11 de junho de 2017

Gálatas 1.1 a 5

Um Transplante Radical
Gálatas 1.1-5


Introdução
Não conheço tão bem os escritos de Lutero para poder justificar porque o reformador de Wittemberg considerava a Epístola aos Gálatas como “o melhor de todos os livros da Bíblia”. Também não sei porque o grande pai das missões modernas, Wllian Carey afirmou que a Epístola aos Gálatas era o mais influente de todos os escritos do apóstolo Paulo. Da mesma forma, não sei dizer porque muitos a têm considerado como “o grito de guerra da Reforma”.
Em uma leitura atenta do texto do apóstolo Paulo, percebo na sua construção um desejo que pode muito bem ser a justificativa para tantas referências contundentes. Percebo que Paulo denuncia aqui um perigo latente para qualquer pessoa que tenha conhecido a Cristo e resolvido tornar-se servo do seu Reino. Estou me referindo ao perigo de acrescentar à sua fé elemento de prisão espiritual e se distrair e deixar ser levado por uma falsa segurança, baseada em construções humanas, arraigando a sua fé em forças deste mundo e não nas forças exclusivas do poder de Cristo Jesus.
Os Gálatas era um povo aparentemente muito crédulo. Esses combatentes (Gallias) receberam o Evangelho de Jesus Cristo com muito amor e logo se tornaram servos do Evangelho, mas em pouco tempo decorrido de sua conversão estavam sendo levados por ventos de doutrinas, que pervertiam a segurança do Evangelho da graça para um outro evangelho, uma outra forma de buscar segurança. No caso, Paulo denuncia, uma segurança baseada em homens e métodos que se fundamentavam no agir humano e não na graça de Cristo.
Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de cristo. (...) Porventura, procuro eu, agora, o favor de homens ou o de Deus? Ou procurar a agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo. Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o Evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante a revelação de Jesus Cristo (Gl 1.6-12).
Para Paulo, existe um grande perigo que ronda a vida de todo cristão verdadeiro, uma armadilha sorrateira que penetra o nosso coração e facilmente ganha espaço na nossa vida, uma falsa boa nova que tende a conquistar a nossa atenção. Paulo denuncia este evangelho que nos leva a pensar que nossa segurança está em nós mesmos e na nossa capacidade de provar para nós mesmos que merecemos o céu e suas riquezas. Paulo denuncia o evangelho da vanglória e da autojustiça pecaminosa.
Você e eu somos tentados a achar que nos tornamos cristãos porque somos melhores que outras pessoas e que seremos capazes de construir o céu com nossa capacidade maravilhosa de transformar o mundo. Paulo nos chama de volta para o Cristo crucificado e o evangelho da graça, onde a única explicação possível para um relacionamento sério com Deus é a nossa convicção de pecados e certeza do amor de Deus que está em Cristo Jesus por nós.
Alguns crentes da Galácia estavam procurando associar à sua fé a certeza e seguranças mundanas de rituais judaicos. Paulo, ainda que tenha crescido na doutrina judaica, considera que essa falsa segurança é uma espécie de mundanismo, porque faz do homem e da sua ação a razão da segurança e isto é falso.
Nesta pequena introdução que será alvo da nossa meditação desta noite, uma frase se destaca como o ponto de partida de toda a carta. Ela fala de uma figura de transplante. Este transplante, do mundo agrícola de Paulo, usa a figura de uma planta que foi retirada de um vaso de terras contaminadas para ser plantada em um outro lugar, onde a terra é boa e leva a planta a crescer de forma saudável.
Graça a vós outros e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do nosso Senhor Jesus Cristo, o qual se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai, a quem seja a glória pelos séculos dos séculos. Amém (Gl 1.3-5).
Para não correr o risco de também termos nossa fé em Cristo adulterada, somos convidados por esta epístola a confiar somente em Jesus e a conhecer a natureza e o propósito de nossa salvação em Cristo. Quero, portanto, irmãos, falar deste transplante radical que Cristo promoveu ao tirar-nos deste mundo mal e nos transportar para o terreno da graça.
Estou usando a palavra “RADICAL” nesta mensagem por causa da palavra usada por Paulo no verso 4: “... para nos DESARRAIGAR”, no qual ele usa o verbo grego EKXÉLETAI – ARRANCAR COM FORÇA, como um resgate forçado, ou como Jesus usou ao dizer que se o nosso olho nos levar a tropeçar devemos arrancar o nosso olho, lá em Mateus. Radical, portanto, é de raiz, desarraigar aqui é retirar na raiz, nos livrar das garras deste mundo e nos transportar para o Reino de Deus.

Você precisa compreender que o Evangelho de Cristo é uma mensagem radicalmente alicerçada na força, poder e vontade de Deus
Precisamos pensar mais seriamente sobre um fato da nossa vida com Deus, porque precisamos considerar com mais força sobre o fato de que nossa vida com Cristo é resultado de ação alicerçada na força, poder e vontade de Deus.
Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentro os mortos, e todos os irmãos meus companheiros às igrejas da Galácia (Gl 1.1-2).
O problema que Paulo enfrenta nesta carta é o da falsa segurança propagada por um outro evangelho. Este evangelho falso e anátema era pregado por alguns falsos mestres, que eram aduladores e desejavam ocupar o lugar de Paulo como mestre da fé e sua finalidade era meramente interesseira. Estes falsos tentavam confundir a mente dos gálatas levando-os a servir aos rudimentos de uma lei caduca, os ritos judaicos. Paulo, para defender seu apostolado enfatiza a natureza do evangelho que ele prega.
Não da parte de homens nem por meio de homens – o capítulo 1 de Gálatas é fortemente dedicado a este chamado de Paulo e ao fato de que sua mensagem não era resultado da vontade do homem, nem dos rudimentos humanos, mas da ação de Deus exclusivamente. O Evangelho é uma mensagem baseada na força, no poder e na vontade de Deus. Esssa consciência deve nos levar a pensar com mais seriedade sobre o que realmente estamos fazendo e parte do quê estávamos fazendo, quando vivemos segundo o Evangelho de Cristo.
Por Jesus Cristo e por Deus Pai – em suas epístolas, sempre defende o seu apostolado, mas aqui em Gálatas ele tem um contraste mais enfático: não segundo homens, mas da parte de Jesus. Paulo está enfatizando o fato de que o Evangelho não é um meramente uma mensagem originada no homem e na sua capacidade inventiva. Ele condena, portanto, aqueles que preferem viver segundo doutrinas criadas por homens e enfatiza que o evangelho que ele pregou, o evangelho que se evidencia na graça e se assegura na graça não tem como origem o homem, mas a vontade de Deus. Por isso, ele continua em uma forte afirmação da maneira especial em que seu chamado ocorreu, quando ele foi levado a viver nas regiões da Arábia, onde recebeu do próprio Cristo a mensagem que ele passou a pregar em toda parte.
Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar o seu Filho em mim, para que eu o pregasse aos gentios, sem detença, não consultei carne e sangue, nem subi para Jerusalém para os que já eram apóstolos antes de mim, mas parti para as regiões da ARávia e voltei, outra vez, para Damasco (Gl 1.15-17)  ,  
O qual o ressuscitou dentre os mortos – o poder de Deus foi o responsável pela principal notícia da história: a ressurreição de Cristo. Este evento deu início ao Reino do Evangelho e Cristo se tornou Senhor e Rei por causa do poder de Deus que o ressuscitou. Então, quando Paulo defende o seu apostolado, o poder no qual se alicerça o seu evangelho é o poder da ressurreição, da vida de Cristo.
Meus irmãos, precisamos compreender a nossa vida dentro deste pensamento: SOMOS FRUTOS DA FORÇA, PODER E VONTADE DE DEUS. Meus irmãos, precisamos considerar com mais seriedade as implicações de que a nossa vida está RADICALMENTE ALICERÇADA NA VONTADE DE DEUS. Somos frutos do que Deus quer que sejamos!! Precisamos desta postura.
Não vivemos para Deus segundo a nossa vontade e sim segundo a vontade de Deus. Você precisa começar a considerar o que realmente é o Evangelho para você e ele não pode ser só uma questão de gosto pessoal, compreenda que isto é o que incomoda Paulo na postura dos crentes da Galácia, pois eles estavam começando a crer seguindo invenções humanas, criando regras baseadas em gostos pessoais e não na vontade de Deus.
O cristão deve estar RADICALMENTE ALICERÇADO EM UMA PERSPECTIVA DE QUE SUA VIDA É RESULTADO DA FORÇA, PODER E VONTADE DE DEUS.  

Você precisa compreender que o Evangelho de Cristo exige uma concepção radical de novo padrão de vida
Paulo aponta para os crentes da Galácia o seu desejo de que experimentem a graça e a paz da parte de Deus e de Jesus. Sim, ele o faz com base na obra divina e logo propõe o coração do Evangelho:
O qual se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso segundo a vontade de nosso Deus e Pai (Gl 1.4).
A si mesmo se entregou pelos nossos pecados – Paulo precisa construir o seu argumento baseado na voluntariedade de Cristo e tendo como destaque a nossa condição pecaminosa. A entrega de Jesus é voluntária e a nossa condição pecaminosa é a razão da voluntariedade da morte de Jesus. Trata-se de um resgate, um arracamento de raízes necessária. Nossa saída deste mundo não foi um ato nosso, mas um ato de Jesus Cristo.
Para nos desarraigar deste mundo perverso – a malignidade deste mundo é descrita aqui nesta expressão e ela indica a perdição e a distância que estávamos de Deus, enquanto estávamos plantados no terreno pecaminoso da nossa vida pecaminosa. Aqui ele aponta para uma ação propositiva de Cristo. Isto é, ele realmente entrega a sua vida tendo como objetivo nos arrancar das garras do pecado.
Segundo a vontade de nosso Deus e Pai – Paulo complementa a ideia apontando a ação de Cristo como um complemente da vontade do Pai. Aqui, portanto, Paulo está apenas nos fazendo ainda mais conscientes da ideia propositiva de nos arrancar das garras do pecado e nos fazer filhos do Reino de Cristo, como um resultado de um plano eterno de salvação.
Meus irmãos, toda esta construção deve nos fazer conscientes de que fomos retirados de um modo de vida e transportados para outro. A boa nova de Cristo é que fomos resgatadas do nosso fútil procedimento, segundo o pecado e da nossa condição de mortos em delitos e pecados e feitos um reino de sacerdotes para a glória do Reino de Cristo.
Precisamos compreender que isto implica em uma posição radical em favor de um novo padrão, segundo o Evangelho. Não podemos ser determinados pelos rudimentos do mundo e sim pela vontade de Deus, expressa na mensagem do Evangelho.
Irmãos, enquanto não nos posicionarmos em nossa nova condição e enquanto não buscarmos este novo padrão, não experimentaremos o que Paulo chamou de graça e paz da parte de Deus e de nosso Senhor Jesus Cristo. Jamais teremos a experiência da igreja, porque é este posicionamento em favor de um novo padrão que une a igreja em todos os lugares, inclusive na Galácia.
Meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós (Gl 4.19).
Este novo homem é o que Paulo tem mente na vida de todos os crentes. Ele vê a necessidade de ser formado em nós um novo homem, segundo o padrão de Cristo e não segundo o mundo. É preciso renegar o modo de vida deste mundo e viver o padrão de Cristo. Por isso, faz tanto sentido a frase célebre de Gálatas 2.20.
Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim (Gl 2.20).
Precisamos radicalizar nisto: VIVER SEGUNDO O PADRÃO DE DEUS E NÃO DOS HOMENS É UM COMPROMISSO QUE PRECISAMOS LEVAR A SÉRIO. PRECISAMOS VIVER O PADRAO CRISTO.


Você precisa compreender que o Evangelho de Cristo é uma mudança radical de sentido para a vida humana
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Conclusão
Algumas vezes, vivemos de uma forma muito estranha e parece que estamos um pouco perdidos. O resultado é que parece que não encontramos muito espaço para a nossa vida com Deus neste mundo ou quando estamos aqui, parece que não vemos muito sentido para a nossa vida no mundo, dentro do nosso contexto espiritual. O que vemos é pessoas vivendo de forma dividida.
Enquanto você viver assim dividido sua vida não terá um real sentido, lhe faltará algo. Você não verá o mesmo Deus que parece ser um valor tão elevado e cheio de glória, presente no seu dia a dia, como se de alguma maneira estivesse privado de desfrutar de Deus no seu viver diário. Isso é terrível!! Você precisa mudar.
Paulo está nos propondo um modo de vida natural que seja um reflexo de nossa consciência espiritual. Um modo de vida que está baseado em algumas premissas:
1)    A vida natural deve ser dirigida pela percepção de que a segunda e eterna é uma direção para a qual devemos apontar tudo o que fazemos.
2)    A vida natural deve ser submetida à soberania de Deus e suas lutas naturais são resultados da melhor casca para que sua vida produza o melhor fruto. Deus sabe tirar o melhor de você e planejou fazê-lo.
3)    A vida natural não é um fim em si mesmo, devemos trazer a finalidade eterna como um projeto e começar a fazer os valores da eternidade presentes em cada gesto, declaração, escolha... precisamos desfrutar de prazeres da eternidade ainda vivendo aqui. ]

Desta forma que momento terá significado e cada momento será pleno de importância e, desta forma também, você descobrirá valor na sua presente existência e poderá revesti-la da mais gloriosa perspectiva de redenção e ressurreição. Você é alguém que ressuscitou com Cristo, embora ainda na casca, já pode se livrar da casca, por meio de uma mente que pense nos frutos e na árvore final.
Traga o eterno para a sua experiência natural.





4 de junho de 2017

1 Coríntios 15.57-58

A Perseverança Cristã Como Revelação do Reinado de Cristo 
1Coríntios 15.57-58
(pregado em 04 de junho de 2017 – Dia de Pentecostes – Domingo de Santa Ceia – na IP Vila Formosa)

Introdução

O verdadeiro cristianismo é uma fé em movimento. Assim como o fruto é o resultado natural da vida de uma planta saudável, o trabalho do cristão é a melhor amostragem da presença da vida do Cristo ressurreto no coração humano. Portanto, o incentivo à perseverança cristã é o apontamento de um alvo existêncial a ser perseguido como um meta e modelo de vida para revelar ao mundo que Cristo é Senhor da vida do crente.

A falta de perseverança cristã, ao contrário disto, pode ser o diagnóstico de duas situações preocupantes. A primeira e mais séria é a falta de ligação vital com Cristo e seiva produtora de vida verdadeira. Neste caso, o remédio é o encontro sério e verdadeiro com Jesus. A segunda situação preocupante da falta de perseverança cristã é a infantilização da fé, que é a doença da vida cristã vivida de forma distorcida, que conduz o crente a um modelo de relação com Cristo que o afasta do principio primordial de prioridade do Reino de Cristo.

Baseados nos princípios elementares expostos nos versos 57 e 58 que é conclusão do capítulo 15 de 1 Corintios, queremos refletir com seriedade sobre a perseverança cristã como um resultado direto do governo do Cristo ressurreto na vida do crente. Os pontos que levantaremos nesta mensagem é uma proposta de uma autorreflexão que visa uma reorganização da vida de fé e entrega ao Reinado de Cristo, mediante à percepção das próprias prioridades existenciais.

Esperamos que todos sejamos capazes de olhar para o texto da Palavra com fé e disposição para escolher o caminho estreito da vida com Deus.

A Perseverança Cristã é Uma Consequência dos Atos Redentivos de Deus
Graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. (1Coríntios 15.57).
Deus nos dá a vitória - Quando Paulo conclui este texto, ele tem em mente um grande conjunto de realidades da Igreja de Corinto. Ele, certamente, está pensando no fato de que aquela igreja estava desenvolvendo um cristianismo baseado em méritos pessoais e havia irmãos ali que se arrogavam muito especiais e mais espirituais que os demais, mas ele propõe uma visão diferente: Deus é quem nos dá vitória!

O trabalho da igreja, portanto, e todo o seu crescimento era resultado de uma obra do Senhor na Igreja. Não se tratava de uma riqueza produzida pelo homem, mas por Deus.
Irmãos, reparar, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muito sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento, pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes, e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aqueles que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se glorie na presença de Deus. Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça, e santificação e redenção, para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor (1Coríntios 1.26-31).
Do que é que estamos falando? Estamos falando da consciência que deve nos guiar a servir: SERVIMOS COMO RESULTADO DA OBRA DE DEUS E NÃO PARA DAR RESULTADOS PARA DEUS.

Por intermédio de Cristo - A igreja de Corinto precisava considerar seriamente o a importância de ver o seu trabalho como um resultado da obra de Deus. Paulo está propondo aos irmãos que pensem na sua vida como uma continuidade do ministério prático de Cristo, especialmente como resultado de sua ressurreição: SE ELE RESSUSCITOU ENTÃO NÓS RESSUSCITAMOS TAMBÉM.

Portanto, a NOSSA PERSEVERANÇA É UMA CLARA DEMONSTRAÇÃO DE QUE DEUS JÁ AGIU POR NÓS E EM NÓS, POR MEIO DA OBRA CONSUMADA DE CRISTO JESUS.

A Vitória – neste capítulo 15, Paulo está nos dizendo que a vitória que recebemos da parte de Deus foi a vitória de Cristo sobre todos os inimigos. Ele diz aqui, que essa vitória de Cristo é dada a nós. Portanto, como é proposto no verso 58, nosso trabalho não é um esforço de conquistarmos a vitória, mas um desfrute do que já ocorreu. Talvez este seja um dos grandes defeitos do cristianismo fraco que muitos crentes parecem viver: a falta de percepção de que Cristo é o REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES, vitorioso CORDEIRO DE DEUS. Essa ausência de uma percepção clara da vitória de Cristo, faz com que muitos crentes vivam tão desanimados e impotentes, derrotadamente entregues às dificuldades desta vida.

Quando ele diz: SABENDO QUE EM CRISTO VOSSO TRABALHO NÃO É VÃO. Está justamente nos dizendo que não tem como ser vão, na medida em que todo o nosso trabalho é a clara revelação da vitória de Cristo.

Quer mostrar ao mundo um Cristo vitorioso? Então, mostre com a alegria do seu trabalho o que ele fez e faz em você e através de você. A sua falta de perseverança pode ser uma clara demonstração de sua falta de fé na vitória de Cristo. Será que existe algo que Cristo não possa fazer por você, algo que ele não tenha vencido por você, algo que ele tenha esquecido de preparar para que você viva a eternidade com ele? Claro que você sabe que o problema não é dele e sim do seu coração sem fé.

A nossa perseverança cristã é resultante dos atos redentivos de Deus. Portanto, o caminho de uma vida de serviços a Deus não pode começar a partir de uma ideia distorcida de que estamos na frente do processo de Redenção, mas de uma profunda e clara consciência de que vivemos para mostrar que ele venceu a morte por nós.

A Perseverança Cristã é Uma Priorização Absoluta do Reino de Deus
Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor (1Coríntios 15.58a).
A primeira e mais natural consequência desta percepção da vitória completa de Cristo em nosso favor é uma mudança espiritual profunda que nos leva a priorizar o Reino de Deus e a sua justiça. Jesus havia dito que este deveria ser o nosso foco existêncial:
Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber, nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir (...) Porque os gentios é que procuram estas coisas; pois o vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas (Mt 6.25, 32-33).
Portanto, meus amados irmãos – Paulo se coloca ao lado dos crentes e fala que fomos feitos filhos de Deus em Cristo Jesus e esta condição deveria nos levar a concluir que nosso trabalho deveria nos fazer trabalhadores dedicados do Reino de Deus. Jesus, ensinou os seus discípulos a descansarem completamente no Senhor e na força do seu poder, sabendo que ele conhece as nossas necessidades, nos chamando a uma vida voltada a usar as situações da vida não para se completar de alguma coisas, mas para usar as coisas que temos para servi-lo.

Edraiossede firme – literalmente é, fique parado, mantenha-se no lugar, não fuja desta posição. Paulo compreende que o bom trabalho começa na firmeza da fé, na confiança de que estamos no lugar certo e na condição certa para estar. Pense em um soldado, que vê o fogo inimigo se aproximar e não se intimida, sabe que sua fé é o que ele precisa, sabe que estar no lugar onde o seu capitão o mandou é o lugar onde deve estar.

Vivemos em um crise de firmeza, uma falta de perseverança absurda. Crentes que não conseguem manter o ritmo nunca, não se seguram em seus postos ao menor sinal de tormenta. Este tipo de cristianismo não consegue realizar o serviço do Senhor e revela pouca percepção da vitória de Cristo. O seu problema irmão, com sua inconstância é que você acha que quem vai ganhar a batalha é a igreja e não Cristo.

Quem vai dar jeito nas intempéries da sua vida, você acha que é o pastor, a igreja, seu marido, a esposa, os pais, os amigos, os irmãos da igreja... quando você abandonar sua confiança nas ferramentas e começar a confiar naquele que dirige usa a ferramenta, então irá se lembrar que o papel do martelo não é decidir em qual prego irá bater mas ficar ali na mão do carpinteiro do universo para ser usado do jeito dele, na hora dele, segundo a vontade dele.

Gineste ametakinetói – se tornem imóveis – Aqui, seguindo o conceito da palavra anterior, Paulo pede ao soldado que não mude usa posição de combate. O pressuposto é de que a vida produz enfrentamentos que exige resistência. Infelizmente, as pessoas querem vida tranquila e não vida vitoriosa. Muitos crentes, tentam vitórias pessoais e não a de Cristo, por isso, estão tão frustradas. O que prova que não crêem é que não conseguem manter-se perseverantes. A falta de perseverança não é só indecisão é falta de fé.

Ele usa um verbo interessante, ginomai, que é o mesmo usado para gerar em um sentido reflexivo. Isto é, gere em você mesmo uma postura imóvel. É um trabalho baseado em uma autoconsciência. Você precisa dizer para si mesmo que deve permanecer naquela posição que o seu Senhor te ordenou.

Perisseuontes – sempre abundantes – acho que poderíamos usar uma expressão ainda mais forte em português: em lugar de sempre abundantes, poderíamos dizer: sempre excedendo o normal, sempre excepcionalmente surpreendentes – Paulo está falando de uma postura não só de constância mas de perseverante excelência. Fazendo sempre o melhor na obra do Senhor.

Mas, acredito que talvez nada mais contrário que esta expressão é o que muitas vezes se vê no comportamento cristão que deixa as migalhas das forças, do tempo, da atenção para as coisas que tem a ver com o Reino de Deus. Somos capazes de uma vida altamente intensa no que diz respeito à produção de bens de valor material e não somos capazes de produzir bens valor eterno.

Na mensagem que preguei sobre trazer os valores eternos para a vida temporal, vimos como a visão da eternidade pode alterar a nossa perceppão e ação temporal. O problema é que ainda não fizemos este movimento de prioridade.

A perseverança cristã é uma mudança de paradigma de prioridades e o trabalhar pela comida que é eterna e não a que é passageira.
Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subisiste para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará, porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo (Jo 6.27).
Você consegue viver assim? Consegue tornar Cristo sua prioridade? Sua perseverança já chegou neste ponto? Então, você precisa rever exatamente qual é a sua fé e onde você deposita sua esperança.
Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens (1Co 15.19).

A Perseverança Cristã é Resultado de Uma Mudança de Expectativa e Significado da Vida Temporal
Sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão (1Coríntios 15.58b).
Paulo sabia que havia na igreja de Corinto uma grande lacuna de fé. Eles haviam perdido o foco e significado real da vida cristã. Então, partiram para um tipo de conquista pessoal que os levara a lutar uns com os outros, competir uns com os outros, a buscar honrarias humanas e reconhecimentos baseados em sucessos pessoais, inclusive reconhecimentos espirituais, baseados em méritos e privilégios humanos.

Quando nossa busca e esperança é tão limitada a nos completar apenas nesta vida e para esta vida, somos, como o verso 19 diz, pessoas infelizes, incompletas, insatisfeitas e sempre ansiosas. Precisamos de uma mudança urgente. Irmão, aprenda de uma vez: VOCÊ PRECISA MUDAR SUA EXPECTATIVA E SIGNIFICADO DA SUA VIDA TEMPORAL.

Pantote eidotes – portanto sabendo – Paulo conclui sua última palavra de exortação com uma palavra que propõe o caminho a ser seguido: o conhecimento como ponto de partida fundamental. O verbo que Paulo prefere usar indica um conhecimento revelado na prática. Como se ele estivesse dizendo que a postura de perserança é o resultado do conhecimento que temos da obra do Senhor por nós e da vitória de Cristo e dos seus resultados eternos. Este verbo, na sua raiz, significa “ver”, mas usado no modo perfeito indica uma visão que dá conhecimento.

Portanto, ver aqui é ter não uma visão física, mas uma percepção intelectual. Como quando alguém diz assim: você está vendo isto? No sentido de está entendendo isto? Um tipo de conhecimento experimental, quase baseado numa percepção sensorial da vida. Sim, Paulo está dizendo que a pessoa que se mantém perseverante está desfrutando de uma percepção sensorial, sobrenatural, especial do que realmente é a vida com Cristo.

A vida com Cristo é uma confiança eterna e a busca de significado eterno para a vida temporal.

No Senhor – Este é o ponto central de todo o argumento de Paulo. Sim, Cristo é o ponto semântico, o ponto de significado e sentido da vida. Tudo muda quando Cristo é quem confere sentido ao que fazemos e ao que somos. Não tem como uma mensagem mudar o curso de sua percepção de vida se você não conseguir compreender que Cristo é quem fala ao seu coração.  

Hó kopos himon, ouk estin kenos en kírion - O vosso trabalho nunca é vazio no Senhor – O outro ponto que quero chamar a atenção é para o fato de que Deus escolheu usar você. É o seu trabalho, aqui apontado pela palavra “kopos” que pode significar também “sofrimento”, sua “luta”. 

Acredito que Paulo está falando aos crentes dento do campo semântico, o campo de significado, da arte da guerra, da guerra que Cristo realiza contra o seu último inimigo a morte. Ele diz que nossa luta, como ferramenta da vitória do Senhor nunca é vazia. Ou seja, as marcas que a vida deixará em nós, como ferramentas do Senhor são os sinais da vitória de Cristo através do nosso labor.
Cada vez que a vida cristã te deixa marcar, elas são marcas da vitória de Cristo e portanto testemunho vivo de que Cristo usa a sua vida. A honra de sermos instrumentos de Cristo nesta batalha. OU seja, a nossa perseverança nesta luta é um resultado direto do fato de que Cristo nos usa e que somos dele e produtos de sua vitória, seu governo.

VOCÊ PRECISA DAR À SUA VIDA UM SIGNIFICADO MAIS ELEVADO. VOCÊ PRECISA PERCEBER-SE COMO PARTE DE UM PLANO ETERNO E PERCEBER SUA VIDA NUM OUTRO PATAMAR QUE EXCEDE O PLANO TEMPORAL DE EXISTENCIA.

OLHE além de si mesmo e além do tempo, além do que se pode ver apenas com os olhos da carne, olhe com os olhos da fé, veja o que não se pode tocar, o intangível e tenha coragem de crer e viver o extratemporal de Deus.

Conclusão
O ponto que temos de enfrentar corajosamente esta noite é que ainda nos falta este tipo de perseverança que revele realmente o governo de Cristo sobre a nossa vida. Que mostre que a eternidade de Cristo e de sua vitória sobre todas as coisas se sobrepõe à nossa vida diária determinando-a.

Sei que quando mais irmãos e irmãs começarem a pensar e a viver assim, estaremos num novo patamar de vida cristã. Isso é avivamento, isso é vida espiritual, isso é vida com significado transcendente.

A vida ressurreta é construída na medida em que a ressurreição de Cristo é uma chave de entendimento do próprio propósito da existência. Pois, quando o crente começa a perceber que sua vida está em Cristo e que ele é o ponto de chegada, o ponto de convergência para o qual se dirigem todas as coisas, algo acontece que muda o ritmo de nossa própria vida.

O trabalho com que ganhamos o dia a dia, o pão nosso de cada dia, estará a serviço do venha o teu reino, seja feita a tua vontade, do santificado seja o teu nome. As lutas todas, os inimigos que temos de perdoar, são apenas mecanismos de como o Senhor nos prova e como deseja que aprendamos do seu amor e perdão. Tudo muda de figura.

Coisas práticas mudam no seu comportamento, como por exemplo, sua disposição em oferecer seu corpo, mesmo cansado para cumprir propósitos mais elevados. Acredito que você não reclamara mais de ter de ir à igreja todos os domigos, afinal, você foi comprado pelo sangue para isto.

Será mesmo que você não precisa rever nada sobre suas prioridades? Você está pronto para tomar parte da ceia de Cristo e declarar fidelidade à ele. Você tem essa coragem? Ou você não crê que ele está aqui e te conhece?

Esta noite, ao tomar da ceia, quero te convidar a proceder uma importante mudança em sua vida. Saiba que o Reino de Cristo é construído pelo poder dele e não pelo seu, então renegue essa ideia tola de que você está na linha de frente e que se você não fizer a obra Deus não fará. Ao contrario disto comece a fazer do seu trabalho um resultado da obra de Cristo. Ou seja, faça da sua perseverança uma clara demonstração de gratidão. Sua ingratidão é denunciada na sua falta de operosidade e você sabe disto!!!

Agora, também comece a pensar em sua vida e sua perseverança como uma mudança de prioridade. OU seja, comece a realmente valorizar o que é eterno e a sua vida eterna. Comece a se lembrar que a eternidade começa na sua atitude temporal e passe a encontrar seu autossignificado em Cristo e não nas coisas que você constrói temporalmente.

Faça da sua perseverança em Cristo uma demonstração do governo dele sobre a sua vida e resolva definitivamente DEMONSTRAR que ele é o SENHOR DA SUA VIDA. Então, à mesa do seu Senhor, coma do pão e beba do cálice com amor.