31 de dezembro de 2017

Marcos 1.2-6

A Vida Que Aponta Para Cristo
Marcos 1.2-6

Foco do Texto em Nossa Condição Decaída
O Texto nos redireciona as energias para aquilo que mais daria sentido e razão de existência a cada um de nós, isto é, fazer com que nossa vida, completamente apontasse para a glória de Cristo. Do mesmo modo como João Batista teve sua vida assim usada, precisamos recuperar a mesma dimensão do que realmente é a vida e para quê se destina. O fato de nos escolher como seus filhos, deveria nos fazer crer e confiar em Cristo, fazendo dele o alvo de nossa própria existência.

Introdução
O primeiro verso do Evangelho de Marcos dá a direção para a qual devemos olhar: O EVANGELHO, isto é, A BOA NOVA do REINO do FILHO DE DEUS. Este é o foco do Evangelho, anunciar que estamos vivendo uma nova ordem existência, debaixo do reinado do Filho de Deus. Ele, portanto, começa esta apresentação falando sobre o atalaia, aquele que anuncia chegada e a vitória do Rei: João Batista.
João Batista, a personagem principal dos versos que separamos esta noite foi um dos mais importantes sinais do Reino, isto é, ele foi o homem que dedicou a sua vida ao ministério do holofote. Ele não chamava a atenção para si mesmo, mas preparava o caminho para que outro, no caso, Jesus Cristo, o Filho de Deus, aparecesse. João era consistente com o que mais tarde haveria de dizer: Importa que ele cresça e eu diminua.
Sem dúvida, precisamos recuperar esta visão da importância da vida e precisamos recolocar nossa própria vida na estrada correta. Isto implica em redescobrirmos a importância de fazer Cristo grande, enquanto apenas nos tornamos holofotes a aponta-lo. Infelizmente, em geral, queremos o destaque e desejamos ser notados, procuramos a fama e o reconhecimento e não queremos permitir que as atenções se desviem de nós. Por outro lado, algumas outras vezes, estamos interessados em construir nossos reinos pessoais e não nos dispomos à grandiosa tarefa de fazer o reino de Cristo visível.
Neste texto, percebendo a grandiosa tarefa de João Batista, aprenderemos alguns valores que norteiam o verdadeiro trabalho para o Reino, o verdadeiro ministério de apontar para a glória de Cristo e trabalhar para que o Rei seja visível. Queremos levantar nestes versos alguns princípios que poderemos aplicar para alcançar este nível de significado em nossa própria carreira cristã.  

Para Que Nossa Vida Aponte Para a Glória de Cristo, Precisamos Buscar Auto-significado Nos Planos Deus Para Nós e Não Focar Apenas em Nosso Coração

Conforme está escrito na profecia de Isaías: Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho, voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. (Marcos 1.2-3).
Claro que sempre nos assustamos com este verso, na medida em que ele anuncia que irá citar o profeta Isaías e faz uma citação de Malaquias e outra de Isaías. Esse tipo de citação era um tanto comum, uma prática nos dias de Marcos. Na verdade, o texto primordial que estava na intenção do autor era o de Isaías, mas ele usa como uma espécie de alavanca o texto de Malaquias, como um preparatório. Portanto, não se trata de um erro de tradução ou algum desconhecimento de Marcos, ao contrário, uma citação este tipo foi naturalmente compreendida. O importante, no entanto é notar que Marcos está introduzindo o tema da figura de João Batista e dando um tom muito importante, revelando que o ministério de João Batista era preparatório e um produto da vontade de Deus.
Conforme está escrito – o maravilhoso e marcante ministério de João Batista não foi produto apenas da especial capacidade do primo de Jesus, o filho do sacerdote Zacarias e Isabel. Este maravilhoso ministério, que fez de João Batista o mais proeminente nascido de mulher (Mt 11.11) foi fruto de um grande plano divino.
Valeria a pena voltar aos texto bíblicos de anuncio do nascimento do menino João ao piedoso sacerdote Zacarias, mas não temos tempo para isto hoje. Entretanto, vale lembrar que esta anunciação deixou o piedoso Zacarias mudo, afinal, descobrira que seu filho, era fruto das grandiosas promessas. O próprio Marcos, irá nos dizer que Jesus via a missão de João Batista como sendo o que havia sido profetizado por Malaquias e que ele na verdade era um paralelo bíblico do grande profeta Elias.
Eu, porém, vos digo que Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, como a seu respeito está escrito (Mc 9.13).
Aqui ele se referiu ao fato de terem matado João Batista. Em Mateus e Lucas, Jesus diz que João Batista foi o maior de todos os nascidos de mulher e isto aponta para o glorioso ministério de João. Contudo, o que Marcos destaca aqui nos versos dois e três é que ele fez o que fez como fruto do grande plano de Deus.
Envio o meu mensageiro – a mensagem de João era a mensagem de Jehovah e não a sua mensagem pessoal.
Preparai o caminho do Senhor – Ele não trabalhou em prol de seu próprio ministério ou de seu próprio nome, mas abriu as mentes das pessoas para a chegada do Messias:
Após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de, curvando-me, desatar-lhe as correias das sandálias (Mc 1.7).
Um ministério de holofote
Precisamos recuperar em nossas mentes este tipo de percepção sobre o fato de que Deus a todos nós tem chamado para o mesmo ministério, o de apontar Cristo às mentes das pessoas, o de preparar para que Cristo chegue às pessoas.
Estamos, muitas vezes, gastando a maior parte das nossas energias e capacidades para preparar o mundo para nós mesmos, mas isto, não está fazendo crescer em nós o nosso próprio senso de significado. Precisamos redirecionar nossa vida e buscar o significado que Deus quer que tenhamos, enquanto parte de seu grande plano para trazer à luz o REINO DE SEU FILHO.
Não estamos aqui para que reconheçam nossos rostos, mas para que reconheçam Cristo em nós, para que o conhecimento de Cristo seja espalhado através de nossa vida, isto é espalhar o bom perfume de Cristo.

Para Que Nossa Vida Aponte Para a Glória de Cristo, Precisamos Remodelar Nossa Compreensão da Prioridade da Vida Humana

Apareceu João Batista no deserto, pregando batismo de arrependimento para remissão de pecados. (Marcos 1.4).
Apareceu João Batista no deserto - Evidentemente, o verso 4, vem dar o contorno de cumprimento ao verso de Isaías, anunciado no versículo 3: Voz do clama no deserto. O ponto a ser compreendido é que João Batista se pôs a assumir o plano de Deus como seu foco de vida e foi pregar no deserto. Este tipo de ministério foi muito significativo, porque o deserto é justamente o lugar onde a vida é tão difícil. Quando Isaías anunciou isto, a palavra deserto, tinha a conotação e apontar para o fato de que as pessoas estavam vivendo em um lugar ruim, em uma condição ruim e precisavam de que algo as restaurasse. O profeta Isaías, muitas vezes, se referiu ao ministério do Messias como sendo um ato de transformação o deserto em um manancial.
Pregando batismo de arrependimento - Na verdade, não somente pelo fato de ter ido pregar no deserto, mas por perceber as reais condições em que as pessoas viviam, João realmente, foi um pregador no deserto, tanto o literal ao noroeste da Judeia, próximo ao Rio Jordão, quanto no deserto das vidas distantes de Deus e distantes da fonte da vida.
Ele sabia que as pessoas a quem pregava não estavam ali só porque gostavam de pregação. Embora, alguns estivessem ali pela novidade da sua pregação e a força de suas palavras, boa parte daqueles homens e mulheres, estavam vivendo longe de Deus e isto era um grande mal a lhes afligir.
Da mesma forma, precisamos ter visão do que realmente está por detrás das festas, das roupas bonitas, dos fogos de artifício, dos carros luxuosos, dos passeios e viagens caras, das drogas, das bebidas etc. Vidas sem Cristo, são sempre vidas sem sentido, sem significado completo. Precisamos começar a ver que é necessário que intervenhamos com uma mensagem de saída para estas pessoas. O que elas precisam não é um novo tipo de diversão sem álcool ou drogas, ou sexualidade exacerbada... eles precisam é saber que a vida é mais que isto tudo... eles precisam de Cristo, de vida eterna, de vida, no sentido mais pleno da palavra.
Não podemos simplesmente dar a eles uma igreja que saiba se divertir. Precisamos mostrar para eles que existe um caminho para a vida! Isto é o que nossos filhos precisam! Isto é o que nossa esposa, nosso marido, nossos pais, nossos amigos, nossos vizinhos precisam.
Ao anunciar “arrependimento” João estava anunciando um novo modo de ver a vida e um novo propósito para a vida. Ele não estava só lhes dando uma lição de moral, mas lhes concedia um novo parâmetro, porque vivam perdidos e precisavam deixar aquela direção e andar na direção certa.
Para remissão de pecados – o problema não é que eram infelizes com o que tinham, o problema deles era espiritual e este continua sendo o problema do homem. Não se trata da falta de coisas, mas de uma só: DEUS.
Quando a nossa vida aponta para a glória de Cristo, então começamos a fazer dela um instrumento desta prioridade, levar pessoas à salvação. Não preciso falar muito para que facilmente percebamos que não temos priorizado este envolvimento com o reino em nosso meio. PRECISAMOS REMODELAR NOSSA MANEIRA DE VER AS PESSOAS E A NOSSA PRIORIDADE EM RELAÇÃO A ELAS.
Esta noite, um jovem me escreveu. Eu estava justamente trabalhando neste texto e ele me interrompeu dizendo que precisava se encontrar com Cristo. Ele tem vontade de vir à igreja, mas sempre toma outra decisão e não sabe o que é que o está impedindo. Eu falei com ele que precisava ser uma decisão urgente e valeu a pena, às 01h30 da manhã, orar por ele e pedir a Deus que o guiasse. Falei com ele para procurar hoje ainda uma igreja e pedisse para alguém orar pessoalmente com ele. Eu fico pensando, como eu me sentiria se soubesse que esta foi a última chance daquele rapaz e ele não tivesse tomado esta decisão e se eu tivesse combinado um enconro para daqui há 30 dias... enfim... A PRIORIDADE É A SALVAÇÃO DAS PESSOAS E NÃO SUA CONTA BANCÁRIA OU MESMO A SUA SAÚDE. Por isso, precisamos remodelar nossa maneira de ver o que é a prioridade da vida.

Para Que Nossa Vida Aponte Para a Glória de Cristo, Precisamos Parar de Perder Tempo e Organizar Nossa Vida Em Torno da Missão

Saíam a ter com ele toda a província da Judeia e todos os habitantes de Jerusalém; e, confessando os seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão. AS vestes de João eram feitas de pêlos de camelo; ele trazia um cinto de couro e se alimentava de gafanhos e mel silvestre. (Marcos 1.5-6).
Mais uma vez, Marcos está usando o recurso de tomar o gancho de um verso no outro. Aqui ele dá cumprimento ao ministério de João, anunciado no verso 4, dizendo que ele estava batizando pessoas que se arrependiam dos seus pecados. Mas, devemos notar um recurso de linguagem bem interessante.
Saíam ter com ele TODA a província... e TODOS os habitantes de Jerusalém – claro que aqui Marcos usa um recurso de exagero, mas é proposital. Ele estava mostrando a força, abrangência e a impetuosa rotina do ministério de João Batista. Marcos está disposto a mostrar que aquele homem não tinha tempo para perder e tinha muito trabalho a realizar. Na verdade, neste evangelho muito dinâmico, a mesma força e urgência veremos no ministério de Jesus e possivelmente é o que Marcos espera da Igreja de Cristo.
Confessavam pecados e eram batizados – João realizava estes batismos como um sinal de conversão, de mudança da mentalidade e condição do homem diante de Deus. Marcos usa tempos verbais que indicam que isto era uma rotina continua, quase sem interrupção.
As vestes e alimentação de João – não se tratava de um estilo para impressionar ou para criar um marketing pessoal. João precisava ser prático, como todos os profetas. Este era um tipo de roupa usado por viajantes no deserto que não precisava de muitas peças, nem de muitas trocas, especialmente para quem não tinha tempo para se ocupar com cuidados deste mundo. A alimentação simples, não necessitava de plantio, ou cuidado com gado, João não tinha tempo para isto, sua missão era urgente. Irmãos, João estava apenas tentando ser prático e objetivo, porque sua prioridade era o Reino que estava às portas e ele não podia brincar ou cuidar de outras coisas.
Paulo nos ensinou a remir o tempo porque os dias são maus e Jesus nos ensinou a não gastar energia no que não era comida nem bebida. Precisamos, de uma atitude responsável e menos indolente com relação às coisas do Reino de Cristo. Em geral, temos protelado e permitido que outras prioridades ocupem maior espaço em nossa mente e consequentemente nossa vida.
Irmãos precisamos seriamente redefinir nossa vida à luz do Reino de Cristo que é vindo ao mundo. Precisamos nos desembaraçar de uma série de coisas que só nos afastam de Deus. Você errou, se planejou que o Reino de Cristo poderá ser adiado para amanhã na sua vida e você perdeu a riqueza de se envolver com ele nos melhores dias da sua vida.
Há alguns anos, conheci um homem que dizia que estava preparando a sua vida para em alguns poucos anos, naquela época, mais uns cinco ou seis anos, ele poder se dedicar mais a Deus, tendo já preparado tudo para estar sossegado com uma boa aposentadoria e não tendo mais que se preocupar com os recursos para a vida diária. Bem, devo dizer, infelizmente, mas tenho que dizer que já se foram 17 anos depois desta conversa, ele que tinha tudo preparado para poucos anos, sofreu enormes abalos e até o dia de hoje, não conseguiu o tempo que queria ter para Cristo.
Torne a sua bagagem leve e suas necessidades fáceis e faça da vida para Deus algo mais acessível a você mesmo e às pessoas que vivem ao seu redor. Acredito que Marcos está nos dando uma enorme lição através da vida de João Batista. Cristo era a sua prioridade e o Reino dos Céus uma meta de vida pessoal e para as pessoas.

Conclusão
O ano está começando, 2018 e seus grandes desafios. Acredito que devemos rever nossa prioridade e remodelar nossas ações com um objetivo: trabalhar para Deus. A essência do trabalho para o Reino é a prioridade que damos a ele. O foco de nossas ações é a vida humana e não as coisas e o ritmo é o de quem está fugindo da ira vindoura e seguindo para a casa eterna.
Peço a você meu irmão que pense profundamente sobre isto, especialmente sobre sua família. Qual tem sido sua postura em relação à salvação das pessoas que você ama e qual tem sido a sua dedicação em alcança-los para Cristo. Quando olham para você e o modo como você vive, eles reconhecem que tipo de prioridade?

Pense bem sobre tudo isto e replaneje sua vida à luz de quem vive para a Glória de Cristo e não a construção do próprio reinado.  

17 de dezembro de 2017

Ezequiel 44.1-27

Aprendendo a Viver Com a Glória de Deus
Ezequiel 44.1-27

Introdução
Mais uma vez, o profeta Ezequiel é um desafio para nós na pregação. O capítulo 44 dá um outro salto na dinâmica desta grande visão do Templo. No capítulo 43, o passeio conduzido pelo Homem de Bronze mostrou o coração do relacionamento com Deus que é o “lugar do sacrifício o altar”, revelando a sua santidade. Depois, o próprio Yahweh fala sobre como realizar este altar, apontando para o “ato de relacionar-se com Deus”, buscando a pureza deste ato, especialmente mostrando o primordial interesse do próprio Deus em se relacionar com o seu povo.
Agora, no entanto, o capítulo 44 continua o passeio pelo Templo, visualizando a atitude humana e a postura que precisamos assumir quando desejamos ter uma vida de intimidade com a Glória de Deus. Evidentemente há muitos e importantes detalhes que uma só mensagem não consegue cobrir, por isso, vamos nos deter esta noite em três princípios para aprendermos a nos relacionar com Deus, baseados nas posturas das principais figuras deste capítulo.
Será sempre muito bom que os irmãos consigam separar tempo para estudar estas profecias e procurar nos seus detalhes, mais e mais, nuances sobre como Deus deseja manifestar sua presença gloriosa entre nós, o Templo do Senhor.

A Atitude Pecaminosa Impenitente Impede a Possibilidade de Um Verdadeiro Relacionamento com Deus
Irmãos, precisamos considerar com muita seriedade o fato de que a pureza absoluta de Deus é quem deve determinar o padrão do nosso relacionamento com Ele. Infelizmente, parece que nos tornamos um povo que não tem apreço pela santidade de Deus e a tratamos como apenas um conceito e não compreendemos realmente diante de quem nós estamos: estamos diante do Senhor, isto tem de fazer toda a diferença.
Lembre-se de Isaías ou mesmo o apóstolo João, ambos, diante de Deus não suportaram a beleza da santidade do Senhor, ambos sentiram o terror da sua santidade, porque perceberam o completo peso e a responsabilidade negativa que os seus pecados causavam:
Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos! (Is 6.5).
Esta percepção é encorajada novamente em Ezequiel no capítulo 44:
Depois, o homem me levou pela porta do norte, diante da casa; olhei, e eis que a glória do Senhor enchia a Casa do Senhor; então, caí rosto em terra (Ez.44.4).
O Homem de Bronze, o guia da visão de Ezequiel pelo templo o levou a perceber algumas coisas sobre a glória de Deus. Logo no verso 2, ele falou de uma grande porta fechada, a porta oriental por onde a Glória do Senhor havia entrado, ela estava fechada e ninguém poderia mais entrar por ela, porque a Glória de Deus havia entrado ali.
O que ele está pontuando é que este relacionamento com Deus precisa que saibamos exatamente qual o nosso lugar e qual o lugar de Deus no comando deste relacionamento. Não somos nós quem dirigimos o culto ou comandamos as coisas quando estamos na presença de Deus, deve ser Deus.
O temor é uma virtude que nosso modelo extremamente intimista, emocionalista não quer admitir. Nós confundimos a comunhão com Deus com permissividade. Hoje o culto pode ser muito mais invadido pela sujeira da humanidade que ser um lugar de pureza divina.
Veja como esta percepção é construída no capítulo. Nos versos 5 a 14, infelizmente não os veremos com muitos detalhes, só um sobrevoo, percebemos que o profeta recebe instruções sobre quem pode permanecer e quem deve ser excluído da presença de Deus.
Filho do homem, nota bem, e vê com os próprios olhos tudo quanto eu te disser de todas as determinações a respeito da Casa do Senhor e de todas as leis dela; nota bem quem pode entrar no templo e quem deve ser excluído do santuário (Ez 44.5).
Numa primeira parte, ele fala de um grupo de pessoas que eram abomináveis e estavam servindo a Deus, ele deixa claro que não quer que tal adoração aconteça na sua presença, por isso, determina que todo o estrangeiro seja excluído.

O culto profano deve ser excluído (versos 6-9) – Uma leitura rápida destes versos nos dirá que Deus não aceita ser adorado segundo qualquer princípio mundano, de qualquer forma. Não existe um Deus que por nos amar se adequa a quem somos, o Deus da Bíblia insiste em que sejamos transformados para servi-lo. Ele recebe pecadores sim, mas não os recebe nos termos dos pecadores, mas sim, Ele recebe a todos os pecadores que ouvem a sua voz e se prostram perante ele para aprender a andar em retidão. Este tipo de culto que a pessoa tenta forçar Deus aos seus termos pessoais é abominável porque não considera a santidade de Deus e o torna semelhante a homem.
Aqui ele está dizendo que é inexistente a adoração do homem que adultera a sua alma, que aparente uma coisa, mas no profundo do seu ser é outra. Aqui, o que temos é que Deus exclui do templo esse tipo de pessoa. Não há nenhum pudor em dizer que Deus não tolera comportamento pecaminoso associado à ajuntamento solene.
Assim diz o Senhor Deus: Nenhum estrangeiro que se encontra no meio dos filhos de Israel, incircunciso de coração ou incircunciso de carne, entrará no meu santuário (Ez 44.9).
Evidentemente, dentro de um contexto judaico, estas palavras foram compreendidas de um modo, no Novo Testamento, a verdadeira circuncisão está no coração e só pode ser vista pela fé. Mas o que Deus está estabelecendo é uma regra: você pode até tentar, mas não conseguirá realmente entrar em relacionamento com Deus se tiver uma vida falsa e espiritualmente vazia.

A Nossa Incosistência Espiritual Limita Nossa Relação Com Deus
Um segundo grupo é o foco do tratamento do capítulo. Este grupo era não de estranhos, mas de filhos de Deus que haviam se corrompido e tinham uma atitude espiritual inconsistente com sua condição e filhos de Deus. Este é o grupo tratado nos versos 10 a 14.  
Eram sacerdotes mas viviam de forma ímpia – infelizmente este é um grupo que temos de aprender a reconhecer, que são pessoas que não fazem da saúde espiritual um alvo de vida. Eles preferem viver duplamente sua fé. O problema deste tipo de comportamento é que eles não conseguem desfrutar da plenitude de alegria que há na santidade de Deus. O salmista dizia: na tua presença há plenitude de alegria! Claramente este grupo de crentes inconsistentes não conseguem se alegrar.
Os levitas que se apartaram para longe de mim, quando Israel andava errado, que andavam transviados, desviados de mim, para irem atrás de seus ídolos, bem levarão sobre si a sua iniquidade (Ez 44.10).

Deus limita o culto dos seus filhos de acordo com o amadurecimento da sua santidade (versos 10 a 14) - Mais uma vez eu recorro ao modelo permissivo que deixamos ser construído em nossas práticas cúlticas e de como temos dificuldade para compreender que temos de ser mais cuidadosos com o nosso culto. Basta vermos que na maior parte das vezes, sequer oramos e nos preparamos para o culto a Deus, andamos meio desavisados, muitas vezes, estamos completamente despreparados para a vida com Deus.
Nestes versos, o texto fala de filhos de Deus, sacerdotes, que haviam pecado contra Deus e andavam desviados do Senhor. Eles deverão perceber que seus pecados causavam grande influencia sobre o relacionamento com Deus. Eles são autorizados a participar da vida com Deus, mas ficaram limitados em suas tarefas e relacionamento com Deus. No caso deles, poderiam viver próximo ao templo, mas lhes foram destinadas tarefas de cuidado com a guarda do local.
Não se chegarão a mim, para me servirem no sacerdócio, nem se achegarão a nenhuma de todas as minhas coisas sagradas, que são santíssimas, mas levarão sobre si a sua vergonha e as suas abominações que cometeram. Contudo, eu os encarregarei da guarda do templo, e de todo o serviço, e de tudo que se fizer nele (Ez 44.13-14).
Irmãos precisamos considerar atentamente que o nosso relacionamento com Deus deve fazer com que a percepção e a consciência da santidade de Deus determine nossa vida. O fato verdadeiro de que Deus é misericordioso e nos ama não pode nos levar a achar que então ele simplesmente se vê obrigado a aceitar qualquer coisa das nossas mãos. Deus não se compraz em menos que um filho santo como o próprio Jesus é por isso que as instruções bíblicas para que busquemos deixar o pecado são tão importantes e significativas. Não haverá puro e verdadeiro relacionamento com Deus enquanto você se deixar moldar por um tipo de fé, inconstante e mais parecida com você que com Deus.

A Fidelidade do Crente Tem Uma Especial Recompensa No Relacionamento Com Deus
Nos versos 15 a 27 são dedicados a um terceiro grupo de assistentes, os completamente fiéis. Estes são chamados de fiéis, pessoas que apesar de muitos se desviarem, escolheram dedicar a vida com Deus como uma prioridade, mesmo em meio à pressões contrárias.
Aqui estes são descritos como sendo da linhagem de Zadoque. Este simboliza aqueles sacerdotes que ficaram fiéis à Casa de Davi quando este foi perseguido por Absalão ou mesmo quando houve a divisão dos dois povos e os filhos do Norte seguiram à casa de Jeroboão.
Mas os sacerdotes levitas, os filhos de Zadoque, que cumpriram as prescrições do meu santuário, quando os filhos de Israel se extraviaram de mim, eles se chegarão a mim, para me servirem, e estarão diante de mim, para me oferecerem a gordura e o sangue, diz o Senhor Deus. Eles entrarão no meu santuário, e se chegarão à minha mesa, para me servirem, e cumprirão as minhas prescrições (Ez 44.15-16).
Todo este trecho é para tratar destes homens e de como sua plenitude de fé os levarão a experiências valiosíssimas na presença de Deus. Algumas vezes, nós perdemos de vista a incrível riqueza que nos é proposta na vida com Deus. Isto, irmãos, precisa ser recuperado!
Em nossas famílias era comum ver avós, filhos, pais, mães, alguma tia ou parente completamente fiel a Deus e nós estamos perdendo isto. Antigamente, era possível considerar uma grande quantidade de crentes realmente piedosos e capazes de dar sua vida a Cristo, eles eram colunas para nossa fé, mas se tornaram escassos os casos.

Deus os abençoa especialmente – o texto fala em vestes de linho, tiaras de linho cobrindo-os completamente. Haverá um especial lugar para sua vida com Deus e o gozo e riqueza deste relacionamento os coroará.
Deus os conduz em atitudes cada vez mais santas – eles ouvirão preceitos de Deus e os compreenderão de forma mais profunda, terão uma completa intimidade com Deus a ponto de sua vida se distinguir do comum e corriqueiro.
Deus os usará para ensinar seu povo – Deus os escolherá para serem os servos que irão apresentar a todos o que Deus quer de seus filhos e serão mestres com sua vida.

Acredito que este é um retrato de um homem ou uma mulher, um jovem, uma criança ou um adulto experiente, não importa, que se empenha em viver, acima de tudo, para a glória de Deus.
Estamos falando de pessoas que estão dispostas a andar na contramão da cultura se necessário, a viver um padrão elevado de vida e apresentar ao mundo a Glória de Deus. Estes poderão viver na plenitude da alegria que há na presença de Deus. Estes desfrutarão do profundo sabor da vida com Deus.
Há muito tempo eu ouvi uma ilustração. Ela falava de um homem que escalava uma montanha e da sua experiência como alpinista. No ato da escalada havia muita luta, muita força era preciso fazer para se manter agarrado a cada pequena fresta e não se desprender. Os equipamentos deviam ser sempre bem cuidados para que não caísse, por um descuido ou pela imprecisão do gesto ou estragar de um equipamento.
Conforme o dia passa, o alpinista vai se cansando, suas forças no empenho de subir a montanha vão se acabando e vai ficando mais difícil. Na parte mais alta da montanha, há menos auxílios, porque muito poucos outros alpinistas estiveram por lá e não há muitas marcas, como nas partes iniciais, portanto, as escolhas certas são mais difíceis. Mas o alpinista sobe e sobe até o topo. Enfim, quando alcança a parte mais alta da montanha há um gozo e um esplendor que ele pode contar, mas ninguém poderá viver se não subir também ao lugar. A vista é linda, pode ser descrita, mas a emoção e o impacto dela sobre a mente não pode ser realmente compartilhado. Estes, os homens que subirem até ao topo, terão um privilégio que não conseguirão repartir, senão apenas estimular os outros a fazerem a mesma caminhada.
No dia em que ele entrar no lugar santo, no átrio interior, para ministrar no lugar santo, apresentará a sua oferta pelo pecado, diz o Senhor Deus (Ez 44.27)
Isto é aqui é uma descrição de um homem que chegou ao coração do templo, ao lugar mais santo, ao ponto onde a relação com Deus é a mais íntima. Este é um homem que realmente alcançou o maior de todos os privilégios e contempla glória de Deus que enche o templo e queima o altar.

Conclusão
Este trecho é um chamamento à uma realidade que precisamos com mais atenção considerar. Esta realidade é a condição espiritual da nossa vida e da nossa relação com Deus.
Infelizmente, há muitos tentando se enganar e vivendo falsamente sua vida com Deus. Podem ser recebidos por nós, mas não o são por Deus e isto em que lhes acrescenta? Também infelizmente precisamos admitir que há muitos crentes que se contentam, como Pedro, buscarem a Deus de longe, vivem pouco para Deus e se dedicam pouco. Eles não conseguem usufruir da plenitude de vida que há em Cristo Jesus.
Considero que este capítulo era um estimulo ao profeta para que ele soubesse que Deus ainda possui homens fiéis, que sabem e querem viver para Deus. O profeta Ezequiel é acalentado em saber que Deus ainda distribui da sua intimidade para os que se aproximam dele e lhes dá a conhecer a sua aliança.
Persiga um ideal de uma vida mais plena com Deus. Pense em dar prioridade à essa busca na sua vida. Não limite sua vida à si mesmo, mas redescubra a felicidade plena da presença de Deus.