Encontrando Razões Mais Elevadas Para Vencer as Tribulações
(Tiago 1. 1 a 8)
Pregado à Igreja Presbiteriana de Diadema em Maio 2015
Introdução
Quero agradecer a esta igreja pelo carinho e amor cristão demonstrado para com a minha família, já que nestes dias, nossa prima, Ester, esposa do REv. Valmir, está internada, vivendo mais uma etapa do seu tratamento contra o câncer.
Horácio era um cristão muito dedicado, reconhecido por sua generosidade e sabedoria; um homem próspero, possuidor de vários imóveis e chefe de uma linda família, pai de um menino e quatro meninas. Em 1870, com apenas quatro anos de idade, seu filhinho morreu, vítima de uma praga que matou muitas pessoas em Chicago, no ano de 1870.
Um ano mais tarde, um grande incêndio destruiu grande parte de seus imóveis, abalando financeiramente a estabilidade desta família. Em 1873, Horácio resolveu enviar sua família para a Inglaterra para visitar os familiares, mas teve de permanecer em Chicago para acertar alguns negócios.
No dia 22 de novembro de 1973, o Navio que levava sua família sofreu um naufrágio e 226 pessoas morreram. Entre os mortos suas quatro filhas. Assim que soube da notícia, Horácio partiu em viagem para a Inglaterra para encontrar sua esposa e relatou que no local onde o navio que levava sua família naufragou sua oração a Deus foi esta: está tudo bem com a minha alma
When peace like a river, attendeth my way, (Quando paz como um rio, achegar ao meu coração)
When sorrows like sea billows roll (Quando tristezas como um vagalhão marinho);
Whatever my lot, (qual quer que seja a minha sorte)a
Thou hast taught me to know (Tu tens me ensinado) It is well, it is well, with my soul (que está tudo bem, está tudo bem com a minha alma).
When sorrows like sea billows roll (Quando tristezas como um vagalhão marinho);
Whatever my lot, (qual quer que seja a minha sorte)a
Thou hast taught me to know (Tu tens me ensinado) It is well, it is well, with my soul (que está tudo bem, está tudo bem com a minha alma).
Você deve imaginar que tipo de fé é esta que faz uma pessoa passar por tão grande aflição e ainda assim sentir paz. O que podemos pensar nesta noite sobre o texto que estamos meditando é que Tiago também queria que a igreja aprendesse a sentir paz em meio a grande prova que estava passando.
Por isso, amada igreja, desejo compartilhar este texto que tem falado muito ao meu coração nos últimos tempos. Desejo que reflitamos sobre a nossa vida e como vivenciar os momentos difíceis mantendo nosso coração em paz por meio da fé. Este é o tipo de atitude que Deus espera do seu povo e que revela nossa maturidade e visão elevada da vida e todas as suas circunstâncias.
Para Vencer as Tribulações Precisamos Manter em Nossa Mente a Certeza de Que Somos Servos de Deus
No verso primeiro temos uma apresentação muito resumida do autor e dos destinatários desta epístola. Nele logo percebemos algumas lições importantes.
Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que se encontram na dispersão (Tiago 1.1).
Não vamos detalhar sobre quem seria este Tiago, mas tomaremos o ponto de que é bem consignado por muitos estudiosos que se trata de Tiago, um dos filhos de Maria e José, irmão do Senhor Jesus Cristo.
Não obstante ser o irmão de Jesus, Tiago preferiu anunciar-se doutra forma. Não se trata apenas de evitar a arrogância, embora fique evidente que ele não era um homem arrogante. Tratava-se de Tiago saber quem era ele próprio dentro desta relação espiritual com Rei - ELE ERA UM SERVO.
Quando apresenta quem são os seus destinatários, Tiago usa uma linguagem vétero testamentária e lhes faz lembrar um período histórico importante do povo de Deus: o exílio babilônico, quando as tribos de Israel foram levadas para viver em terras estranhas, em meio aos povos, sofrendo a perseguição de povos maiores e mais poderosos que eles. ELES ERA PEREGRINOS.
Ele, o próprio irmão de Jesus Cristo se identificava com eles como um servos do Senhor. Isto implica em mantermos nossa mente alerta para o fato de que não estamos aqui para sermos tratados como reis, apenas como servos e também implica em vivermos em obediência não importa a circunstâncias.
O outro aspecto importante desta saudação inicial é que os cristãos deveriam não se esquecer de que neste mundo não possuem morada definitiva. Não na atual era da redenção. Afinal devemos nos comportar como peregrinos, pertencentes a um reino mais elevado e nossos reais valores não são encontrados nos valores deste mundo.
Todos precisamos desta mentalidade se queremos passar pelas provações sem perder verdadeiramente a paz. Afinal, quando nos identificamos como servos ou como peregrinos, reconhecemos que Deus tem o direito de provar-nos e também reconhecemos que este mundo não é a nossa morada final.
Somos servos peregrinos neste mundo. Com Cristo mantemos uma relação de intimidade e submissão e com o mundo de desprendimento e luta. Precisamos moldar nossa mente para não sermos tragados pela inclinação natural do nosso coração pecaminoso que pode nos conduzir a negar o senhorio de Deus sobre nós e nos levar a pensar que o atual estado da Criação é que é o estado perfeito.
Para Vencer as Tribulações Precisamos Visualizar a Nosso Amadurecimento Como Um Objetivo
Quando o agricultor chega a uma terra dura e seca, ele começa por arar o terreno e começar um tratamento do solo por meio de substâncias que permitirão a produção naquela terra. Depois começa a lançar as sementes e, assim que começam a germinar um grande e contínuo processo de cuidado com rega e proteção de pragas ocupa o tempo do produtor rural. Tempos depois, ele vê as plantas amadurecendo e dando frutos. Isto é um longo processo do ciclo de produtividade da terra.
Quando voltamos nossa atenção para os versos 2 a 4 também podemos aprender sobre o processo de amadurecimento donosso caráter como cristãos. Esse processo, às vezes é dolorido.;
Meus irmãos, tendo por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes (Tiago 1.2-4).
Não vamos tratar os detalhes envolvendo cada um dos aspectos deste processo. Seria muito interessante considerar cada um dos passos: provação-perseverança-perfeição. Mas, vamos nos deter no PROCESSO EM SI.
Os leitores de Tiago precisavam olhar para sua jornada dolorosa e incômoda não com um olhar negativo, mas com uma expectativa positiva. Precisamos fazer isto com a nossa vida, afinal é a Cristo que servimos e nEle que confiamos como Senhor da nossa vida.
A questão que se torna importante para Tiago é que a visão positiva de que estamos sendo preparados para sermos servos melhores deveria produzir em nós um contentamento com esta vida, não importante quais sejam as nossas circunstâncias.
Outro dia ouvi falar que jogadores de futebol não gostam nada nada de treinos físicos. Mas, dizia o preparador físico, que este treinamentos eram imprescindíveis para que extrair o melhor rendimento do atleta em campo. Assim, ocorre em todos os esportes, como também ocorre em nossa vida acadêmica e até nas coisas mais corriqueiras. Preparar o almoço pode ser um grande trabalho, mas desfrutar de uma bela refeição é uma alegria maravilhosa.
Toda a obra de Deus na nossa vida visualiza a mudança de nosso caráter, propondo crescimento em todas as áreas. Devemos saber que somos como crianças, muitas vezes, muito imaturos para a vida com Deus.
Se desejamos viver sem perder a paz nos momentos difíceis, precisamos visualizar que existe um objetivo de Deus em tudo e que este objetivo é nos tornar maduros, prontos para o serviço mais completo como servos.
Quando voltamos um pouco no tempo, naqueles dias em que o Cristo ressurreto estava com os seus discípulos. Pensamos no encontro de Jesus com Pedro. Ele, que antes, de forma imatura havia negado a Jesus, fora impactado pela restauração quando Jesus lhe disse para pastorear o seu rebanho. Mas, me chama a atenção o modo como Jesus terminou este diálogo.
Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres (João 21.18).
É curioso que Cristo está dizendo a Pedro que agora que ele está pronto para segui-lo de verdade, a vida não será fácil para o apóstolo, pois seria guiado e levado por outros a lugares onde não queria andar. João, tempos mais tarde, quando escreveu o Evangelho, nos informa que isto que Jesus havia dito tinha a ver com a morte de Pedro.
Disse isto para significar com que gênero de morte Pedro havia de glorificar a Deus (João 21.19a).
Pedro seria amadurecido para morrer para a glória de Deus. Você precisa olhar o processo de Deus como a mais elevada preparação para que você glorifique a Deus com a sua vida e muitas vezes, quando necessário, também com a sua morte.
João ainda terminou este trecho dizendo o seguinte;
Depois de assim falar, acrescentou: segue-me (João 21.19b).
Tiago insistiu com a igreja de seu tempo que entendesse este processo e o percebesse como um processo com um objetivo de amadurecimento de seu caráter.
Para Vencer as Tribulações Precisamos Confiar Que Deus é a Fonte de Sabedoria Que Nos Molda o Caráter
Talvez você esteja pensando que desejava aprender a vencer assim as provações e gostaria muito de ter esta força de entender que é servo, peregrino e que um grande processo de aperfeiçoamento ocorre no meio das tribulações. Mas, na verdade, você não consegue ter essa força. Sempre que as tribulações chegam, você se vê fraco.
Para Tiago, este caráter que passa pelas tribulações sem perder a paz não é uma obra meramente da inteligência humana. Na verdade, Ele deixa claro que nós desenvolvemos este caráter quando Deus opera em nós e nos concede sabedoria para esta grande tarefa.
Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera, e ser-lhe-á concedida (Tiago 1.5).
Caros irmãos, Deus é a fonte da sabedoria que precisamos ter para ter a nossa mente transformada e pronta para entender a vida por um outro prisma e, desta forma, vencer as tribulações. Mas, Tiago insiste em dizer que é necessário confiarmos em Deus. Por isso, ele nos conclama a pedir essa sabedoria sem duvidar.
Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando, pois o que duvida é semelhante à onda do mar impelida e agitada pelo vento. Não suponha tal homem que alcançará do Senhor alguma coisa; homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos (Tiago 1.6-8).
Este é um ponto importante da nossa relação com Deus: precisamos confiar nele. Precisamos dispor nossa mente para pensar que ele sabe o que é melhor, que Ele é o Senhor e nós somos os servos que ouvem e obedecem, aprendem e se dispõem a passar pelo caminho que Ele apontar.
Caros irmãos, Deus tem uma história diferente para cada um de nós e não importa, todos precisamos ter claro em nossa mente que somos servos, que nada neste mundo é realmente nosso, apenas o fato de que temos uma fé que precisa ser amadurecida e despertada e o único que realmente pode fazê-lo é Deus.