26 de março de 2017

Mateus 26.1-5

A Natureza da Oposição a Cristo
Mateus 26. 1 a 5

FCD
O capítulo 26 de Mateus abre uma nova sessão dedicada aos eventos que antecederam a crucificação. Nesta sessão, algo que me chama a atenção, especialmente no capítulo 26, é o total conhecimento de Jesus sobre o que está acontecendo ao seu redor, inclusive, dos elementos sórdidos da oposição que se levantava contra ele. Este capítulo aponta para a força de uma fé que não se intimida e caminha em frente, mesmo diante da oposição e serve como estímulo para que não deixemos de viver a fé, quando forças contrárias se levantam.

INTRODUÇÃO
Sem dúvida alguma, precisamos nos lembrar de outras passagens bíblicas que apontam para o fato de que aqueles que desejarem viver piedosamente serão perseguidos. Muitas vezes, Jesus apontou para seus discípulos a respeito da oposição que teriam por causa do seu amor a Ele. O Mestre enfatizou que o ódio que o mundo pecaminoso tem em relação a ele, seria transferido para todo aquele que se voltar em amor a Cristo e seu Reino.
O capítulo 24 e depois o 25 de Mateus é dedicado a falar deste tempo de lutas e tribulação, mas também da importância da perseverança na fé e no trabalho em prol do Reino de Cristo. Ao final, o capítulo 25, fala deste trabalho abnegado do cristianismo bíblico piedoso e a recompensa que todos receberemos no Dia de Cristo.
Contudo, até que tudo se complete, precisamos passar pelo vale da oposição, que se levanta contra os filhos de Deus em todas as épocas, cuja intenção é nos calar ou nos amordaçar com seus estratagemas.
Olhando para o início do capítulo 26 e em seu transcorrer, algo que podemos observar é que os eventos da traição e prisão de Jesus não aconteceram sem que o Mestre os soubesse. Ao contrário, tudo o que observamos é que ele sabe que será traído, preso e até abandonado por seus discípulos.
Nos versos que vamos observar para esta mensagem, Jesus está ciente de que, enquanto está ensinando aos seus discípulos sobre como se comportar em meio a tempos de tribulação e perseguição, os principais sacerdotes estão tramando em como prendê-lo. Nestes versos, veremos a respeito da natureza da oposição contra Cristo e nos perguntaremos a respeito de nós mesmos, quando os traços desta oposição são vistos em nós e contra nós.
Jesus Não se Intimidou Mesmo Sabendo Que a Natureza da Oposição Contra ELE era de Ódio Mortal
Um famoso quadro de um rafaelita, chamado Holman Hunt, retrata um dia em que o jovem Jesus estava na carpintaria de seu pai e, enquanto o sol entrava pela janela da carpintaria, projeta sua sombra sobra a parede do fundo da carpintaria. A imagem que se formava na soma da sombra projetada, com os cavaletes de madeira colocados na parede era a da crucificação. O pintor procurou mostrar que a vida de Jesus se passou sob a sombra da cruz que haveria de carregar no dia de sua morte.
Em um tempo em que as pessoas vivem cada vez mais para si mesmas, buscando fugir de compromissos que lhes exijam alto preço a pagar, precisamos resgatar esta teologia da entrega e da Cruz. Enquanto o Cristianismo Evangélico no Brasil do século XXI pode estar preocupado em buscar a redenção financeira, o Cristianismo que desceu do Monte das Oliveiras no dia do Sermão Profético estava interessado em buscar a Cruz e a Redenção dos Pecados.
Tendo Jesus acabado todos estes ensinamentos, disse a seus discípulos: Sabeis que, daqui a dois dias, celebrar-se-á a Páscoa; e o Filho do Homem será entregue para ser crucificado (Mateus 26.2).
Todas estas palavras aos discípulos – estamos diante de uma mensagem endereçada aos discípulos, como uma continuação ou uma aplicação direta a tudo o que foi dito antes. Jesus está dizendo aos seus discípulos que haveria grande tribulação e que eles deveriam permanecer fiéis e atuantes no seu Reino quando tudo acontecesse. Bem, agora ele começa a dizer que a tribulação começa nele. O ódio dos opositores começará a se manifestar.
Acredito que Jesus deseja que seus discípulos considerem atentamente o fato de que seu sofrimento é uma lição que deverá servir para quando eles próprios tiverem de tomar a sua cruz.
O ensino do Novo Testamento parece apontar nesta direção, quando Paulo diz que “(...) nos foi dada a graça de padecer por Cristo e não somente crer nEle”. Da mesma forma, Pedro diz: “alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo”.
Bem, esta é uma palavra para os discípulos: o ódio contra mim começará e a sua NATUREZA É MORTAL.
O Filho do homem será entregue para ser crucificado – Aqui, portanto, Jesus aponta para a letalidade das ações do ódio contra ele. Os principais fariseus tramaram encontrar algo para incriminar Jesus diversas vezes, mas como não conseguiram encontrar nada contra ele, resolveram que haveriam de pegá-lo à traição, isto é, à revelia da própria Lei e depois acusa-lo falsamente. Seu ódio contra Jesus não seguia regras da ética humana, da Lei ou de qualquer outra coisa razoável, ao contrário, era um ÓDIO PROFUNDO E DE NATUREZA MORTAL – ÓDIO MORTAL. Queriam ver Jesus morto!
Não é de se estranhar que o modo como ainda hoje algumas pessoas tentam calar os Cristãos é com ameaças de morte, como acontece em países onde ser cristão é um crime de morte. Também não é de se estranhar que pessoas queiram tanto silenciar a voz da verdade em seu coração e fazer morrer o Ensino de Cristo em sua própria mente. Não é de se admirar que tantos, inclusive alguns que dizem amar Jesus, quando o assunto é CONTRARIAR SUA VONTADE PESSOAL, prefeririam não ter conhecido a VERDADE.
Tudo isto é a manifestação da LETALIDADE DA MALIGINADADE HUMANA em sua rebeldia contra o Deus e o seu Ungido. Contra Cristo e a sua Mensagem e os portadores da sua mensagem, os piedosos da terra.
MAS JESUS NÃO SE INTIMIDOU DIANTE DO SEU ÓDIO MORTAL, PORQUE A FERRAMENTA DO SEU ÓDIO, A CRUZ, FOI A FERRAMENTA DE JESUS PARA VENCER A MORTE.

Jesus Não se Intimidou Mesmo Sabendo Que a Natureza da Oposição Contra ELE era pessoal e nascia no coração de quem deveria recebe-lo
Às vezes nos esquecemos de que os homens que planejaram trair, prender e matar Jesus eram homens religiosos, que tinham por tarefa principal alentar o povo para aguardar a chegada do Messias. Também nos esquecemos de que, os homens e mulheres que gritaram “Crucifica-o” diante de Pilatos eram judeus, o povo que havia sido escolhido para ser o portador dos oráculos que anunciavam a chegada do Rei.
Então, os principais sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram no palácio do sumo sacerdote, chamado Caifás (Mateus 26.3).
Mateus descreve a história desta traição dizendo que, enquanto Jesus estava terminando os seus ensinos no Monte das Oliveiras, estando no vilarejo de Betânia em visita à casa dos irmãos, Marta, Maria e Lázaro, a quem ele tinha ressuscitado, homens que deveriam busca-lo tramavam mata-lo, inclusive tendo provas incontestes de sua procedência divina, como constatou Nicodemus. Chega a ser assustador pensar que pessoas podem saber tanto sobre Deus e ainda assim se colocarem em oposição a Deus.
Principais Sacerdotes e Anciãos do Povo – Mateus destaca que o conluio não era apenas dos dirigentes da religião, mas tinha a representação do povo. Trava-se de uma guerra de poder e uma oposição que se generalizava, mesmo que houvesse, da parte deles mesmos, uma clara noção da excepcional comunhão deste homem de Nazaré com Deus. No Evangelho de João, a sua maligna deliberação tem ainda mais detalhes:
Então, os principais sacerdotes e os fariseus convocaram o Sinédrio, e disseram: Que estamos fazendo, uma vez que este homem opera muitos sinais? Se o deixarmos assim, todos crerão nele; depois, virão os romanos e tomarão não só o nosso lugar, mas a própria nação (João 11.47-48).
Estavam cegos por causa do pecado e não conseguiam ver a Luz que emanava de Jesus. Mesmo que considerassem a realidade dos seus sinais, ainda assim, mantinham o seu coração endurecido. Volto a dizer: é assustador que pessoas que conheçam tanto de Deus possam se colocar em oposição ao seu Reino. Há só uma explicação: o pecado lhes dominou e cegou o entendimento. Estão vivendo e sendo guiados pelas forças das trevas.
Mas precisamos saber que Jesus não intimidou diante da natureza pessoal da oposição a Ele. Antes, sua determinação foi a de simplesmente ir à festa da Páscoa, mesmo sabendo que aqueles sórdidos planos estavam orquestrados e que nasceram de corações que o odiavam mortalmente. 
Precisamos destacar, mais uma vez, que estes homens que alimentaram em seu coração a oposição a Cristo eram exatamente aqueles que deveriam tê-lo recebido. Eles, teoricamente, eram os que tinham mais condições de receber o Messias, afinal eram estudiosos, líderes do povo e estudiosos das Escrituras.
Precisamos atentar para o perigo de sermos os primeiros a deixar o coração se colocar contra Cristo, especialmente, devemos cuidar para que nossa crença em Cristo não seja meramente discursiva, mas transformadora do nosso próprio ser interior.   
Por outro lado, vale a pena pensar que devemos viver de uma maneira corajosa, como Cristo viveu. Afinal, muitas vezes, nós também temos de enfrentar oposição nascida no coração, baseada não em raciocínios ou fruto de alguma realidade tangível, mas fruto de inclinações naturais de oposição. Isso não deve nos desesperar, mas nos permite olhar para Cristo e saber que, assim como o Mestre, nós também sofreremos a mesma oposição e devemos resistir corajosamente.

Jesus Não se Intimidou Mesmo Sabendo Que a Natureza da Oposição Contra ELE era Carregada de Engenhosa Malignidade
Caros irmãos, a oposição a Cristo não foi algo planejado somente nesta reunião do Sinédrio. Em outras ocasiões tentaram pegar Jesus em alguma falta, procurando um modo de leva-lo ao descrédito. Agora, entretanto, após a ressurreição de Lázaro, o seu medo em relação a Jesus aumentou, afinal, todos falavam daquele Rabi Nazareno que ressuscitara um homem. Este medo ficaria ainda maior, quando após a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém.
Deliberaram prender Jesus, à traição e mata-lo. Mas diziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo (Mateus 26.4-5).
Deliberaram prender - Algumas palavras do verso 3 indicam a malignidade deste acordo das lideranças contra Jesus. Primeiro, o termo “deliberar” é “sunebouléusanto”  (concílio – juntos oficialmente) que indicavam que se tratava de uma reunião oficial, para se tratar de uma estratégia. O outro termo é o verbo “prender” (Kratos), que indicava o uso da força, do poder da autoridade.
Precisamos considerar que estes homens estão agindo oficialmente em nome da “lei” da sua religião e tramando ou organizando um modo de fazer aquilo com Jesus. Evidentemente, eles não tinham um motivo, e qualquer coisa que fizessem deixaria claro sua malignidade, mas chegaram ao ponto de que o problema não é mais a lei, mas um ato maligno do coração.
Traição para matar – (doloi – apoktenousin) Um planejamento maligno “doloi” e o assassinato (apoktenousin) estes são os termos que definem a oposição que estava se levantando contra Jesus. Facilmente podemos perceber a sordidez destes planos e a sua malignidade.
Não durante a festa - No verso 5, eles definem quando deveriam fazer isto e não poderia ser no momento da festa, afinal, o povo poderia se ficar do lado de Jesus, afinal todos veriam que aquilo era uma farsa maligna, carregada da inveja dos principais sacerdotes. Tratava-se de um plano bem organizado, havia uma estratégia maligna sendo orquestrada e implementada. A compra de Judas era só uma parte deste plano.
Jesus sabia de tudo isto, conhecia estes planos, tinha em mente que as coisas seriam assim. Afinal ele anuncia que os principais sacerdotes lhe tomariam dos discípulos. Ele não se protegeu, ele sabendo de tudo isto, foi orar no Getsemani, um lugar escondido, ideal para um assalto fora das vistas do povo. Estamos vendo que Jesus não se intimida, ele sabe o que tem de fazer, o que irá ocorrer e caminha na direção de cumprir a vontade de Deus.
Precisamos considerar o quanto estamos expostos a todo tipo de oposição e não podemos nos portar de forma despreparada, desavisada. Não podemos pensar que os homens que projetam leis contra a nossa fé ou que propõe noções anticristãs nas telenovelas, nos filmes, nos programas de talkshow, nas peças de teatro, nos jornais etc, estão simplesmente agindo sem nenhuma ordenada intenção.
Cristãos precisam ser sábios para conhecer as épocas e lutar pelo mundo como sal e como luz, mas quando, mesmo que brilhemos intensamente a luz de Cristo por meio de nossa vida impoluta (não poluída), devemos saber que Cristo se comportou com perseverança, mesmo em meio à oposição malignamente planejada. Não podemos nos assustar como se não soubéssemos deste ódio presente contra Cristo e seus discípulos no mundo.  
Conclusão
Meus irmãos, estes versos devem ser lidos com a ideia clara de que Cristo nos enviou como ovelhas para o meio de lobos.
Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas (Mateus 10.16).
Precisamos ter em mente que esta é a nossa dupla missão: transformar e resistir. Devemos lutar como transformadores, iluminando o mundo. Mas também devemos resistir como Cristo resistiu.
Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto alma como o corpo (Mateus 10.28).
Em nossos dias precisamos dos dois tipos de igreja: a que luta pela transformação da sociedade, mesmo sabendo que é grande a oposição e sua natureza maligna, pessoal, planejada.
Precisamos também de uma igreja que esteja preparada para resistir no dia mal e manter sua fé. Não podemos ceder àqueles que querem uma igreja sem santidade, sem diferença em relação ao mundo. Não podemos nos submeter aos desejos dos homens deste mundo, que querem fazer calar a nossa voz, então precisamos resistir.
1)   Precisamos criar filhos que não vivem segundo o padrão do mundo, mas precisamos instilar neles a coragem para serem diferentes;
2)   Como trabalhadores não podemos ceder ao modo corrompido da prática da vida profissional deste mundo, mas precisamos ter a coragem para ser luz, em termos de honestidade e qualidade de serviço;

3)   Em todas as áreas, precisamos da força da nossa fé fazendo a diferença e revelar ao mundo um novo modo de vida ou simplesmente estar prontos para morrer por Cristo e por sua mensagem. 

12 de março de 2017

Mateus 5.38-42

DESENVOLVER UMA FÉ CORAJOSA QUE VENCE O MUNDO

Mateus 5.38-42

(Sermão Pregado em 12 de março de 2017)

FCD

O caráter daquele que ilumina o mundo ao seu redor deve conter uma atitude corajosa diante do mal e desenvolver uma capacidade de resiliência diante do desafio de oferecer ao outro a chance de não errar ou de piorar seu erro. A palavra de Jesus neste texto é um grande desafio para a vida cristã e concentra a força que precisamos ter se desejamos ser seus embaixadores neste mundo.

Introdução

“Resiliência” é uma palavra da moda. Utilizada em muitos ambientes, quase sempre indicando a necessidade de alguém de suportar adversidades e manter-se firme, adaptar-se à lutas do dia a dia sem perder a essência. Acredito que o texto que tomamos para esta meditação tem uma ligação forte com a ideia desta palavra.
Ao citar o famoso “dente por dente, olho por olho”, Jesus não está falando dos códigos antigos da chamada “Lei de Talião”, encontrada no antigo código de Hamurabi, anterior aos escritos de Moisés. Jesus, por outro lado, está se referindo ao princípio de Êxodo 21.23-25, bem como de Levítico 24.17-21.
Quando Deus entregou as leis civis para o seu povo, como é o caso destas leis de “retribuição”, havia um pensamento em tela: a justiça não era praticada como um ato de vingança pessoal, mas era estabelecida por meio da justiça da comunidade.
No entanto, nos dias de Jesus, muitos utilizavam falsamente a lei para dar vazão às suas obras malignas. Esta era uma lei para coibir o desequilíbrio causado pelo “egoísmo” e “egocentrismo”, mas os homens se valiam da “letra da lei” para praticarem suas vinganças pessoais e, desta forma, caminhavam na direção totalmente contrária da lei de Deus.
Aqui em Mateus, tanto quanto em Lucas, o contexto desta afirmação é a afirmação seguinte: “amar aos inimigos”. Por que Jesus está propondo esta reflexão? Porque a luz que deseja que brilhe neste mundo não é a negação do objetivo da lei de Deus, mas o seu cumprimento e o seu cumprimento é um ATO DE AMOR.
Para chegar a este patamar de desenvolvimento espiritual, caros irmãos, precisamos encarar esta vida com coragem e precisamos nos dominar para seguir a Lei, segundo o seu santo propósito, nos tornar em pessoas mais parecidas com o nosso Pai Celestial.
Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai Celeste (Mateus 5.48).
Esta é a conclusão deste capítulo de exemplos do Sermão da Montanha sobre como iluminar o mundo a partir do cumprimento da Lei.
Como chegar a este patamar de desenvolvimento espiritual? Como ver o mundo e viver no mundo segundo a lei de Deus? Precisamos de uma Fé Corajosa, capaz de enfrentar o nosso maior inimigo: NÓS MESMOS.

Para Ter Uma Fé Corajosa Que Vence o Mundo é Necessário Aprender a Não Ser Dominado e Determinado Pelas Feridas Mas Desenvolver o Potencial da Cura Pela Força do Amor

Vivendo em um mundo de “crianças na fé”, certamente estamos mais acostumados com pessoas que não sabem nunca dizer “não para si mesmas” e que não sabem “suportar dificuldades”. Crentes mimados, manhosos, cheio de vontades insatisfeitas compõe uma massa de pessoas incrédulas que pensam que Deus existe para lhes satisfazer e que o mundo existe para eles próprios.
Irmãos, o amadurecimento da nossa fé deve produzir em nós a capacidade de viver em meio as intempéries, sempre valorizando o fato de que cada experiência boa ou ruim constitui a “boa, agradável e perfeita vontade de Deus para nossa vida”.
Ouvistes o que foi dito: olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra (Mateus 5.38-39).
Mais uma vez Jesus usa o que foi dito aos antigos, ele se volta para a Lei Mosaica e nos revela uma maneira ainda mais profunda de compreendê-la e praticá-la, principalmente, praticá-la. Ele corrige um comportamento equivocado sobre a lei da retribuição do mal. Enquanto muitos pensavam que o mal se pagava com mal, ele propõe o pagamento do mal com o bem (Paulo fala sobre isto em Romanos 12.20-21).
Não resistais ao perverso - A questão levantada aqui causa um certo constrangimento em nós. Afinal, será que os discípulos de Cristo tem de ser como “bobões” dos quais todos podem se aproveitar? Será que Jesus está ensinando a passividade completa e a ideia de que ser um cristão é ser um saco de pancadas?
Nieztche, o filósofo alemão, lia textos como estes e repudiava o Cristianismo por considera-lo uma religião da fraqueza e que não seria possível ter um povo forte, enquanto a maioria fosse cristã. Muitos dos líderes mulçumanos de movimentos mais radicais em nossos dias, pensam exatamente isto do Cristianismo. Mas Jesus está propondo  um cristianismo fraco?
Lembrando o contexto do “amar os inimigos”, o que Jesus está nos propondo é que nossa visão sobre aqueles que nos fazem mal devem ir além do que eles fazem contra nós. Agir, retribuindo o que o perverso nos faz, é uma maneira de nos construirmos pela medida das nossas feridas. Jesus propõe que sejamos capazes de vencer os nossos inimigos primeiramente em nosso próprio coração.
Este padrão de Evangelho e de vida cristã não é para ser vivida por fracos, mas por pessoas capazes de resistir às lutas, especialmente aquelas que são travadas dentro do próprio coração. Irmãos, o forte não é o que açoita os inimigos, mas aquele que os vence dentro do seu próprio coração. Porque a vingança pela retribuição do mal com o mal é a prática do mal, mas a vitória do mal com o bem é a Vitória de Cristo em nosso coração. Aqui temos o potencial da cura pelo amor, mas não é a cura do outro que está na tela principal, mas a cura do nosso próprio coração.

Para Ter Uma Fé Corajosa Que Vence o Mundo é Necessário Aprender a Oferecer ao Outro a Chance de Acertar

Crentes amadurecidos são capazes de vencer a maldade que está em seu próprio coração, mas Jesus diz que este tipo de vitória só pode ser aferida mediante uma prova prática.
Qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra -  Aprendi com John Stot em seu comentário sobre o Sermão da Montanha algo muito valioso aqui. O grande pregador inglês abordou esta frase de Jesus dizendo que aqui, o propósito da palavra de Jesus é enfatizar que a melhor maneira  de responder a maldade que alguém nos faz é lhe  oferecer a oportunidade para fazer o que é certo.
Ou seja, o que temos diante de nós é que o sofrimento que alguém nos faz é assimilado, mas o impulso nosso para a cura e correção do outro não é lhe ferir na mesma medida, mas o de oferecer-lhe a oportunidade de acertar. Quando você oferece a outra face, você anda com ele uma segunda milha, permitindo que em outra ocasião ele lhe prove que aprendeu com seu próprio erro.
Jesus fez isto algumas vezes, com Pedro foi ainda mais claro. Quando foi abandonado e negado por seu discípulo, Jesus o chamou, após a sua ressurreição e lhe ofereceu uma chance de mostrar que o amava. O que Jesus lhe ofereceu: sua noiva para Pedro cuidar: pastoreia o meu rebanho.
Em geral, caminhamos sempre para a correção por meio da retribuição, como se as pessoas tivessem somente uma natureza imutável. Quase sempre nos defendemos dos malvados, afastando-os de nós. Às vezes nos esquecemos que muitas vezes nós somos estes malvados. Se vamos iluminar o mundo em trevas precisamos aprender a lidar com as pessoas com a crença de que a luz que nos atingiu também podem atingi-los, entretanto, os holofotes que espalham essa luz somos nós.
Crentes corajosos não são aqueles que reagem simplesmente com passividade diante do mal. São aqueles que vencem o mal com o amor, com o bem.

Para Ter Uma Fé Corajosa Que Vence o Mundo é Necessário Ver Mais Valia no Reino de Cristo Que no Reino Pessoal

Um dos temas bastante discutidos no Sermão da Montanha é o Reino dos Céus e o valor que ele tem para nós. Bem, no capítulo 6, este tema é discutido em termos do seu valor, ali ele é chamado de tesouro: onde está o teu tesouro estará ali o teu coração... não podeis servir a Deus e às riquezas.
A túnica e a capa – Jesus se vale do exemplo de uma demanda contrária e alguém tentar causar prejuízo pessoal. Ele não diz se é uma causa justa ou injusta, mas parece indicar haver uma intenção negativa contra o discípulo. Primeiro, ele demanda contra sua posse pessoal, aquilo que indica sua condição social: a túnica. Entretanto, Jesus propõe uma ação do discípulo mais difícil, oferecer também a sua própria sobrevivência, a capa (uma espécie de proteção contra o calor e o frio, considerada vestimenta vital para a saúde).
A segunda milha – a segunda milha é fruto de uma disposição redobrada de caminhar, mesmo sem ser necessário. O que Jesus está dizendo é que alguém nos convoca para uma caminhada, mas nossa disposição é de ir além. Isso para eles falava muito claramente sobre lucro e prejuízo, porque andar a segunda milha, significava gastar um tempo de trabalho produtivo em algo que não visava o interesse pessoal mas o do outro.
O empréstimo amoroso – aqui, mais uma vez a ideia de valor está impressa. Assim, estes três exemplos de como não resistir ao adversário, ao perverso, tem como ponto de equilíbrio o que consideramos ser valioso para nós.
Portanto, os três exemplos apontam para coisas valiosas e exige uma atitude de desapego em favor de outro. No caso, o outro, pior ainda, não é o bom ou o que nos é favorável (Mateus 5.46), mas pessoas que exigem de nós algum tipo de perda:
a)   perder para quem se opõe,
b)   perder para quem exige esforço nosso;
c)   perder para quem precisa de nós.
Em todos estes casos, o reino pessoal e o desejo pessoal sedem espaço para algo de maior valia, a vontade de Deus, o plano de Deus, a Lei de Deus. Para ter desenvolver uma fé que vence este mundo, precisamos aprender a perder, a valorizar o Reino de Deus e priorizá-lo. Para isto, só UMA FÉ CORAJOSA É CAPAZ DE LHE OFERECER SUPORTE.

CONCLUSÃO

Irmãos, todo este texto e os outros exemplos usados por Jesus a partir da lei, estão encapsulados em um parênteses de sentido: ser sal e luz, brilhar e dar gosto a este mundo e se assim se parecer com o Pai Celestial, sendo perfeitos, isto é, completos.
Pense muito sobre isto: você pode até ser um bom crente, mas pode estar com sua luz comprometida e a sua lâmpada, como insisti bastante no domingo passado, pode estar embaçada. Assim sua luz não é confiável. Enquanto você não amadurecer na fé não será capaz de iluminar claramente ao seu redor.
Jesus está nos dando exemplos e neste trecho, mais uma vez, ele nos desafiou a um modelo que se contrapõe ao do mundo caído. Um modelo baseado no AMOR QUE VEM DA LEI DE DEUS. Enquanto muitos julgam que a proposta de Jesus de virar a segunda face é uma medida de covardia ou fraqueza, do ponto de vista de Deus, isto revela UMA FÉ CORAJOSA E VITORIOSA.

Tudo depende muito do que realmente controlar o seu coração e qual o VALOR QUE DOMINA O SEU AMOR. Procure tornar o Reino de Deus um valor supremo, um alvo da sua vida... BUSCAI EM PRIMEIRO LUGAR O SEU REINO E A SUA JUSTIÇA. 

5 de março de 2017

Mateus 5.33-37

Elementos do Caráter da Luz

Mateus 5.33-37

(Sermão Pregado em 05 de março de 2017)

FCD

Jesus deseja que seus discípulos iluminem o mundo e o façam sendo pessoas de um caráter confiável. A luz brilha por meio do caráter do crente e por isso ele deve se apropriar das ferramentas que aperfeiçoam sua conduta. Neste texto, a construção de Jesus nos leva a repudiar a construção de um caráter falso, especialmente se ele vem na tentativa de subterfúgios que não uma vida completamente reta e provada pelo que vivemos no dia a dia.

Introdução

Novamente Jesus propõe uma reflexão sobre a palavra da Lei de Moisés. Aqui ele cita, de forma livre o que encontramos no livro de Levítico 19.12 sobre as instruções dadas a pessoas que se valiam de juramentos falsos para tentar conquistar confiabilidade para o seu caráter que sabidamente era difuso e mentiroso.
Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo, nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanareis o nome do vosso Deus. Eu sou o Senhor (Lv 19.11-12).
Da mesma forma que das vezes anteriores, Jesus Cristo cita o mandamento e leva-o a um degrau acima de valor, na medida em que demonstra que o Senhor pede muito mais do que somente uma pessoa que fale a verdade. Ele quer uma pessoa que represente seu Deus neste mundo, descendo a montanha (referência ao sermão das bem aventuranças) na direção dos outros, como alguém que lá no alto da comunhão com Deus assumiu um compromisso com o Senhor.
Em levítico, assim como aqui no capítulo 5 de Mateus, o ponto de referência é o caráter de Deus:
Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo (Lv 19.2).
Portanto, sede vós perfeitos, como perfeito é vosso Pai Celeste (Mt 5.48).
NO caso de Mateus, essa ligação entre “caráter do discípulo” e “caráter de Deus” se notarmos que a conclusão de Jesus é que, se alguém não tiver este caráter confiável, o tal só pode ter uma ligação com o  Maligno e não com Deus.
Portanto, irmão, o texto desta meditação nos conduz a pensar sobre a necessidade de desenvolvermos um caráter da luz, se desejamos brilhar com a luz de Cristo. Um dos erros que não podemos deixar acontecer na nossa vida é o de tentar construir uma reputação dissociada de um caráter verdadeiro. Subterfúgios não poderão substituir a verdade.
Um cristão de caráter duvidoso é como uma lâmpada embaçada e a sua luz não pode dar segurança nem servir de referência para quem anda ao seu lado. Ele, pode se dizer, é um cego guiando cegos.

PARA DESENVOLVER UM CARÁTER DA LUZ PRECISAMOS LEMBRAR QUE A VIDA COM DEUS EXIGE UM PADRÃO RIGOSO DE VERDADE


Todos, ou quase todos, já ouviram a expressão “fio de bigode”. Em geral, associamos ao passar do tempo uma ideai de degeneração no caráter das pessoas e o aumento da sua falta de credibilidade. Infelizmente, temos de admitir que isto é uma verdade. O que temos em nossos dias é um aumento da falta de retidão e, mais infelizmente ainda, o mesmo podemos dizer daqueles que dizem ter um compromisso com o Deus.
Entre os grandes escândalos da Igreja Evangélica Brasileira temos a famosa e ridícula cena da “oração da propina”. Veja como a notícia do Jornal o Estado de São Paulo veiculou a notícia:

Manchete do Jornal em 30nov2009: ORAÇÃO DA PROPINA -  Leia abaixo a íntegra da Oração da Propina que os deputados Rubens César Brunelli Jr. (PSC-DF) e Leonardo Prudente (DEM-DF), presidente da Câmara Distrital, ofereceram ao então secretário Durval Barbosa (Relações Institucionais), que distribuía as propinas entre a base aliada. A ironia é a circulação do vídeo no Dia dos Evangélicos, que o ex-governador Joaquim Roriz transformou em feriado na Capital, em busca dos votos dos fiéis.
“Pai, queremos te agradecer por estarmos aqui. Sabemos que somos falhos, que somos imperfeitos, mas queremos agradecer aos santos que nos purificam. Olha, nós somos gratos pelo amigo Durval, que tem sido um instrumento de bênção para as nossas vidas e para essa cidade, que o Senhor contemple as questões do seu coração.
Santas são as investidas, Senhor, de homens malignos contra a vida dele, contra as nossas vidas. Nós precisamos dessa tua cobertura, dessa tua graça, da tua sabedoria. De pessoas que tenham, Senhor, armas para nos ajudar nessa guerra. E, acima de tudo, é o Senhor.
Todas as armas podem ser falhas, todos os planejamentos podem falhar, todas nossas atividades, mas o Senhor nunca falha. O Senhor tem pessoas para condicionar e levar o coração para onde o Senhor quer. A sentença é o Senhor quem determina, o parecer e o despacho é o Senhor que faz acontecer.
Nós precisamos de livramento na vida do Durval, dos seus filhos, familiares. Nós precisamos de uma cidade diferente, o Senhor tem uma cidade diferente para nós. Tu tens um novo templo para nós, Senhor. E eu creio, Senhor, na tua palavra. O Senhor é verdade, o Senhor é nossa Justiça. O Senhor é aquele que me abre as portas. Meu Deus, a palavra irá envergonhá-los, serão constituídos em nada aqueles que se levantarem contra nós.
O Senhor um dia pegou um rei, o rei Nabucodonosor e fez ele pastar, comer capim, para entender que o Senhor prevalece. Meu Deus, nós estamos sendo alvo de petardos. Meu Deus, dá um jeito nessa situação. Tira esses homens do nosso caminho”.

Já disse: “mais infelizmente ainda”, mas tenho de dizer que a infelicidade continua se pensarmos que ainda não nos livramos de erros e descrença deste tipo. Na verdade, devemos nos lembrar do que o próprio Jesus diz aqui no Sermão da Montanha: nem todo o que me diz: Senhor, senhor; entrará no reino dos céus.
Também ouvistes o que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás rigorosamente para com o senhor os teus juramentos (Mt 5.33).
Bem, olhando para o verso 33, o que temos é o enunciado do mandamento da Lei. Aqui, o destaque o texto faz é que os juramentos falsos são proibidos por uma razão: TEMOS UMA RELAÇÃO COM DEUS, POR ISSO, AO FALAR ALGO ESTAMOS ESTIRANDO AS CORDAS DO NOSSO RELACIONAMENTO COM DEUS COMO AQUELES BONECOS DE TEATRO MARIONETES QUE NADA FAZEM SEM ESTAREM EM PLENA CONEXÃO COM O SEU DONO. A DIFERENÇA É QUE AS CORDAS QUE NOS UNEM A DEUS SÃO MORAIS E NÃO CORRENTES DE SUBJUGAÇÃO.
A frase proposta no Sermão do texto grego não é fácil de traduzir. Os tradutores por nos entregar: mas cumprirás rigorosamente para com o Senhor os teus juramentos. Essa não é a intenção, mas dá a entender que os votos de que se fala são somente aquele que fazemos ao Senhor. Mas a ideia do texto é que todos os nossos votos, mesmo aqueles feitos ao próximo, devem ser cumpridos como ao Senhor, ou, como algumas traduções preferem: votos que foram feitos na presença do Senhor.
Rigorosamente é uma interpretação dada ao próprio significado da palavra “juramento” (horkous) e está fortalecida ainda mais para gerar a ideia de rigor, quando Cristo a conectou ao Senhor.
O desenvolvimento de um CARÁTER DA LUZ E FIEL está ligado diretamente ao amadurecimento da nossa fé, quando isto nos conduz a viver na PRESENÇA DE DEUS e entender que nada é neutro e estamos ligados a Deus por cordas morais inquebráveis. O que pode acontecer é que ou revelamos OBEDIENCIA OU DESOBEDIÊNCIA A ELE, que é o mesmo de VIVER PARA ELE ou EM REBELDIA.
Comece a pensar que tudo, absolutamente todos os compromissos morais de nossa vida, serão fachos da LUZ DE CRISTO ou sinais de TREVAS, depende do quando estamos dispostos a vivenciá-los e a melhor maneira é sempre fazer votos verdadeiros e cumpri-los para DEUS.
O caráter de Deus e a presença de Deus em todos os lugares exigem que ajamos com CARÁTER FIEL. Desenvolver essa consciência da nossa ligação moral e da força do caráter de Deus sobre o nosso pode mudar toda a nossa filosofia de conduta.

PARA DESENVOLVER UM CARÁTER DA LUZ PRECISAMOS ABANDONAR QUALQUER SUBTERFÚGIO PARA CONSTRUIR UMA REPUTAÇÃO DE CARÁTER SEM UM CARÁTER DE FATO

Acho que preciso explicar melhor o que desejo dizer com este subtópico. Na verdade, o que temos no Sermão de Jesus é a repetição de quatro exemplos de juramentos que são subterfúgios usados pelos judeus nos seus dias para dar credibilidade à sua chamada “palavra de honra”.
Eu, porém, vos digo: Do mesmo modo como nos outros dois exemplos anteriores, Jesus parte do texto da Lei de Moisés e o aprofunda conceitualmente. Ele trabalha com a ideia de que eles não poderiam pensar que a Lei fosse meramente um escrito de regras humanas, mas Jesus indica um caminho de aprofundamento da Lei no coração do homem.
De modo algum jureis: nem pelo céu; nem pela terra; nem por Jerusalém; nem pela vossa cabeça –O que precisamos considerar aqui é que eles tentavam convencer as  pessoas de que eram pessoas confiáveis dando ao seu juramento o tamanho das coisas pelas quais eles se dispunham a jurar. O que estavam tentando provar é que juravam por coisas elevadas, para que as pessoas pensassem que eram tão tementes que jamais quebrariam um pacto, afinal, quem quebraria um pacto, colocando em risco o céu, a terra de Israel, a cidade de Jerusalém ou o próprio pescoço?
No fundo, eles não estavam interessados nestas coisas. Apenas estavam usando um subterfúgio. Moisés, em Levítico 19 disse que fazer um juramento deste tipo era atacar a integridade da relação com Deus, o mesmo que tomar o nome de Deus em vão.
Irmãos, o que não podemos deixar acontecer é que nosso caráter seja construído de forma fictícia. O que precisamos é que ele seja verdadeiro e não uma construção falsa, baseado em discursos ou enganações. Quando os judeus precisavam provar suas intenções, eles se valiam destes recursos, mas o que Jesus quer é que as pessoas conheçam o nosso caráter pelo modo como vivemos. Veremos isto no último tópico.
Deus desmascara este subterfúgio dizendo que eles não poderiam fazer isto porque eles não possuem controle algum sobre aquelas coisas elevadas pelas quais eles dizem fazer juramento.
Por ser o trono de Deus; por ser o estrado do seus pés; porque é a cidade do grande Rei; porque não podes tornar um fio de cabelo brando ou preto – Jesus está dizendo que este juramentos não tem valor algum porque eles nada possuem destas coisas que colocam como garantia. Bem, quando Deus jura fidelidade à Abraão,, ele jura pela sua santidade. OU seja, Deus possui santidade, é dele e Ele jura pela sua santidade porque pode fazer justiça a este juramento. Quando os judeus faziam juramentos, eles eram considerados falsos porque suas garantias eram apenas subterfúgios.
O que precisamos pensar muito bem é quais tem sido os nossos subterfúgios para tentar provar que temos um caráter confiável. Às vezes, até para Deus nós mentimos deslavadamente. Quantos não foram aqueles que juraram fidelidade e mais amor a Deus e logo se esqueceram. Disseram-se tocados, lágrimas pareciam corroborar sua decisão, mas no fundo, tinham em mente somente o momento e uma vontade de ser o que de fato não eram.

PARA DESENVOLVER UM CARÁTER DA LUZ PRECISAMOS ASSUMIR NOSSA RELAÇÃO COM DEUS COMO UMA RELAÇÃO DE VIDA DIÁRIA

O que precisamos para um caráter da luz é aprender a viver na luz! Podemos ser bons em apontar razões para os homens crerem em nós. Mas, precisamos aprender a ser o que queremos que as pessoas vejam em nós.
Seja, porém, a tua palavra: sim, sim; não, não. O que passar disto vem do maligno (Mateus 5.37).
Seja a tua palavra - Sim, sim – Não, não - Jesus não está falando só de ser uma pessoa decidida, como muitas vezes a gente aplica esse verso. Jesus está falando de uma pessoa que  vive de forma verdadeira. Quando ele diz “sim” todos sabem que vai viver o “sim” e todos sabem quando diz “não” é porque vai viver o “não”. Não há surpresas é disto que trata a vida do homem de Deus e que deseja resplandecer a luz de Deus neste mundo.
A ideia de palavra aqui claro que está ligada ao contexto dos juramentos e estes eram declarações solenes de intenções. Mas, a ideia mais profunda que Jesus propõe não se restringe ao que  dizemos, mas ao modo como vivemos. Devemos pensar que Jesus está dizendo que devemos viver de uma maneira que sejamos cridos e confiáveis, que as pessoas saibam o que esperar de nós.
Já ouvi uma pessoa dizer que um crente nunca pode dizer: talvez. Afinal, “talvez” não é nem “sim” nem “não” é somente “talvez”. Claro que Jesus não está dizendo isto. Ele está dizendo que se dissermos “talvez” é porque é “talvez” mesmo. As pessoas devem saber quem somos, devem saber que nossa vida é verdadeira.
Irmãos, precisamos de uma conduta diária verdadeira que irão fazer as pessoas confiar em nós. Até nossos erros, porque somos pecadores, não serão tropeços para nossa relação com as pessoas, porque elas realmente saberão que “erramos” ou “falhamos” e não que deliberadamente mentimos.
O que passar disto vem do Maligno – Jesus termina esta repreensão dizendo que toda a relação de vida tem a ver com Deus e revelam nossa aproximação com o Senhor ou nosso distanciamento dEle. O que aqui ele quer dizer é que nosso caráter revela quem realmente atrai a nossa vida, ou quem é o NOSSO SENHOR: Deus ou o Maligno.
Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer-se de um e amar o outro, ou se devotará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas (Mateus 6.24).
Quando nossa vida diária aponta para um caráter duvidoso, uma luz embaçada, nossa vida apontará para o que todos já sabem: o maligno ainda está presente e dominando a vida humana. Apenas um crente de vida diária definida pela verdade é que revelará sua ligação pessoal com Deus.
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Acho que preciso explicar melhor o que desejo dizer com este subtópico. Na verdade, o que temos no Sermão de Jesus é a repetição de quatro exemplos de juramentos que são subterfúgios usados pelos judeus nos seus dias para dar credibilidade à sua chamada “palavra de
Para ter um caráter da luz precisamos assumir uma relação diária com Deus, isto é fundamental e decisivo. Talvez a mais importante decisão de toda a nossa vida cristã seja esta.

CONCLUSÃO

Diante destas palavras de Jesus precisamos claramente investigar nossa vida e tomar algumas decisões. Talvez, você tenha erros como qualquer um pode ter e sua vida não seja uma clara demonstração de sua ligação diária com o Senhor. Talvez você seja alguém que tenha uma luz embaçada ou até opaca, ou seja, nada tem colaborado para que o mundo conheça Cristo, por meio do seu caráter.
Caros irmãos, todos podemos ter sombras em nosso caráter. Eu sei que preciso aprender muito mais para que minha lâmpada brilhe de forma muito transparente a luz de Cristo. O que precisamos, neste exato momento, é tomar uma decisão: PRECISAMOS DOBRAR NOSSO JOELHOS E PEDIR A CRISTO UM CARÁTER IGUAL AO DELE, UM VIDA RETA, CONSTANTE, MAIS RIGOR EM CUMPRIR O VOTO DE VIVER PARA DEUS.
Um dos pecados que cometemos comumente, uns com os outros é o de exigir CARÁTER do outro e sequer arranhar o verdadeiro caráter de Cristo em nossa maneira de viver. Este tipo de conduta é mais que uma hipocrisia, é um ato de descrença. Afinal, quem vive na presença de Deus não pode, sequer pensar, em viver menos que a verdade todos os dias.

ORAÇÃO


Senhor, Pai das Luzes, cujo caráter sequer possui sombra de variação, ajuda-me a viver em retidão e a ser alguém, cuja conduta reta aponte para Ti e para Tua vida em mim. Amém.