou para ouvi-la. Ele disse: posso agora ser sua escrava?
Meus irmãos, espero que vocês estejam compreendendo do que estamos falando. Jehovah, garantiu sua palavra, pagou o mais elevado preço e nos libertou. É o nome desse libertador que carregamos no nosso documento de alforria do pecado.
Jehovah é o nome santo e precioso do Deus que nos libertou e todos sabemos o preço que ele pagou para tal. Estamos falando de ter Ele dado o seu único filho.
Será que dá para entender por que este NOME não pode ser tomado em vão e por que a razão anexa é tão dura e importante?
Uma vida emoldurada pelo evangelho é saber olhar para Lei e perceber o preço pago por aquele que nos deu o seu NOME. Falemos agora sobre a última parte, que na verdade é a primeira deste mandamento.



A vida emoldurada pelo Evangelho precisa de uma consciência clara da nosso novo relacionamento com Deus
Pais dão seus nomes aos seus filhos e esperam que estes respeitem e honrem o nome que está recebendo.
Inacabado....


14 de julho de 2013

Êxodo 20. 4 a 6

“Aprendendo a Amar a Deus do Jeito Certo”
Êxodo 20. 4 a 6

Introdução
No primeiro mandamento, o ponto central é amar a Deus de forma exclusiva e suprema. Deus deseja ser o amor que esteja no fundamento da nossa existência. O segundo mandamento, por sua vez, regula o modo como buscaremos desenvolver esse amor.
O amor a Deus é sempre o alvo dos mandamentos de Deus. Mas, para que esse alvo seja alcançado, a Lei do Senhor também regula como devemos desenvolver esse amor e quais os limites em que ele se manifesta de forma sadia e proveitosa.
Então, podemos dizer que o segundo mandamento é uma regulação do modo como eu e você buscamos desenvolver o amor supremo e exclusivo a Deus. Não podemos fazê-lo segundo as imaginações humanas.
Calvino dizia que o coração do homem é uma fábrica de ídolos e, por isso, escreveu muito contra a idolatria. Também devemos entender a importância que as Escrituras dão ao pecado da idolatria. Não se trata apenas de uma questão plástica de como o seu culto será entregue ao Senhor. Trata-se de algo mais profundo, um desvio na inclinação do coração humano, produzido pelo pecado.
Convido você a meditar sobre esse profundo desvio nestes versos do capítulo 20 de Êxodo, que ficaram conhecidos como o “Segundo Mandamento do Decálogo”.
Como será que Deus deseja ser amado e reverenciado como o único Deus? O que é preciso primeiramente morrer para que de fato ele seja supremo em nosso coração? .



Para Amar a Deus de Forma Exclusiva e Suprema
Negue-se a Si Mesmo
O segundo mandamento não deve ser visto como uma simples proibição à confecção de imagens com finalidades religiosas. Isso seria uma forma muito reduzida de compreender a intencionalidade deste mandamento.
Antes, vamos nos perguntar sobre o significado de “fazer uma imagem para si”. A questão mais básica desta questão está na forma de “fazer”, o verbo hebraico “assah”.
Não farás - a força de fazer está em que a proibição recai diretamente sobre o ato de fazer. Assah (verbo hebraico) indica um trabalho manual dedicado. Era como se Deus estivesse dizendo: Não dedique tempo de suas mãos para construir.
Deus está nos proibindo o gastar tempo com a construção de uma imagem para adorá-la. Deus está nos protegendo da força do amor que se constrói em nosso coração quando dedicamos tempo em fazer algo com o envolvimento tão pessoal.
Você já construiu algo com as suas próprias mãos e depois de tê-lo feito ficou parado admirado de sua obra? Ano passado, fizemos em casa uma mudança em nossa sala. Não somos tão acostumados a fazer trabalhos assim, mas nesse dia o esforço de todos foi muito grande. Fizemos um painel de madeira para a nossa sala, daqueles em que a televisão fica fixada. Temos o maior orgulho de nossa obra, porque fomos nós que fizemos. E fizemos com nossas próprias mãos. Nós até diminuímos os defeitos e achamos a nossa obra a mais bela.
Deus está nos proibindo de viver sob as condições em que o nosso amor se desvie. Nisso, devemos entender, estão inclusas todas aquelas construções, quer mentais, emocionais ou em termos de conduta que fazem o nosso coração desviar-se do Senhor.
Não farás para ti - Veja que a força da palavra fazer aumenta em sentido quando a proibição tem como foco o “ego humano”.  Fazer uma imagem com fins de adoração é o foco da proibição deste mandamento, mas devemos perceber que a questão não se concentra no “ídolo” em si, mas no ego humano: não faça isso para você, para o seu coração.
No coração corrompido do ser humano, instalou-se um potencial de rebeldia e afastamento de Deus. Não podemos ignorar essa realidade se queremos acertar o caminho. É por isso, que Deus pede que tenhamos toda a atenção com o nosso coração e não sejamos tolos de confiar totalmente nas intenções do nosso coração. É por isso que precisamos da Palavra de Deus para dirigir o nosso coração.
Quando Calvino afirmou que a idolatria nasce no coração do homem estava certo, pois é dentro do coração que formulamos e dedicamos espaço para construir valores que substituam Deus. Dentro do coração corrompido existe um deus que tenta suplantar o Deus Vivo e Verdadeiro como base fundamental, esse Deus se chama: “EGO”.
Você já me ouviu falando isso e eu preciso repetir. Não faça para você - Não faça para ti. Às vezes, mesmo sem desejar, deixamos que o nosso coração curta tempo construindo outros deuses. Neste caso, o mandamento está nos alertando sobre o perigo que mora dentro de nós.
A idolatria consiste, falando de forma simples, na substituição do AMOR EXCLUSIVO E SUPREMO A DEUS, por um outro amor. Este outro amor que tende a se tornar EXCLUSIVO E SUPREMO NO LUGAR DE DEUS é AUTO-AMOR ou EGOLATRIA.
Este amor egolátrico construirá deuses, à sua imagem e semelhança, como extensões de nosso amor por nós mesmos. Era assim que os antigos tendiam a enfatizar a força pessoal, adorando deuses projetados em animais ferozes, ou a sagacidade, adorando seres que julgavam mais inteligentes que os demais, ou a força dos ventos, o poder do sol etc..
O segundo mandamento é um mandamento contra o EGOCENTRISMO idolátrico. Ele nos conduz ao NEGUE-SE A SI MESMO.
Para Amar a Deus de Forma Exclusiva e Suprema
Não Manipule Deus e Não Seja Manipulado Pelo Seu Coração
Voltando às palavras iniciais do mandamento:
Não farás para ti imagem de escultura - Devemos perceber que a expressão “imagem de escultura” define a forma prática como o coração se distancia do amor supremo e exclusivo a Deus. OU seja, através de um elemento visível, com um resultado prático evidente.
Às vezes, como Tomé, é tudo o que as pessoas querem: um resultado prático evidente para crer. Isso é tão idólatra como a consideração de qualquer figura como deus.
Uma “imagem de escultura” não tem nenhum poder celestial ou demoníaco em si. O poder que ela pode exercer sobre nós é a de nos domesticar, por meio de uma manipulação da nossa mente. Mas, antes que essa imagem nos manipule, o fato de fazermos essa imagem é a nossa tentativa de manipular Deus que primeiro nos levou a tal. Deixe eu explicar de uma outra maneira.
Deus nos criou à sua imagem e semelhança. Ele nos fez do barro, ele manipulou o barro e nos fez. A Bíblia afirma que toda a criação é “obra de suas mãos”, em particular o ser humano.
A egolatria nos levará a uma tentativa de manipular Deus. O conceito mais rudimentar dos cultos idólatras é que os homens aprendiam a manipular seus deuses para que estes lhes respondessem favoravelmente. Assim, muitas vezes, tentamos usar a nossa própria religião como uma forma de manipulação de Deus. Isso é idolatria do homem e não culto a Deus.
Quando é a força do homem que determina Deus, Deus é destituído de si mesmo e o homem passa a funcionar como deus. Tentar reproduzir a divindade em uma obra de escultura, é uma tentativa de conduzir Deus e dizer onde ele deve estar e como deve agir. Isso aconteceu no deserto com o povo de Israel quando construíram um bezerro para imitarem os outros povos que carregam o seu deus consigo. Os homens sempre tentaram conduzir Deus, mas é Deus quem controla todas as coisas.
Que aproveita o ídolo, visto que o seu artífice o esculpiu? E a imagem de fundição, mestra de mentiras, para que o artífice confie na obra, fazendo ídolos mudos? Ai daquele que diz à madeira: acorda! E à pedra: desperta! Pode o ídolo ensinar? Eis que está coberto de outro e de prata, mas, no seu interior, não há fôlego de vida. O Senhor, porém, está no seu santo tempo, cale-se diante dele toda a terra (Habacuque 2.18-20).
Entramos agora no segundo aspecto deste tópico. Não seja manipulado pelo seu coração.
Considerar o coração corrompido a ponto de enganar a mim mesmo é parte importante do meu crescimento na fé. Você deve saber que a fé cristã não é apenas um aprendizado de normas morais, mas uma luta por uma mudança nas inclinações do nosso coração.
Quando tentamos manipular Deus, estamos sendo manipulados pelo nosso coração. OU seja, dentro de nós há uma inclinação para fazer um deus segundo o nosso desejo, que se limite a nós. Isso nem sempre é tão visível, tão fácil de se discernir. Mas é muito comum, está intrínseco à nossa natureza caída. A questão proibida neste mandamento é que deixemos que as condições que nos estimulam para longe do amor exclusivo e supremo a Deus se manifestem.
Não as adorarás, nem lhes darás culto - Veja que aqui a proibição de fazer imagens proíbe também que nos adaptemos a elas e nos sujeitemos a elas e construamos condições mentais de submissão a elas. A idolatria cresce em nosso coração, quando permitimo-nos deixá-la ocupar mais espaço em nossa mente.
Nem coisa alguma no céu, na terra ou nas águas embaixo da terra - São tão abrangentes as possibilidades de sermos manipulados pela egolatria que deveríamos nos prevenir de qualquer possibilidade da imaginação humana, como diz a nossa confissão de fé.
Não seja manipulado pelo seu coração corrompido. Não deixe que seu coração manipule Deus. Não perca de vista que Deus deseja ser amado exclusiva e supremamente e para isto, você precisa estar liberto dessas manipulações próprias do pecado.

Para Amar a Deus de Forma Exclusiva e Suprema
Olhe Para Deus e Reconheça Sua Supremacia
Criamos nossos deuses para o serviço egolátrico quando perdemos a consciência da mais profunda realidade existencial, que diz que existe um Deus supremo sobre todas as coisas e que tudo o que existe pertence a ele, inclusive a nossa vida.
Viver, ainda que por alguns meros instantes longe dessa condição, é fruto da rebeldia que é inerente à nossa natureza pecaminosa, ainda tão presente em nós.
Quando você resolve que o seu caminho não trilhará aquele estabelecido por Deus, ou quando nutre anseios e sentimentos que são incompatíveis com os propósitos e a direção dada por Deus, está sendo guiado pelo seu coração e não está considerando a supremacia de Deus.
No segundo mandamento, temos uma cláusula que nos chama a essa consideração. Ela nos conduz à responsabilidade de considerar Deus.
Porque eu sou o SENHOR, teu Deus - Temos de voltar o nosso coração para essa realidade. Se ELE é o Senhor, se é nosso DEUS, então temos um compromisso com aquilo que ELE É PARA NÓS e com QUEM ELE É PARA NÓS. Não estamos falando de um chefe de sessão, ou de um líder comunitário, ou um político que nos represente em uma instância pública, estamos falando de DEUS, DO SENHOR.
Deus zeloso - Esta expressão é muito usada na Escritura em ligação com a IRA DE DEUS.
Guardai-vos não vos esqueçais da aliança do SENHOR, vosso Deus, feita convosco, e vos façais alguma imagem de esculpida, semelhança de alguma coisa que o SENHOR, vosso Deus, vos proibiu. Porque o SENHOR, teu Deus, é fogo que consome, é Deus zeloso (Deuteronômio 4.24).
A palavra “ciumento” não é muito apropriada para definir Deus, embora fosse uma tradução bastante possível. Porque, em nossa cultura, o ciúme é considerado um desvio de caráter e, lógico, isso não acontece com Deus. Deus leva a sério a exclusividade que requer em nosso coração. Por isso, no mandamento, este zeloso é apontado como aquele que vinga.
Que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira geração - Contudo, é necessário ter esse bom entendimento, que o ponto desta afirmação é ver o texto de uma maneira mais ampla e comparar uma coisa com a outra, pois, enquanto ele afirma visitar a iniquidade até a terceira geração, também afirma que faz misericórdia até mil gerações (uma hipérbole).
E faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos - Nesse ponto, então, percebo e considero a supremacia do amor de Deus por nós, por aqueles que o amam. A força deste amor de Deus por nós supera a força e as possibilidades do afastamento do pecado.
Paulo dizia que onde abundou o pecado, superabundou a graça. O amor gracioso de Deus é forte, porque Deus é supremo e nada pode ser maior que Ele e o seu amor.
O mandamento proíbe nos afastarmos deste amor e nisso Deus, mais uma vez, nos mostra o quando nos ama, pois propõe que vivamos para ele e o amemos suprema e exclusivamente a ponto de podermos viver debaixo da promessa de sua eterna e indestrutível misericórdia.
Se desejamos amar a Deus suprema e exclusivamente precisamos considerá-lo como ELE É, supremo SERNHO DA NOSSA VIDA, NOSSO DEUS, NOSSO ÚNICO DEUS.
CONCLUSÃO
Você pode parar para pensar um pouco sobre o quanto ainda está construindo outros ídolos em seu coração. O quanto está sendo manipulado pelas inclinações do pecado em você e começar uma mudança de trajetória.
SE em sua mente deseja amar a Deus sobre tudo, evite tudo aquilo que te faz amar mais a si mesmo, o amor egolátrico que produzirá idolatrias. Por outro lado, procure as condições em que o seu amor a Deus é fomentado e as inclinações do seu novo coração são fortalecidas.
Deus agirá com misericórdia sobre sua vida e se deixará encontrar por aqueles que o buscarem de todo o coração. Há uma grande esperança para o coração que nega a si mesmo e busca amar a Deus.
Aplicação para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Ações positivas em favor das boas inclinações do coração podem e devem ser produzidas no ambiente da igreja. Devemos rejeitar todas aquelas coisas que nos fazem tentar dirigir Deus, mesmo na Igreja. Devemos nos afastar de tudo aquilo que, em nome de Deus, tenta manipular Deus. Isso não é bom.
Por outro lado, estudar a palavra de Deus com dedicação e convicção de sua supremacia, assim como orar com convicção de que somente Ele pode nos socorrer são práticas que favorecem as boas inclinações do nosso novo coração.
Meus caros irmãos, seguindo os conselhos bíblicos, devemos nos perdoar e amar sinceramente. É curioso como nosso olhar para os nossos irmãos são sempre mais julgadores. Esse é o tipo de ambiente que não é bom. Mas o contrário, termos sempre os melhores intentos e sentimentos para com o nosso próximo é uma grande coisa para acontecer em nossa igreja.
Como pastor e irmão em Cristo. Talvez como um irmão mais experiente quero pedir aos jovens que refreiem o coração quando se manifestar maligno na falta de amor e busquem dedicar tempo à oração e a considerar os outros como superiores a nós mesmos.
Aos mais velhos, quase sempre também, mais experientes na fé, peço que sejam sábios em aconselhar e não se deixem tornar maus exemplos. Os jovens e as crianças percebem que vocês são negligentes com a frequência e com muitas das responsabilidades, seus filhos estão de olhos mais abertos que vocês possam imaginar. Esse foi sempre um princípio da Lei de Deus: ensinar com a palavra e o exemplo.
Aos lideres, em particular os oficiais, amem a igreja ponto de se doarem mais por ela. Eu também me incluo neste quesito. Nós fomos chamados para esta morte do ego. Peço às nossas famílias que nos ajudem neste nosso ministério.
A saúde de nossa igreja é saúde para todos nós. Quando Cristo voltar, colheremos os frutos dessa vida abundante que ele nos legou.

Oração
Pai, abre o meu coração para amar a Ti e que eu possa, no amor aos irmãos, demonstrar que o Senhor é tudo para mim. Abençoa o teu povo!

Em nome de Jesus

Amém!