26 de agosto de 2018

1 Samuel 24.1-22 - IP Tatuapé

Aprendendo Com o Coração do Justo
1 Samuel 24.1-22
(Primeiro Sermão após a Assembleia de Eleição - Agosto 2018)


Introdução
Insisto em dizer que precisamos notar que o propósito central destes livros de Samuel é mostrar a necessidade de um Rei. A ideia de um Rei em Israel é muito diferente do que ocorria nas outras nações. O Rei era uma espécie de cidadão modelo. 
Eles precisavam de um Rei não somente para conduzi-los em vitória contra os inimigos, mas necessitavam de alguém que tivesse a disposição de oferecer a si mesmo para viver para Deus, como modelo para todos os irmãos. 
Deus escolheu Davi para ser este homem modelo. Ele não era perfeito, mas buscou com sua vida agradar a Deus. Até mesmo nos dias mais sombrios do seu governo e da sua vida pessoal, Davi soube se humilhar e buscar ao Senhor. Ele realmente, possuía um coração disposto a Deus. 
Foi exatamente esta a palavra de Deus a Samuel quando este foi enviado a Jessé para ungir um Rei. 
Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração (1Samuel 16.7). 
Portanto, o nosso foco é olhar para o coração de Davi e aprender a respeito do modo como se dispôs a viver para Deus e ser usado para guiar o povo de Deus, por meio do seu exemplo. 
Os Salmos e muitos deles são de Davi, falam abundantemente sobre homem justo e o ímpio. Eles retratam exatamente a ideia de que Deus tem o coração do justo em suas mãos e o molda conforme seu querer. 
Agir com justiça é uma das qualidades centrais da nossa relação com Deus. Devemos considerar que fazer caminhos justos para os nossos pés é um dos propósito da vida cristã. 
A nossa justiça tem de exceder em muito à dos escribas e fariseus. Somos assim desafiados a perserverar na justiça e jamais permitir que nosso agir nos identifique co nada que seja equivocado diante de Deus. 
O impacto da vida de Davi foi tão grande que sua justiça se tornou símbolo do seu reinado. Não à toa ele foi considerado um tipo do Rei Eterno, o grande modelo de justiça de todos os homens, Jesus. 
Hoje veremos como a justiça de um homem pode ser aprendida por outros. O coração do homem justo é uma vitrine da obra que Deus pode fazer no seio da humanidade e um paradigma a ser imitado. Eu te convido a fazer uma viagem pelo texto para dentro do coração justo de Davi e aprendermos a justiça com ele. 
Em resumo trata-se do episódio em que Davi poupa Saul, quando este entra em uma caverna sem saber que no interior da mesma, Davi e seus soldados estão escondidos. Saul que perseguia Davi para o matar, foi poupado, estão indefesamente lançado às mãos de Davi. NO entanto, por causa do seu compromisso com Jehovah e a sua justiça, Davi abre mão da vingança e se dispõe a poupar Saul. 
O Coração do Justo Nos Ensina a Não Sermos Guiados Pelo Medo ou Ódio dos Outros ou o Seu Próprio

A primeira parte do texto recria o ambiente e denuncia o espírito de perseguição no coração de Saul. Nos primeiros versos, do 1 ao 5, o que notamos é que Davi é instigado, principalmente, por seus companheiros a matar a Saul. 
Saul era um inimigo perigoso e implacável. Não estava de brincadeira na intenção de perseguir a Davi e não escondia o desejo de vê-lo morto. Matar Saul seria uma solução prática para inúmeros problemas. Contudo, Davi escolhe outro caminho. 
Tendo Saul voltado de perseguir os filisteus, foi-lhe dito: Eis que Davi está no deserto de En-Gedi. Tomou, pois, Saul três mil homens, escolhidos dentre todo o Israel, e foi ao encalço de Davi e dos seus homens, nas faldas das penhas das cabras monteses (1Sm 24.1-2).
Tomou três mil homens e foi ao encalço de Davi e de seus homens– O texto constrói o ambiente deste acontecimento, revelando o grande desejo de Saul de encontrar Davi para mata-lo. Ele está em meio a fortes empreitadas em proteção do Reino, mas há espaço para uma perseguição particular a Davi. Outro ponto é que ele tomou três mil homens escolhidos para fazer este trabalho. Em outras palavras. Saul está se cercando dos melhores homens, pois não quer que Davi e seus homens escapem. O número de três mil é exagerado para quem irá perseguir um pequeno contingente. 
O contexto mostra que a perseguição a Davi já estava em curso antes. Ele a suspendeu para lutar contra os filisteus, mas assim que teve uma oportunidade, voltou a se preocupar com o filho de Jessé. 
Chegou a uns currais de ovelhas no caminho, onde havia uma caverna; entrou nela Saul, a aliviar o ventre. Ora, Davi e os seus homens estavam assentados no mais interior da mesma. Então, os homens de Davi lhe disseram: Hoje é o dia do qual o Senhor te disse: Eis que te entrego nas mãos o teu inimigo, e far-lhe-ás o que bem te parecer. Levantou-se Davi e, furtivamente, cortou a orla do manto de Saul. Sucedeu, porém, que, depois, sentiu Davi bater-lhe no coração, por ter cortado a orla do manto de Saul (1 Samuel 24.3-5).
Os Homens de Davi lhe disseram– Meus irmãos, os homens de Davi estavam diante de uma situação bem simples. O homem que nos persegue para matar está aqui entregue às nossas mãos, vamos resolver nosso problema matando ele primeiro. Davi, porém, não se deixou guiar pelo ódio e o medo dos outros. 
Cortou furtivamente a orla do manto e sentiu o coração– Davi se repreendeu em desejar sentir este poder de acabar com a vida de Saul. Ele a tinha em suas próprias mãos, mas o texto nos diz que o fato de Davi ter sentido este poder, lhe bateu no coração. O verbo que o autor usou aqui indica que Davi sentiu acusar a própria consciência. Ele aqui se repreendeu quanto ao seu medo ou ódio também. 
O coração justo não é guiado por medo ou ódio, nem o seu nem o dos outros. O justo não se vinga a si mesmo, não toma decisões baseadas nos seus interesses, nos seus medos, dos ódios. Irmãos precisamos começar a rever muitas das nossas posições mais simples na vida. Muitas das nossas preferências e muito do modo como tratamos as pessoas e as situações da vida. O justo, é guiado por regras muito mais nobres e ricas. AS molas do agir justo não se dobram ao ódio e ao medo dos homens.
O Coração do Justo Nos Ensina a Sermos Guiados Pela Vontade de Deus e Não a Nossa

A nossa justiça é baseada na retidão da vontade de Deus. Um dos problemas que temos de enfrentar em nossa vida com Deus é a nossa constante tendência a fazer prevalecer a nossa vontade sobre a de Deus. 
E disse aos seus homens: O Senhor me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele, pois é o ungido do Senhor. Com estas palavras, Davi conteve os seus homens e não lhes permitiu que se levantassem contra Saul; retirando-se Saul da caverna, prosseguiu o seu caminho (1Samuel 24.6-7). 
Disse aos seus homens: o Senhor me guarde– Claro que Davi aqui declara que sua dependência de Deus para acertar é evidente. Ele pede a Deus que não o deixe ser traído pelo seu próprio coração. Sua vontade, certamente, deve ter cutucado para que matasse Saul e assim resolvesse de vez os seus problemas. Mas aqui, no texto, ele deixa sua consciência também guiar os outros. 
Pois é o ungido do Senhor– Davi não está dizendo nada de espiritual sobre Saul, que sua vida era intocável por causa de algum poder que lhe fora dado, mas exalta a escolha que Deus havia feito. A palavra “Mashiach” (Ungido) indica que Davi não poderia lutar não é contra Saul, mas contra o próprio Deus. Deus havia dado a Saul o reino e somente Deus poderia retirá-lo. Davi está disposto a sacrificar o seu próprio bem estar em favor de honrar a vontade de Deus. Deus é a razão das suas escolhas. 
O coração do homem justo está disposto a viver assim e ser guiado sempre pela vontade de Deus e não as próprias preferências e vontades. Esse tipo de percepção a vontade de Deus e de domínio próprio, marcas do caráter justo, é o que precisamos para impactar o mundo ao nosso redor. O justo vive para Deus e não para si mesmo. 
Por isso, o homem justo escolhe sempre o caminho de Deus e a vontade de Deus como o ponto superior ao qual a sua alma se apega. Um homem que desenvolve este tipo de maturidade está pronto a ensinar outros e a guiar outros. Esse era Davi, o homem reto que viveu para Deus. 
  
O Coração do Justo Nos Ensina Que a Retidão é Suficiente Para Confiarmos na Mudança dos Cenários da Nossa Existência

O medo, muitas vezes, nos impede de fazermos o que é reto, porque, em geral, achamos que as coisas têm uma realidade material e desprezamos a realidade espiritual de Deus. Por conta dessa nossa visão curta, achamos que somente os poderes humanos e naturais é que estão determinando a realidade. Mas é um fato bíblico de que DEUS ESTÁ NO CONTROLE DE TODAS AS COISAS. 
Depois, também Davi se levantou e, saindo da caverna, gritou a Saul, dizendo: ó rei, meu Senhor! Olhando Saul para trás, inclinou-se Davi e fez-lhe reverência, com o rosto em terra. Disse Davi a Saul: por que dás tu ouvidos às palavras dos homens que dizem: Davi procura fazer-te mal? Os teus próprios olhos viram, hoje, que o Senhor te pôs em minhas mãos nesta caverna, e alguns disseram que eu te matasse; porém a minha mão te poupou; porque disse: Não estenderei a mão contra o meu senhor, pois é ungido de Deus. Olha, pois, meu pai, vê aqui a orla do teu manto na minha mão. No fato de haver eu cortado a orla do teu manto em te matar, reconhece e vê que não há em mim nem mal nem rebeldia, e não pequei contra ti, ainda que andas à caça da minha vida para ma tirares. Julgue o Senhor entre mim e ti, e vingue-me o Senhor a teu respeito; porém a minha mão não será contra ti. Dos perversos procede a perversidade, diz o provérbio dos antigos; porém, a minha mão não será contra ti. Após quem saiu o Rei de Israel? A quem persegue? A um cão morto? A uma pulga? Seja o Senhor o meu juiz, e julgue entre mim e ti, e veja, e pleiteie a minha causa, e me faça justiça, e me livre da tua mão  (1Samuel 24.8-15). 
Saiu da caverna e inclinou-se com rosto em terra– notem irmãos, que Davi deixa Saul ir embora, mas a sua justiça não somente o impede de pecar contra Deus, se não que também o impulsiona a confiar que algo pode mudar naquela situação tão difícil. Todos sabemos que Saul era um homem de espírito perturbado. Davi sabia muito bem que ele não era confiável, pois já o havia tentado matar e tinha essa ideia fixa, essa obstinada intenção. Contudo, Davi deixa a proteção do esconderijo da caverna porque ele sabe que a situação difícil precisa ser mudada, ele se expõe e se lança ao chão, como alguém desprotegido, porque confia que Deus pode usar o seu ato de justiça para fazer algo a seu favor. 
Olha – vê aqui – reconhece que não há rebeldia– enquanto muitos falam mal de Davi para o Rei e o mesmo esteja tão obstinado em matar-lhe ele confia que Deus pode usar este ato de justiça como uma forma de mudar sua circunstância existêncial. Davi sabe que é Deus quem determina os cenários da nossa existência e que Ele lhe promete que se andar retamente, bendito haveremos de ser na cidade, no campo em todos os momentos. 
Este é ponto, DAVI está disposto a crer que DEUS, que controla a realidade, pode mudar tal circunstância e a sua retidão é um ato decorrente de que Deus abençoa os retos de coração. Irmãos isto é fé e o contrário disto é incredulidade!! Não dê outro nome, o contrário disto é IMPIEDADE!! 
Não pequei– ele confia que não pecar é o caminho para a vida que agrada a Deus e que o faz derramar suas bênçãos. Veja como isto pode ser muito diferente de boa parte do modo como tomamos decisões ou escolhemos caminhos nesta vida. Aceite o desafio de ser um homem justo que confia que a justiça é a resposta de quem crê que Deus age.
Julgue o Senhor – Seja o juiz – entre mim e ti– essa é a mola que impulsiona a decisão e Davi: Deus julga. Este é o ponto que Davi tem em mente para que essa situação seja transformada. Deus controla todas as coisas e julga todas coisas. Deus sabe exatamente o que está no coração de Davi e de Saul, Deus sabe o que fazer. Que Deus livre Davi da mão de Saul. 
Você pode ser ver agindo assim? Você pode começar a pensar que sua tarefa é a obediência e a justiça, o resto é com Deus? Você pode confiar e viver assim? Pense muito seriamente, sobre como o coração do justo precisa agir para que possa ensinar algo a alguém.   

Conclusão

Meus amados irmãos, olhar para o coração de Davi é olhar para o coração de um homem como qualquer um de nós. Ele era fraco, pecador, não era o mais forte ou o mais moralmente reconhecido entre os seus irmãos. Os próprios irmãos dele não tinham um bom conceito dele. Mas, Deus o chamou e ele se dispôs a ouvir este chamado e a servir a Deus de coração.
As reações de Davi ao que Deus lhe pedia foi a de seguir o caminho da justiça, da fé, da confiança em Deus. Os seus salmos nos apontam essa realidade. O salmo 37, por exemplo: 
Fui moço e agora sou velho, mas jamais vi o justo a mendigar o pão. 
A nossa caminhada cristã não é a de pessoas perfeitas, mas de pessoas que querem ensinar e aprender umas com as outras e, por esse motivo, precisamos de pessoas que estejam dispostas a servir a Deus e a atender o seu chamado. Precisamos de pessoas que sejam instrumentos de Deus para nos modelar, mas antes, eles precisam ser modelados. Precisamos de gente de coragem e ousadia que queira viver segundo o coração de Deus. 
JUSTOS QUE VIVAM RETAMENTE E ESCOLHAM VIVER PARA DEUS SEGUNDO A JUSTIÇA DO REINO. 
Gente não guiada por medo ou ódio;
Gente guiada pela vontade de Deus; 
Gente que confia que Deus agirá em resposta à sua retidão. 

A CONSEQUÊNCIA DO VIVER JUSTO
O final do texto é como desejo ilustrar o que podemos esperar se vivermos retamente. Podemos esperar que nosso viver reto é poderoso para impactar o mundo em trevas. Saul, com toda a sua arrogância, toda  a sua impiedade, toda a sua inconstância, teve um momento, um rasgo de percepção a verdade e viu na justiça de Davi o próprio Deus. 
Chorou Saul e disse: és mais justo do que eu– isso é o que precisamos mostrar ao mundo, que vivemos para Deus e por isso, vivemos a verdade. O mundo será impactado pela nossa justiça, porque verá Deus, vendo-nos. 
Mostraste com o bem que me fizeste– a nossa justiça tem poder, quando ela é derivada da nossa consciência de Deus. Deus age e promove a nossa justiça. 
Agora sei que será rei e de que o reino será firme em tua mão– estamos falando de Saul o invejoso, o que não quer perder o reino de qualquer jeito? Não, estamos falando do que Deus faz quando a nossa justiça resplandece o caráter do filho de Deus em nós. 

Aplicação à Igreja do Tatuapé
Esse é o desafio, que uma igreja como a nossa igreja aqui aceite o desafio de entregar a este mundo um modelo, um exemplo de vida comunitária justa. Um exemplo de homens e mulheres, jovens, adolescente e até crianças de querem viver retamente para a glória de Deus. Que a nossa igreja aceite o desafio de ser um lugar onde aprendemos e ensinamos a justiça do Reino de Cristo. Temos uma grande tarefa e somente nós, que fomos escolhidos por Deus para a justiça podemos realizar. 
Davi não era o mais forte ou mais poderoso dos filhos de Jessé, mas deixou de cumprir a sua missão. Penso em nossa igreja e que ela não deve se deixar levar pela ideia de que o dever de fazer a obra é das grandes igrejas. 
A retidão é a nossa missão e devemos ousar crer que Deus nos escolheu para que façamos esta obra. Da mesma forma, pense no seu próprio microcosmo, sua vida em família, sua vida na empresa e em outros setores onde você, filho de Deus está. Pense que Deus escolheu você e quer envia-lo ao mundo para ser segundo o seu coração. 
Esse grande bairro, cheio de homens poderosos, assim como essa cidade, tão cheia de perversidade, precisa de nossa luz. Eles não precisam só de mais um punhado de crentes reunindo, eles precisam de justos, vivendo a prática da justiça.
Nós não podemos negar a Deus a nossa vida e a nossa ousadia de fazer a obra do Senhor. Que ele julgue entre nós e o mundo! 

19 de agosto de 2018

1 Samuel 17.41-51

As Armas e as Lutas do Cristão
1 Samuel 17.41-51



Introdução

Meus irmãos, os autores dos livros de Samuel não quiseram de forma alguma nos oferecer um manual de como vencer gigantes. Tampouco, desejaram ensinar métodos de como se livrar de problemas e dificuldades. Antes, o que desejam que fosse observado é como era o coração de Davi, o homem que Deus escolheu para ser Rei em Israel. 
Foi exatamente esta a palavra de Deus a Samuel quando este foi enviado a Jessé para ungir um Rei. 
Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração (1Samuel 16.7). 
Ao longo do seu primeiro livro, o foco é olhar para este Rei escolhido por Deus e suas qualificações para o seu trabalho. Porque a Casa de Davi havia sido escolhida, a partir do próprio Davi, que era um tipo de Cristo. 
O conceito de Rei no velho Israel era muito diferente do que pensavam as diversas nações. O Senhor desejava que Israel tivesse um Rei, esse era um tema já presente nas Escrituras desde a chamada de Abrão e a Lei dada por Moisés. Mas o que projetou a Deus como Rei para o seu povo não seguia o mesmo conceito de poder e dominação que estava presente entre os povos. 
Em geral, os homens mais poderosos, que eram capazes de organizar a subjugação dos demais, estes eram os que sobre os povos dominavam e se tornavam ou eram conduzidos a serem reis. Deus, entretanto, desejou um outro tipo de rei. Para Deus, o rei era um modelo de cidadão do Reino. 
A ideia de modelagem e exemplo é uma estrutura criacional. O ser humano é o único dos seres vivos que aprende a ser o que deve ser por meio de modelos. Diferente dos outros animais, que seguem instintos, os seres humanos aprendem a ser humanos com outros humanos, para o bem e para o mal. 
O Rei em Israel é o modelo de homem de Deus, isso é o que Deus espera do Rei de Israel. Davi era o cidadão segundo o coração de Deus e todos deveriam olhar para ele e seguindo o seu exemplo, viver para a glória de Deus. Deus queria que Israel fosse o modelo de nação santa, de sociedade organizada segundo a Lei de Deus, de povo teorreferente. Davi era o homem modelo desta nação! Deus modelaria o coração de Davi e o faria servir assim. 
Portanto, o Livro de Samuel conta a história deste homem, que serve como um exemplo para nós. Até mesmo em seus momentos mais sombrios, como homem pecador, este Rei, segundo o coração de Deus pode nos deixar lições, de como um homem de Deus volta ao seu Senhor. 
No texto desta noite, Davi nos ensinará não exatamente como se vence um gigante, mas quais são as armas e como lutamos as nossas lutas. Davi nos mostrará como deve ser o coração de um homem de Deus quando enfrenta as maiores dificuldades e até mesmo quando enfrenta uma situação de vida ou morte. 
Quero te convidar a entrar neste texto, olhando para o coração de Davi. Pois é o coração de Davi que Deus está expondo. O que este homem possuía em seu coração é o que precisamos ver revelado. Aliás, este é o processo mais simples da vivencia em provações: DEUS QUER SABER O QUE ESTÁ EM NOSSO CORAÇÃO. 
Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o SENHOR, teu Deus, te guiou o deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos (Deuteronômio 8.2). 
Preste atenção sobre o que realmente importa, isto é, que o nosso coração ame a Deus e ande nos seus caminhos. Que nossas escolhas, nossas armas, nossas lutas sejam travadas com Deus e não na força do homem. 

O Homem de Deus Luta Com as Armas Que o Levam à Profundidade da Vida e Não se Deixa Enganar Pela Superficialidade e da Aparência

Vivemos claramente num contexto em que a aparência é tudo. As pessoas investem pesado na sua imagem pública e todos querem aparecer bem nas fotos. Estão aí as redes sociais, onde todos somos bons, intelectuais, capazes e bem resolvidos. Os que não se enquadram não aparecem ou se escondem. Contudo, esta inclinação pós-moderna pela aparência pode ser um subterfugio para esconder quem realmente somos. 
O filisteu também se vinha chegando a Davi; e o seu escudeiro ia adiante dele. Olhando o filisteu e vendo a Davi, o desprezou, porquanto era moço ruivo e de boa aparência (1Samuel 17.41-42). 
O Homem vê o exterior– este é um dos temas que precisa ser tratado neste livro. O que temos diante de nós é que Deus espera uma atitude de força interior dos seus filhos. Precisamos nos preocupar sobre o que somos em nosso coração de uma maneira muito especial. O interior do homem é o local onde nossas verdadeiras guerras começam a ser travadas. Em nosso coração é que começamos a nossas maiores e mais sérias batalhas. 
Vendo a Davi o desprezou- Para Golias, a aparência de Davi destoava sobre o que ele imaginava ser alguém preparado para a guerra. Davi não trazia armas e não parecia um guerreiro. A arrogância de Golias o levou a uma percepção equivocada da vida e daquela batalha. Pessoas superficiais no trato com a vida tentem a cometer sérios erros de julgamento e foi o que aconteceu com Golias. 
Disse o filisteu a Davi: Sou eu algum cão, para vires a mim com paus? E, pelos seus deuses, amaldiçoou o filisteu a Davi (1Samuel 17.43).
Pelos seus deuses – amaldiçoou a Davi– Irmãos, o que influenciava a visão do Golias era que a sua cosmovisão era construída a partir de uma realidade diferente daquela que o Deus Vivo constrói na mente de seus filhos. Golias pensava de uma maneira diferente do que Deus esperava de seus filhos. A grande diferença é que a realidade de Golias era controlada por uma percepção equivocada de mundo. Por isso, a conclusão que ele tinha da realidade era um grande erro. 
Caros irmãos, precisamos tomar muito cuidado com o que realmente controla a nossa visão de mundo. Deus chama Israel a ver a realidade que não está na superfície como uma maneira de se viver. Em outras palavras, tome muito cuidado com a superficialidade das aparências. O cristão não usa armas e luta suas batalhas com os instrumentos da superficialidade. 

O Homem de Deus Luta Com as Armas Que o Fazem Viver Com Deus e Rejeita as Armas e Métodos Mundanos

Um dos grandes perigos da vida neste mundo é que confundamos o que é a nossa vida. Não existimos apenas para sobreviver neste mundo e ou construir nossos sonhos. Estamos aqui para que tudo o que viermos a realizar seja feito para a glória de Deus. Davi compreendia completamente isto. 
Davi, porém, disse ao filisteu: Tu vens contra mim com espada, e com lança, e com escudo; eu, porém, vou contra ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado (1Samuel 17.45). 
Davi, porém, disse ao filisteu– o texto propõe um contraste de visão de mundo. Davi fez a avaliação de que Golias confiava nas suas armas e no poder de sua própria força. Golias acreditava que sua realidade material era tudo o que poderia decidir aquela batalha. Mas Davi caminhava por fé. Era a sua crença na realidade transcendente de Deus que o movia naquela batalha. 
Eu vou contra ti em nome do Senhor dos Exércitos– Davi tinha uma percepção de que Deus operava na sua realidade e aquela luta não era decidida no campo da simples materialidade, senão que existe um poder que controla os poderes deste mundo. Deus era uma realidade naquela guerra e Davi estava confiante, tinha fé em Deus. 
A quem tens afrontado– Uma das certezas que conduziu Davi nesta batalha era o fato de que Golias estava batalhando contra o Deus Vivo e claramente era Golias que estava em lugar errado e em perigo. 
Não precisamos temer o mundo. Maior é o que está ao nosso lado, diz a Escritura. Não precisamos temer os homens que matam o corpo, mas a Deus que pode nos lançar no inferno. Irmãos a realidade do povo de Deus é que ele caminha neste mundo ao lado de quem realmente pode livrá-lo e cuidar eternamente de sua alma. 
Davi não tinha completa certeza de que iria acertar o Gigante, mas sabia que o Gigante estava do lado errado e ele, DAVI, caminhava ao lado da verdade. Do Deus verdadeiro. Golias afronta este Deus e não poderia se livrar de estar fazendo o que era complemente errado. 
Todas as vezes que nos permitimos usar armas do mundo apóstata, estamos caminhando como Golias e vivendo do lado errado da verdade. O cristão quando empreende a luta da vida, se vale apenas daquilo que o faz estar ao lado de Deus e na companhia do Santo Senhor da Vida.
O Homem de Deus Luta Com as Armas Que Revelam ao Mundo Quem é o Seu Deus

Jesus, no Sermão da Montanha, diz que quando a nossa luz brilha neste mundo, os homens glorificam a Deus que está nos céus. O princípio por detrás desta palavra de Jesus é que Deus escolheu revelar-se ao mundo através da obra que Ele realiza em e através da vida dos seus servos. O modo como vivemos, as armas que usamos para vencer falam muito sobre o Deus que controla a nossa vida. 
NO texto, nos versos 46 e 47 há uma ênfase na ideia de que todos “saberão” quem é o Deus de Davi e o Deus de Israel. 
Hoje mesmo, o Senhor te entregará nas minhas mãos; ferir-te-ei, tirar-te-ei a cabeça e os cadáveres do arraial dos filisteus darei, hoje mesmo, às aves dos céus e às bestas-feras da terra; e toda a terra saberá que há Deus em Israel (1Samuel 17.46). 
Toda a terra saberá que há Deus em Israel– Meus irmãos, Davi não lutava apenas para vencer o Gigante. Ele não empreendeu aquele esforço apenas para tornar grande o seu próprio nome. O coração de Davi lutava para que as pessoas soubessem que havia um Deus em Israel. 
Você vive para quem? Quem você deseja que as pessoas conheçam quando olham para você e para a sua vida? Este é o ponto de mudança que precisamos trabalhar. 
Saberá toda esta multidão que o Senhor salva, não com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará nas nossas mãos (1Samuel 17.47). 
Saberá toda esta multidão que o Senhor salva– Toda a multidão a que Davi se refere parece envolver também o próprio povo de Israel. Davi sabia que o seu povo precisava ser renovado na sua confiança em Deus. A guerra é do Senhor e não somente dos seus filhos. Por isso, Davi sabia que todos saberiam que Deus estava com ele. 
Não com espada nem com lança– as armas que provam que Deus é Senhor tem muito mais a ver com a fé que desenvolvemos neste mundo do que com os instrumentos que o mundo tenta por em nossas mãos. Devemos nos lembrar que Saul ofereceu suas armas, sua armadura e Davi escolheu algumas poucas pedras e sua funda. 
O ponto que precisamos considerar é que Deus é conhecido neste mundo através do modo como nós vivemos para a sua glória neste mundo, pelos métodos que empreendemos para realizar a nossa vida e para vencer neste mundo. A verdadeira vitória que podemos ter neste mundo é a de confiar em Deus, a nossa fé. 
Essa é a vitória que vence o mundo a vossa fé (1João 5.4)   
Deus nos chamou a viver pela fé: O JUSTO VIVERÁ POR FÉ. A fé é o que leva o maligno ao chão.

O Homem de Deus Luta Com as Armas Que o Levam a Vencer e  Prevalecer Contra o Maligno

AS PORTAS DO INFERNO NÃO PODEM PREVALECER CONTRA A IGREJA – Essa expressão de Cristo tem a intenção de ir além da ideia comum de que a igreja irá sobreviver apesar da força do Maligno neste mundo. Ela aponta para o fato de que a força da IGREJA DE CRISTO é suficiente para derrubar as fortalezas do inimigo e levar a Igreja à Vitória contra o mal.
Os versos finais da passagem de que escolhemos para esta noite nos relatam que Davi foi em direção à Golias e o feriu mortalmente. Após derrubar o gigante com sua funda e uma pedra, Davi se lança a cortar a cabeça do Gigante com sua própria espada e diante disto, os filisteus se colocam em retirada. Eles que estavam tão confiantes, viram que há um Deus em Israel e que este fez do jovem ruivo, com uma funda e uma pedra o grande vitorioso. 
Correu ao encontro do filisteu– o verbo hebraico indica uma ação enérgica da parte de Davi, ele não simplesmente foi na direção do gigante, mas correu, se empenhou em alcançar a distância correta para o seu tiro. Não se trata da técnica ou do domínio da funda, mas da disposição do coração do homem que Deus havia escolhido para ser o modelo para todo o Israel. 
Caiu com o rosto em terra– creia irmão, quando um crente tem fé, quando confia no seu Deus e não teme o Maligno e se esforça por viver para trazer glória ao nome de Deus, ele revela ao mundo quem é o SENHOR DOS SENHORES, O REI DOS REIS, ELE REALMENTE MOSTRA QUE EM CRISTO SOMOS MAIS QUE VENCEDORES. O mundo não pode resistir a um homem que luta para a glória de Deus. Ainda que tirem a nossa vida, não podem nos matar, porque quando somos leais, fiéis, nosso exemplo fica vivo. 
Assim, prevaleceu Davi contra o filisteu, com uma funda e com uma pedra, e o feriu, e o matou; porém não havia espada na mão de Davi (1Samuel 17.50). 
Não havia espada na mão de Davi– o contraste que o autor queria que ficasse claro é que homem segundo o coração de Deus lutou e venceu o inimigo na força do Senhor e com as armas que o Senhor lhe dera. Sua maior arma, foi o seu coração cheio de fé. Ele não precisou de armas mundanas para vencer, aliás, ele sabia que a vitória de quem está ao lado do Senhor é sempre certa. 
Vendo os filisteus que era morto o seu herói, fugiram– Este é o ponto, meus irmãos, estamos aqui para envergonhar o mundo que jaz no maligno e vencer suas pretensões com a força que o supre. 
Precisamos encarar a grande tarefa de limpar o Jardim de Deus e protege-lo do mal. Precisamos ser a igreja que trará luz às trevas deste mundo maligno. O homem de Deus luta e usa armas que Deus dá com um objetivo: TRAZER LUZ AO MUNDO EM TREVAS. 


Conclusão
A igreja precisa recuperar a ousadia de confiar no caminho do Senhor, precisa retomar a estrada e a simplicidade do Evangelho. Só a Fé, Só a Graça, Só Cristo, Só a Escritura e Só a Deus a Glória!! 
Caros irmãos, precisamos de homens que estejam assim dispostos a fortalecer suas vidas em Cristo e a crescer na fé. Homens e mulheres que estejam dispostos a construir uma relação íntima com Deus. Precisamos de famílias que queiram ser lares que apontem para a glória de Deus. Precisamos de modelos, precisamos de janelas para o Reino de Cristo e isto só pode acontecer através da nossa vida. 
Precisamos de pessoas que queiram ser segundo o coração de Deus e empreendam esforços para que Deus seja exaltado, para que o mal seja lançado fora do caminho do nosso país, homens que não sejam guiados pelo mundanismo da superficialidade, mas estejam dispostos a começar no mais profundo do seu coração um esforço. 
O efeito mais profundo da vitória de Davi foi o reavivamento da fé e do coração de Israel. 
Então os homens de Israel e de Judá se levantaram, e jubilaram, e perseguiram os filisteus até Gate e até às portas de Ecrom... (1Samuel 17.52). 
Estamos falando de contágio de coragem, de força, de virtude. Para isso, alguém precisa tomar a decisão de estar nas mãos de Deus. Você precisa sair do comum e de entre as fileiras tímidas de uma vida dúbia e adentrar o campo da batalha da fé. 

O efeito da vitória de Davi foi a renovação do coração do povo de Israel

12 de agosto de 2018

1 Samuel 1.1-18 - Primera Iglesia Presbiteriana de Santiago

O Reino de Deus e as Minhas Lágrimas 
1 Samuel 1.1-18
(Sermão Pregado na Primeira Iglesia Presbiteriana de Santiago – Chile – Agosto 2018)


Introdução

Nem sempre nos damos conta de que Deus está realizando a sua vontade nas menores e menos significativas ocasiões. A História é a realização dos planos eternos de Deus e estes nunca se resumem aos acontecimentos em si, senão que sempre estão inseridos no projeto maior de nosso Deus que é conduzir filhos à glória eterna. 
A história que temos diante de nós é de uma pessoa comum, uma mulher simples, de uma família comum que viveu um drama comum, mas as Escrituras nos mostram que Deus usou episódios comuns e pessoas comuns para fazer a sua vontade rica e soberana produzir o mais belo plano de amor. 
Irmãos, a leitura dos livros de Samuel, Rute, Juízes exige uma visão direcionada para a monarquia israelita. Em outras palavras, precisamos lembrar que estes livros estão inseridos nas Escrituras para servirem como pano de fundo para a chegada do período do Reino de Davi, o melhor e mais completo tipo do reinado eterno do Messias.
Os dois primeiros capítulos do Primeiro Livro de Samuel têm uma personagem principal e ela se chama Hanna. Hanna é uma mulher, como eu disse, simples e comum e sua história muito bem poderia ter passado despercebida, não fosse o fato de que Deus desejara usar essa história para ser o caminho da realização de um grande plano de Deus. 
Mas estes momentos mais simples, corriqueiros, pouco importantes para os livros de história, ou mesmo a história dos homens mais comuns, dos milhares e milhares de homens e mulheres que foram apenas pequenas figuras, que a maior parte das pessoas não se lembrará dos nomes, mesmos estes pequenos nomes e momentos da vida de alguém tem um valor enorme e a mão poderosa de Deus agindo. 
Hanna – AGRACIDADA ou FAVORECIDA – uma mulher atribulada, vivendo seus dramas pessoais, suas frustrações, tristezas, enquanto Deus trabalhava no silêncio. Ela não sabia, mas enquanto sua vida atribulada segue o seu curso, Deus agia preparando o caminho do seu Rei, no caso Davi, o homem segundo o coração do Senhor.  Esta é uma das mais importantes lições que precisamos aprender com a história desta mulher singular, realmente agraciada, que Deus usou para ser veículo de sua obra graciosa neste mundo. 
Ela não sabia que Deus estava usando sua própria tribulação para moldar a história. Ela não podia saber disto, mas estava pronta a reagir de forma correta diante de sua própria tribulação. 
Caros irmãos, temos perdido uma grande oportunidade de desfrutar da graça de Deus, quando desprezamos a importância de cada dia da nossa vida e do que Deus está fazendo, por meio das menores e aparentemente mais insignificantes passagens. 
A história de Hanna apresenta apenas um drama familiar e pessoal, mas aponta para um Deus, Senhor da história, fazendo sua vontade prevalecer e o seu favor chegar aos homens com o surgimento da grande monarquia messiânica, da qual Jesus é o grande alvo. 
As lágrimas de Hanna a levaram ao templo e a uma postura de fé e esta fé a levou a uma decisão e essa decisão foi usada por Deus para trazer à luz a história do jovem Samuel, um dos mais respeitados líderes e por meio dele, Deus gerou uma importantíssima mudança na nação israelita, levando o povo que vivia de forma volúvel e desequilibrada a uma sólida relação com Deus, baseada num governo segundo o Coração do Senhor. 
As LAGRIMAS de Hanna foram transformadas na GRAÇA DE DEUS. Caros irmãos, o que devemos ter em nossa mente é que nosso Deus pode estar usando os nossos dias mais com e até os nossos momentos mais sofridos para fazer a sua vontade prevalecer e escrever a história da grande obra da redenção.


Deus é Soberano Para Nos Levar às Lágrimas Mesmo Que Sejamos Pessoas Leais

A descrição que temos nos primeiros versículos nos dão levam a atentar para uma família normal daqueles dias, com ingredientes muito positivos, mas que precisavam ser levados às lágrimas porque Deus os queria preparar para usar em sua obra.
Havia um homem de Ramataim-Zofim, da região montanhosa de Efraim, cujo nome era Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliú, dilho de Toú, filho de Zufe, efraimita (1Sm 1.1). 
Elcana um homem comum e honrado– o que se destaca no verso 1 é que este homem era um homem comum. O nome Elcana, significa: Deus o Criou ou Deus é o seu possuidor, mas isso só mostra para um fato que todos nós também podemos dizer de nós. Ou seja, Elcana era apenas um homem comum, sem nenhum parentesco com qualquer dos nomes famosos. Contudo, era um homem honrado, que tinha uma postura de marido e homem de fé que pode ser observados nos versos seguintes. 
Tinha ele duas mulheres, uma se chamava Ana e a outra Penina. Penina tinha filhos, Ana, porém, não os tinha. Este homem subia da sua cidade de ano em ano a adorar e a sacrificar ao Senhor dos Exércitos, em Silo. Estavam os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, como sacerdotes do Senhor. NO dia em que Elcana oferecia o seu sacrifício, dava ele porções deste a Penina sua mulher, e a todos os seus filhos e filhas. A Ana, porém, dava porção dupla, porque ele a amava, ainda mesmo que o Senhor a houvesse deixado estéril (1 Sm 1.2-5). 
Ele era um homem de vida com Deus e uma atitude muito positiva diante de Ana, que apesar de não ter filhos, não causou no coração do seu marido nenhum tipo de repúdio. 
Ana uma mulher de fé e paciência– Quando olhamos para o modo como o texto se refere a Hanna o que podemos notar é que se tratava de uma mulher piedosa, que estava disposta a trazer à sua família alegria e se segurava ao Senhor em suas maiores tristezas. Apesar das provocações de Penina, não vemos uma reclamação de Hanna, mas apenas uma decisão, buscar a solução em Deus. 
A sua rival a provocava excessivamente para a irritar; porquanto o Senhor lhe havia cerrado a madre. E assim o fazia de ano em ano; e todas as vezes que Ana subia à Casa do Senhor, a outra a irritava, pelo que chorava e não comia. Então, Elcana, seu marido, lhe disse: Ana, porque choras? E porque não comes? E porque estás de coração triste? Não te sou eu melhor que dez filhos? (1Sm 1.6-8). 
O quadro não é um desenho de revoltas, de lutas, de rixas, de problemas, mas em geral o quadro nos mostra uma família leal que se vira bem com suas dificuldades pessoais e familiares. No entanto, apesar de sua capacidade de lidar bem com as dificuldades e de estar ao lado de homem bom e leal, Hanna é levada às lágrimas, porque Deus quer usar estas lágrimas para leva-la a escolher no futuro um caminho de graça. 
Famílias honradas, pessoas leais, quadros de vida boa diante de Deus, piedade cristã verdadeira, estas coisas são muito boas, mas estas coisas não impedirão que Deus nos leve às lágrimas, se ele quiser tais lágrimas para nos conduzir a caminhos melhores. Você precisa considerar suas lágrimas também neste contexto.
Deus não possui nenhum compromisso com nossa lealdade, seu compromisso é em usar nossa vida para cumprir seus propósitos. Precisamos começar a sentir esta paixão, a de sempre estar fazendo parte de algo que Deus irá usar para realizar a sua vontade e cumprir seus propósitos eternos. 
Precisamos deixar de lado a presunção pessoal de que é o nosso reino pessoal que interessa. O que realmente interessa é que Deus usa a nossa vida e as nossas coisas para fazer a tua obra. A importância desta história não se resume ao fato de Deus ter dado a Ana um filho, mas que Deus a levou às lágrimas para cumprir seus propósitos. 
Então, não pensemos que nossa conduta, nossa história perfeita, nossa fé ou qualquer outra boa qualidade que tenhamos fará Deus nosso refém. Ele nos tem em suas mãos e nossas vidas lhe pertencem e por isso, pode usar seus vasos como bem entender e o melhor é nos sentirmos felizes em servir assim a nossa Deus.  


Quando a Vontade de Deus Nos Levar às Lágrimas Deixemos Nossas Lágrimas Nos Levarem a Deus

Os versos 9 a 11 focam em Hanna e na sua petição diante de Deus. Enquanto muitos, diante das tribulações se tornam amargos e se afastam de Deus, Hanna procura em Deus um refúgio em meio à tribulação. 
Após terem comido e bebido em Silo, estando Eli, o sacerdote, assentado numa cadeira, junto a um pilar do templo do Senhor, levantou-se Ana, e com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou abundantemente (1Sm 1.9-10). 
Levantou-se Hanna e orou ao Senhor – enquanto Elcana aproveitava o momento do sacrifício e a porção que era dada às famílias para comerem, depois da refeição pascal, Hanna se levantara e fora orar. Nesta hora, era o momento em que Penina a irritava e a procurava desestabilizar. A constante tribulação que Penina lhe impunha, levava Hanna à amargura, mas ela buscava o Senhor. 
Hanna Chorava abundantemente– a oração não eliminava do coração de Hanna a tristeza, não significava que a oração era para a busca do alívio, ou que ela se refugiava na oração em si. Ao contrário, mesmo orando, ela ainda carregava no coração uma profunda tristeza e um grande peso. 
Um detalhe do texto que às vezes nos esquecemos é que isto acontecia de “ano em ano”. Ou seja, possivelmente, alguns anos este caos pessoal se repetia. Imagine com o passar dos anos o quanto isto tudo era pesado e cada vez mais pesado. Muito bem, o que texto tenta nos mostrar era uma mulher que buscava no templo a presença de Deus e estava disposta a pagar o preço de sua luta. 
E fez um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos, se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, e lhe deres um filho varão, ao Senhor, o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha (1Sm 1.11).  
Deus estava moldando o coração de Hanna- As lágrimas de Hanna a levaram a Deus e a levaram a este voto. Não sei como em geral Hanna lidava com sua amargura no templo. Mas desta vez, ela foi conduzida a pensar em dizer algo para Deus. A teologia do pedido de Hanna nos dá um sinal claro da fé que sustentava essa mulher. 
Senhor dos Exércitos– Ela sabia para quem estava vivendo e quem lutava por ela. O Senhor dos Exércitos era aquele que estava à frente dos exércitos de Israel e nas grandes lutas do povo havia dado a vitória. Era este o Deus para quem Hanna vivia.
Se benignamente atentares para a aflição da tua serva e de mim te lembrares – irmãos, o que temos aqui é uma pessoa que esta disposta a se entregar totalmente à vontade de Deus. Ela não impõe nada a Deus, mas suas lágrimas à levam a um Deus que comanda a sua vida. Ela sabe que só a graça de Deus é quem a pode livrar de suas aflições. Ela parece seguir a receita do povo de Deus que estava no Egito, cuja a mensagem de Deus para Moisés é que o Senhor viu a aflição do seu povo e ouviu o seu clamor e se lembrou de Israel. Hanna, a este mesmo Deus orou e dele buscou a graça. 
Se me deres um filho eu o darei ao Senhor todos os dias– Hanna sabia que Deus era a fonte de todas as bênçãos e desejou que sua bênção deveria servir ao Senhor. Isso é um ponto que valeria a pena pararmos para pensar muito bem e repensar muito sobre muita coisa que temos pedido e esperado de Deus. 
Caros irmãos, as lágrimas levaram Hanna a Deus e não a si mesma. O Deus ao qual as suas lágrimas a levaram era um Deus vivo, verdadeiro, gracioso e Senhor de todas as coisas. Hanna conhecia bem o Deus a quem buscava.
Meus irmãos, no final de tudo o que importa é o modo como nossas lágrimas nos levam a Deus e o quanto estamos dispostos a encontrar somente Deus nas nossas bênçãos.
Algumas vezes, crentes permitem que suas lágrimas e suas dores o levem para longe da vontade de Deus. Estão tão concentrados em si mesmos e tão focados em seus reinos pessoais, que não conseguem desenvolver musculatura na sua fé para viver seus dias mais amargos para Deus. Este tipo de vida não é a que Deus deseja para seus filhos. 

A Vontade de Deus Nos Leva às Lágrimas e nos Ajudam a Encontrar a Esperança

O Reino de Deus virá sobre nós por meio de uma história que Deus está realizando em nosso dia a dia. Hanna não sabia, mas Deus estava trabalhando enquanto suas dores estavam desestabilizando o seu coração e suas tristezas a levaram à oração e à buscar a Deus. Deus estava preparando o seu coração para entregar a sua benção para servir ao próprio Deus. 
Demorando-se ela no orar perante o Senhor, passou, Eli a observar-lhe o movimento dos lábios, porquanto Hanna só no coração falava seus lábios se moviam, porém não se lhe ouvia voz nenhuma, por isso, Eli a teve por embriagada. E lhe disse: até quando estarás tu embriagada? Aparta de ti esse vinho (1Sm 1.12-14). 
Meus irmãos, o mistério do que Deus está fazendo através dos eventos da nossa história de vida é algo escondido, às vezes de todos até dos que estão ao nosso redor. O próprio Eli não sabia o que estava acontecendo. 
Não se ouvia a voz de Hanna– precisamos muito prestar atenção neste comportamento de Hanna. Humildemente buscava em Deus refúgio para a sua tristeza. Ela não precisou gritar ou se desesperar diante de Deus, apenas derramar em silêncio e segredo o seu coração diante do Pai. 
Porém Hanna respondeu: Não senhor meu! Eu sou mulher atribulada de espirito, não bebi nem vinho nem bebida forte, porem tenho derramado a minha alma perante o Senhor. Não tenhais, pois, a tua serva por filha de Belial; porque pelo excesso de minha ansiedade e da minha aflição é que tenho falado até agora (1Sm 1.15-16). 
Mulher atribulada e tenho derramado minha alma perante o Senhor– meus irmãos aqui estamos diante de alguém que busca sua saída no Senhor. Ela não foi compreendida pelo próprio Eli e isso não foi um motivo de desestimulo, pelo contrário, ela tinha clara para si sua situação e o Deus em quem buscava alguma esperança. A ansiedade e a aflição a conduziu a Deus e nele agora ela esperava o tempo todo. 
Então, lhe respondeu Eli. Vai-te em paz, e o Deus de Israel te conceda a petição que lhe fizeste. E disse ela: Ache a tua serva mercê diante de ti. Assim, a mulher se foi seu caminho e comeu, e o seu semblante não era triste (1Sm 1.17-18). 
Uma mudança na cena de Hanna é muito clara nestes versos finais. Eli percebeu o que aquela mulher atribulada estava buscando e deu-lhe uma palavra de incentivo. Esta palavra de incentivo, mudou a feição do seu momento e sua própria face. Descansar em Deus renovou a sua esperança. 
Nossas lágrimas deveriam sempre nos levar a Deus e Deus nos levar à vida cheia de esperança. Precisamos muito saber que vivemos debaixo das mãos de um Deus vivo que não se esquece de nós, que não nos abandona e que agora mesmo, enquanto tantas são as suas lágrimas está te moldando e fazendo o seu coração se inclinar para ele. 

Conclusão
Na prática é assim que o Reino de Deus vai se formando na nossa história, por meio dos eventos mais simples e por isso, cada dia conta, cada pequena parte do dia conta. Tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados segundo o seu propósito. 
De alguma maneira, cada dia que Hanna foi ao templo, culminou em um dia em que o seu coração fez um voto. Cada uma das vezes que Penina a irritava colaborou para que ela chegasse a pensar em devolver a sua benção para servir a Deus. Cada vez que seu marido foi compreensivo fazia parte da construção do dia em que ela decidiu que Deus seria a sua esperança. 
Meus irmãos, este tipo de crente é o que faz realmente a diferença neste mundo. Gente que não está preocupada em grandes acontecimentos da fé, mas que dá atenção aos pequenos momentos.
Outro ponto, não deixe as tristezas te levarem para longe de Deus, isso não é bom e não é sábio. Deixe suas lágrimas te conduzirem a Deus! Deixe que Deus seja alcançado no seu coração, por meio de tudo o que ele pode fazer mesmo em dias difíceis.