21 de maio de 2017

1 Coríntios 15.35-49

A União do Temporal e do Eterno na Vida Cristã
1Coríntios 15.35-49



Foco da Nossa Condição Decaída
Contra o erro de imaginar que a presente vida é destituída de algum valor verdadeiro em face da chegada da Vida Eterna em Cristo, Paulo vem trabalhar o conceito de unidade vital entre o Eterno e Temporal na vida cristã. A atitude de unidade entre estes dois pólos conduz o crente a viver na vida temporal os valores superiores da eternidade e desta forma o mundo é marcado por um modo de vida que faz a vida temporal também valer a pena.

Introdução
Muito cedo no cristianismo alguns pensamentos errôneos tomaram conta do comportamento da vida cristã. Um destes erros, um pouco depois da morte dos apóstolos, veio a ser conhecido como “gnosticismo”.
O gnosticismo, entre tantas características, aprofundou um sentimento de “desvalor” pela vida cristã natural e levou crentes a viverem numa perspectiva de falta de compromisso com os valores do dia a dia do Evangelho. Para os gnósticos, o cristianismo verdadeiro seria aquele vivido após a morte ou quando Jesus Cristo voltasse, o cristianismo da vida eterna.
O efeito deste modo de pensar foi duplo: em primeiro lugar, algumas pessoas passaram a não ver valor na vida e de certa maneira viver de forma muito pobre e desanimada a sua relação com Deus, e outros, começaram a assumir compromissos com o pecado, uma vez que, para eles as coisas que aconteciam nesta vida, nada importava com o futuro, pois o que realmente contava eram os valores da “alma eterna”.
Claro que, de certa maneira, este pensamento ainda perdura hoje, quando percebemos que existem pessoas que não conseguem entender a necessidade de viver a vida cristã natural de forma elevada, pensando que ela é um prenúncio da vida eterna, uma espécie de ante sala da eternidade. Em geral, muitas pessoas vivem uma certa desconexão entre os valores espirituais e naturais, entre as coisas temporais e as eternas e vivem em mundo dicotomizado, isto é, dividido em dois, comumente chamando-os de “profano” e “sagrado”, “material” e “espiritual”.
Para quem divide a vida desta forma, parece que as regras e necessidades de um mundo nada tem a ver com o outro e vivem uma espécie de licença mental para viver um modelo de modo diferente do que vivem o outro. Então, alguém com muita espiritualidade no culto, acha que pode usar as regras mundanas para vender um carro ou adquirir uma casa; outros, acreditam que quando estamos na igreja precisamos de reverência, mas que não há nenhum problema em ser um piadista baixo nas redes sociais, desde que o pastor não acompanhe as minhas postagens.
O maior problemas destas pessoas é que elas não conseguem desfrutrar adequadamente da oportunidade que todos nós temos neste mundo caído: o de usar este mundo como um desafio e uma escola para fortalecer nossos laços e predisposições para coisas gloriosas e eternas.
Convido você, meu irmão, a adentrar este texto com uma mentalidade de unidade entre temporal e eterno, sacro e profano, natural e espiritual, dando à sua vida contornos de unidade e fazendo nesta vida, tudo aquilo que te prepara e faz desfrutrar aquele que ainda há de vir, quando Cristo voltar.

A União entre o Temporal e o Eterno Revela a Unidade das Duas Esferas Permitindo Que a Glória da Segunda Confira Direção à Primeira
Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? E em que corpo vêem? Insensato! O que semeias não nasce, se primeiro não morrer; e quando semeias, não semeais o corpo que há de ser, mas o simples grão, como de trigo ou de qualquer outra semente (1Coríntios 15.35-37).
A pergunta que Paulo usa para introduzir a questão revela como os crentes de Corinto tinham dificuldade para pensar na unidade entre temporal e eterno. Claro que como bons gregos, os coríntios tinham uma concepção muito elevada da vida futura, especialmente, porque, de alguma maneira, eles pensavam que o corpo é uma espécie de prisão da alma e, portanto, quando a morte vem para um homem ela o liberta do cativeiro do corpo.
Por outro lado, eles conheciam a doutrina da ressurreição do cristianismo e, não sem muita luta, os que criam desta forma, também tinham que responder como o corpo, sendo uma prisão, poderia ser ressuscitado? NO final das contas, era mais cômodo para muitos que tinham de responder a estas questões trabalhar com uma ideia de DESCONTINUIDADE entre a vida temporal e a eterna.

Como ressuscitam os mortos? E em que corpo vêm? – As perguntas que eles faziam apontava para sua dificuldade e Paulo, neste trecho, está trabalhando o conceito de unidade entre a vida temporal e a eterna. Mas, ele precisa que eles saibam que, embora elas sejam interligadas e estejam completamente unidas de forma vital, ou seja, trata-se da mesma vida em fases diferentes, eles deveriam saber que a vida eterna é de caráter superior, porque é uma espécie de progressão e não interrupção da vida natural.

Insensato – Paulo está recriminando a forma dividida que eles pensavam a vida. A postura do apóstolo mostra que eles não tinham uma dúvida, mas sua pergunta revelava uma posição longe do princípio da Escritura.
Em outras palavras, Paulo está lhes apontando a ideia de que precisam ter senso de direção para a vida natural e a direção é a construção de valores que combine com a vida eterna. Para explicar este ponto ele usa a ideia de uma semeadura.

O que semeias não nasce se primeiro não morrer – Paulo começa falando sobre o modo como as sementes se transformam em árvores. Elas são simples sementes plantadas, mas antes de brotar elas precisam ser rompidas pela próprio morte da semente, o rompimento da sua casca. Paulo está dizendo que uma fase, necessariamente precede a outra. No caso da vida humana, não chegaremos à eternidade sem primeiro a luta da vida presente.

Quando semeias, não semeias o corpo que há de ser, mas o simples grão – Veja não conseguimos desfrutar da eternidade e dos valores, glórias e alegrias, sem que primeiro viva as dificuldades e os problemas do tempo presente.

O que Paulo está expondo aqui é que precisamos aprender a lidar com a vida temporal neste primeiro estágio, sabendo que ela deve colaborar para que a vida eterna surja naturalmente sobre nossa vida. A semente não brota se não morrer, você não nasce para a vida eterna se não cumprir adequadamente as etapas da vida presente.

Em lugar de ficar reclamando e vivenciando todas as coisas sem propósitos e de forma perdida, como se a vida não tivesse nenhuma direção ou propósito, ou como as coisas da sua vida fossem aleatórias, Paulo está nos conclamando a perceber que Deus, nesta vida, nos proporciona uma preparação adequada para a vida vindoura. Paulo pensa que esta mentalidade de continuidade pode dar à vida humana sentido, isto é, uma direção a seguir.

O crente que sabe que pode viver por todas as coisas com esperança, melhor do que só viver esperando que a eternidade chegue, ele faz de cada momento uma oportunidade para se preparar e adequar melhor para a vida vindoura.

A União entre o Temporal e o Eterno Revela a Unidade das Duas Esferas Regida e Determinada Pela Soberania de Deus
Mas Deus lhe dá corpo como lhe aprouve dar e a cada uma das sementes, o seu corpo apropriado (1Coríntios 15.38).
Claro que o nosso maior problema tem a ver como o modo como vivemos a vida presente e, de certa forma, este é ponto que realmente importa neste momento, afinal, como é que vou vivenciar a realidade atual, preparando-me para a eternidade?

Paulo, então, precisa trabalhar o conceito de que Deus é quem nos dá a realidade presente e futura, conforme o seu querer. Este era um aspecto que nem todos os crentes de Corinto estavam compreendendo. Por exemplo, muitos deles não compreendiam realmente o papel dos dons que Deus nos dá na presente vida e tinham dificuldades com as diversificações, então, Paulo precisou escrever-lhes sobre o fato de que todos precisavam entender que nem todos tem os mesmos dons.

Deus dá o corpo da semente - Aqui, ele prefere apontar para as lutas da semente com as suas cascas. Uma é a casca do caroço de Abacate e outra é a casca do feijão. Eu não sou especialista em botânica, nem agricultor, então eu não saberia dizer qual é a casca que se rompe com maior facilidade, eu imagino que a do feijão. Então, a luta que a semente do feijão tem para fazer despertar o que será no futuro, um pé de feijão, é bem menor que a luta que tem a semente do abacate.

Como lhe apraz – este é o ponto! Você deve se lembrar que Deus é quem conduz o que você é. Portanto, não olhe para o tamanho das dificuldades ou as lutas que você tem de enfrentar para desenvolver em si mesmo os valores da eternidade. Deus é quem controla o que você precisa passar e o que deverá vencer.     

O seu corpo apropriado – eu gostaria de ser um botânico ou compreender um pouco melhor desta área do conhecimento para poder ilustrar melhor. Mas eu tenho uma ideia geral de que a casca do feijão e as características do que é o pé de feijão não poderia ser bem desenvolvido se estivesse dentro de um caroço como o de abacate e vice-versa. Assim como Maurício não poderia estar dentro do corpo de José e José no de Maurício. Nossa vida cristã e o que ela ainda há de ser está sendo desenvolvida dentro da semente mais apropriada possível.

Precisamos começar a pensar em nossa vida não como como uma coisa acidental, mas como um plano perfeito de Deus e nossa história não está separada do que somos. Ele escolheu o corpo, no sentido mais amplo possível do que isto pode significar, para lhe oferecer o melhor instrumento de transformação possível. O que você precisa aprender é viver e desfrutar desta perfeita ferramenta que é a sua vida e a sua história.
Nem toda a carne é a mesma, porém uma é a carne dos homens, outra, a do animal, outra, a das aves, e outra, a dos peixes. Também há corpos celestiais e corpos terrestres; e, sem dúvida, uma é glória dos celestiais e outra a dos terrestres. Uma é a glória do sol, outra, a glória da lua, e outra, a das estrelas, porque até entre estrela e estrela há diferenças de esplendo. (1Coríntios 15.39-41).
Precisamos aprender que a soberania de Deus conduz também as diferenças entre nós e precisamos aprender a não julgar uns aos outros por comparação. Nossa atitude é que devemos viver o que Deus nos dá e nossa comparação é a vontade dele para cada um de nós.

Não quero me deter muito neste ponto, porque preciso ir adiante. Mas usa como o exemplo a ideia de coisas que estão sobre a terra e coisas colocadas no firmamento, os corpos celestes e os terrestres, a comparação entre a carne do homem, do animal, das aves e dos peixes seguem na mesma direção.

A ideia de Paulo é que a glória de um não deve ser comparada com a glória do outro, não é assim que devemos considerar a vida, mas devemos considerar que Deus tem um propósito para o sol e outro para a lua, então um não tem mais luminosidade que o outro para competir com o outro. Imagine se a luz resolvesse competir com o sol e, hoje à noite, resolvesse brilhar do mesmo modo? Seria um caos e o mundo seria destruído em pouco tempo. Da mesma forma, somos diferentes para sermos harmônicos e nos completarmos. Assim devemos viver em família, na igreja e na sociedade. O importante é saber que existe propósitos eterno para o que somos e como somos.

A União entre o Temporal e o Eterno Revela a Unidade das Duas Esferas e Aponta Para a Necessidade de Nossa Vida Ser Uma Amostra Disto

Claro que o nosso maior problema tem a ver como o modo como vivemos a vida presente e, de certa forma, este é ponto que realmente importa neste momento, afinal, como é que vou vivenciar a realidade atual, preparando-me para a eternidade?

Os versos 42 a 47 formam uma unidade baseada em uma série de paralelismos. Você poderá notar isto facilmente. Estes paralelismos cedem espaço para os versos 48 e 49, onde uma declaração emite uma opinião sobre como lidar com estas verdades paralelas:
Como foi o primeiro homem, o terreno, tais também os demais terrenos; e, como é o homem celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial (1Coríntios 15.48-49).
Adão e Cristo – O “Nós Hoje” e o “Nós Eterno” – Pense que o pé de feijão, assim como o abacateiro são a continuidade da semente do feijão e da semente do abacate, assim também o que somos hoje está diretamente relacionado com o que seremos amanhã. Paulo, escrevendo aos Romanos, diz que a glória futura é decorrência do sofrimento do tempo presente, mas será muito melhor, o aperfeiçoamento do que somos hoje.
Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós (Romanos 8.18).
Na verdade, quando a planta nasce, floresce e dá fruto, o tempo em que ela era somente uma semente que precisava morrer para nascer pouco importa. Plantamos sementes, mas esperamos colher frutos, desejamos ter árvores no pomar é assim que pensamos e é assim que devemos encarar nossa própria vida.

Assim é a ressurreição - os paralelismos – Nos versos 42 a 47, os paralelismos nos dão conta de que são uma explicação sobre o processo da nossa ressurreição, que é o tema central de Paulo.
Pois, assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se na desonra, ressuscita na glória. Semeia-se na fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se o corpo natural, ressuscita corpo espiritual (1Coríntios 15.42-44a).
Um movimento é apresentado e é o de progressão. Primeiro o inferior e depois o superior, isto é importante ser notado. Precisamos lembrar que a nossa atual existência é um passo inferior da futura e ambas estão interligadas. A semente não é mais importante que a árvore, mas a árvore nasce da semente. Com certeza, o alvo é a árvore e o fruto, mas ambos precisam de uma semente bem cuidada.

Paulo está dizendo à igreja que é necessário que a igreja trabalhe a semente pensando na árvore e cuide da semente na intenção da árvore. Você precisa ver a sua vida da mesma forma. Alguns daqueles crentes desejavam viver as alegrias e glórias da vida futura, sem trabalhar que a vida presente aponte para isto.  

Este é um princípio simples da vida. Quem deseja ver o sol nascer, precisa acordar cedo o que implica em descansar cedo, ou pagar o preço de dormir menos. Assim devemos ser mais cuidadosos com a nossa vida cristã atual e plantar as coisas de acordo com nossas expectativas de colheita.
Ainda nos paralelismos, veja como Paulo liga Adão e Cristo. Na verdade, ele usa a ideia de primeiro Adão e último Adão.
Se há corpo natural, há também, corpo espiritual. O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante. Mas não é o primeiro espiritual, e sim o natural, depois o espiritual. O primeiro homem, formado da terra, é terreno; o segundo homem é do céu (1Conríntios 15.44b-47).
Claro que ele está falando da nossa velha natureza e da nova, está falando de quem somos em Adão e no pecado e quem somos em Cristo, na sua ressurreição e santidade. Precisamos nos comprometer, ainda em nossa casca de semente atual, com aquilo que devemos ser no futuro.

Ele concluirá esta etapa dizendo que do mesmo modo como carregamos a imagem de Adão e a sua malignidade do pecado, devemos carregar a santidade de Cristo, a sua imagem do que é celestial.
Ele diz que estes dois homens tem sua origem, um é terreno e o outro celestial, um natural e o outro espiritual. Aqui ele nos responsabiliza, dizendo que temos o dever de trazer em nosso viver natural, a imagem do viver espiritual de Cristo Jesus.  

Vestir – Ephoréssamen – Paulo usa um jogo de palavras importante no verso 49. Em nossa tradução temos: assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também o que é celestial. Ele usa o verbo “phoreu” (carregar, vestir, usar). Ele é usado em duas formas interessantes: assim como fomos vestidos, agora vistamos. O seu compromisso superior de progresso, que é o sentido deste ponto do texto é para como ÚLTIMO ADÃO e assim como você é capaz de revelar em você o Primeiro, porque foi vestido dele no pecado, agora, pois SE REVISTA DO ULTIMO.

Conclusão
Algumas vezes, vivemos de uma forma muito estranha e parece que estamos um pouco perdidos. O resultado é que parece que não encontramos muito espaço para a nossa vida com Deus neste mundo ou quando estamos aqui, parece que não vemos muito sentido para a nossa vida no mundo, dentro do nosso contexto espiritual. O que vemos é pessoas vivendo de forma dividida.
Enquanto você viver assim dividido sua vida não terá um real sentido, lhe faltará algo. Você não verá o mesmo Deus que parece ser um valor tão elevado e cheio de glória, presente no seu dia a dia, como se de alguma maneira estivesse privado de desfrutar de Deus no seu viver diário. Isso é terrível!! Você precisa mudar.
Paulo está nos propondo um modo de vida natural que seja um reflexo de nossa consciência espiritual. Um modo de vida que está baseado em algumas premissas:

1)    A vida natural deve ser dirigida pela percepção de que a segunda e eterna é uma direção para a qual devemos apontar tudo o que fazemos.
2)    A vida natural deve ser submetida à soberania de Deus e suas lutas naturais são resultados da melhor casca para que sua vida produza o melhor fruto. Deus sabe tirar o melhor de você e planejou fazê-lo.
3)    A vida natural não é um fim em si mesmo, devemos trazer a finalidade eterna como um projeto e começar a fazer os valores da eternidade presentes em cada gesto, declaração, escolha... precisamos desfrutar de prazeres da eternidade ainda vivendo aqui. ]

Desta forma que momento terá significado e cada momento será pleno de importância e, desta forma também, você descobrirá valor na sua presente existência e poderá revesti-la da mais gloriosa perspectiva de redenção e ressurreição. Você é alguém que ressuscitou com Cristo, embora ainda na casca, já pode se livrar da casca, por meio de uma mente que pense nos frutos e na árvore final.
Traga o eterno para a sua experiência natural.





20 de maio de 2017

Romanos 1.16-17

O Justo (Jovem) Viverá Pela Fé
CARACTERÍSTICAS DE UMA NOVA REFORMA PARA O SÉCULO XXI
Romanos 1.16-17
(Pregado no Dia do Jovem Presbiteriano – Universidade Presbiteriana Mackenzie – 20 de maio de 2017)

Introdução
Antes de começar nossa meditação, preciso conceituar o que acho grandemente importante: definir o que é Evangelho.
Evangelho é a boa nova. Uma mensagem que fala aos homens o que é a verdade, isto é, que fala de que este mundo não pode ser compreendido e desfrutado sem que Deus seja o centro dele. O Evangelho, como disse o profeta Isaías é boa nova que afirma: NOSSO DEUS REINA!!
Quão formosos são sobre os montes os pés do que anuncia boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação e diz a Sião: O teu Deus reina (Is 52.7).
Trata-se de um lugar comum nos estudos históricos da Reforma Protestante lembrar que Lutero foi desperto para a necessidade de reformar a igreja cristã quando leu a carta aos Romanos, em particular o capítulo 1, verso 17.
O mundo para o qual Lutero levou sua mensagem de Reforma girava em torno de um cristianismo mórbido, baseado na ganância humana, sustentado por um sistema corrompido de doutrinas que criou uma graça barata, sustentada nas obras humanas, onde a graça de Deus era administrada pela mediação do clero e de seus ensinos.
Romanos 1.16 e 17 foi uma bomba atômica, ou melhor ainda, uma dinamite (dunamis) de Deus no coração de Lutero. Por obra do Espírito Santo, os olhos do devoto monge agostiniano foram abertos e o mundo cheio de trevas se tornou iluminado. Deus o chamara poderosamente das trevas para a luz e agora o levaria a VIVER PELA FÉ.
Meus jovens presbiterianos, humildemente eu desejo que esta noite, este mesmo poder de Deus se derrame sobre nós. Desejo que Deus nos use para ser o mensageiro de uma mensagem para explodir o mundo em trevas que cercam muitos jovens e levar-lhes a perceber que as trevas de nossos dias voltaram a encobrir a superfície da terra e até mesmo o mundo evangélico e em muitos sentidos as famílias cristãs.
Acredito que seja necessário que novamente o Senhor levante Jovens Martinhos Luteros em nosso século XXI. Com certeza, nossos desafios, em muitos sentidos, são parecidos com os de Martinho Lutero. Afinal, assim como no século XVI, há 500, a maioria está cega e caminha em um terreno minado sem se aperceberem de que estão vivendo nas sombras. Contudo, penso que há uma diferença essencial nas trevas que nos cobrem, pois acredito que elas sejam bem mais espessas, pois até mesmo os cristãos, muitas vezes, estão enganados.
No século XVI, as pessoas tinham uma espécie de percepção errada da Escritura, pois dela viviam longe. Mas, na fila do pão, ou aguardando a carruagem, nas tabernas, as pessoas podiam perguntar se os santos eram ou não verdadeiros, se as indulgências levavam ou não ao céu, mas muito poucos, tinham qualquer dúvida comum sobre Deus. Em nossos dias, o que temos é um quadro apologético diferente. No século XXI, as pessoas discutem nos bancos das universidades, nas escolas de ensino médio e até mesmo nos bancos do ensino fundamental se o homem veio do macaco ou de um aminoácido. As trevas de nossos dias são tão espessas, que os homens nem mais se perguntam sobre o que perguntavam no século XVIII: Deus existe ou está morto?
EM NOSSOS DIAS PRECISAMOS DE UM POVO QUE MOSTRE AO MUNDO QUE SABE VIVER NO MUNDO DE DEUS, DO JEITO DE DEUS.
Esta noite, desejo graça de Deus para compartilhar com OS JOVENS PRESBITERIANOS sobre a necessidade de uma NOVA REFORMA e convoca-los a VIVER PELA FÉ. Espero poder falar das CARACTERÍSTICAS DE UMA NOVA REFORMA PARA O SÉCULO XXI.

Oração
Senhor Deus, és o Senhor da História e nós cremos que ages historicamente para revelar em seus filhos a sua glória. Pai, são tantos estes jovens que estão diante de tua Palavra esta noite, ajuda-nos a VER e DESPERTA-NOS para CRER e VIVER de maneira corajosa no teu mundo, do teu jeito. Pai, abra os céus sobre nós e derrama vida em nossos corações por meio do rico benefício da Tua Palavra. Em Nome de Jesus, o Senhor! Amém.

A Nova Reforma do Século XXI Será Realizada Por Meio de Justos (Jovens) Que Assumam Um Compromisso Ousado de Anunciar a Todos a Boa Nova da Verdade

Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego
O apóstolo Paulo tinha planos ousados de anunciar o Evangelho na Espanha. Ele, por conta deste plano, deseja expor aos crentes de Roma o seu conceito sobre o Evangelho, para que eles compreendam a visão de Paulo acerca das verdades que ele anuncia.
Por isso - Ele se apresenta como um anunciador do Evangelho de Deus, especialmente enviado para levar a verdade aos gentios, a mesma verdade sobre a vida anunciada pelos profetas, depositada em mãos dos judeus e que agora tinham sido reveladas aos gentios. Ele se refere a esta verdade como sendo “um mistério” oculto desde os tempos eternos, mas que na ressurreição de Jesus foi destina a ser pregada a todos os homens, primeiro ao judeu, mas também ao grego. Por isso, ele se apresenta agora para ser encaminhado nessa obra missionária. Por isso, o nosso texto é introduzido pelo termo “por isso”.  Ele disse no verso 15, que estava pronto para anunciar o evangelho até mesmo nas regiões de Roma.
Não me envergonho do Evangelho (epaiskhinomai) – Paulo reconhecia que o mundo ao qual estava apresentando o Evangelho via sua mensagem de uma maneira obtusa e não a compreendia. Quando ele disse “não me envergonho” estava afirmando a ideia de que não tinha nenhum medo em se identificar com a mensagem do Evangelho. O próprio Evangelho (euanghelion) era uma notícia na qual Paulo confiava. Ao definir a mensagem a ser pregada como “evangelho de Deus”, Paulo identifica essa mensagem com a mensagem dos profetas (verso 2), ele está falando do “Evangelho do Reino”, o mesmo anunciado por aqueles que proclamavam ao homem em rebeldia: O SENHOR REINA!! Evangelizar é o mesmo que dizer: DEUS EXISTE, DEUS REINA, ESTE MUNDO É DE DEUS!! Paulo não tem medo de se identificar com essa mensage!!
Irmãos, meus caros jovens, homens justos tem que se levantar com ousadia em nossos dias para assumir este compromisso.

A NOVA REFORMA DO SÉCULO XXI SERÁ REALIZADA POR JUSTOS QUE ASSUMAM O COMPROMISSO COM A BOA NOVA DA VERDADE: GRITE A TODOS OS LUGARES: MEU DEUS REINA!!!

Poder de Deus Para Salvação de todo aquele que crê – Aqui Paulo está dizendo que este compromisso é baseado em um entendimento de que o projeto de Deus é trazer todos os homens, judeus e gregos, das trevas para a luz. Este é o sentido mais importante da ideia de salvação: da morte para a vida. Claro que aqui precisamos definir o que é “poder de Deus para a salvação”, que é o mesmo que dizer que é o poder e a vontade de Deus de trazer o homem de viver em mundo de mentira e morte, para um mundo de Deus, o mundo de verdade. Viver na verdade é viver no mundo de Deus do jeito de Deus, isto é VIDA.
Precisamos de justos que assumam compromisso de anunciar com ousadia este conceito, BASEADO NA BOA NOTÍCIA: DEUS REINA!!!
A NOVA REFORMA DO SÉCULO XXI TEM ESTE DESAFIO PARA VOCÊ... PRECISARÁ DE PESSOAS DISPOSTAS A NÃO SE ENVERGONHAR E NÃO SE INTIMIDAR DE ASSUMIR ESTE PADRÃO DE ENTENDIMENTO DA EXISTENCIA... ESTE É O NOSSO DESAFIO NA ACADEMIA, EM UMA UNIVERSIDADE COMO ESTA, NOS BANCOS DAS ESCOLAS, NAS IGREJAS, NAS EMPRESAS, NA CIENCIA E NO DESENVOLVIMENTO DAS CIENCIAS MATEMÁTICAS, SOCIAIS PSICOLÓGICAS... PRECISAMO DE CONTRAPONTO DA VERDADE, NESTE MUNDO DE MENTIRA E O PODER PARA ISTO VEM DE DEUS...

A Nova Reforma do Século XXI Será Realizada Por Meio de Justos (Jovens) Que Conheçam os Valores de Uma Nova Ordem de Vida Baseada na Boa Nova da Verdade

Visto que a justiça de Deus se revela no Evangelho de fé em fé
Há pouco tempo fiz um estudo que se propunha a uma analise cristã sobre o desenvolvimento da arte. Temos bons livros sobre isto e, com certeza, “A Morte da Razão” de Francis Schaeffer é uma leitura obrigatória para o jovem crente. A arte pode ser uma maneira muito interessante de se perceber uma coisa fundamental na vida humana, que é o fato de que podemos ter muita elaboração teórica sobre a vida, mas no final das contas, o que realmente importa é: TODOS PRECISAMOS VIVER DE ALGUM MODO.
Quando Nietzsche propôs a “morte de Deus” e sublinhou com tons bem definidos a linha do desespero, isto é, um modelo filosófico que propunha o nada como resposta para vida, o que realmente aconteceu posteriormente foi que a sociedade também perdeu valores sólidos para a vida e como o importa é viver de algum modo, o homem moderno e agora pós-moderno ou ainda ultramoderno, é um ser em desespero, em busca de algum modo e não encontrando.
Mas isto não é novo! Paulo sabia que este processo iniciou com a entrada do pecado no mundo, quando a morte passou a reinar e a penumbrar a alma humana. O capítulo 1 de Romanos, a partir do verso 18 é um quadro sobre esta realidade:
Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem (Rm 1.32). 
Este verso é a conclusão de um trecho de uma descrição caótica de como os homens passaram a viver, por isso a ênfase na ideia de praticar e aprovar os que procedem, notem que é a ideia de um modo de vida. Que mesmo sabendo que não é bom, preferem insistir no erro. Paulo identificou essa morte presente no homem. Portanto, Nietzsche não foi o inventor da linha do desespero, nem conseguiu realmente matar Deus, mas foi apenas mais um a definir o que era a morte do homem, que era a morte de Deus para o homem.

Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho – O uso que a Paulo faz do termo “justiça” é bem peculiar. A justiça de Deus, como ele diz aqui é mais que apenas a retribuição final de Deus ao agir humano, Na verdade, a ideia de justiça na Bíblia está diretamente ligada ao modo justo de viver. Em geral, as Escrituras trabalham com o “andar em justiça”, que é o equivalente a viver de acordo com a Lei de Deus.
Aqui em Romanos, esta ideia está bem presente no uso que Paulo faz da Palavra de Deus. Por exemplo, no capítulo 6, ele diz: oferecer o corpo como instrumentos de justiça. Isto aponta para a ideia de não viver de modo ímpio, como o modo como é descrito no capitulo 1, detendo a verdade pela injustiça e cometendo abominações.
O evangelho é uma boa nova, isto é, a revelação de um modo de vida, baseado na verdade. A estrutura da criação é teocêntrica e teorreferente, ou seja, na verdade, vivemos no mundo de Deus. Este é um ponto muito importante para Paulo. A justiça que Paulo está propondo é equivalente a VALORES DE UMA VIDA BASEADA NA BOA NOVA DA VERDADE.
Meus jovens, precisamos de servos de Deus que tenham a CORAGEM, A OUSADIA DE CONHECER OS VALORES DE UMA NOVA ORDEM DE VIDA BASEADA NA VERDADE. Precisamos ter no horizonte de nossas ações a proposta de LEVANTAR UMA NOVA ORDEM DE VIDA, BASEADA NO EVANGELHO, NA VERDADE. PRECISAMOS APRENDER A VIVER NO MUNDO DE DEUS, DO JEITO DE DEUS. NOSSO DEUS REINA!!

De Fé em Fé (pisteon pistin) – Com esta expressão Paulo está propondo um amadurecimento. De fé em fé, ou literalmente, da fé para a fé. Ou seja de um estágio de entendimento para outro. Podemos crescer, aprender e desenvolver modelos de vida baseado numa ciência, num conhecimento que se desenvolve para construir uma visão de mundo baseado na verdade, isto é, NUM CONHECIMENTO DO MUNDO DE PARA DEUS PARA UM CONHECIMENTO MAIOR DO MUNDO DE DEUS, DO JEITO DE DEUS. NOSSO DEUS REINA!!

A Nova Reforma do Século XXI Será Realizada Por Meio de Justos (Jovens) Que Resolvam Viver Pessoalmente os Valores da Boa Nova da Verdade Custe o Que Custar

Como está escrito: O justo viverá por fé
Quando chamou os seus discípulos, Jesus lhes disse: vós sois a luz do mundo e não se pode esconder esta luz (...) brilhe a vossa luz diante dos homens para que veja as vossas boas obras e glorifiquem a Deus que está nos céus. Precisamos lembrar sempre que a melhor maneira de pregar o Evangelho é viver o a BOA NOVA. A luz que queremos fazer brilhar neste mundo não brilhará se nós não formos lâmpadas de luz viva.
Paulo declara a necessidade de conhecer a Deus, mas este conhecimento deve nos mover ao compromisso de VIVER A BOA NOVA. Por isso, no capitulo 11, ele declara sua alegria pela PROFUNDIDADE DO CONHECIMENTO DE DEUS. Mas completa a necessidade de que isso produz efeito em nós:
Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos, pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.1-2).
O Justo viverá por fé – Paulo está citando Habacuque aqui, o mesmo profeta que propôs que o povo de Deus viva de um modo altaneiro, ainda que a figueira não florescesse, isso como o resultado de um sonoro: AVIVA A TUA OBRA SENHOR NO DECORRER DOS ANOS E TORNA-A CONHECIDA.   
Estamos precisando de uma NOVA REFORMA QUE SÓ ACONTECERÁ QUANDO ENCONTRARMOS JOVENS LUTEROS QUE ESTEJAM DISPOSTOS A VIVER SEGUNDO O PADRÃO DE UMA NOVA ORDEM, BASEADA NA FÉ, NA VERDADE, VIVER NO MUNDO DE DEUS PARA DEUS, DO JEITO DE DEUS.
Meus irmãos, o nosso desafio não é conhecer um novo método apologético para apresentar as nossa ideias. Nós precisamos de uma estrutura de plausibilidade, isto é, precisamos de um cem número de pessoas vivendo este novo modelo baseado na premissa da realidade de que o mundo não está andando aleatoriamente, mas tem um Senhor. Precisamos de jovens dispondo suas vidas para viver sua fé.
O justo viverá por fé é a proposta de Paulo para contrapor o modo de vida sem Deus. O justo desenvolverá sua percepção de mundo baseada na premissa lógica da existência de Deus e terá a coragem de viver as implicações disto.
Nossa cultura apóstata não somente tem colocado Deus de lado, ela tem negado a existência de Deus. Temos enfrentado um inimigo, na minha opinião, muito mais complexo que o que enfrentaram Calvino, Lutero e Zwínglio. PRECISAMOS DE UMA NOVA REFORMA E ELA VAI ALÉM DOS DEBATES, PENTECOSTAIS, TRADICIONAIS, CALVINISTAS E ARMINIANOS. ESTAMOS NA ARENA DO QUE VIVEM PARA A GLÓRIA DE DEUS E OS QUE PERDERAM A ESPERANÇA NA VIDA.
Mas para que criemos um espaço crível para a nossa perpectiva, PRECISAMOS TER A CORAGEM, A OUSADIA DE VIVER PELA NOSSA FÉ. SE VOCÊ É UM JOVEM CRENTE, TEM DE ASSUMIR SUA FÉ NA ACADEMIA, NAS CIENCIAS SOCIAIS, NA FÍSICA, MATEMÁTICA, NA PSICOLOGIA E EM TODAS AS ÁREAS, NA FAMÍLIA, NO TRABALHO, NO COMÉRCIO, NA POLÍTICA.
PRECISAMOS DE UMA GERAÇÃO DE FILHOS DE DEUS, DISPOSTOS A VIVER A NOVA ORDEM DE VIDA BASEADA NA VERDADE, NA BOA NOVA DA VERDADE.

CONCLUSÃO

Meus jovens irmãos!
Desejo de todo o meu coração ver dias de UMA NOVA REFORMA. Não baseada em movimentos estéticos, como cultos cheios de teatralidade plástica.
Desejo ver uma geração de jovens comprometidos com a pregação ousada e profunda da verdade.
Desejo ver uma geração de jovens comprometidos com os valores baseados na verdade, uma nova ordem social, que leva pessoas a viverem no mundo de Deus do jeito de Deus.
Desejo ver uma geração que resolva viver pela fé, isto é, esteja disposta a pagar o preço que custar para viver sua fé em todas as suas implicações.
Mas precisamos estar prontos. Porque como nos dias de Lutero, também hoje teremos inimigos terríveis. Inimigos que não querem e não cederão facilmente. Mas, como nos dias de Lutero, o que precisamos ter é CORAGEM PARA VIVER COMO UM CALVINO E PRODUZIR BENS E VALORES BASEDADOS NA VERDADE, precisamos do coração e da força de um LUTERO, CAPAZ DE INFLUENCIAR UMA NAÇÃO E A CORAGEM DE UM ZWINGLIO, PARA BATALHAR PELA FÉ, SE NECESSÁRIO NA ARENA DE GUERRA. PRECISAMOS DE UM NOVOS JONATHANS EDWARDS, NOVOS DANIEIS, NOVOS KNOX, NOVOS JOSIAS, NOVOS SIMONTONS... ETC...
Precisamos e queremos preparar vocês para ser essa geração. Mas para isto, vocês precisamo estudar com fé e se preparar para servir com fé. Precisamos usar e viver neste mundo de Deus do jeito de Deus. Precisam ter a coragem para dizer a todos o que crêem e como crêem. Tem surgido muitos pastores preparados para esta nova tarefa, precisamos agora de homens e mulheres para entrar nas fileiras desta nova reforma e viver para Deus nas diversas áreas da vida.
Não podemos deixar este mundo presos nas trevas, mas somos a luz, a vida, a verdade e aqueles que PODEM SE LEVANTAR PARA UMA NOVA REFORMA, BASEADA NA BOA NOVA DA VERDADE.  
NOSSO DEUS REINA!!!