24 de novembro de 2013

Miquéias 5.2-6

A Força do SENHOR
Nossa confiança deve ser colocada completamente no SENHOR

Foco da Nossa Condição Decaída

Essa passagem, como muitos textos dos profetas antigos, propõe que nos concentremos em Deus e não em nós mesmos. O Messias é prometido e a riqueza de sua obra é concebida a partir do fato de que ele virá e fará justiça na terra. Devemos confiar nessa promessa e repousar nossas expectativas de forma confiante no fato de que aquele prometido Messias, Jesus o Senhor, é poderoso para realizar a tarefa de trazer verdadeira paz sobre o povo do Senhor. 

Introdução

O capítulo 5 de Miquéias dá continuidade ao que fez o capítulo 4, isto é, reforça o sentimento de consolo e esperança do povo da aliança no fato de que Deus os socorrerá.
O povo pobre e humilde de Israel, que estava sendo explorado por líderes corruptos e sacerdotes e profetas que visavam apenas seus próprios interesses, estava perdendo a esperança e alegria de viver naquela terra. O que ouviam de fora é que nações poderosíssimas estavam para invadir Israel, lutando por território e o que viviam dentro do seu país era a falsidade e a falência das estruturas sociais. 
Na verdade, tudo isto estava acontecendo em Israel porque os filhos de Deus estavam vivendo como se Deus não existisse. Mas o seu modelo de vida tinha chegado a um limite e eles percebiam que não seria possível continuar vivendo desta forma.
Em muito essa profecia se conecta com a nossa realidade. Também vivemos em um emaranhado de problemas sociais. Todos os dias os jornais nos dão conta de que existe uma guerra econômica sendo travada e que estamos a ponto de sucumbir à inflação e retornar à experiência do desemprego e outros males sociais que já vivemos e sabemos como é desesperador. 
Por outro lado, na política, o que vemos é a corrupção, o engano, o roubo e toda sorte desonestidades. Nossos jovens estão morrendo como vítimas das drogas e não se apercebem de que são reféns de uma industria do entretenimento que os consome a cada dia e os torna vítimas fáceis. 
Assim como os ouvintes de Miquéias, também estamos inquietos e perplexos e precisamos de uma resposta. Também identificamos que os homens estão vivendo como se Deus não existisse e este modelo de vida nos levou à total destruição. Nós também queremos uma palavra de esperança e dela precisamos. 
Esse texto nos oferece um Senhor justo e uma promessa de paz. Também nos oferece uma confiança na força do nosso Deus. Dela é que nós precisamos!

A força do SENHOR não se apóia no poder do homem na sua eterna existência

No verso de número dois encontramos uma das mais conhecidas promessas bíblicas da vinda do Messias. Normalmente, encaramos esse verso do ponto de vista de quem já conhece a História e admira que tenha tudo se cumprido de uma maneira tão detalhada. 
Belém é lembrada. Dela se destaca o fato de que não era uma das maiores vilas ou cidades do seu tempo. Ela pouco representava no grupo das milhares de cidades de Israel. Sim, é impressionante e maravilhosamente revelador que Jesus Cristo tenha nascido em Belém. Sim, o cumprimento tão preciso desta profecia enche o nosso coração de alegria. Mas o que precisamos requerer deste texto do Velho Testamento é o seu significado. Pensemos um pouco sobre o que o profeta apresenta e como ele faz a comparação. 
E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo das milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade. 
Imagine-se como um ouvinte de Miquéias e pense qual seria o seu sentimento naquela hora. Estamos falando de um profeta que estava envolvido com o povo rural, que era um povo explorado pelos ricos e poderosos senhores de Jerusalém. 
Eles estavam sendo conduzidos a perceber duas coisas. A primeira delas é que na verdade, o resgate viria de Deus e não do poder dos homens. Somente Deus poderia suscitar um Rei que não viesse dos palácios de Jerusalém. Somente Deus poderia fazer isso acontecer em um lugar tão improvável. 
Enquanto muitos estavam com os seus olhos fixos em Jerusalém e nos líderes na expectativa de que um rei bom viesse a produzir grande obra e restaurasse a nação como o fez Ezequias, se bem que as reformas por ele implementadas não tinham sido o suficiente para trazer paz sobre a nação. Enquanto assim se permitiam ter esperanças nos Reis, ou mesmo em Ezequias por sua retidão, Deus os conclama a olhar noutra direção, numa direção improvável. Deus os conclama a esperar no poder do SEnhor. 
O segundo detalhe que deveria ser notado na fala de Miquéias é que o contraste da palavra sobre a origem do Messias é que ele repousa a sua força não em uma origem humana, mas em uma existência eterna. Duas frases dão força a essa afirmação: 
...de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.
Sim o Rei viria desta cidade desprezível, mas a sua força não vem da realeza ou poderio de qualquer das famílias daquela cidade e sim de sua existência eterna. 
Primeiramente, ele faz uma referência a tempos antigos e muitos dos ouvintes poderiam até pensar em Davi o belemita, no fato de que Deus foi buscar um Rei segundo o seu coração na família de Jessé, o pastor de ovelhas. Mas, o argumento cresce, não estava falando de Jessé, Davi ou qualquer um homem cujas origens fossem conhecidas em Belém, ele aponta para a eternidade do Messias - olam. 
Uma das coisas importantes que eles haviam perdido era a premissa da força de Deus. Eles, depois de tanto ver prevalecer a injustiça dos homens, começaram a pensar que tudo era mesmo decidido nas mesas dos poderosos. Mas a promessa do Senhor os faz elevar o seu olhar para os montes. 
O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra (Salmo 121.2).
Meus irmãos, pode ser que pensemos ser muito improvável que as coisas mudem ou que haja alguma verdadeira esperança para uma sociedade tão afundada no mal como a nossa. Até mesmo as lideranças religiosas se deixam corromper. Mas eu quero lhes afirmar: O PODER TRANSFORMADOR DO EVANGELHO NÃO RESIDE NAS LIMITAÇÕES DA IGREJA, MAS NA ETERNIDADE DO EVANGELHO, QUE É O PRÓPRIO CRISTO. 
Onde o Evangelho chega, também chega o poder eterno de Deus que é capaz de transformar o deserto em um lugar fértil. Precisamos de mais confiança nesse poder transformador do Evangelho, precisamos de uma fé que se apóie menos em recursos humanos e deseje confiar verdadeiramente na eternidade da força do SENHOR. 

A força do SENHOR se manifestará no tempo certo para trazer a sua paz

No verso três, o que nos temos é um retorno ao tema do cerco a Israel, como fora dito no verso 1. O ponto é que muitos anos de cerco, como nos relatou o profeta Jeremias trouxe muitas dores aos filhos do povo de Deus. 
O ponto sobre as dores anunciadas é que elas não são de qualquer natureza, mas sim dores de parto. Para mim, além de falar das grandes tribulações, como em 1 Tessalonicenses 5.3, sobre o fato de que essas dores vêm de forma repentina, penso que essas dores de parto também servem para nos conduzir ao fato de que, apesar das dores, temos a esperança de um que um novo tempo esteja a se avizinhar. 
O texto então, enfatiza muito mais o fato de que a que esteve em dores deu a luz que o fato de ter sentido dores. Precisamos desta esperança, para superar as dificuldades das tribulações que estamos vivendo. 
Portanto, o SENHOR os entregará até ao tempo em que a que está em dores tiver dado à luz; então, o restante de seus irmãos voltará aos filhos de Israel. 
Esse verso três propõe a certeza das lutas, mas também a convicção e esperança da vitória do Messias. Deus pode nos falar do futuro e pode ser a nossa esperança porque ele é poderoso. O Miquéias está fazendo é convidando o povo a crer que aquelas dores serão substituídas pela alegria do Senhor, no tempo que Ele desejar manifestar a sua glória e poder. Nesse tempo, o Senhor dominará o coração do seu povo e lhes guiará pelos caminhos de justiça. 
Devemos notar que este tempo oportuno de Deus é aquele em que "os irmãos" se ajuntarão aos "filhos de Israel" (verso 3). O que obviamente é uma antecipação da obra grandiosa do espalhar do Evangelho para os gentios, na vinda de Jesus. 
Agora, tratando do texto a partir do nosso conhecimento histórico, logo percebemos que de fato, Deus tem o controle do tempo. Paulo chama este tempo de a "Plenitude dos Tempos". 
Vindo, porém, a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos (Gálatas 4.4-5). 
Como o Messias faria essa proeza? Como seria possível não somente restaurar o seu povo, mas também os que não eram seu povo? O texto nos dá conta de que ele fará isso por meio de uma obra de pastoreio. 
Ele se manterá firme e apascentará o povo na força do Senhor, na majestade do nome do Senhor, seu Deus; e eles habitarão seguros, porque, agora, será ele engrandecido até os confins da terra. Este será a nossa paz. 
Esta declaração de Miquéias era como um bálsamo para as grandes tribulações que todos eles estavam sofrendo. Eles era ameaçados pela corrupção dos de fora e explorados pela corrupção dos de dentro e o profeta anuncia uma mudança radical, tanto nos de fora, como nos de dentro. 
Devemos saber que Deus se manifestará em nosso mundo e ele o faz por meio deste evangelho da Paz. Não podemos perder o conceito do "Poder do Evangelho" como a verdadeira chave para a mudança do mundo é nossa responsabilidade. 
Devemos viver como quem está em dores de parto, sofrendo e trabalhando para que venha à luz a vida de Cristo neste mundo. Cristo é a nossa verdadeira paz. 
irmãos, precisamos de uma igreja comprometida com a paz no mundo e corajosa para fazer isso por meio do Evangelho. Creiam que isso  é possível, não baseando a sua crença em nossas possibilidades, mas no poder e na força de Cristo. Ele no tempo devido nos fará fortes e fará a nossa voz ser ouvida! 

A força do SENHOR é a nossa vitória contra a pressão dos inimigos

Infelizmente é verdade, temos muitos inimigos do Evangelho nesses dias. A estrutura do mundo está em rebeldia contra o Evangelho de Cristo. No antigo continente, a Europa, dizem os sociólogos que vivemos um mundo pós-cristãos. Eles acreditam que isso é um avanço. 
Em países cristãos como o nosso, percebemos que o cristianismo não desenvolveu a força modeladora que poderia e, a sociedade, ainda que em sua maioria se diga cristã, vive como se Deus não existisse e discutem assumir posições claramente afrontosas à mensagem do Evangelho. 
Estamos vivendo em um mundo que pensa e age de forma anticristã. Por isso, nosso sentimento é muito parecido com os dos moradores do interior de Judá: estamos pressionados de todos os lados.
Não existe informação ou mídia voltada para a construção de valores cristãos. Daqui, há algumas horas, uma grande rede propõe um programa de rádio que divulga os valores e as premissas do mundo homossexual e, em absoluto, nenhum espaço oferece sequer para notícias que promovam os nossos valores e as nossas premissas para este mundo. Nem o fato de que comemoramos 496 anos da reforma protestante foi noticiado. 
Quando a Assíria vier à nossa terra e quando passar sobre os nossos palácios, levantaremos contra ela sete pastores e oito príncipes dentre os homens. Estes consumirão a terra da Assíria à espada e a terra de Ninrode, dentro de suas próprias portas. Assim, nos livrará da Assíria, quando esta vier à nossa terra e pisar os nossos limites.
A Assíria, durante o tempo de Miquéias, era o grande poder opressor do povo de Deus. Era uma nação poderossíma. Contra ela, apenas pastores e não reis, e sim príncipes. Essa fraseologia mostra como a força do SEnhor se manifestará através dos mais improváveis meios. 
Na verdade, nossa força não está em nós mesmos, mas no Senhor. Ele é a nossa força, ele é o Senhor dos Exércitos, ele é a nossa paz. Ele é tudo para nós. O fato de sermos usados nesse obra de resistência só tem valor porque ele está conosco. 
Miquéias está dizendo ao seu povo e também a nós, que não importa o quanto estejamos vivendo em tempos de ruina espiritual, podemos confiar sempre em Deus. Podemos crer na força do Evangelho e trabalhar para que em seu tempo ele manifeste o seu poder. 
Deus sempre livrará o seu povo e sempre estará ao seu lado. Precisamos confiar nisso para a nossa batalha do dia a dia. De fato, eles parecem não querer nos dar espaço, mas o nosso maior problema é que temos nos tornado receosos por isso. Precisamos confiar no Evangelho e no seu poder.

Conclusão

Chego a algumas conclusões neste texto. A primeira delas é que não precisamos temer os nossos inimigos, pois o nosso maior inimigo é a nossa falta de fé. Nossa fé é vitória sobre o mundo (1 João 5.4-5). 
Concluo que o problema da Igreja está muito mais na nossa indisposição para confiar no poder do Evangelho. Essa profecia e o seu cumprimento nos concedem a enorme chance de refazer a nossa confiança em Cristo Jesus. 
Se eles, que somente podiam contar com a promessa de Deus, dada pelo profeta, foram chamados a crer. Muito mais nós, que até já sabemos que essas promessas do Messias eram e são verdadeiras. Devemos desenvolver uma igreja com mais fé. Precisamos crer mais em Deus e não somente para coisas possíveis, mas principalmente para as impossíveis. Porque, para Deus não há impossíveis. 

Aplicação para a IPBVF
À minha amada Igreja tenho uma palavra de fortalecimento. Este texto nos conclama a confiar nas possibilidades de Deus. Não podemos confiar em nós mesmos, mas devemos derramar o nosso coração diante daquele que é poderoso. Ele é eterno, sabe o tempo certo e nos levará à vitória. 
Estamos prestes a iniciar um novo ano e eu me incomodo sempre que descubro quanto há de desfalecimento na nossa fé. Essa falta de fé é o nosso maior inimigo. Precisamos da ajuda de todos, um fortalecendo outro para que creiamos que é possível fazer mais e melhor para a glória do Senhor. 
Eu quero lhe conclamar a orar pelo próximo ano, pela vida da sua igreja, dos seus pastores, presbíteros e diáconos. Eu lhe convido a unirem forças com aqueles que desejam ter uma fé mais forte. 
Que tal, neste final de ano ainda, nestes dias que nos aproximam do Natal, você se dispor a fazer um pouco mais. Que tal você planejar crescer na fé. Desejamos uma igreja forte, na força que o Senhor supre. 



premissas, muitas vezes, co o verso de número dois encontramos uma das mais conhecidas promessas bíblicas da vinda do Messias. Normalmente, encaramos esse verso do ponto de vista de quem já conhece a História e admira que tenha tudo se cumprido de 



o verso de número dois encontramos uma das mais conhecidas promessas bíblicas da vinda do Messias. Normalmente, encaramos esse verso do ponto de vista de quem já conhece a História e admira que tenha tudo se cumprido de 

10 de novembro de 2013

Miquéias 2.12-13

Caminhar Com o Senhor Para Uma Mudança Radical no Amor do Nosso Coração
Miquéias 2.12-13

Foco da Nossa Condição Decaída
Um coração completamente governado por um amor profundo e completo pelo Senhor. Esse amor governando nossos interesses e ações é o alvo de Deus. Assim, também essa passagem de Miqueias aponta na direção dessa obra restauradora de Deus na vida do seu povo. Essa mensagem tem como objetivo nos levar a considerar alguns sinais desse governo sobre a nossa vida.

Introdução
Miquéias é um profeta que vê o ambiente rural de Judá e os estragos sociais produzidos pela construção de uma sociedade sem Deus e levanta uma denúncia muito séria.
Ele tem como alvo da sua denúncia todo o povo, mas sobretudo suas lideranças. Ele diz que os sacerdotes foram corrompidos pelo dinheiro dos poderosos, que os juízes e reis, homens gananciosos, lideram o povo de maneira a explorar os mais fracos e os profetas, cuja missão seria a conscientização do povo, também se uniram aos mal feitos, anunciando mentiras.
Ele anuncia que o Senhor se levantará do seu trono para corrigir esses abusos e o fará derramando primeiramente sua indignação contra toda essa impiedade:
Porque eis que o Senhor sai do seu lugar, e desce, e anda sobre os altos da terra (...). Tudo isto por causa da transgressão de Jacó e dos pecados da casa de Israel (Mq 1.3-5a).
Um dos aspectos mais centrais de toda essa profecia é que o Senhor chamará o seu povo à coerência. Isto é, Deus conduzirá o seu povo a viver de acordo com os valores estabelecidos no Pacto que fez com seus filhos. Ele, apesar de se levantar para julgar o seu povo e derramar sua indignação, não o faz com o propósito de destruir a sua vinha, antes, Deus tem um projeto de transformação radical dos filhos de Israel, ele os resgatará do seu fútil procedimento e lhes conduzirá novamente e a viver debaixo de um governo centrado em um amor profundo e completo no Senhor.
No texto desta noite, veremos que a figura de um governo messiânico começa a aparecer na profecia de Miquéias e como ele, depois de corrigir e quebrantar o coração do seu povo, o conduzirá novamente a si mesmo, por amor.
Essa proposta de governança de Deus sobre o seu povo não se dará de uma maneira imposta despoticamente. Ele o fará a partir de uma matriz de transformação radical, isto é, mudando a raiz. Ele implantará no coração do seu povo um novo coração que amará o Senhor sobre todas as coisas e que desejará viver para Deus.
Como Deus fará isso acontecer? Como ele transformará a minha vida de uma maneira tal que eu me incline a Ele somente e seja guiado por um amor profundo, completo e verdadeiro que se dirija somente a Ele? Será possível realmente que valores tais sejam produzidos em minha mente, nos meus desejos, nas inclinações da minha carne?
Vejamos, como o profeta Miquéias inicia sua mensagem a respeito dessa mudança radical do coração daqueles a quem Deus ama.

O Governo de Deus Mudará o Amor do Nosso Coração Por Meio de Um Andar Pastoreado
Visando a Unidade do Povo Escolhido
Depois de denunciar o pecado dos falsos senhores e declarar que o povo de Deus estava sendo destruído pelo seu amor egolátrico, o profeta começa a mostrar que a nova governança de Deus sobre o seu povo se dará de uma maneira pastoral.
Entre as figuras bíblicas mais significativas para a ilustrar a relação de Deus com o seu povo, temos a figura do “pastor de ovelhas”.
Certamente, te ajuntarei todo, ó Jacó; certamente, congregarei o restante de Israel; pô-los-ei todos juntos, como ovelhas no aprisco, como rebanho do seu pasto (Mq 2.12).
Esse é um ponto importante dessa relação e um dos temas mais recorrentes da mensagem de Miquéias. Deus não deseja que o seu povo o siga apenas por uma obediência indesejada, mas Ele quer ser amado por seu povo. Deus escolhe, portanto, uma mudança conduzida por uma governança pastoral.
As ações pastorais de transformação radical do coração de Israel começa pela correção de um erro fatal, a desunião do povo de Deus.
Certamente, te ajuntarei todo - pô-los-ei todos juntos - Essas expressões enfatizadas no verso 12 somadas a ideia de um único aprisco para as ovelhas, mostram que o pastoreio do Senhor sobre o seu povo passa por uma relação fraterna verdadeira entre os filhos do povo.
As duas nações, norte e sul, Israel e Judá, mostraram-se rebeldes contra Deus de muitas maneiras e uma das que mais entristeceu o coração do Senhor foi o fato de que eles, que foram criados para mostrar Deus ao mundo, cometeram o erro fatal de manterem uma relação de indiferença uns com os outros. Eles, que deveriam pela unidade, revelar a restauração de Deus sobre a humanidade, tinham manchado essa obra, ao se desunirem por egocentrismo.
Veja como o Senhor aprecia essa unidade, quando o profeta revela as intenções transformadoras do Senhor no capítulo 4:
Ele julgará entre muitos povos e corrigirá nações poderosas e longínquas; estes converterão as suas espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra outra, nem aprenderão mais a guerra. Mas assentar-se-á cada um debaixo de uma videira e debaixo da sua figueira, e não haverá quem os espante, porque a boca do Senhor dos Exércitos o disse. Porque todos os povos andam, cada um em nome do seu deus; mas, quanto a nós, andaremos em o nome do Senhor, nosso Deus, para todo sempre (Mq 4.3-5).
A nossa unidade como filhos de Deus é um sinal claro do pastoreio dele e da mudança radical do nosso amor último.
Desde o início da obra redentora, quando Adão e Eva mostraram que o pecado causara profunda quebra na comunhão, o Senhor se mostrou gracioso ao indicar a Adão e Eva que o caminho da restauração não era a separação, mas um ligação cada vez mais intensa entre ambos.
A história inicial do pecado está cheia de uma significativa ênfase: a falta de amor do homem pelo seu próximo. Caim matou Abel, Lameque se tornou assassino em série, Cam envergonhou seu pai Noé e na Torre de Babel o juízo de Deus separou as nações.
Não são poucos os textos bíblicos que indicam o propósito pastoral do Senhor de transformar radicalmente o nosso coração, tornando-nos um só Corpo em Cristo Jesus.
Nossa unidade é produto do governo de Deus e a melhor maneira de nos adequarmos a esse governo é lançando fora tudo o que está impedindo que isso seja pleno em nossa vida.
O Governo de Deus Mudará o Amor do Nosso Coração Por Meio de Um Andar Pastoreado
Visando a Potencialidade do Povo Escolhido
Naqueles dias, as duas nações do Senhor estavam intimidadas pelos seus poderosos inimigos. Viviam inseguros e procuravam, por esforços humanos, se proteger e se garantir.
Miquéias vem questionar o modelo de autoproteção propondo uma visão restauradora da confiança em Deus como o verdadeiro e garantido refúgio para os filhos de Deus.
A governança de Deus sobre o coração do seu povo produziria mudanças no seu senso de segurança pessoal. Essa é uma mudança radical, pois intenta transformar o nosso coração por meio da fé.
Em outras palavras, a confiança do povo de Deus em seu Senhor é que iria revelar o verdadeiro potencial daqueles que são filhos do Altíssimo.
Farão grande ruído, por causa da multidão dos homens - eles romperão, entrarão pela porta e sairão por ela - Essas expressões do final do verso 12 e 13 apontam para o grande potencial que se revelará no povo guiado e pastoreado segundo os valores do pacto de Deus.
Essas palavras de Miquéias foram aproveitadas por Jesus para falar de sua relação pessoal com o seu povo. João, o evangelista, registra isso no capítulo 10 do seu Evangelho. Evidentemente, as palavras de Jesus estão diretamente ligadas às palavras de Miquéias, basta uma lida rápida para notar essas profunda ligação.
Os falsos mestres do tempo de Miquéias, assim como os salteadores descritos por Jesus, não podem alcançar o verdadeiro potencial da Igreja. Esse verdadeiro potencial não é alcançado por uma aumento da confiança em nós mesmos, mas por uma aumento da nossa fé no Nosso Senhor e Rei, o Messias Jesus Cristo.
O verdadeiro potencial dos filhos de Deus não será alcançado nesse mundo sem que tenhamos uma mudança radical do depósito da nossa fé. Assim, os escritores bíblicos insistiram e nos convocar a viver por fé.
Os moradores das cidades de Israel e Judá nos dias de Miquéias viviam espantados com seus inimigos. Tinham medo de saírem de suas cidades e serem depois impedidos de entrar. Temiam serem atacados e, seus maus líderes, em lugar de se voltarem para Deus, continuaram seus planos malignos e tentaram, então, se proteger, fazendo alianças com homens ímpios. Deus condenava aquelas alianças espúrias, pois revelavam que eles não confiavam no Senhor.
Deus conduziria pastoralmente aquele povo para mudar a sua confiança, conduzindo-lhes a ter fé somente no Senhor. Isso aconteceria, anos mais tarde, quando eles voltassem do exílio. Pois, Deus os levaria para uma situação de aprendizado e eles, perceberiam que todos os caminhos dos homens são maus. O melhor é confiar no Senhor.
Habacuque, o profeta, clama por esse dia e chama o povo a viver por fé e a depositar no Senhor toda a sua confiança:
O Senhor me respondeu e disse: Escreve a visão, grava-a sobre tábuas, para que a possa ler até quem passa correndo. Porque a visão ainda está para cumprir-se no tempo determinado, mas se apressa para o fim e não falhará; se tardar espera-o, porque, certamente, virá, não tardará. Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé (Hb 2.2-4).
Um dos sinais de que a governança do Senhor está mudando radicalmente o nosso coração é a o aumento contínuo de nossa confiança no Senhor.
A nossa fé é que fará o ruído que abalará o coração dos nossos inimigos. Uma boa ilustração dessa força vital da fé é o que revelou a história de John Knox.
Diz-se que Mary, a rainha Inglaterra, havia declarado o seguinte: "Não tenho medo do exército de toda a Escócia; só temo a oração de John Knox"

O Governo de Deus Mudará o Amor do Nosso Coração Por Meio de Um Andar Pastoreado
Visando a Nossa Unidade Com Cristo
Você pode pensar em muitas maneiras de desenvolver sua fé e se tornar um homem de oração. Mas, uma coisa é primordial nessa busca: a comunhão verdadeira e intensa com Cristo Jesus.
Miquéias não propunha uma fé que se construía a partir do homem. A unidade do povo de Deus não seria baseada em uma simples decisão humana geopolítica. Toda essa transformação teria como fator primordial a promessa básica da aliança de Deus: sereis o meu povo e eu serei o seu Deus.
Deus nos guiará por meio de Jesus. Nosso Salvador é instrumento do pastoreio de Deus sobre a nossa vida. Devemos ouvir a sua voz e reconhecer o seu comando. Todo o nosso potencial, nossa fé e a nossa unidade, adquirirão verdadeiro valor em nosso temor e obediência ao Senhor.
Subirá adiante deles o que abre o caminho - e o seu Rei irá adiante deles, sim, o Senhor à sua frente - Você compreende a beleza e profundidade dessa promessa do Senhor?
Ser pastoreado não é só ser ensinado, adestrado para obedecer. Ser pastoreado por Deus é sofrer uma radical mudança no centro de nossa vida e receber um coração submisso e entregue ao Senhor.
Render-se a Deus, como quem assume claramente que o caminho que Ele mostra é o melhor. Miquéias vai além, pois diz que o Messias não somente indicará o caminho, mas irá à nossa frente.
Jesus Cristo andou e anda à nossa frente, pois como nosso Senhor, deu a vida para que pudéssemos olhar para sua Cruz e tê-la como uma referência. Esse é o grande e mais poderoso instrumento da Igreja: Cristo à frente de tudo.
Há muitos crentes que pensam o seguinte: caminhar com Deus é ir à frente fazendo as coisas e pedir a Deus que vá consertando tudo o que fizemos de errado. Não!
Caminhar com Deus é ser governado pelo seu andar. Ele deve ir à frente e para tal precisamos de uma intimidade clara que nos leva a reconhecer a sua voz e dar-lhe ouvidos, obedecendo sempre.
Essa é a mais radical mudança que devemos buscar: um coração pronto a obedecer o Senhor.   

Conclusão
Nesses dias, em que nos aproximamos dessa data tão importante conhecida como Natal de Cristo, entendo que o meditar em verdades como a do Governo de Cristo sobre a nossa vida é de grande importância para a construção pessoal de uma vida com o Senhor.
Você deve meditar sobre esses três aspectos abordados aqui: seu coração está inclinado à unidade que revela o amor de Deus? Você está pronto para revelar uma fé que vence o mundo? Você está disposto a seguir e ouvir a voz de Cristo para tudo na sua vida? 

Aplicação Para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Devemos crer na possibilidade de andarmos com Jesus. A nossa unidade, em particular, poderá ser um dos elementos mais significativos de todas as mudanças que ainda precisam ser operadas em nós.
Deus nos dá uma grande oportunidade de revelarmos mais força e isso não acontecerá a partir de meras estratégias humanas. Não se trata de um agir humano, mas de nossa sensibilidade de perceber que Deus está à frente e que ele é a nossa força.
Precisamos de cada crente entregue a essa visão. Que cada família abrace o compromisso de viver para Deus. Que chefe de família assuma a responsabilidade de criar os seus filhos nesse princípio e que cada casamento revele Deus como o seu Rei.
Vamos pedir a Deus que sejamos governados por Ele sempre. 


Oração
A Ti Senhor, rendemos o coração e clamamos que radicalmente o transforme para a sua glória! Amém!



3 de novembro de 2013

Miquéias 1.1 a 7


Miquéias Um Profeta Com Compromisso Com a Coerência
Miquéias 1.1-7



Foco da Nossa Condição Decaída
Deus chama o seu povo a um compromisso e relacionamento comprometido. O comprometimento que o Senhor espera do seu povo não acontecerá pela simples inclinação humana da mente, Deus proverá os caminhos para que isso aconteça. O profeta Miquéias apresenta Deus movendo o seu povo na direção certa, revelando que o Senhor conduzirá o caminho do seu povo. Neste texto, ele mostrará como o Senhor fará isso, iniciando sua obra redentora pela destruição de toda autoestima construída sem Deus.

Introdução
Nos dias do profeta Miquéias, a corrupção dominava as classes políticas e as lideranças religiosas. Eles haviam abandonado a Lei de Deus e estruturaram sua vida na ganância e busca do seu próprio prazer.
Do mesmo como que o seu contemporâneo Isaías, o profeta Miquéias denunciava esses abusos e criticava a religião idólatra sobre a qual tentavam os filhos de Judá e Israel se esconder para tentar tranquilizar o seu coração.
Uma palavra que poderia resumir as intenções dessa profecia é “coerência”. Miquéias denuncia o pecado do povo de Deus em um grande reclamo pela coerência. O povo de Deus deve viver como requer o seu Deus.
Embora enfrentando uma disposição negativa dos filhos de Deus, Miquéias tem uma profecia cheia de esperança, na medida em que ele foi chamado para tornar conhecida a vontade de Deus e o fato de que Deus mesmo agiria para trazer o seu povo a esta coerência.
O Senhor daria passos ao lado do seu povo, reconduzindo-o ao caminho certo. Desta forma, essa poesia sempre revela o amor e o favor de Deus em benefício daqueles que Ele ama, aos quais chamou para serem seus filhos.
De maneira absolutamente cheia de amor, Deus exercerá sua disciplina sobre o seu povo e os corrigirá e os transformará e os reconduzirá a um caminho cheio de fé e verdadeira justiça. Esse profeta viveu sob essa esperança e, por isso, assim termina sua profecia:

“Quem, ó Deus, é semelhante a Ti, que perdoas a iniquidade e te esqueces da transgressão do restante da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia. Tornará a ter compaixão de nós, pisará aos pés as nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar. Mostrará a Jacó a fidelidade e a Abraão, a misericórdia, as quais juraste a nossos pais, desde os dias antigos (Miquéias 7.18-20).

Esse caminho de transformação anunciado pelo profeta, será conduzido por Deus. No texto desta noite, que trabalha com a abertura dessa profecia, podemos encontrar os primeiros passos que o Senhor prometeu dar com o seu povo.
O homem morastita, chamado Miquéias, inicia sua fala profética, mostrando que o Senhor tratará a ferida pela raiz e curará a chaga no seu nascedouro.
Mas, é preciso compreender essas exortações como parte do amor de Deus por seus filhos. Ele jamais nos corrige, ou exorta de forma vingativa. Deus se propõe a fazer tudo o que é necessário para que nosso coração se incline somente a Ele. Deus nos fará andar para na direção da coerência, ele arrancará de nós tudo que nos afasta de Deus e nos tornará compatíveis e coerentemente ligados Ele.

A Estrada da Coerência Começa Pela Consciência Clara de Que Deus Está Ativamente Ocupado em Nossa Transformação

A profecia de Miquéias se inicia com a apresentação de um Deus ativamente envolvido com a obra transformadora do seu povo.
Miquéias está apontando sua artilharia, principalmente contra aquelas pessoas que zombavam de Deus, achando-se seguras, mesmo mantendo uma vida dupla: por um lado pareciam fiéis e dedicados filhos de Deus, mas, às escondidas eram homens e mulheres corrompidos.

Ouvi, todos os povos, prestai atenção, ó terra e tudo o que ela contém, e seja o Senhor Deus testemunha contra vós outros, o Senhor desde o seu templo. Porque eis que o Senhor sai do seu lugar, e desce, e anda sobre os altos da terra. Os montes debaixo dele se derretem, e os vales se fendem; são como a cera diante do fogo, como as águas que se precipitam num abismo. Tudo isto por causa da transgressão de Jacó e dos pecados da casa de Israel (Miquéias 1.2-5a).

Miquéias usa a figura de um julgamento. Deus é o juiz e o acusador. Essa figura foi usada também por Isaías. Muitos imaginavam que Deus, sentado em seu trono, nada tinha a ver com o dia a dia dos seus filhos. Pensavam ou viviam a ideia de que Deus não se importava com a história particular dos homens.
Então, Miquéias apresenta esse Deus levantando-se do seu trono para julgar o seu povo. Ele apresenta a misericórdia de Deus, mas essa não é uma misericórdia barata, um perdão baseado na complacência. Deus requer que seu povo seja coerente. Por isso, Deus é quem agirá para que essa coerência seja estabelecida.
Então, Miquéias trata de deixar claro que Deus está sim interessado na nossa história pessoal e interferirá positivamente para que seu povo seja transformado. É disto que a figura do verso 3 nos fala:

Porque eis que o Senhor sai do seu lugar, e desce, e anda sobre os altos da terra

O contraste entre o “lugar de Deus” e os “altos da terra” aponta para o fato de que Deus, quando vê, os lugares altos da terra, ainda tem de descer para alcança-los. Esse tipo de construção semântica da poesia aponta para o elevado paradigma que Deus requer para o seu povo e para a inconsistência de uma fé que pensa as coisas deste mundo como as mais importantes.
Miquéias deixa ainda mais evidente essa diferença de paradigma de santidade e justiça ao fortalecer o pensamento com a ideia de montes se derretendo diante da presença de Deus. Até mesmo os montes, considerados inabaláveis e a segurança de muitas cidades antigas estavam atreladas à solidez de suas montanhas, eles se derretiam diante de Deus, anunciando que eles, montes, reconheciam a grandeza, supremacia e primazia de Deus.

Os montes debaixo dele se derretem, e os vales se fendem; são como a cera diante do fogo, como as águas que se precipitam num abismo.

Por fim, esse trecho diz que o motivo de Deus se levantar para essa jornada entre os homens era a perspectiva de Deus de dar um basta na transgressão dos seus filhos.
Estamos nos acostumando a pensar em Deus vindo do céu para abençoar o seu povo. Mas a maior obra de Deus entre nós está ligada à mudança da nossa natureza. Ele transformará nosso coração e o inclinará a si mesmo.

Tudo isto por causa da transgressão de Jacó e dos pecados da casa de Israel

Miquéias quer o povo consciente do que Deus deseja fazer. Pois, quando temos a consciência de que Deus está muito mais interessado em nos oferecer um coração santo que em nos enriquecer para essa vida, estaremos aprendendo realmente o que é coerência cristão.

A Estrada da Coerência Começa Pela Consciência Clara de Tudo o Que Precisa Ser Revisto em Nós

As duas nações dos filhos de Deus estavam se afastando do Senhor. Israel e sua capital Samaria, há muito já haviam abandonado a fidelidade do Senhor. Construíram templos para si mesmos e começaram a fazer alianças com os povos, até mesmo contra os seus irmãos de Judá.
Jerusalém, a capital de Judá, também mostrava na sua soberba a distância que havia entre eles e Deus. O templo não era mais um lugar de adoração ao Senhor, mas um lugar de busca dos interesses pessoais.
Contra esse distanciamento é que o Senhor havia se levantado para agir no coração de seus filhos.

Qual é a transgressão de Jacó? Não é Samaria? E quais são os altos de Judá? Não é Jerusalém?  (Miquéias 1.5b).

Nesses versos, Miquéias aponta claramente os pecados que tornaram o povo de Deus incompatíveis com o seu Deus. Eles não haviam percebido que tinham se apegado à transitoriedade dos seus valores humanos.

O pecado de Jacó é Samaria - Israel, o Reino do Norte, havia construído uma grande cidade e se fortalecido em torno de uma nova monarquia, baseada na força dessa cidade. Na região de Samaria haviam construído os seus templos para que o povo não viesse a Jerusalém adorar. Tornaram-se, portanto, auto suficientes religiosamente e politicamente em nada dependiam dos reis davídicos de Judá. Eles também achavam que as regiões montanhosas de Efraim os protegeria dos inimigos.

O pecado de Judá é Jerusalém - Judá, por sua vez, se sentia segura pelo fato de que sua capital era o lugar escolhido por Deus para a verdadeira adoração. Eles pensaram que Jerusalém era importante por si mesma e se esqueciam de que a glória de Jerusalém era o Senhor.
Aos poucos, sua incoerência começava aparecer no seu mais precioso valor, a adoração. Pois, por viverem tão insensíveis a Deus, eles se permitiram inserir nos seus processos de adoração vários valores egocêntricos e idolátricos.
Eles transformaram a fé, tão intrinsecamente ligada à cidade de Jerusalém, em uma atividade meramente baseada na vontade do homem. Eles confiavam que o Templo e a própria cidade de Jerusalém seriam indestrutíveis.

Nos dois casos, o problema a que Miquéias chama atenção é que os filhos de Deus estavam confiando em valores transitórios e se esquecendo de que é em Deus que as coisas realmente adquirem verdadeiro valor.
Hoje, também temos as nossas “Samarias” e “Jerusaléns”, pois é tão comum que nos apeguemos aos valores transitórios e neles confiemos mais que em Deus.
Miquéias mostra que a estrada da coerência passa pelo reconhecimento desse erro. Deus, muitas vezes, nos chama a atenção para isso. Precisamos começar a considerar que Ele se levanta do seu templo para agir, no propósito de mudar essa falsa segurança. Coerência é viver esses valores na perspectiva certa: Deus é o que dá razão e significado a tudo.

A Estrada da Coerência Começa Pela Consciência Clara de Que Deus Agirá Reestruturando a Nossa Fé

Toda a profecia de Miquéias é baseada na premissa de que o Senhor trará o seu povo à coerência e mostra que ele primeiramente destrói toda a falsa confiança do seu povo.
NO verso 5, ele aponta os pecados de cada uma das casas de Israel e nos versos 6 e 7, ele mostra o que fará a 
cada uma delas.


Deus cura a ferida em Israel - Israel precisava que o seu coração se desapegasse de sua falsa confiança de que suas muralhas, capacidade política e a proteção dos montes lhes serviriam de proteção.

Por isso, farei de Samaria um montão de pedras do campo, uma terra de plantar vinhas; farei rebolar as suas pedras para o vale e descobrirei os seus fundamentos
O falso sendo de proteção baseado na capacidade humana, na construção de uma vida secularizada, até mesmo na religiosidade, deveria ser destruído em Samaria.

Deus cura a ferida em Judá - Por outro lado, Miquéias mostra que o Senhor também age contra a falsa segurança da religiosidade sem Deus.

Todas as suas imagens de escultura serão despedaçadas, e todos os salários da sua impureza serão queimados, e de todos os seus ídolos farei uma reina, porque do preço da prostituição os ajuntou, e a este preço volverão (Miquéias 7).

O problema de Deus com Judá é que eles achavam que o Senhor queria ser seguido segundo nos termos da ideia humana. Eles precisavam ser corrigidos e a maneria como o Senhor faria isso, era mostrando o quão vazia e destituída da verdade é essa religiosidade segundo o homem.

Em linhas gerais o que Miquéias estava apresentando na primeira parte de sua profecia era um Deus que amava o seu povo de uma forma tal que precisaria trabalhar na mudança dos valores, nos quais haviam construído a sua vida.

Conclusão
O ponto fundamental dessa profecia requer de nós muita consciência de que Deus está ativamente atuando na nossa vida para nos levar a viver somente para Ele e segundo o seu padrão e não o nosso.
O ponto é simples: precisamos admitir que Deus está interessado sobretudo em mudar nossa vida, oferecendo a nós uma vida baseada nele.
Cabe a você fazer um inventário pessoal da sua fé e descobrir em quê ela está se baseando. O que realmente te move nesse mundo e para que você se move?
Se suas respostas não puderem ter Deus como o centro, permita-se considerar com clareza sobre o fato de que Deus se levanta em seu favor e não descansará até ver curada a ferida que o pecado tem aberto na sua vida. Busque a ele hoje e ouça a sua voz.

Aplicação Para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Cada um dos irmãos, membros dessa igreja devem considerar essas coisas e trabalhar para que, como o Corpo de Cristo, nossa igreja alcance a graça de viver confiante em Deus.
Coerência é uma palavra que deve também marcar a vida da nossa Igreja. Peço aos irmãos que nos ajudem a perceber e trabalhar para que, cada vez mais, nossa fé esteja em Deus e não nos valores transitórios.
Cuide do seu lar e estruture-o em Deus. Que os seus projetos sejam, antes de tudo, construídos a partir do sentimento de paz e segurança em Cristo Jesus. Cristo nos ensinou que sem ele nada podemos fazer.


Oração
Conceda-nos a graça de ser uma igreja que vive, no coletivo e individual em completa coerência com a Cruz de Cristo Jesus.