27 de maio de 2018

Gênesis 1.27-28

O Propósito Criacional da Família 
Gênesis 1.27-28

(Sermão pregado na IP Vila Gerti – São Caetano do Sul – Por ocasião do Mês da Família – Maio 18)


Introdução
Irmãos, algumas coisas são tão naturais para nós que nem sempre nos damos conta de sua importância ou ainda pior, deixamos de aproveitar o melhor destas coisas, pelo simples fato de convivermos com estas realidade de maneira tão natural, que achamos que estamos fazendo tudo certo, mesmo quando estamos completamente errados. 
Um bom exemplo disto é o “sono”. Quantos de nós acham que “dormir” é uma grande perda de tempo, pois enquanto estão dormindo outros estão aproveitando, ou sendo úteis. Gente que dorme muito acaba perdendo oportunidades, pensam alguns. Mas, contrariando o que muitos pensam, alguns médicos dizem que pessoas que têm um tempo adequado de sono, nem mais, nem menos, são pessoas muito mais produtivas e possuem redobrada capacidade criativa. Como a gente dorme sempre, a gente acha que sabe tudo de sono. Mas precisamos lidar melhor com isto. 
Outra coisa comum que fazemos corriqueiramente e que muitas vezes fazemos errado é: comer. Comer é algo que fazemos todo dia, para não dizer, fazemos ao longo de todos os dias. Alguns, podem até dizer, que comem toda hora. Bem, fazemos isso há tanto tempo na nossa vida que, muitas vezes, nos acostumamos a comer de qualquer jeito, só porque achamos que sabemos tudo de mandar coisa pra dentro. Você já ouviu por aí, que o ideal é comer de três em três horas, comer menos e com mais frequência, comer menos à noite, reforçar a alimentação da manhã etc... Mas fala a verdade, a maioria come de qualquer jeito, como só porque está com fome.
Outra realidade que vivemos cotidianamente e que achamos que sabemos tudo a respeito é “família”. Muitas vezes, o fato de lidarmos com a nossa família desde sempre, achamos que família é algo que pode ser vivenciado de qualquer forma e do nosso jeito. Mas, esta noite, quero propor que façamos uma reflexão sobre O PROPÓSITO CRIACIONAL DA FAMÍLIA. 
Na verdade, assim como o sono tem uma razão muito maior e mais importante que somente dormir e a comida é mais que encher a barriga, veremos esta noite que a FAMÍLIA EXISTE PARA ALGO MUITO SUPERIOR QUE SOMENT VIVER JUNTO E COMER JUNTO E ESTAR JUNTO.
Quero convidar você a fazer uma reflexão da CRIAÇÃO da família e dos propósitos TEOLÓGICOS CRIACIONAIS. Daquilo que Deus desejou que a família humana fizesse e realizasse para a sua glória.    

DEUS CRIOU A FAMÍLIA PARA REPRESENTÁ-LO NA OBRA DA CRIAÇÃO NUMA RELAÇÃO DE COOPERAÇÃO E COMPLEMENTARIDADE

Criou Deus, pois, o homem, à sua imagem à imagem de Deus o criou: homem e mulher (Gênesis 1.27).
Irmãos, nem sempre damos muita atenção a este verso do ponto de vista da exegese. Quase sempre ele é só um trampolim para outros textos bíblicos sobre a família. A gente sobe neles, balança e pega impulso para ir para outros textos e falar sobre a família humana. 
Criou Deus pois o homem à sua imagem – à imagem de Deus o criou– Note a estrutura deste verso, com sua ênfase exagerada no fato de Deus ter criado o homem à sua imagem. Note que existe uma repetição imediata da primeira afirmação. Estamos diante do texto que estabelece o fato de Deus ter sido o responsável pela criação do homem e propositadamente o fez à sua imagem e este é um ponto muito importante do texto. 
O que aprendemos nesta repetição é que o homem foi criado para refletir o seu Criador diante de toda a Criação. Facilmente, os textos bíblicos podem nos mostrar que Deus criou o homem e estabeleceu com ele uma Aliança da Criação, pela qual, Deus continuaria sendo o Senhor de todas as coisas e Rei sobre toda a Criação, mas que usaria o homem para governar a Criação e trazer glória ao seu nome. 
O Salmo 8, é um dos textos que nos ajuda. Ele é um salmo simples, começa com a exaltação da Criação, mas no verso de número quatro, o salmista pergunta qual é o lugar do homem em toda esta estrutura de glorificação que o Senhor criou: a resposta é: 
Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menos do que Deus e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob os pés tudo lhe puseste (...) Ó Senhor, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome (Sl 8.5-9). 
O salmista compreendeu o que estava implícito em Gênesis 1.27, que Deus havia feito o homem para ser seu representante diante de toda a Criação. Ele criou o homem e o fez senhor das obras das suas mãos. Era o trabalho do homem cuidar da Criação para a glória de Deus e o homem o faria por meio de um pacto soberanamente administrado, fazendo as coisas funcionarem do jeito de Deus, cuidando e guardando o jardim para que tudo continuasse funcionando do jeito que Deus estabeleceu. 
Homem e mulher os criou– Esta é a segunda parte do verso 27. Perceba uma coisa: na primeira parte, onde ele faz a repetição, ele registrou: CRIOU “O” HOMEM e repetiu: “O CRIOU”. Mas, nesta segunda parte, que é um complemento ou nota explicativa da primeira e mais importante: HOMEM E MULHER OS CRIOU. 
Deus desejou que ficasse claro que ele havia criado um SER HUMANO para ser o seu representante sobre toda a CRIAÇÃO, mas também desejou que ficasse claro que este ser humano realizaria esta tarefa de cuidar da ordem das coisas de forma COMPLEMENTAR E COOPERATIVA pelo CASAMENTO de qualidades e capacidades diferentes que ele deu quando nos fez HOMEM E MULHER – ZACHAR E NAKAV – macho e fêmea. 
Meus irmãos, a tarefa de GUARDAR E CUIDAR da criação foi dada a “HOMEM e MULHER”. Eles deveriam estabelecer uma realidade de vida COOPERATIVA E COMPLEMENTAR para que juntos, um ajudasse o outro na grande tarefa de TRAZER GLÓRIA À DEUS, quando a Criação continuasse funcionando exatamente do jeito que foi criada para funcionar. 
Tomou, pois, o Senhor Deus ao home e o colocou no jardim do Eden para o cultivar e o guardar (Gn 2.15).
Cultivar e guardar– As duas palavras hebraicas “cultivar” e “guardar” são derivadas dos verbos “avad” e “shamar”, que literalmente significam “servir” e “manter” (Gn 2.15). Estes dois verbos estabelecem as premissas de que o jardim precisava de proteção e cuidados para que mantivesse sua condição ideal de funcionalmente e permanecesse como um lugar plenamente habitável. 
O verbo “avad” (servir) parece indicar que o homem precisava permanecer a serviço do jardim, como se do homem dependesse todo o cuidado para que as condições necessárias à fertilidade e harmonia se preservassem. Por outro lado, o verbo “shamar” (manter) caminha no sentido de responsabilizar o homem de impedir que fatores de desequilíbrio ameacem a continuidade do jardim.
O homem faria esta tarefa em NOME DE DEUS PORQUE FOI CRIADO À SUA IMAGEM, MAS O FARIA DE FORMA COMPLEMENTAR E COOPERATIVA – esse foi o primeiro ensino bíblico sobre o FUNCIONAMENTO DA FAMÍLIA, Deus nos mostrou que tinha um propósito para o homem como seu representante, mas ele cumpriria este propósito em uma relação de unidade com o seu cônjuge, homem e mulher os criou. A família é, portanto, criada para ser o modo como Deus cuidaria da sua criação. Por isso a família é uma estrutura tão fundamental. 


DEUS CRIOU A FAMÍLIA PARA SER O AGENTE ESPALHADOR DA BÊNÇÃO E HARMONIA DO REINO DE DEUS PARA TODA A CRIAÇÃO

E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundo, multiplicai-vos, enchei a terra (Gênesis 1.28a).
Para seguir neste ponto, precisamos pensar sobre o mundo que Deus havia criado e perceber que Deus havia dado ao primeiro casal um privilégio, o de conhecer um lugar perfeito, harmônico, completamente adaptado para que fosse a casa dos seres humanos, o conhecido “Jardim do Éden”. Contudo, quero que os irmãos notem uma coisa sobre este lugar maravilhoso: 
E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado (Gênesis 2.8). 
Jardim NO Éden– sim, uma leitura mais atenta nos fará perceber logo que nem toda a região do Éden era um jardim harmônico e perfeito para a vida humana. Inclusive, no verso 10, reforçando a ideia diz que um rio saía do Éden para regar o jardim e quando chegava no jardim se dividia. Isto é importante para relacionar com o nosso verso 1.28. 
Crescei e multiplicai e enchei a terra– Vamos começar pelo fim – CRESCEI E MULTIPLICAI e ENCHEI A TERRA – me digam irmãos, se Adão e Eva crescessem e multiplicassem e enchessem a terra, logo o jardim ficaria pequeno? Claro que sim... logo haveria escassez de alimento, logo haveria pouco espaço para os que quisessem viver em um paraíso, assim como em São Caetano, aqui a cidade não tem para onde crescer, dizem que é a cidade com a maior e mais perfeita qualidade de vida do Brasil. Vocês que vivem aqui podem me dizer melhor, mas aqui não tem mais espaço, a turma aqui já cresceu e multiplicou tudo o que podia. 
Claro que Deus não planejou que o jardim ficasse para sempre limitado àquela pequena região no Éden, Deus criou o homem e a mulher e lhes deu uma tarefa: ESPALHEM A BÊNÇÃO, A HARMONIA, A HABITALIDADE DO JARDIM, O FUNCIONAMENTO DAS COISAS PARA TODA A TERRA. O homem daria prosseguimento ao trabalho criacional de espalhar o reino harmônico de Deus, onde Deus seria glorificado por todos os novos habitantes, onde todos teriam trabalho, lugar para morar, comida, e tudo o mais para viver em SHALOM. Esta era a missão SHALOMICA DO HOMEM, ESPALHAR A BENÇÃO PARA TODA A TERRA. 
Deus os abençoou e lhes disse– Note mais uma vez o detalhe da construção do texto: DEUS “OS” ABENÇOOU – nós já sabemos que Moises está cuidando muito bem do uso do plural e do singular neste texto. Aqui Deus dá a sua bênção “berakah” a ambos, porque o jardim precisa se espalhar, o reino perfeito, habitável O SHALOM VIVENCIAL deve se espalhar por meio do trabalho COMPLEMENTAR E COOPERATIVO PACTUAL de homem e mulher. 
Deus criou a família para ser AGENTE ESPALHADOR DA BÊNÇÃO do SHALOM, uma missão SHALOMICA. PARA TODA A TERRA.

DEUS CRIOU A FAMÍLIA PARA MANTER A CRIAÇÃO FUNCIONANDO DO JEITO QUE DEUS A HAVIA CRIADO

Sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo o animal que rasteja pela terra (Gênesis 1.28 a).
Você pode estar se perguntando, como o homem faria isto? Claro que Deus sabe muito bem que o homem que ele criou à sua imagem e semelhança é um ser capaz de produzir mecanismos de domínio da natureza, a ciência. O homem foi criado com a capacidade de fazer isto. Esta capacidade está dentro da BERAKAH de Deus, a bênção. 
Sujeitai-a e Dominai - A tarefa humana de existir para a glória de Deus seria evidenciada na continuidade da própria obra criacional, na medida em que o homem seria o responsável por preservar, em nome de Deus e para Deus, o funcionamento natural, organizado e perfeito do jardim que Deus plantara. 
O homem e a mulher, seriam, portanto, os responsáveis por desenvolver condições propícias para que o funcionamento perfeito de toda a obra da criação se mantivesse, como criacionalmente foi criado para ser. O homem seria o provedor de condições para que todos, inclusive os outros seres vivos tivessem condições de viver e realizar o seu papel para a glória de Deus. 
Por isso, o apóstolo Paulo, diz que toda a Criação geme e suporta angústias na expectativa de que o homem seja redimido para a glória de Deus. 
Mar – céu – terra– a função humana não era olhar somente para o seu habitat, somente para o jardim ou para terras cultiváveis, mas olhar com uma visão de Deus para toda a natureza e cuidar para que todos tenham condições de viver de forma equilibrada. 
A família humana era, criacionalmente falando, a ferramenta chave do funcionamento harmônico do mundo. SE vivemos em um mundo tão desequilibrado, com certeza o problema todo está no fato de que perdemos o foco da vida humana e da nossa realidade e papel como família de Deus. 

Conclusão
Hoje preciso concluir esticando um pouco mais teologicamente o texto. Porque este texto que eu li e no qual meditamos, tem a ver com a família, sob as condições perfeitas e originais de retidão e justiça original. 
Salomão nos diz que Deus criou o homem perfeito, mas ele se meteu em muitas astúcias (Ec 7.29). Então, com toda razão você deve se perguntar e pensar: SOB O PECADO SERIA POSSÍVEL ESTA CONDIÇÃO? A resposta é NÃO! SOB O PECADO E VIVENDO DESEQUILIBRADAMENTE COMO FAMÍLIA NÃO CONSEGUIMOS FAZER ISTO. 
Deus prometeu restaurar a família após a queda e isso, por meio da vida familiar de Adão e Eva. Ele olhar para o estrago que o pecado fez e disse a Adão que a saída era que ele e Eva continuassem sua jornada, porque por meio da família é que Deus traria sobre toda a criação a vida novamente. 
Eu sei que a gente vive em família e pouco percebe do projeto criacional de Deus para nossa família e nos esquecemos de que temos de levar o SHALOM DE DEUS PARA TODOS OS LUGARES ONDE ESTIVERMOS. Mesmo depois da queda, quando Deus chamou Noé, ele disse: OS ABENÇOOU e lhes disse SEDE FECUNDOS, CRESCEI E MULTPLICAI-VOS, ENCHEI A TERRA. 
Sua família vive para espalhar paz? Quais são as suas prioridades, comprar uma casa? Comprar um carro? Encaminhar os filhos? Mas, e o Reino de Deus, o Shalom, onde está a paz? 
Precisamos recuperar nossa missão criacional e voltar a ser instrumentos de Deus para que o mundo seja um lugar melhor. Precisamos trazer nossas famílias de volta para os propósitos criacionais originais. 
Deus nos conceda graça e nos ABENÇOE!!

6 de maio de 2018

Hebreus 4.14-16

CONFIANÇA NA GRAÇA
Hebreus 4.14-16

Introdução
Mais uma vez, a Carta aos Hebreus é um convite a uma vida próxima de Cristo. Meus irmãos, precisamos ouvir este convite, porque nossa falha em viver de forma piedosa e apegada é uma das razões para as profundas guerras que travamos diariamente em nosso coração e alma, que nos fazem intranquilos, inseguros, tão sem paz. 
Nos capítulos 3 e 4, o tema foi os efeitos danosos da incredulidade. Entre estes efeitos danosos, a inconstância e naturalmente a falta de descanso na alma. Os que se aproximam de Cristo por meio da sua Palavra, entram em uma atmosfera de fé que os leva a construir uma mente que aprende a descansar. 
O contrário, isto é, a incredulidade na palavra de Cristo, no seu poder, na sua presença gloriosa e sua suficiência, impede o homem de entrar nesta atmosfera de descanso. 
E contra quem jurou que não entrariam no seu descanso, senão contra os que foram desobedientes? Vemos, pois que não puderam entrar por causa da incredulidade (Hb 3.18-19). 
Por isso, o autor insiste em seu texto que ninguém endureça o coração. Não se fechar para ouvir Cristo é fundamental para entrar em uma condição de alma descansada. Veja o capítulo 3.7 e o 4.7. 
Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, seguindo o mesmo exemplo de desobediência. Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discenir os pensamentos e propósitos do coração. E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas (Hb 4.11-13). 
Ao final do capítulo 4, nos nossos versos para a meditação desta noite, o autor está propondo uma razão superior para que a vida cristã seja apegada a Cristo, o governo de sua graça, que é uma das maiores bênçãos da vida Cristo, pois é por graça que somos levados a descansar em Cristo. 
Considere atentamente neste texto esta razão superior para descansar em Cristo.

Descansamos na Graça Porque a Graça nos deu um Sumo Sacerdote no Céu
Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão (Hb 4.16). 
A base do descanso que a nossa alma precisa para viver bem, existe uma confiança extrema em Cristo, no fato de que ele assumiu o controle absoluto de todas as coisas, especialmente o controle de tudo o que diz respeito à nossa salvação. 
Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus – esta descrição do autor tem a finalidade de revelar a grandiosidade da segurança, da paz que precisamos considerar como sendo a nossa segurança. Jesus não é um sacerdote, descendente simplesmente de Arão, ou um filho dos homens, estamos falando de uma representação pelo FILHO DE DEUS. Ele é a razão da nossa confiança, da nossa segurança, esperança, convicção de que não há o que temer. 
Como grande sumo sacerdote que penetrou nos céus- Em segundo lugar, nesta expressão ele aprofunda a ideia de glória e segurança ao dizer que este grande representante é o nosso GRANDE SUMO SACERDOTE (arquieréa megan) – o que é quase o mesmo que dizer “o mais-maior” dos sacerdotes (o que a gente não diz, por ser uma construção muito ruim na nossa língua). A figura do sumo-sacerdote aplicada a Cristo, pressupõe em sua ascensão, o Senhor, primordialmente vai trabalhar nossa Salvação. Jesus não vai fazer trabalho administrativo do Reino, não assume o governo, preocupado com as forças de segurança dos anjos, ele assume o controle de tudo para garantir que sua vida será resgatada do Império das Trevas. Irmãos, nós precisamos considerar esta prioridade de Cristo para repensar nossa prioridade e nossa segurança. 
Conservemos firmes a nossa confissão– Aqui, ele reforça a ideia de manter a proximidade e a confiança em Cristo. Precisamos descansar no trabalho de Cristo, seguindo em nossa vida com confiança em Cristo. A palavra “confissão” aqui é “confirmar a crença”, dar um testemunho da verdade. Conservar firme (kratomen) é ficar em uma posição constante, sem vacilo. 
Construa essa maneira de ver a sua vida em Cristo, construa uma mentalidade que é preciso confiar em uma obra sobrenatural que Cristo faz por você no céu. Ele é o seu sumo sacerdote, não é um trabalho qualquer, feito por um qualquer, é um governo poderoso contra o Império do Pecado, para que você seja realmente salvo das trevas. Você precisa entender que o Rei dos Reis trabalha para que você seja salvo... confie e mantenha essa confiança. Não seja tão inconstante, não se dobre para o pecado tão facilmente. 
A graça de Deus é uma obra que não olha para o que você oferece para te libertar do pecado. 

Descansamos na Graça Porque a Graça nos deu um Sumo Sacerdote que Verdadeiramente Sabe a Nossa Necessidade
Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado (Hb 4.15). 
Quando nós olhamos para nossa própria natureza pecaminosa e vivemos o dia a dia de nossa fé, muito facilmente desanimamos. O desânimo na vida do crente, quase sempre, tem uma relação direta com o fato de que sabemos que ainda estamos muito longe de onde já deveríamos estar. 
Aqui, o texto nos socorre, dizendo que podemos manter a nossa confissão e que ela ainda está valendo mesmo quando não somos tão bons, quanto sabemos que poderíamos ser. 
Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas– Meus irmãos, o autor da carta aos Hebreus compreendeu a importância desta psicologia da prisão do pecado e dos seus efeitos sobre nós. Se voltarmos um pouco na história do apóstolo Paulo, ele nos dá um exemplo claro disto. 
Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro e sim o que detesto. (...) Desventurado homem que sou! Quem pois me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas segundo a carne, da lei do pecado. Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 7.15; 24-25; 8.1). 
Meus irmãos, o texto nos socorre mais uma vez ao nos mostrar que a obra de Cristo é suficiente para vencer o pecado que ainda age em nós. A mesma intranquilidade que Paulo sentia, pode ser a sua, mas a mesma segurança que ele tinha na graça de Cristo deve ser a sua. O texto nos diz que Jesus é um Sumo Sacerdote que pode nos socorrer em nossas fraquezas. Ele tem este poder (Dinamis). 
Antes, ele foi tentado em todas as coisas – O mais interessante do modo como ele constrói este conforto é que Jesus não usa de compaixão de uma forma distante, mas ele sabe claramente o que sentimos quando pecamos e como o pecado age para nos tirar a paz, o descanso. Aqui, ele enfatiza que “ele foi tentado, em todas as coisas”. Isto ele já havia dito antes, no capítulo 3, verso 18. 
O que a tentação faz? Este conceito é importante. Vou retomar uma mensagem que fiz neste texto. 

CONCEITO DE TENTAÇÃO
Acredito que precisamos aqui falar um pouco sobre um conceito mais profundo do que é “ser tentado”. A Escritura qualifica o papel do Diabo, Satanaz, a antiga serpente, como sendo ele o TENTADOR (PEIRAMÓS).
Vou propor uma visão mais profunda e diferenciada de “Tentação”. Na verdade, em geral, entendemos como “tentação” todo o ato que procura nos persuadir a pecar. De fato, a tentação é isto. Mas quero ir um pouco além. 
Para mim, o pecado é o ato de errar o alvo da existência. Fomos criados para a glorificar a Deus, como dizem os nossos Catecismos e para desfrutar da sua presença na realidade. Essa é a verdadeira vida: VIVER E PERCEBER E SABOREAR A PRESENÇA DE DEUS EM TUDO, isto é plenitude de vida. Bem, pecado é justamente existir e não ter este encontro constante e bem fazejo. Viver no mundo de Deus sem Ele. 
A tentação é todo o ato que quer provocar um modo de vida em que Deus é banido da nossa vida. A tentação é todo estímulo a qualquer ato vivencial sem Deus. Portanto, quando vou a um restaurante e desfruto de excelente comida, mas meu coração fica infrutífero para perceber o amor, a bondade, a presença e a glória de Deus e me alegrar nEle com as coisas que me dá, estou diante de uma grandee tentação. 
Jesus Cristo foi tentado à nossa semelhança– o Diabo, o tentador, também tentou Jesus. Ele levou Jesus e procurou fazê-lo viver as delícias do mundo sem Deus: prometeu-lhe riquezas sem Deus; prometeu-lhe vida sem Deus; prometeu segurança sem Deus... Jesus, em tempo algum cedeu à qualquer ideia de uma existência sem Deus: 
Não só de pão viverá o homem; ao Senhor te Deus adorarás e só a ele darás culto; não tentarás o Senhor teu Deus
Nestas respostas, que geralmente identificamos como centralidade das Escrituras, o que vemos é a centralidade de Deus na vida de Cristo. Irmãos, este é o ponto. Cristo Jesus foi tentado à nossa semelhança, mas em tempo algum, viveu sem Deus.

Mas sem pecado-  Essa expressão tem como finalidade nos mostrar que Jesus é varão aprovado e por isso mesmo tem o direito de fazer a nossa expiação e perdoar o nosso pecado. 
Meus irmãos a graça age em nosso favor de uma maneira maravilhosa! Deus sabe muito bem quem você é e quem eu sou! Ele sabe exatamente que não conseguimos, que fracassamos, mas não desiste de nós. O AMOR DE DEUS É MARAVILHOSO!! QUE GRANDE DEUS É O NOSSO DEUS! Jesus faz toda a obra por nós, mesmo sendo nós ainda pecadores... ele nos salva e não desistirá de nos salvar. Por isso, é que devemos viver perto dele! Vejamos o verso 16.

Descansamos na Graça Porque a Graça se Faz um Valor Constante Para a Nossa Vida
Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna (Hb 4.16). 
Como uma espécie de conclusão necessária ou uma atitude necessária devemos olhar para Cristo e para o real estado de nossa condição como FILHOS DA GRAÇA SOBERANA.
Acheguemo-nos confiadamente(pros-erchometas) – quero destacar esta convocação – Esta é uma convocação para vir para perto, aproximar-se, manter uma posição ao lado para viver em companhia de alguém. Ele completa essa enfatizando que é como ir viver ao lado de alguém que te oferece total e completa segurança, você vai para perto e sente seguro ali. 
Junto ao trono da graça– curiosamente, ele substitui a figura de Cristo pelo TRONO DA GRAÇA. Evidentemente, ele sabe que quem está no Trono é Cristo, porque ele é o sumo sacerdote que penetrou nos céus na sua ascensão. Ele sabe que o Reino é de Cristo, mas prefere nos mostrar que este governo é marcado pelo REINADO DA GRAÇA. 
Veja como Paulo define isso: 
Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça, a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor (Rm 5.20-21).
A fim de recebermos misericórdia e acharmos graça– era comum na Igreja primitiva os irmãos se comprimentassem com “misericórdia e graça” ou “graça e paz”. O autor aos Hebreus enfatiza que Deus sabe como precisamos de ajuda e como a sua graça é abundante e reina sobre a nossa vida. Ele sabia que este conforto é necessário e precisamos. Você precisa saber que esta graça sempre estará disponível e pronta para agir soberanamente sobre a sua vida. 
Para socorro em ocasião oportuna– a graça soberna jamais será impedida de agir a seu favor e te alcançar. Nada pode impedir que a obra da graça se complete na sua vida. Isso deve fazer a diferença para você. Você precisa confiar, mas precisa viver perto para que o desfrute desta graça seja mais consciente e mais vivo no seu coração, produzindo DESCANSO PARA A SUA ALMA.

Conclusão
Evidentemente precisamos de uma atitude de vida mais próxima e mais apegada à Cristo, uma vez que ele é nosso SUMO SACERDOTE e que seu trabalho é nos dar a segurança mais absoluta da nossa salvação e nos levar ao descanso da alma. 
Ele sabe que você precisa e sabe exatamente como você se sente e te socorre de um modo como em toda a tentação que você sofre ele tem suporte e socorro para você. Ele sabe o que você precisa para ser fiel. Portanto fique firme na sua confissão! 
Desenvolva mais piedade, mais proximidade, mais vida com Deus. Tenha vergonha de ser tão pouco dedicado, entregue... Irmãos, não há motivo para que o pecado, seja o seu, seja o dos outros, te afaste. ISSO É SÓ DESCULPA!! Nossa fé aponta para o GOVERNO SOBERANO DA GRAÇA QUE AGE EM NOSSO FAVOR.