7 de julho de 2013

Êxodo 20. 1 a 3

“Aprendendo a Amar a Deus Acima de Tudo"

Introdução
Por causa do grande caos instalado na sociedade moderna e também dentro do evangelicalismo brasileiro; em face das tantas doutrinas antibíblicas que parecem construir o gosto popular dos nossos crentes; e sobretudo por causa da destruição dos valores mais básicos da humanidade, como o amor é que eu acredito na necessidade de voltarmos à Lei de Deus e entendermos sua aplicabilidade para os nossos dias.
Há um sentido em que toda a Bíblia é a Lei de Deus. Devemos aprender com cada história da Escritura e aprender em cada linha o que Deus quer construir e renovar em nosso coração.
Não obstante, há textos bíblicos mais diretamente ligados à ideia de lei, como por exemplo as várias leis cerimoniais dadas aos israelitas no livro de Levíticos, ou as leis civis do Êxodo.
Entre os textos mais diretamente ligados às Leis, temos aquele que é chamado de a Lei Moral de Deus, o Decálogo, as Dez Palavras do Sinai, que nós chamamos de “Os Dez Mandamentos”. Era a esse conjunto de Leis Morais que Jesus diretamente se referiu quando disse: Eu não vim revogar a Lei, mas cumprir.
Entendemos que as leis cerimônias caíram em desuso por causa da vinda de Jesus o Sumo e Eterno Sacerdote, no qual todas essas leis se cumpriram. Também cremos que muitas das leis civis do antigo Israel foram abolidas com o avanço dos tempos. Contudo, a Lei Moral permanece viva e intensa, porque os Dez Mandamentos são o coração da Lei de Deus.
Eles, como disse Jesus, devem ser considerados atentamente e de uma maneira que venha fazer sentido em nossa vida e geração.

A Lei do Amor
Os Dez Mandamentos podem ser resumidos em uma única palavra “amor”. Eles foram bem resumidos por Jesus da seguinte forma: “amar a Deus sobre todas as coisas  e ao próximo como a nós mesmos”.
Uma das fórmulas de interpretação bíblica no sistema histórico-gramatical é encontrar o “telos norteador”. O que é o “telos norteador”? É a intencionalidade do autor do texto.
Ou seja, é o exercício do exegeta bíblico descobrir, considerando as questões gramaticais e históricas do texto, qual era a intenção do autor.
Reformados, como nós, reafirmam que o autor supremo das Escrituras é o próprio Deus, embora use homens para fazer o seu registro. E, sendo ele o autor de toda a Escritura, qual seria o seu “telos” (intenção) ao nos entregar todo este material e conduzir todas estas histórias?
Para nós, o telos norteador de toda a Escritura é que Deus intenta que “o amemos de todo o nosso coração, toda a nossa alma e todas as nossas forças”. Amar a Deus sobre tudo é o “telos” da Bíblia e o “telos” dos Dez Mandamentos. Por isso reafirmo que a Lei de Deus é a Lei do Amor.
Esse será o nosso norte no estudo dos Dez Mandamentos, sempre procuraremos descobrir como Deus espera que eu o ame, quais são seus conselhos e de que forma ele nos conduzirá a isto.

Deus Deseja Que Eu Aprenda Amá-lo
Por Isso Ele Me Amou Primeiro
Esta premissa fica muito clara no Novo Testamento quando João escreveu sua primeira carta e nos disse:
Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amarmos uns aos outros (1 João 4.10-11).
Sabe o que eu acho difícil neste amor? É que muitas pessoas amam na medida que são amadas pelos outros. O parâmetro de algumas pessoas é sempre o menor deles, o amor humano. Então, quando alguém falha em nos amar, respondemos com amargura, pois exigimos que nos amem. Deveríamos elevar sempre o nosso padrão e o nosso amor deveria ser sempre norteado pelo amor de Deus.
Há sempre crentes que acham que para poderem agir como amor devem ser amados pelas pessoas. Portanto, sempre concluem o seguinte: se as pessoas falharam em nos amar, estou livre para falhar com elas também.
Nada é mais antibíblico e contrário ao propósito da Lei de Deus que uma atitude norteada por esta conclusão. Devemos amar, porque Deus nos amou primeiro. Devemos amar, porque estamos aprendendo a amar com o amor de Deus.
Ao iniciar o seu decálogo, veja como é que Deus o faz:
Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.
Deus se apresenta como o Deus da aliança, Jehovah. Ele se revela como aquele que mantém a sua palavra por amor ao seu povo. Ele, antes de ordenar qualquer um dos mandamentos do Decálogo, ele apresenta a sua credencial de amor: eu, o Senhor, tirei vocês da terra do Egito e da casa da servidão. Deus é o nosso libertador acima de tudo o que ele se dispõe a fazer por nós.
Os israelitas estavam presos na terra do Egito e o que isso representa? Deus, quando enviou Moisés à Faraó, instruiu-o a dizer a Faraó que deixasse o povo sair para adorar a Deus, servi-lo, festejá-lo.
Homens pecadores como nós, enquanto aprisionados em nossos pecados, temos nosso coração endurecido para Deus e também para amar o próximo. Não conseguimos amar a Deus sobre todas as coisas que devemos fazê-lo e, em contrapartida, amamos a nós mesmos mais que a tudo. Deus precisa nos libertar.
Os mandamentos não fariam nenhum sentido sem que Deus primeiro nos libertasse. O amor de Deus é quem proporciona que o amemos. Ele nos amou primeiro, por isso, nos libertou da nossa escravidão e agora abre a possibilidade que o amemos sobre todas as coisas.
Aquilo que o pecado fez nos afastando do amor de Deus e à ele, agora é quebrado e nos é oferecida a chance de amarmos a Deus de todo o nosso coração. Deus fez isso, quando mandou Jesus Cristo morrer por nós. Foi Jesus que quebrou o arco e despedaçou a lança, o aguilhão do pecado, a morte. Ele converteu o nosso coração a Deus.
Deus nos amou e deu o melhor e pensou mais em nós que nele próprio. É uma vergonha, quando o cristão, para amar, exige ser amado. Na verdade é um desvio do coração. Devemos repreender essa conduta e nos voltar para o amor de Deus.

Quando Aprendemos a Amá-lo
Precisamos Notar Que o Nosso Amor a Ele Deve Ser Exclusivo
Não existem outros deuses. Todos os deuses dos povos não passam de pura fantasia. Os ídolos de todos os tipos que assumem o lugar do nosso coração, disfarçam e amenizam um grande egocentrismo do homem.
Devemos cuidar muito bem do nosso coração e a melhor maneira de começar a cuidar do nosso coração é aprender a não confiar nele.
Enganoso é o coração e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá (Jeremias 17.9)
Calvino disse o seguinte: o coração do homem é uma fábrica de ídolos. Sim, nosso coração foi contaminado pelo pecado e por isso se corrompeu. Ele não consegue naturalmente amar a Deus sobre todas as coisas. Há um outro um outro amor que nos domina e é mais forte que o amor a Deus. Estou falando do amor por nós mesmos, o egocentrismo.
Quando deixamos que a nossa fé e ações sejam movidas com base em nossos interesses. Quando valorizamos a nós mesmos a despeito de todo o ensino bíblico para darmos a vida pelo próximo. Quando o nosso amor é tão dependente de nossa própria valorização e, por qualquer motivo, estamos prontos a atitudes amargas, então identificamos que o que está acontecendo é que o lugar de Deus está sendo roubado em nosso coração.
Deus nos ensina a devolver a ele o lugar que é dele. Eu sou o Senhor, teu Deus. Não tenham outros deuses além de mim.
Não existem outros deuses, ou não deve existir nenhum amor em nosso coração que ofereça a base para a nossa vida. Ele é o nosso Deus.
Deus deseja ser exclusivo na sua vida. E, portanto, deseja que você faça a opção sensata de se comprazer nele e no que ele te oferece. Viver angustiado com o que não tem é uma maneira de dizer que somos insatisfeitos com as coisas que Deus não nos deu, ou viver insatisfeito com o que tem é, do mesmo modo, dizer que está insatisfeito com a vontade de Deus para a sua vida.
A coisa mais importante que Deus irá nos ensinar nessa vida é amá-lo exclusivamente e acima de tudo. Você deve começar a perceber como, na suas experiências pessoais, Deus está ensinando isto a você.
Por que Deus quer que o eu o ame assim? Por que é o melhor é a única maneira de sua vida se estruturar segundo a única realidade, sobre a verdade. Ele é o Deus vivo e verdadeiro e nEle que a nossa vida ganha verdadeiro sentido.
Qualquer outro amor é, como disse Salmão, vaidade e correr atrás do vento. Sobre tudo que se visto e ouvido a suma é: Teme a Deus e guar os seus mandamentos, porque isto é o dever de todo homem (Eclesiastes 12.13).
Esse profundo sendo de amor a Deus que o faça exclusivo e dono de nossas motivações era o que Deus exigia dos filhos de Israel.
Quando estas leis eram repetidas diante de todo o povo. O chamado dos Israelitas era assim:
Ouve, pois, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.
Ouçam, pois, ó crentes de Vila Formosa, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Não deixem formar nos seus corações os ídolos do ego. Antes, digam a si mesmos que vão aprender a negarem-se a si mesmos e seguir a Cristo.

Quando Aprendemos a Amá-lo
Precisamos Notar Que o Nosso Amor a Ele Deve Ser Supremo
De certa maneira é uma natural consequência do que já dissemos até aqui, que o nosso amor a Deus seja acima de tudo. Esse é o sentido das palavras “além de mim”.
Não terás outros deuses além de mim.
Deus deseja ser amado de forma suprema. Isto implica em uma constante renovação da nossa intenção de submissão a Ele. O que importa não é o que eu quero para a minha vida, mas o que ele quer. O que faz sentido não é o que eu penso sobre o que é bom, mas o que ele me diz que é bom.
Há algo que precisamos realmente revisar em nossos dias. Hoje, é comum que as pessoas procurem o melhor caminho para a sua auto realização.
Deus não é contra o sentimento de bem estar e auto realização, mas quando isto assume o valor supremo da nossa vida, isto implica em uma constante insegurança e conflito existencial, afinal, nem sempre conseguimos aquilo que queremos.
Faz muito mal para você estipular alvos pessoais e desconsiderar Deus em seus caminhos. O mal que isso faz tem a ver com o problema de que muitas vezes, o máximo que nos empenhamos não surte o efeito que desejamos. Neste caso, quando Deus não o amor supremo da vida, vem as decepções.
Há muitas pessoas muito doentes por conta disto, inclusive na Igreja. Tornaram-se amargas. Estão deixando se moldar mais pela raiva, mágoa e a infantilidade do ego, que pelo amor.
Pessoas assim não podem agradar a Deus, pois não estão amando a Deus de forma suprema. Se você aprender a amar a Deus de forma suprema, ele será o grande valor da sua vida e nada irá superá-lo. Não é a falta de um carro novo, uma blusa nova, ou o reconhecimento das pessoas que irá tirar-lhe a paz.
As pessoas falam em serem vitoriosas, uma fé vitoriosa. Muitas vezes, o que eu vejo é que a vitória dessas pessoas é terem tudo o que sempre quiseram. Francamente, pense comigo, isso não é infantil? Não são as crianças que aparentemente só estão satisfeitas quando a vontade delas é obedecida? Mas podemos dar tudo o que as crianças querem? Não! Nem sempre elas querem o que é bom.
Qual é a situação mais factível: ter tudo que quer ou não ter tudo que se espera ter? Então, me digam uma coisa: quem é mais vitorioso, aquele que tem tudo o que quer, ou aquele que, apesar de não ter tudo o que quer, viver bem e está feliz com o que tem?
Este primeiro mandamento é um mandamento que equilibra você. Tem como propósito fazer você viver contente, fazer você viver em paz. Aprenda a amar do jeito de Deus e você aprenderá realmente a viver.

CONCLUSÃO
Estas exortações são muito simples e muito claras. Não estamos diante de nada muito novo para nós. Mas, estamos diante de algo altamente importante e necessário.
Você pode sair daqui e, dominado por outros deuses, se posicionar como se Deus nada tivesse dito e ficar na dureza do seu coração.
Mas você pode mudar estas circunstâncias e pode mudara a sua vida. Você percebeu que o que Deus põe diante de você é uma única opção? Estamos falando de um mandamento que, por amor a você, Deus te alerta e te diz: eu sou o teu Deus.
Não estou pregando para deixar a opção sobre os seus ombros ou à sua escolha. Estou lhe falando sobre o fato de que fazer o contrário disto é se posicionar distante de Deus.
Você sabe o que deve fazer? Fiquemos por agora com Tiago que diz:
Aquele que sabe que deve fazer o bem e não faz, nisto está pecando (Tiago 4.17).

Aplicação para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Não conheço os corações, mas posso avaliar o que vejo. Percebo que há vários irmãos demonstrando com a vida o quanto amam a Deus sobre tudo, de forma exclusiva e suprema e que mostram o quanto aprenderam sobre o amor dele.
Mas, essa é uma realidade geral. Muitas vezes penso o que tem desmotivado os irmãos. Penso que talvez seja os erros do pastor, dos presbíteros, dos outros irmãos. Mas, seria isso tão forte se o amor de Deus e a Deus fosse a mola da nossa conduta cristã.
Se realmente o amor supremo a Deus fosse a razão de cada um dos membros da Igreja no exercício dos seus dons, teríamos tantas discussões e tantos problemas para encontrar trabalhadores para a seara e fazer a obra em paz?
Precisamos começar a despedir os velhos deuses do coração para servir a Deus. Todos nós precisamos!
Oração
Eu quero aprender a amá-lo sobre todas as coisas!
Tu és Santo e tua fidelidade se eleva para além das nuvens.
Clamamos que tenhas misericórdia dos teus filhos, que reconhecem que têm sido negligentes quanto ao chamado do Senhor.
Reconhecemos que se fomos chamados, foi o Senhor quem nos chamou. Também declaramos que Tua Santidade nos causa grande constrangimento, pois ela nos faz ver nossa pecaminosidade e deslealdade a Ti.
Pai, dá-nos visão clara sobre a realidade ao nosso redor, permita-nos ver  o que queres realizar por nosso intermédio e quais as realidades que desejas transformar.
Levantaremo-nos para seguir o nosso chamado e clamamos apenas uma coisa: Que Tu vá conosco!

Em nome de Jesus

Amém!


2 comentários:

Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!