6 de setembro de 2015

Salmo 2b

A Igreja Numa Nação Sem Cristo
Salmo 2

Foco da Nossa Condição Decaída
O salmista apresenta a rebeldia dos ímpios contra o Senhor, mas exalta o fato de que  no final de todas as coisas é a vontade do Senhor que prevalecerá. Nesta mensagem, tomaremos este texto por base para discutir como deve proceder a igreja em um mundo que a hostiliza, porque é inimigo do seu Deus. Este é um dos aspectos da nossa peregrinação que precisa ser seriamente considerada, se queremos de fato cumprir nosso papel.

Introdução
Caros irmãos, acredito que os tempos atuais sejam de grande importância para o evangelho. A questão que estamos tratando nesta noite tem a ver com o fato de que vivemos em uma nação que caminha de costas para Deus e sua Palavra.
Enquanto o Brasil era um país fortemente cristão, a luta dos evangélicos era por conseguir purificar o cristianismo da idolatria e superstição que controlava a religião cristã. Hoje, entretanto, devemos perceber com clareza que nossa luta é muito maior ainda. O final do século XX e nessas primeiras décadas do século XI houve um crescente enfraquecimento da religião cristã na sociedade brasileira. Até mesmo os poderosos bispos católicos, antes tão importantes como palavra de influência social, estão ficando cada vez mais isolados.
A exemplo do que ocorreu na Europa e já acontece a bom tempo na América do Norte, o cristianismo brasileiro não notou o rápido desenvolvimento da visão secularista de mundo e a sua crescente influência na sociedade brasileira. O resultado disto é um país fortemente secularizado e uma população que passou a enxergar a fé cristã como algo do âmbito estritamente pessoal e particular.
Não se trata apenas de uma questão política de um ou outro partido, mas de uma maneira de pensar fortemente influenciada por uma visão completamente secularizada e antiteocêntrica de mundo.
O antiteocentrismo é a marca padrão do modo como as grandes forças sociais se desenvolvem no nosso país. O ponto de exemplo mais direto sobre isso está no fato de que as opiniões cristãs sobre economia, desenvolvimento sustentável, família, etc são consideradas de menor importância, sem importância ou, muitas vezes, tomadas como posições irracionais.
Mesmo o crescimento da participação de pessoas eleitas na política, ancoradas em plataformas de credos, não está garantindo que o pensamento cristão bíblico para as questões cruciais da vida do país. No fundo, lamento dizer, mas as regras que regem a participação política dos cristãos ainda são dominadas pelo pensamento secularista.
Olhando para o Salmo 2, vemos o desenvolvimento de um tema interessante: a postura dos ímpios diante de Deus. O que percebemos neste salmo é que ele descreve inicialmente como é o relacionamento dos ímpios com Deus. Aspecto que o Salmo 1 já havia tratado, sem muitos detalhes. NO fundo, o saltério, de uma forma geral, parece observar o comportamento do justo e do ímpio, procurando sempre propor uma reflexão sobre ambos.
A sentença do Salmo 1: o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá. Parece tomar forma e receber maior desenvolvimento no Salmo 2.
Para nós, este Salmo servirá como um guia sobre nossa atuação em meio a uma sociedade sem Cristo, que se rebela contra Deus e busca viver livre de sua influência. Não podemos seguir em frente e cumprir bem o nosso papel se não compreendermos bem alguns aspectos dessa nossa relação com esta sociedade hostil à nossa fé.


A Igreja Precisa Reconhecer a Realidade da Rebeldia do Sistema do Mundo Contra Deus
Tem sido comum considerar esse Salmo 2 como uma unidade literária que complementa o Salmo 1. Há bons motivos para essa consideração e esses versos iniciais nos ajudam a pensar assim.
No Salmo 1, o homem bem-aventurado recusa-se a andar segundo a direção do coração dos ímpios, não andam segundo o seu conselho, não desejam sua companhia nem compartilham com as suas ações ou fazem qualquer tipo de aliança com eles.
Podemos incluir nessa compreensão de unidade temática dos dois salmos o fato de que o Salmo 1, começa com a expressão da bem-aventurança e o Salmo 2 encerra com essa expressão. A diferença entre o justo e o ímpio é que o caminho do justo o conduzirá à bem aventurança e do ímpio à destruição pelo poder de Deus.
O ímpios estão em franca rebeldia contra Deus e os justos amam andar na Lei de Deus e cumprir-lhe a vontade. Destes exemplos, meus caros, devemos desde início perceber que estamos falando de perspectivas de vida totalmente diferentes.
O Salmo 2, foi escrito possivelmente no período do Reinado de Davi. O tema da monarquia santa, como está apresentado no verso 6, e o destaque para o  Monte Sião, nos fazem pensar assim. O reino messiânico apresentado no Salmo é apresentado dentro de uma paisagem de confronto contra os reinos da terra.
Os versos iniciais do Salmo 2 apontam para o caminho dos ímpios e sua unidade em torno da conspiração contra Deus. O comportamento ímpio é sempre associado à loucura dentro da Escritura (Salmo 10.4; Salmo 53.1; Salmo 14.1).
A loucura é sempre uma característica da fuga da realidade, por isso, os loucos são conhecidos como “lunáticos”. Talvez porque se cria que o seu comportamento era influenciado pelas forças gravitacionais da lua, ou porque se mantinham com os pensamentos no mundo da lua, em uma visível fuga da realidade.
Negar a existência de Deus é uma fuga à realidade. Na verdade, conforme vemos nas passagens dos Salmos, esse é mote dos pensamentos do insensato. No Salmo 2, essa negação vem noutro caminho, o da compreensão equivocada sobre o governo de Deus sobre suas vidas. Por isso, o salmista descreve esse tipo de pensamento como “coisas vãs”.
“Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs?

Enfurecem e Imaginam coisas vãs (Rhagashuh - Ihagau—Riqh) - O salmista inicia o seu Salmo falando sobre como os ímpios se opõem a Deus. Eles começa utilizando expressões que denotam comportamentos internos do coração. A palavra Rhagashuh (enfurecer ou tumultuar) aponta para a ideia de que no seu íntimo os homens não conseguem permanecer impassíveis, eles possuem dentro de si mesmos o estímulo contra Deus. Da mesma forma, a palavra Ihagau (Imaginar), aponta para o fato de que permitem trabalhar dentro o seu coração o pensamento contra Deus. O salmista define este tumulto e pensamentos contrários a Deus como “vazio” (Riqh). A ideia é que o salmista questiona, como podem se deixar controlar por algo que não é verdadeiro e que não se sustenta. Pois, na verdade, o salmista está apontando para este comportamento como sendo o comportamento louco, pois tenta viver uma realidade que nunca vai existir.
Reis e Princípes conspiram contra Deus e o seu Ungido - As palavras deste verso apontam principalmente que os reis, os príncipes estão unidos na sua louca tentativa de viverem sem Deus. É importante notar que a força de sua postura não vem do fato de lutarem pela verdade, mas de se apoiarem na causa da mentira contra Deus.
O que precisamos considerar neste caso, meus irmãos, é que vivemos em um mundo que se une contra Deus e o seu governo.
Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas - O que o mundo busca é negar a existência de Deus para simplesmente não se sentir governado por Deus. As leis de Deus e os seus propósitos, bem como as estruturas que criou para fazer o mundo funcionar não são bem vindas na mente do mundo em geral.
Nós precisamos saber que vivemos em um mundo que rejeita a verdade de Deus e que não se dispõe a viver sob o governo de Deus. Neste sentido, vivemos em um mundo hostil à nossa fé e à nossa postura de que vivemos sob o Reinado de Cristo, o Messias do Texto.
Não podemos considerar este mundo como um lugar amistoso. Suas estruturas não caminham para favorecer a nossa fé, nem o modo como aprendemos nas Escrituras que devem funcionar. Precisamos entender que nossa luta é grande dentro deste contexto.
Quando pensamos em termos de nossa pátria, devemos lembrar que todas estas lutas, especialmente dentro daqueles ambientes intelectuais e formadores de opinião, nossa sociedade está declarando que deseja SACUDIR AS ALGEMAS E ROMPER OS LAÇOS.

A Igreja Precisa Reconhecer a Realidade da Soberania de Deus e da Superioridade do Governo de Cristo
Se por um lado, precisamos de fato considerar que o  mundo se une contra Deus e o seu Ungido, não podemos nos perder ou deixar a nossa fé se enfraquecer, porque Deus não se abala diante da rebeldia do mundo.
Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles.
O salmista apresenta a rebeldia dos homens contra Deus e o seu Ungido e mostra a reação de Deus diante da rebeldia dos homens. Como um pai que  brinca de luta com o seu filho pequeno e que acha que pode dominar o Pai, Deus se ri, como se considerasse a postura dos homens, como uma postura infantil diante da Sua realidade.
Ele o descreve como habitando no céus. Literalmente, ele diz “aquele que se assenta nos céus”. A ideia é de apontar para o governo de Deus sobre todas as coisas e por isso, ele vê os filhos dos homens como formigas que  tentam fugir ao poder de um jardineiro que está disposto a destruir seu formigueiro.
Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor os confundirá - O salmista afirma que o tempo dos homens está contado pelo  Senhor. Deus é quem controla o  tempo dos homens e haverá de corrigi-los a seu tempo, manifestando sua ira contra a sua rebeldia.
Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o monte Sião - Ainda olhando para as atitudes de Deus, quando este contempla a rebeldia dos homens, ele afirma que o governo do Ungido é garantido por sua soberania sobre todas as coisas.
Devemos perceber que para o salmista é preciso considerar que Deus não se abala com a rebeldia dos homens. Ele não é incomodado pela força da unidade dos homens ímpios, mas segue dentro do querer para o estabelecimento do seu Reino.
O ponto mais importante a considerarmos aqui é que, nós também devemos descansar nessa verdade. Afinal, mesmo que os homens se unam contra a verdade de Deus, Ele prevalecerá! O Reino de Cristo é certo, porque Deus o estabelece.
Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão. Com vara de ferro as regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro.
A partir do verso 7, o salmista da voz ao próprio Messias, o  Ungido. Uma vez que a rebeldia dos homens é contra Deus e o seu Ungido, o salmista mostra como ambos consideram a rebeldia dos homens.
Proclamarei o decreto do Senhor - O Messias diz que trabalha segundo a vontade e determinação de Deus. Ele cumpre as suas ordens e estabelece o seu reino, fruto do desejo de Deus.
Pede-me e eu te darei - O Messias, Rei Ungido, sabe que seu reino é obra da vontade soberana de Deus e não se importa com os reis e sua rebeldia, afinal ele é Senhor sobre todas as cosias, pois todas as nações lhe foram dadas. Trata-se, evidentemente, de um Salmo messiânico, que aponta para o próprio Jesus e esta fala está contida também naquilo que Jesus disse quando subiu aos céus: toda autoridade me foi dada nos céus e na terra.
Com vara de ferro as regerás e as despedaçarás como vaso do oleiro - Tomando o governo de todas as coisas, novamente a expressão da Ira do Cordeiro de Deus é levada em conta como o tratamento final para a rebeldia dos homens. O que o salmo 1 já preanunciava: o caminho do ímpio perecerá. No caso aqui, ele completa que esta luta final não será entre iguais, mas de um Senhor contra a sua obra: o vaso e o oleiro. O oleiro, com certeza domina o  vaso que só pode fazer o que o oleiro quer.
A igreja precisa saber que Deus é o Senhor e está no controle de todas as coisas. Não podemos nos amedrontar diante da rebeldia dos homens e do crescer de sua unidade contra Deus. A pregação do Evangelho deve levar em consideração que Cristo e o seu Reino é mais poderoso que qualquer governo humano. Nada poderá resistir à vontade de Cristo.

A Igreja Precisa Saber Que o Seu Papel é Convocar os Homens a se Voltarem a Cristo
Podemos pensar que agora sim, podemos nos tranquilizar, afinal, os versos iniciais que nos davam conta da rebeldia dos homens contra Deus, pareciam nos dizer que tudo está ruim. Os versos seguintes, por sua vez, nos tranquilizam, pois o salmista estabelece que, embora os homens se unam contra Deus e o seu Ungido, Deus é o soberano sobre todas as nações e o governo do Messias é certo e poderoso.
Mas, dentro desta condição, o que devemos fazer como igreja em meio a uma nação que está rebelde contra Deus? Acredito que nossa reposta deve ser encontrada nos versos finais.
Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir, juízes da terra. Servi ao Senhor com temor e alegrai-vos nele com temor. Beijai o Filho para que não se irrite e não pereçais pelo caminho, porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira.
Deixai-vos advertir - A mensagem do Salmo é uma advertência para os rebeldes, trata-se de um contive da graça para que  os rebeldes se deixem advertir, um convite ao arrependimento.
Servi ao Senhor e alegrai-vos nele - o convite não se trata apenas de uma chamada ao arrependimento, mas para uma conversão completa, uma mudança de atitude e de coração. Ele os convida ao verdadeiro contentamento, que só pode ser encontrado em Deus.
Beijai o Filho para que não se irrite, porque o tempo está próximo - usando o hábito antigo de beijar o anel  de um rei em sinal de rendição, o salmista propõe uma mudança de atitude para os ímpios rebeldes. Agora ele os convida a se submeterem ao  governo do Messias, especialmente para que não sofram a Ira que está anunciada e que levará os ímpios a perecerem.
Diante deste quadro, devemos pensar sobre o que deve fazer a igreja de Cristo. Esta não pode apenas assistir de camarote a destruição dos ímpios. O próprio Senhor não o faz, é o que salmo nos diz. Ele conclama os ímpios ao arrependimento. Quem faz este apelo aos homens é a IGREJA.
SE vivemos em uma nação que não se submete a Deus, como igreja o nosso papel é conclamar os ímpios ao arrependimento, à verdadeira conversão e a se submeter aos preceitos da Palavra de Deus.
A sociedade secularizada consegue perceber que está fracassando. A violência só aumenta, a pobreza e a miséria não são erradicadas e quando algumas conquistas a gente tem em algumas áreas, perdemos em outras. A sociedade sem Cristo, embora não reconheça que é fruto do seu pecado este estado de coisas, sabe que nada disso é bom.
Nosso papel é aproveitar nossas oportunidades para mostrar a verdade, conduzir a sociedade a um viver que estruturalmente obedeça aos princípios de Deus.
NO salmo, o próprio Deus convoca os ímpios a essa mudança. Assim, a missão da Igreja é fazer o mesmo. Não importa como os ímpios se comportam, como são corruptos em suas ações, nas leis que propõem. É Missão da igreja se ocupar da transformação destas coisas.
Conclusão
O salmo 33 afirma que feliz é a nação cujo Deus é o Senhor. O ponto que quero destacar é que essa é uma afirmação que está em consonância com o Salmo 2, no sentido de que isso combina com a última expressão do Salmo 2: Bem aventurado todos os que nele se refugiam.
Caros irmãos, precisamos saber que vamos encontrar resistência para trazer nossa visão de mundo para que nosso país reencontre os rumos, mas não podemos desistir desta missão, porque devemos reconhecer que Deus é quem governa todas as nações e Cristo estabelecerá o seu Reino.
Quando estamos falando em termos de país, devemos pensar nisso em termos práticos do meio onde vivemos. Na empresa, na família, entre os colegas de escola, na vizinhança etc. Tudo ao nosso redor deve contar com o nosso interesse em que a estrutura de Deus comande o ambiente.
Meus caros irmãos, nosso desafio é muito grande. Nossa influência política, educacional, social em todos os níveis não é apenas uma opção que gostariamos, mas uma absoluto dever de que fomos encarregados por Deus, quando nos enviou e nos fez nascer nesta nação.
Aplicação para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Nossa igreja, irmãos, pode ser muito mais efetiva neste aspecto. Existem muitas coisas que podemos fazer. Uma das principais é a de nos tornarmos numa igreja mais corajosa para alcançar os perdidos.
Podemos ter uma atuação mais efetiva também em outras esferas. Somos cercados de escolas, um hospital será reinaugurado aqui na vizinhança, existe um grande comércio ao nosso redor e temos muitas famílias arroladas como membros e distruibuídas em vários bairros. Irmãos, precisamos nos ocupar de cuidar melhor dos nossos amigos não crentes e apresentar-lhes o Evangelho. Precisamos alcançar a nossa família.
O Dia deCristo virá logo e a Ira do Filho também virá. Por outro lado, podemos dizer às pessoas que se refugiem em Deus e serão bem aventurados.
Oração
Ajuda-nos a cumprir o nosso papel e a fazer diferença, principalmente, em levar os perdidos a Cristo. Amém




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