26 de abril de 2015

Lucas 24.44-45

As Escrituras Como Chave do Entendimento
(Lucas 24. 44 e 45)

Foco da Nossa Condição Decaída
Precisamos de uma igreja neste mundo que considere a realidade e concretude do Reino Milenar de Cristo como centro definidor de toda a realidade. Neste texto, veremos que Jesus antes de enviar seus apóstolos ao mundo para espalhar sua mensagem precisava inseri-los nesta visão de realidade e concretude. Os elementos fundamentais desta mudança de pensamento veremos que tudo ocorre como uma obra espiritual, como resultado da nossa proximidade das Escrituras e como fruto de nossa ligação pessoal com Cristo.  

Introdução
O contexto imediato desta passagem é a incredulidade dos discípulos. Essa incredulidade era marcada, principalmente, pelo entendimento equivocado deles com a realidade do Cristo Ressurreto.
Por isso, durante quarenta dias, antes de lhes confiar o Evangelho do Reino, Jesus, por meio de aparições e gestos como mostrar as mãos e os pés marcados, comer com os apóstolos e falar-lhes de coisas pessoais, trabalhou para que os apóstolos tivessem uma visão realista do Cristo Vivo.
Não é possível viver o cristianismo de forma integral enquanto mantemos uma relação apenas sentimental com a fé em Jesus. Precisamos galgar o  degrau que nos leva a uma fé que considera Cristo em toda a sua realidade para todos os dias.
Confesso que nem sempre consigo expressar o que penso sobre a realidade de Deus. Posso apenas lhes dizer que viver esta vida com  entendimento da realidade de Cristo é a única forma de cumprir o nosso papel como embaixadores do Reino.
Imagine um médico que receita um remédio, mas não acredita que sua fórmula possa seja mesmo eficaz para o tratamento de uma doença. Assim, somos como igreja, quando apontamos o Reino de Deus como uma resposta às pessoas, se não temos uma firme confiança que se trata de algo real, concreto e que está acontecendo entre nós.
Naqueles dias, os discípulos, tanto quanto nós hoje, precisaram que Jesus vencesse sua incredulidade e, antes de ir aos céus, lhes mostrou toda a realidade de sua realeza e concretude do seu reino. Ele os chamou para viver com um entendimento diferenciado desta realidade, para conseguirem conviver com este mundo em uma medida realista. Hoje, ainda Jesus nos chama a esta mesma vida com entendimento. Nos versículos que vamos abordar esta noite, gostaria de considerar, três importantes elementos que Jesus apontou como fundamentais para que sua morte e ressurreição fosse uma realidade e concretude fundamentais para a obra de evangelização do mundo.

O Verdadeiro Entendimento da Vida é Resultado de Uma Profunda Mudança Produzida em Nossa Mente
A Bíblia não é somente um livro de cabeceira, para quem deseja de algum dispositivo emocional para manter-se mentalmente saudável. A Bíblia não é somente um livro para quem deseja um modelo ético de vida. A Bíblia não é somente um livro texto para a criação de uma religião cristã.
Por mais que a Bíblia possa funcionar bem como um apoio emocional, afinal possui textos tão repletos de demonstrações de fé e palavras que nos seduzem quando estamos desanimados, ou ainda que a Bíblia realmente funcione como um livro de ética, ou mesmo como um excelente fundamento para a construção de uma religiosidade cristã. Ela tem como alvo nos oferecer um verdadeiro entendimento da realidade sob a qual todos nós vivemos e nos movemos: a realidade de Deus, o Senhor de todas as coisas.
A Bíblia é a ferramenta da revelação deste mistério: que Deus fez convergir em Cristo todas as coisas, tanto as do céu, quanto as da terra (Efésios 1.9). Em outras palavras, meus irmãos, toda a realidade ao redor e a nossa própria vida, nos revelam as Escrituras, devem ter o seu sentido real quando são considerados na sua relação com Cristo.
Nosso culto desta noite, os cânticos deste conjunto, assim como todas as tarefas do dia de amanhã  e, da mesma forma, os diplomas que vocês ganharam nos cursos que concluíram. só encontram seu sentido real em Cristo. Para alcançar este nível de entendimento precisamos de uma compreensão profunda das Escrituras.
Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras  (Lucas 24.45).
Caros irmãos, considero que Lucas construiu este versículo de uma forma a nos mostrar a intensidade do que realmente aconteceu com os discípulos.
“Dienoisen auton noun sienai grafa”
“então, por meio de uma intencional ação ocorrida na mente, eles passaram a pensar de forma diferente para terem um novo entendimento das Escrituras”.
No uso do verbo siniemi na voz passiva, mostra Lucas que houve uma ação externa que levou os discípulos a terem a sua mente aberta para este novo entendimento das Escrituras. Irmãos, eles passaram a ver tudo o que foi escrito com uma mentalidade diferente.
Nós precisamos desta mente transformada para poder entender qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Precisamos que Deus aja em nossa vida para que isso aconteça e precisamos pedir que Deus nos dê essa nova mente. Mas para que esta ação acontecesse, houve alguns elementos muito importantes que a antecederam.
  
Para Que Vivamos Com Entendimento Precisamos de Uma Profunda Relação Com a Palavra de Deus
Voltando um pouco, antes de Lucas construir esse belo versículo sobre a mudança da mente dos discípulos, podemos notar que ele mostrou que Jesus insistiu com os discípulos que as Escrituras eram a “Chave” para que esse novo entendimento viesse à tona.
A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco:  importava se cumprisse tudo que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas enos Salmos (Lucas 24.44).
Embora saibamos que uma obra do Espírito é o que realmente opera a mudança em nossa mente, devemos buscar esta mudança e a única forma de fazermos isto é um aprofundamento do nosso relacionamento com a Palavra Viva de Deus.
Algumas vezes, Jesus insistiu com seus discípulos que voltassem às Escrituras para compreender o que ela falava a seu respeito. A nova vida, a nova realidade do Reino viria do túmulo com Ele na sua ressurreição, já estava apontada nas Escrituras.  Elas já testificavam de Jesus e de sua obra.
Às vezes não percebemos que as Escrituras são a voz de Deus, a revelação especial do grande mistério da existência, que é Cristo o Senhor de todas as coisas. Elas falam disto e devemos buscar este entendimento nelas para que a realidade do reino se torne mais clara para nós.
A Palavra é a espada do Espírito é a sua ferramenta de trabalho para a nossa transformação. Quando mais próximos da Palavra, mais próximos da nova mentalidade e de um verdadeiro entendimento da vida. Mais perto, portanto, do real significado de todas as coisas.
Calvino insistia em dizer que as Escrituras são a Escola do Espírito e que devemos usar as Escrituras como óculos para enxergar a realidade. Este é justamente o grande valor das Escrituras.
É muito comum que busquemos certos versículos para algumas ocasiões. Por exemplo, aqueles folhetos que sugerem: quando estiver triste, leia o texto tal... Não sou contra essas coisas, acredito que muitas vezes podemos ser socorridos desta forma. Contudo, as Escrituras são muito mais que isso. Elas nos falam da nossa vida e nos dão entendimento do que somos em Cristo e o para que estamos aqui para Cristo.

Para Que Vivamos Com Entendimento Precisamos de Uma Profunda Relação Com Jesus
Um outro elemento que antecede a obra do Espírito é um relacionamento vivo e profundo com o próprio Jesus.
A  seguir, Jesus llhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco (Lucas 24.45a).
No texto, está em realce a intencionalidade de Jesus em fazer– conhecido dos seus discípulos o valor das Escrituras como chave para a vida de entendimento.
Destaco nessa intencionalidade o fato de que Jesus afirma contundentemente que esteve com os seus discípulos com esta intenção, ao fazer essa afirmação:
Eu disse e continuo dizendo para vocês convosco as palavras dizendo para vocês.
Sei que essa frase, em português parece muito estranha, repetitiva, o que em português é muito feito. Mas, no texto grego essa é uma forma de enfatizar algo e o Lucas está nos mostrando era a ligação profunda que Jesus manteve intencionalmente com os seus discípulos e como sua ênfase era fazer as Escrituras ocuparem lugar central no modo como os seus discípulos deveriam ver a realidade que estava ao seu redor, inclusive, a realidade sobre Ele próprio.
Quando as Escrituras são lidas por causa da nossa proximidade com Cristo, deste amor que precisamos devotar ao nosso Senhor e este desejo que Ele nos fale pela Palavra. Precisamos nos aproximar dela como se Cristo estivesse pessoalmente falando ao nosso coração, mudando a nossa mente por ela.
Jesus citou o Moisés, os Salmos e os Profetas, esse era o modo como comumente os judeus dividiam as Escrituras, era como se Jesus estivesse dizendo para eles: eu falei e continuou falando para vocês convosco, as palavras a vocês, como toda a Escritura está direcionada a lhes revelar a verdade.
Os apóstolos, depois que saíram pregando o Evangelho compreenderam ainda mais, que os ensinos de Jesus, assim como todo o conteúdo entregue pelos próprios apóstolos haviam se tornado na ferramenta do Espírito Santo para mudar nosso modo de entender a vida.
Conclusão
Precisamos olhar com muita atenção para o que pensamos sobre a vida. Você talvez não parou para perceber, mas talvez esteja desenvolvendo sua vida neste mundo de uma maneira equivocada e distante de uma realidade que você não deveria negar: Cristo está vivo! Cristo Reina! Minha vida tem tudo a ver com ele! Ele voltará!
Tudo o que a Bíblia fala sobre Jesus é importante! Nada pode ser pequeno ou esquecido. Que ele é o Salvador, nosso refúgio, nosso resgatador, nosso Rei... Tudo conta, tudo deve mudar o nosso modo de viver. Isso é romper a incredulidade. Essa é a nova mentalidade esse é o ENTENDIMENTO QUE DEVEMOS BUSCAR PARA VIVER.
Meus irmãos, formandos desta noite, cada uma das nossas conquistas só têm sentido em Cristo, só são valiosas quando estão submetidas as Cristo. Afinal, os ímpios também tem suas conquistas, mas todas, absolutamente todas as conquistas que nada tem a ver com Cristo, são como tudo o mais sem Cristo... Obras mortas, que perecem quando morremos, obras de valor meramente transitório.
Todos nós precisamos usar as Escrituras como CHAVE deste novo entendimento real e concreto de todas as coisas. Precisamos lê-la com os ouvidos elevados de quem está a ouvir a voz de Cristo, quem nos fala dos céus, onde está assentado em trono. De qualquer maneira, esta palavra só será aprofundada em nosso coração, quando Deus, por misericórdia nos conceder olhos para ver, por isso, humildemente precisamos clamar que ele realmente nos faça ver.

Aplicações
Quero apenas lembrar para todos os que buscam progresso pessoal por meio do trabalho: não se esqueçam de que o trabalho e o sustento devem ser vistos como ferramentas do nosso relacionamento com o Deus de toda a providência e bondade.
Aos que buscam seu progresso pessoal nos estudos: lembrem-se que nada do que fizerem tem valor em si mesmo se Cristo não for o centro e a figura central de seu interesse.
Para aqueles que, por alguma razão perderam razões para pensar em progresso, quer pela tristeza ou mesmo pelo simples comodismo: Quem tem Cristo como o centro de sua vida não deve jamais pensar que já não há esperança para nada. Ao contrário, quem tem Cristo como Senhor e centro de sua vida, sempre pode acreditar em que algo melhor está para acontecer.
Como o cego de Jericó, digamos ao Senhor: que eu possa ver. Que possamos ver tudo o que a Escritura fala sobre Jesus. Você pode começar agora mesmo a pensar assim. Por exemplo, podemos começar a pensar em Jesus como o BOM PASTOR.
Que ele seja tudo para nós - NADA NOS FALTARÁ.
Que ele nos conduza nesta vida - PASTOS VERDEJANTES, ÁGUAS TRANQUILAS.
Que ele nos faça vencer os horrores da morte - VALE DA SOMBRA DA MORTE SEM TEMOR.
Que ele seja nossa esperança do futuro - NA CASA DO SENHOR ETERNAMENTE.
Você consegue ouvir que essa é a palavra do próprio BOM PASTOR para você. Creia na realidade e na concretude de que neste momento, por meio desta Palavra, ele está olhando para você, pessoalmente, sondando a sua mente e produzindo algo novo em você: EU SOU O BOM PASTOR.





12 de abril de 2015

Lucas 24.36-43

A Paz do Cristo Ressurreto
(Lucas 24. 36 a 20)

Foco da Nossa Condição Decaída
Um dos  fatos dos evangelhos que foi ressaltado no final de todos eles é a incredulidade dos apóstolos. O desfrutar pleno da comunhão com o Cristo ressurreto é uma construção e, no Evangelho de Lucas, isso aponta para o fato de que precisamos amadurecer este relacionamento vivo com o Cristo vivo. 

Introdução
Ler os quatro evangelhos é uma experiência riquíssima, porque a história  de Jesus é repleta de fatos significativos. Mas, a simples leitura do evangelho pode não ser suficiente para desenvolver um relacionamento de vida com esta história de Jesus.
Eu parto do princípio de que os fatos narrados nos evangelhos têm um propósito muito superior ao de apenas informar o que aconteceu com Jesus. Eles foram registrados para que nossa  fé fosse alimentada por estas histórias.
Lucas em particular, escrevendo para um mundo  gentílico, onde a igreja passava por uma intensa e constante pressão do mundo externo, diz que escreveu esses fatos com o objetivo de nos fazer plenamente certos do fundamento ensinado por Cristo e seus apóstolos.
Neste capítulo 24, onde Lucas trata da ressurreição de Jesus, algo me chama a atenção, pois Lucas parece começar um relato crescente das aparições de Jesus. Ele começa com as mulheres, como já ouvimos noutro sermão, que não tinham credibilidade em  tribunal  para serem as primeiras a apresentarem a mensagem do Evangelho.
A seguir, ele mostra o encontro de Jesus com dois discípulos, que não fizeram parte daquele conhecido colégio apostólico dos onze, para somente no final do capítulo conduzir os onze à uma consciência verdadeira da sua ressurreição.
Desde o início, quando os anjos apareceram às mulheres, Lucas nos informa que elas informaram os onze sobre a ressurreição de Jesus. Ou seja, parece que o encontro de Jesus com os onze era o objetivo do capítulo, mas ele é apresentado como uma crescente, inclusive nos informando que Pedro já havia encontrado Jesus também antes disto.
O  ponto que quero abordar com essa a partir desta percepção é que a relação dos onze com o Cristo ressurreto foi um ato progressivo. Ou seja, o desenvolver de uma relação vital com a o Cristo ressurreto não deve ser visto apenas como um ato, mas como um processo de amadurecimento, reconhecimento, aproximação.
Muitas vezes, não notamos que deve existir um alvo para a nossa vida cristã e este alvo é o desenvolvimento de uma vida plenamente ressurreta. Essa foi a teologia que o Apóstolo Paulo insistiu em mostrar aos crentes de sua época ao dizer-lhes que devemos ter uma vida digna do Evangelho, do nosso chamado, um viver ressurreto, segundo a ressurreição que temos em Cristo.
Eu convido você a olhar para este texto com este desejo, o de desfrutar de um modelo de vida de intimidade com o Cristo ressurreto, dando os primeiros passos, como os onze deram, para que pudessem realmente desfrutar a paz de uma vida ressurreta.



Amadurecemos Nossa Vida Ressurreta Quando Amadurecemos Uma Relação Pessoal Realista e Concreta Com o Cristo Ressurreto
Não é possível nenhum desfrutar da Paz da Vida Ressurreta sem um relacionamento pessoal e direto com o próprio Cristo Vivo. Você pode estar pensando: mas isto é óbvio!  Contudo, não são poucos os crentes que possuem uma vida cristã de relacionamento intenso com o Cristianismo, mas sem Cristo.
Michael Horton produziu uma obra, cujo título é “Cristianismo Sem Cristo”, na qual descreve a tendência moderna de termos todos os elementos éticos, sociais e até eclesiológicos do Novo Testamento, contudo deixar de lado a verdadeira fé que nos aproxima prioritariamente da pessoa de Jesus Cristo.
Falavam ainda estas coisas quando Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: Paz seja convosco! (Lucas 24.36).
A discussão que travavam naquele momento era sobre a notícia que os dois discípulos de Emaús traziam de seu encontro  com Jesus. Eles estavam focados nas histórias sobre a ressurreição, pois ainda tinham na mente o relato das mulheres e de Simão, bem como, eles já deviam ter conhecimento da história pessoal de Maria de Magdala. Enfim, apesar destes testemunhos, como vemos no próprio texto, eles ainda assim não tinham um relacionamento vital com o Cristo Vivo, ele ainda lhes era um estranho.
Jesus apareceu no meio deles - Lucas diz que ele se posicionou (estei - istemi) no meio deles (mezou). Lucas está dando aos seus leitores a informação de que Cristo se posicionou realmente entre os discípulos, esteve com eles de forma física. Embora, o texto pareça indicar que ele fez isto de uma forma repentina, o que favorece o fato deles pensarem ser um fantasma, Lucas deseja que todos saibam que Jesus esteve presente entre eles.
Era necessário um relacionamento pessoal e direto com Cristo para a construção da verdadeira experiência com o Cristo ressurreto. Não poderia ser apenas uma percepção intelectual da história.
Paz seja convosco - quando, entretanto, fala “paz seja  convosco”, Jesus mostra o alvo de sua aparição ressurreta, ou seja, que seu relacionamento com os discípulos construísse no coração deles uma certeza que os levasse a descansar na vontade e plano de Deus.
Jesus pessoalmente desejava que todo o temor e incerteza do coração dos seus discípulos fossem dissipados por que eles viriam a ter um relacionamento pessoal e direto com o Cristo Vivo. A vida de Cristo deve nos fazer confiantes, a sua ressurreição é a certeza da nossa própria ressurreição.
Sei que, muitas vezes, é difícil pensar em uma felicidade plena se as coisas não forem do nosso jeito ou se não forem segundo as regras que já estamos acostumados neste mundo. A ressurreição de Jesus é uma alteração do caminho natural e a revelação de um caminho espiritual, mais elevado e consistente, fundamentado no fato de que Ele venceu a morte, segundo a eficácia do poder de Deus.
Maior é o que está conosco que o que está no mundo. Mas, certezas deste tipo, que nos movem a confiar em Deus e seus caminhos mais que em nós mesmos  e nossas escolhas, só pode se tornar realidade quando nossa mente considerar que CRISTO REALMENTE ESTÁ VIVO. 
Infelizmente, para muitos cristãos, o fato de Cristo estar vivo não modifica em nada o seu viver, não altera o seu padrão de comportamento, eles não notam que tendo um Cristo vivo como seu Senhor, ainda vivem segundo o curso deste mundo morto.
Por outro lado, podemos construir essa relação de vida ressurreta com o Cristo vivo, na medida em que começamos a nos conscientizar sobre a importância de levarmos a sério a realidade e concretude de sua ressurreição.
Isso nos dará maturidade cristã e uma vida ressurreta que seja eficaz para moldar nosso  modo de andar neste mundo.  

Amadurecemos Nossa Vida Ressurreta Quando Vencemos as Inconstâncias do Coração
Evidentemente, os discípulos tiveram muita dificuldade com aquele momento. Não sabiam o que crer. Se você notar o texto, eles saem do medo, da tristeza para a alegria e admiração, sem contudo nenhum destes extremos os conduzirem à verdade da realidade e concretude do Cristo Vivo.
Eles porém surpresos e atemorizados, acreditavam estarem vendo um espírito. Mas ele lhes disse: Por que estais perturbados? E por que sobrem dúvidas ao vosso coração? (Lucas 24.37-38).
Muitas vezes nosso maior inimigo está dentro de nós mesmos, o nosso próprio coração. Pois, o nosso coração, inclinado a confiar apenas em si mesmo, por causa do pecado que nos afasta de Deus, não consegue descansar na paz de Cristo e busca outros critérios para se sentir em paz.
Essa dificuldade do coração é que tem transformado a vida de tantos crentes em uma gangorra da fé, ou seja, hora lá em cima, outras vezes, lá embaixo. O amadurecimento da nossa vida ressurreta exige que vençamos essa inconstância da nossa fé.
Surpresos e atemorizados acreditaram errado - o coração dos discípulos usou de um recurso muito comum do coração caído, ou seja, sentimentos profundos que os levaram a um desvio da realidade do Cristo Vivo.
Ele estava ali, real e concreto no meio deles e estavam propondo-lhes paz, mas o coração deles os desvia dessa realidade para considerarem com mais força a possibilidade de estarem diante de um fantasma.
A palavra “pionthentes”, traduzida por “surpresos”, indica um mover no pensamento que diminuiu a capacidade de avaliar, levando ao erro de juízo. Era como se Lucas estivesse dizendo que o medo e a inclinação do pecado no coração os levasse a se desviar da verdade do Cristo vivo ali com eles.
Mas você sabe que é mais fácil ter um coração se desviando de realidade e concretude da vida ressurreta que se manter firme na verdade. Pois, muitas vezes, também nós somos tentados a não confiar na verdade e nas implicações práticas da ressurreição da nossa vida. Para nosso coração, muitas vezes, é difícil confiar, por exemplo, que o perdoar o próximo é mesmo o melhor caminho e o caminho do ressurreto e nos mantemos na falha de juízo, fechando o nosso coração para tal.
Estais perturbados e sobem dúvidas ao coração -  Lembrando as palavras de Jesus que antes haviam sido ditas aos discípulos: Não se turbe o vosso coração, crede em Deus, crede também em mim... A minha paz vos dou, não vo-la dou como o mundo a dá, não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.
Com certeza, Jesus sabia que era necessário construir a confiança dos discípulos e por isso havia aparecido aos onze neste momento, com a intenção de que fossem completamente transformados. O ponto em que Cristo quer trabalhar é na inconstância do seu coração para crer. E por isso, ele quer que eles trabalhem a própria consciência ao se perguntarem: porque estais perturbados? e porque sobem dúvidas ao vosso coração?
Precisamos lidar com nossas imperfeições e precisamos confrontar o nosso próprio coração. O salmista fez isso  quando disse à sua alma: Por que estás abatida dentro em mim, ó minha alma? Você deveria se perguntar: por que estou agindo assim? Por que estou escolhendo este caminho? Por que não confio no Senhor como deveria?
Na verdade, Jesus está lidando com a inconstância da nossa fé de uma maneira construtiva, visando o amadurecimento da nossa vida ressurreta. Foi isso o que ele fez com os seus apóstolos, por isso, antes de lhes mostrar as mãos e o lado e comer com eles, ele lhes fez pensar sobre o quão fraca era a sua fé e como eles se deixavam guiar pelo coração inconstante.
Precisamos fazer o mesmo caminho se desejamos construir uma relação verdadeira e ter a Paz do Cristo Vivo amadurecida em nós e viver neste mundo como ressurretos. Precisamos encarar a inconstância da nossa fé.
Amadurecemos Nossa Vida Ressurreta Quando Cedemos Mentalmente à Realidade e Concretude do Cristo Vivo
Lucas prefere não fazer diferença entre Tomé e os outros dez discípulos. Antes, os colocou todos em pé de igualdade, pois, na verdade, todos e não somente Tomé tiveram dificuldade para crer na realidade e concretude do Cristo vivo.
Neste ponto, Lucas parte para o modo como Jesus venceria a sua incredulidade de forma concreta, estimulando sua mente por meio da observação realista de que ele de fato estava ali e não era um fantasma, ou qualquer figura imaginária. Ele os deixará tocar em suas feridas e mesmo comerá com eles.
Vede as minhas mãos e os meus pés que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. Dizendo-lhes isto, mostrou-lhes as mãos e os pés (Lucas 24.39-40).
Os discípulos precisavam que suas mentes fossem estimuladas pela realidade e concretude de Cristo e Jesus o fez por meio de uma experiência sensorial com eles. Ou seja, o tato, algo que eles não poderiam negar, serviu como ferramenta para a mudança da sua mente, jazida na incredulidade até então.
Quando João relata sobre Tomé, ele reafirma essa necessidade ao relatar que Tomé havia dito que “...se eu não tocar nele, nas suas feridas de modo nenhum crerei”. Ao mesmo tempo, o próprio apóstolo do amor adverte, nas palavras inquiridoras de Cristo: “porque vistes crestes, bem aventurados os que não viram e creram”.
Você pode notar que a experiência sensorial com Cristo não deveria ser o caminho natural, mas Cristo sabia que esta era uma maneira de conduzir o coração dos seus discípulos.
O que Lucas faz a seguir é mostrar o quanto conduzir o coração do homem para a realidade e concretude de Cristo é difícil. Pois, ele relata que mesmo assim, eles ainda não estavam crendo, porque, novamente o seu coração os levara à incredulidade, agora pelo excesso de euforia.
E, por não acreditarem eles ainda, por causa da alegria, e estando admirados, Jesus lhes disse: tendes aqui alguma coisa que comer? Então, lhe apresentaram um pedado de peixe assado e um favo de mel. E ele comeu na presença deles (Lucas 24.41-43).
Não é à toa que um pouco antes, o texto nos diz que Jesus afirmou a dificuldade do coração dos discípulos, quando repreendeu os dois do caminho de Emaús ao lhes chamar de nescios e tardos de coração.
O toque em suas mãos e pés, ver-lhes as feridas não fora suficiente para ter as suas mentes incendiadas pela realidade e concretude de Cristo. Eles ficaram admirados, mas não crentes.
Muitas vezes, caímos nos mesmos erros, pois nos admiramos do Cristo que parece tão poderoso, mas ele mesmo continua distante de nós. Precisamos ceder mentalmente à realidade e concretude de Cristo.
Ele faz o mesmo processo em nós, sem que precisemos tocar as suas feridas ou vê-lo comendo. Ele faz isso, nas muitas vezes que nos mostrou seu poder agindo em nossa vida, agindo na vida dos que estão ao nosso redor. Mas, ainda assim, parecemos tantas vezes resistir à vida amadurecida, por que simplesmente, não cedemos mentalmente à sua realidade e concretude.
Ceder mentalmente é descansar em Cristo mesmo sem que seja necessário ele aparecer pessoalmente aqui. Ceder mentalmente é considerar a partir das próprias experiências com Deus e com a sua Palavra que o que estamos vivendo na fé cristã é real e concreto. Que podemos mesmo esperar que ele voltará e por isso, devemos também viver de forma santa a nossa peregrinação nesta terra.
Você não escolherá o caminho de Deus enquanto não ceder mentalmente ao fato de que Ele Vive e tem um jeito certo para você viver a sua vida, que não pode ser determinada pelo pecado nem as inclinações do seu coração caído.


Conclusão
Meus irmãos, o propósito deste Evangelho, como de todos os escritos do Novo Testamento é nos mostrar a importância de uma vida ressurreta, que redunda em atos de justiça e retidão dignas do  Evangelho.
Em meio ao mundo caído e essa sociedade tão apodrecidas pelo pecado em geral, a ganância, o engano, o egocentrismo etc.. Necessitamos elevar o padrão do modo como vivemos neste mundo, para que o mundo olhe para o nosso modo de vida e glorifique a Deus. Será que a igreja e os cristãos podem mesmo chamar a atenção do mundo, quando ela não vive o padrão ressurreto?
Do que realmente estamos falando? Estamos falando de um fato que deveria determinar nossa maneira de viver, que é o fato de que Cristo está vivo e assentado no Trono. Ele é que deve ser obedecido e para ele é que nós vivemos de forma submissa, segundo o seu padrão.
Fechar os olhos para isto e viver como se não fosse real e concreto o seu governo sobre as coisas é um ato de grande incredulidade e uma temeridade para quem assim vive. Por outro lado, uma certeza podemos derivar dessa realidade e concretude: Sabemos que tudo coopera para o nosso bem, porque nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus e se ele está vivo, cuidará de nós.
Não vivemos neste mundo por vista, vivemos por fé!