3 de novembro de 2013

Miquéias 1.1 a 7


Miquéias Um Profeta Com Compromisso Com a Coerência
Miquéias 1.1-7



Foco da Nossa Condição Decaída
Deus chama o seu povo a um compromisso e relacionamento comprometido. O comprometimento que o Senhor espera do seu povo não acontecerá pela simples inclinação humana da mente, Deus proverá os caminhos para que isso aconteça. O profeta Miquéias apresenta Deus movendo o seu povo na direção certa, revelando que o Senhor conduzirá o caminho do seu povo. Neste texto, ele mostrará como o Senhor fará isso, iniciando sua obra redentora pela destruição de toda autoestima construída sem Deus.

Introdução
Nos dias do profeta Miquéias, a corrupção dominava as classes políticas e as lideranças religiosas. Eles haviam abandonado a Lei de Deus e estruturaram sua vida na ganância e busca do seu próprio prazer.
Do mesmo como que o seu contemporâneo Isaías, o profeta Miquéias denunciava esses abusos e criticava a religião idólatra sobre a qual tentavam os filhos de Judá e Israel se esconder para tentar tranquilizar o seu coração.
Uma palavra que poderia resumir as intenções dessa profecia é “coerência”. Miquéias denuncia o pecado do povo de Deus em um grande reclamo pela coerência. O povo de Deus deve viver como requer o seu Deus.
Embora enfrentando uma disposição negativa dos filhos de Deus, Miquéias tem uma profecia cheia de esperança, na medida em que ele foi chamado para tornar conhecida a vontade de Deus e o fato de que Deus mesmo agiria para trazer o seu povo a esta coerência.
O Senhor daria passos ao lado do seu povo, reconduzindo-o ao caminho certo. Desta forma, essa poesia sempre revela o amor e o favor de Deus em benefício daqueles que Ele ama, aos quais chamou para serem seus filhos.
De maneira absolutamente cheia de amor, Deus exercerá sua disciplina sobre o seu povo e os corrigirá e os transformará e os reconduzirá a um caminho cheio de fé e verdadeira justiça. Esse profeta viveu sob essa esperança e, por isso, assim termina sua profecia:

“Quem, ó Deus, é semelhante a Ti, que perdoas a iniquidade e te esqueces da transgressão do restante da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia. Tornará a ter compaixão de nós, pisará aos pés as nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar. Mostrará a Jacó a fidelidade e a Abraão, a misericórdia, as quais juraste a nossos pais, desde os dias antigos (Miquéias 7.18-20).

Esse caminho de transformação anunciado pelo profeta, será conduzido por Deus. No texto desta noite, que trabalha com a abertura dessa profecia, podemos encontrar os primeiros passos que o Senhor prometeu dar com o seu povo.
O homem morastita, chamado Miquéias, inicia sua fala profética, mostrando que o Senhor tratará a ferida pela raiz e curará a chaga no seu nascedouro.
Mas, é preciso compreender essas exortações como parte do amor de Deus por seus filhos. Ele jamais nos corrige, ou exorta de forma vingativa. Deus se propõe a fazer tudo o que é necessário para que nosso coração se incline somente a Ele. Deus nos fará andar para na direção da coerência, ele arrancará de nós tudo que nos afasta de Deus e nos tornará compatíveis e coerentemente ligados Ele.

A Estrada da Coerência Começa Pela Consciência Clara de Que Deus Está Ativamente Ocupado em Nossa Transformação

A profecia de Miquéias se inicia com a apresentação de um Deus ativamente envolvido com a obra transformadora do seu povo.
Miquéias está apontando sua artilharia, principalmente contra aquelas pessoas que zombavam de Deus, achando-se seguras, mesmo mantendo uma vida dupla: por um lado pareciam fiéis e dedicados filhos de Deus, mas, às escondidas eram homens e mulheres corrompidos.

Ouvi, todos os povos, prestai atenção, ó terra e tudo o que ela contém, e seja o Senhor Deus testemunha contra vós outros, o Senhor desde o seu templo. Porque eis que o Senhor sai do seu lugar, e desce, e anda sobre os altos da terra. Os montes debaixo dele se derretem, e os vales se fendem; são como a cera diante do fogo, como as águas que se precipitam num abismo. Tudo isto por causa da transgressão de Jacó e dos pecados da casa de Israel (Miquéias 1.2-5a).

Miquéias usa a figura de um julgamento. Deus é o juiz e o acusador. Essa figura foi usada também por Isaías. Muitos imaginavam que Deus, sentado em seu trono, nada tinha a ver com o dia a dia dos seus filhos. Pensavam ou viviam a ideia de que Deus não se importava com a história particular dos homens.
Então, Miquéias apresenta esse Deus levantando-se do seu trono para julgar o seu povo. Ele apresenta a misericórdia de Deus, mas essa não é uma misericórdia barata, um perdão baseado na complacência. Deus requer que seu povo seja coerente. Por isso, Deus é quem agirá para que essa coerência seja estabelecida.
Então, Miquéias trata de deixar claro que Deus está sim interessado na nossa história pessoal e interferirá positivamente para que seu povo seja transformado. É disto que a figura do verso 3 nos fala:

Porque eis que o Senhor sai do seu lugar, e desce, e anda sobre os altos da terra

O contraste entre o “lugar de Deus” e os “altos da terra” aponta para o fato de que Deus, quando vê, os lugares altos da terra, ainda tem de descer para alcança-los. Esse tipo de construção semântica da poesia aponta para o elevado paradigma que Deus requer para o seu povo e para a inconsistência de uma fé que pensa as coisas deste mundo como as mais importantes.
Miquéias deixa ainda mais evidente essa diferença de paradigma de santidade e justiça ao fortalecer o pensamento com a ideia de montes se derretendo diante da presença de Deus. Até mesmo os montes, considerados inabaláveis e a segurança de muitas cidades antigas estavam atreladas à solidez de suas montanhas, eles se derretiam diante de Deus, anunciando que eles, montes, reconheciam a grandeza, supremacia e primazia de Deus.

Os montes debaixo dele se derretem, e os vales se fendem; são como a cera diante do fogo, como as águas que se precipitam num abismo.

Por fim, esse trecho diz que o motivo de Deus se levantar para essa jornada entre os homens era a perspectiva de Deus de dar um basta na transgressão dos seus filhos.
Estamos nos acostumando a pensar em Deus vindo do céu para abençoar o seu povo. Mas a maior obra de Deus entre nós está ligada à mudança da nossa natureza. Ele transformará nosso coração e o inclinará a si mesmo.

Tudo isto por causa da transgressão de Jacó e dos pecados da casa de Israel

Miquéias quer o povo consciente do que Deus deseja fazer. Pois, quando temos a consciência de que Deus está muito mais interessado em nos oferecer um coração santo que em nos enriquecer para essa vida, estaremos aprendendo realmente o que é coerência cristão.

A Estrada da Coerência Começa Pela Consciência Clara de Tudo o Que Precisa Ser Revisto em Nós

As duas nações dos filhos de Deus estavam se afastando do Senhor. Israel e sua capital Samaria, há muito já haviam abandonado a fidelidade do Senhor. Construíram templos para si mesmos e começaram a fazer alianças com os povos, até mesmo contra os seus irmãos de Judá.
Jerusalém, a capital de Judá, também mostrava na sua soberba a distância que havia entre eles e Deus. O templo não era mais um lugar de adoração ao Senhor, mas um lugar de busca dos interesses pessoais.
Contra esse distanciamento é que o Senhor havia se levantado para agir no coração de seus filhos.

Qual é a transgressão de Jacó? Não é Samaria? E quais são os altos de Judá? Não é Jerusalém?  (Miquéias 1.5b).

Nesses versos, Miquéias aponta claramente os pecados que tornaram o povo de Deus incompatíveis com o seu Deus. Eles não haviam percebido que tinham se apegado à transitoriedade dos seus valores humanos.

O pecado de Jacó é Samaria - Israel, o Reino do Norte, havia construído uma grande cidade e se fortalecido em torno de uma nova monarquia, baseada na força dessa cidade. Na região de Samaria haviam construído os seus templos para que o povo não viesse a Jerusalém adorar. Tornaram-se, portanto, auto suficientes religiosamente e politicamente em nada dependiam dos reis davídicos de Judá. Eles também achavam que as regiões montanhosas de Efraim os protegeria dos inimigos.

O pecado de Judá é Jerusalém - Judá, por sua vez, se sentia segura pelo fato de que sua capital era o lugar escolhido por Deus para a verdadeira adoração. Eles pensaram que Jerusalém era importante por si mesma e se esqueciam de que a glória de Jerusalém era o Senhor.
Aos poucos, sua incoerência começava aparecer no seu mais precioso valor, a adoração. Pois, por viverem tão insensíveis a Deus, eles se permitiram inserir nos seus processos de adoração vários valores egocêntricos e idolátricos.
Eles transformaram a fé, tão intrinsecamente ligada à cidade de Jerusalém, em uma atividade meramente baseada na vontade do homem. Eles confiavam que o Templo e a própria cidade de Jerusalém seriam indestrutíveis.

Nos dois casos, o problema a que Miquéias chama atenção é que os filhos de Deus estavam confiando em valores transitórios e se esquecendo de que é em Deus que as coisas realmente adquirem verdadeiro valor.
Hoje, também temos as nossas “Samarias” e “Jerusaléns”, pois é tão comum que nos apeguemos aos valores transitórios e neles confiemos mais que em Deus.
Miquéias mostra que a estrada da coerência passa pelo reconhecimento desse erro. Deus, muitas vezes, nos chama a atenção para isso. Precisamos começar a considerar que Ele se levanta do seu templo para agir, no propósito de mudar essa falsa segurança. Coerência é viver esses valores na perspectiva certa: Deus é o que dá razão e significado a tudo.

A Estrada da Coerência Começa Pela Consciência Clara de Que Deus Agirá Reestruturando a Nossa Fé

Toda a profecia de Miquéias é baseada na premissa de que o Senhor trará o seu povo à coerência e mostra que ele primeiramente destrói toda a falsa confiança do seu povo.
NO verso 5, ele aponta os pecados de cada uma das casas de Israel e nos versos 6 e 7, ele mostra o que fará a 
cada uma delas.


Deus cura a ferida em Israel - Israel precisava que o seu coração se desapegasse de sua falsa confiança de que suas muralhas, capacidade política e a proteção dos montes lhes serviriam de proteção.

Por isso, farei de Samaria um montão de pedras do campo, uma terra de plantar vinhas; farei rebolar as suas pedras para o vale e descobrirei os seus fundamentos
O falso sendo de proteção baseado na capacidade humana, na construção de uma vida secularizada, até mesmo na religiosidade, deveria ser destruído em Samaria.

Deus cura a ferida em Judá - Por outro lado, Miquéias mostra que o Senhor também age contra a falsa segurança da religiosidade sem Deus.

Todas as suas imagens de escultura serão despedaçadas, e todos os salários da sua impureza serão queimados, e de todos os seus ídolos farei uma reina, porque do preço da prostituição os ajuntou, e a este preço volverão (Miquéias 7).

O problema de Deus com Judá é que eles achavam que o Senhor queria ser seguido segundo nos termos da ideia humana. Eles precisavam ser corrigidos e a maneria como o Senhor faria isso, era mostrando o quão vazia e destituída da verdade é essa religiosidade segundo o homem.

Em linhas gerais o que Miquéias estava apresentando na primeira parte de sua profecia era um Deus que amava o seu povo de uma forma tal que precisaria trabalhar na mudança dos valores, nos quais haviam construído a sua vida.

Conclusão
O ponto fundamental dessa profecia requer de nós muita consciência de que Deus está ativamente atuando na nossa vida para nos levar a viver somente para Ele e segundo o seu padrão e não o nosso.
O ponto é simples: precisamos admitir que Deus está interessado sobretudo em mudar nossa vida, oferecendo a nós uma vida baseada nele.
Cabe a você fazer um inventário pessoal da sua fé e descobrir em quê ela está se baseando. O que realmente te move nesse mundo e para que você se move?
Se suas respostas não puderem ter Deus como o centro, permita-se considerar com clareza sobre o fato de que Deus se levanta em seu favor e não descansará até ver curada a ferida que o pecado tem aberto na sua vida. Busque a ele hoje e ouça a sua voz.

Aplicação Para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Cada um dos irmãos, membros dessa igreja devem considerar essas coisas e trabalhar para que, como o Corpo de Cristo, nossa igreja alcance a graça de viver confiante em Deus.
Coerência é uma palavra que deve também marcar a vida da nossa Igreja. Peço aos irmãos que nos ajudem a perceber e trabalhar para que, cada vez mais, nossa fé esteja em Deus e não nos valores transitórios.
Cuide do seu lar e estruture-o em Deus. Que os seus projetos sejam, antes de tudo, construídos a partir do sentimento de paz e segurança em Cristo Jesus. Cristo nos ensinou que sem ele nada podemos fazer.


Oração
Conceda-nos a graça de ser uma igreja que vive, no coletivo e individual em completa coerência com a Cruz de Cristo Jesus.



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