A Centralidade da Vida Doxológica no
Governo do Rei-Pastor
1 Crônicas 13. 1 a 4
Foco da Nossa Decaída
Quando pensamos em um projeto de vida,
com certeza, elementos como família, segurança futura, bens materiais, saúde,
estão entre as avenidas que determinam a construção de nossos planos. A percepção
da dimensão doxológica como central para a construção de nossa vida e o alcance
de nossa plenitude criacional não é um dado mental comum para a maior parte das
pessoas. NO texto para o qual nos guiamos nesta mensagem, veremos como a
centralidade da vida doxológica estava nas bases da construção do governo teocrático
de Davi e como este REI-PASTOR conduziu o seu povo a perceber esta mesma
necessidade. Acredito que este seja um ponto a ser revisto no projeto de vida
que estamos levando a efeito nos dias do século XXI e precisamos conduzir a família
na direção de Deus.
Introdução
Caros irmãos, precisamos pensar a
respeito de alguns valores que têm conduzido nossa experiência neste mundo. Em
geral, construímos nossa história pensando em algumas conquistas que podemos
empreender, o que, muitas vezes, nos conduzem a planos simples, como cuidar da
família e preparar o futuro dos filhos, afinal não há nada de mal em se
preparar para a aposentaria e desejar viajar o mundo.
O ponto não é a indignidade destas
coisas, afinal são lícitas e realmente desejáveis. O que precisamos considerar é
o papel da dimensão doxológica da nossa vida. Qual o peso que damos para o que iremos fazer nesta rápida passagem no
mundo para o fator doxológico?
Quando Davi iniciou o seu governo em
Israel, o Rei-Pastor sabia que não haveria povo de Deus sem vida doxológica e
no último domingo tratamos de como Davi conduziu seu povo a pensar em conjunto
este projeto, como a unidade de pensamento doxológico era central, como as
pessoas reconheceram o papel que Davi exercia e como a Palavra de Deus era sua
guia.
NO texto de hoje, dando continuidade,
iremos ver o aprofundamento deste projeto com a percepção da parte mais
importante do governo de Davi: A
centralidade cúltica do governo e da vida de Davi. Nossa busca neste texto é
pelos elementos que norteavam este aprofundamento e tornavam a dimensão doxológica
uma espécie de “ambição positiva” para Davi e todo o povo de Israel. O que
buscamos, na verdade, são os elementos que também nos façam assim desejar fazer
da vida cúltica um centro motor da nossa experiência nesta vida.
SE DESEJAMOS CONSTRUIR UMA VIDA DOXOLÓGICA PRECISAMOS ORGANIZAR
NOSSOS ESFORÇOS NA DIREÇÃO CERTA
Já comentamos sobre o fato de que os Livros
das Crônicas diferem dos Livros dos Reis e dos livros de Samuel, por serem
escritos com uma visão doxológica do Reino. Para mim, um dos fatores mais
importantes para esta ênfase é o fato de que o povo que retornou do exílio e
viu as ruínas do Templo e não se importava com isto, precisava ser instruído e
exortado sobre a importância e a centralidade da vida cúltica para o ser
humano.
Perder
a dimensão doxológica da vida é perder a vida. A morte do homem no jardim do Éden foi uma perda profunda
da sensibilidade cúltica da vida. Não é à toa que Gênesis 4, dá um destaque
especial para algo que deveria ser natural, mas não era:
A Sete nasceu-lhe também um filho, ao qual pôs o nome de
Enos; daí se começou a invocar o nome do Senhor (Gênesis 4.26).
Deveríamos desfrutar da vida de um modo
diferente. Afinal, se todas as coisas criadas refletem a glória de Deus, como
nos diz o Salmo 19, porque estamos tão perturbados e tantas vezes nos
desesperamos, em um mar de confusões e insegurança sobre o nosso futuro?
Na verdade, nós colocamos o nosso coração
em outros tesouros e nos tornamos tardios para olhar para Deus e a deseja-lo,
amá-lo e apreciar a sua glória. O que precisamos é retomar a centralidade da
vida cúltica. Veja como Davi trabalhou neste sentido.
Consultou Davi os capitães de mil, os de cem, e todos os príncipes;
e disse à toda a congregação de Israel: Se bem vos parece, e se vem isso do Senhor,
nosso Deus, enviemos depressa mensageiros a todos os nossos outros irmãos em
todas as terras de Israel, e aos sacerdotes, e aos levitas, para que se reúnam
conosco (1Crônicas 13.1-2).
O
Valor da Unidade Doxológica – já
trabalhamos este conceito no último domingo, quando meditamos no capítulo 11,
versos 1 a 3, não vamos repetir o que já afirmamos ali. Mas, vale a pena pensar
de forma clara o que o texto está novamente propondo sobre isto: a vida cúltica não é um propósito pessoal,
um desejo de Davi, mas uma proposta que nasce de Deus para o homem e todo homem
deve buscá-la.
Consultou Davi os capitães de mil, os de cem, e todos os príncipes;
e disse à toda a congregação de Israel: Se bem vos parece, e se vem isso do Senhor,
nosso Deus
A questão que vamos levantar neste ponto
é: SE DESEJAMOS UMA VIDA DOXOLÓGICA
PRECISAMOS ORGANIZAR NOSSOS ESFORÇOS NA DIREÇÃO CERTA. Uma maneira
interessante de ver isso é pensar no próprio esforço do cronista ao escrever
este livro. Neste caminho, vale a pena destacar alguns aspectos particulares do
próprio texto:
Disse
a toda a congregação de Israel – O cronista, neste ponto, não usa, como usou o escritor do
Livro de Samuel, a palavra “povo” para se referir aos israelitas, ele usou a
palavra “congregação”. Esta é uma palavra hebraica que é usada para se referir
a um ajuntamento religioso: Qahal. O
cronista está disposto a provocar um espírito doxológico e a mostrar a
realidade do povo de Deus como um povo de adoração. O mesmo fez Pedro quando
definiu que nós somos O SACERDÓRCIO REAL.
Enviemos
mensageiros aos irmãos, aos sacerdotes e aos levitas – O cronista mostra o esforço doxológico
de Davi e nos revela um detalhe que o Livro de Samuel não mostrou, ele nos diz
que Davi mandou convocar OS SACERDOTES E OS LEVITAS. Estes membros da estrutura
cúltica eram essenciais para o desenvolvimento do projeto doxológico. O esforço
de Davi em conduzir o seu povo para ser um povo de adoração precisava dos
elementos certos.
Para
que se reúnam conosco – Aqui,
a expressão “reunir conosco” é uma palavra só, declinada para a primeira pessoa
do plural. Na frase ela tem uma proposta de ser uma conclusiva, ou seja, o
final da proposta. O que o cronista desejou destacar é que a convocação geral
da congregação (Qahal) era a unidade doxológica. A palavra usada pelo cronista é,
novamente, uma palavra de cunho religioso: Vaiekavitzu.
Kavitz, deu origem a uma palavra israelense usada hoje e bastante conhecida dos
brasileiros: Kavitz deu origem ao termo Kibutz.
O ponto que precisamos destacar é que Davi,
na visão do cronista inspirado, buscou reunir os recursos com um propósito
definido, um propósito doxológico.
Meus irmãos, enquanto nossos esforços não
forem na direção de uma vida doxológica, poderemos continuar vindo aos cultos, outras
vezes não, investindo tudo de nós em muitas coisas, deixando o que sobra para a
adoração; podemos ser até dizimistas, desde que não interfira nas reservas para
as férias; ler a Bíblia de vez em quando, o suficiente para não esquecer onde
ela está; chorar durante a pregação ou não, depende do tema; etc... podemos
pensar que estamos vivendo para Deus, mas vivemos para nós mesmos.
Davi sabia que Israel precisava viver
para Deus e não viver apenas figuradamente com Deus. Então, investiu e
organizou todos os esforços nesta direção.
SE DESEJAMOS CONSTRUIR UMA VIDA DOXOLÓGICA PRECISAMOS REALMENTE
NOS APROXIMAR DE DEUS
Tente imaginar você comprando um bolo de
cenoura. Vai ao balcão e pede: “por favor, me dê aquele bolo cenoura que está
na vitrine!” Bem, como todos sabem, ou ao menos a maioria deve saber, o bolo de
cenoura é tradicionalmente revestido por uma deliciosa camada de chocolate, que
esconde o tom amarelado da cenoura. Bem, você pega aquele bolo marrom, coberto
de chocolate e dá uma mordida e descobre que é bolo de banana, por dentro. Eu não
sei se você gosta de banana, mas o fato é que você queria bolo de cenoura e foi
enganado.
Tem uma passagem bíblica bem
interessante sobre isso. Não sobre bolo de cenoura, mas sobre uma figueira, que
ao longe parecia ter figos, mas quando Jesus se aproximou dela, não havia nada,
senão folhas. Ela secou! Porque o que Jesus queria encontrar nela, não encontrou.
Esta passagem era uma referência à decepção de Jesus com a religiosidade de
Israel e o fracasso de um Templo que deveria ser um lugar da presença de Deus e
não era.
Davi sabia que um projeto doxológico não
poderia ser bem sucedido só com levitas, sacerdotes e reuniões religiosas, DAVI SABIA QUE UM VERDADEIRO PROJETO DOXOLÓGICO
PRECISA TER A PRESENÇA DE DEUS.
Tornemos a trazer para nós a arca do nosso Deus; porque nos
dias de Saul não nos valemos dela (1Crônicas 13.3).
Não
vamos nos deter em comentar sobre a importância da Arca da Aliança. Apenas e
resumidamente, pensemos no fato de que ela representava a presença de Deus no
meio do povo. Com certeza, essa é uma informação importante, mas não podemos
nos voltar para essa demonstração.
Tornemos
a trazer para nós – Note
a perspectiva coletiva e o alvo pretendido. Esse é um ponto importante, a
presença de Deus que Davi procura não é um projeto pessoal, mas um projeto da
coletividade. O objetivo nunca é pessoal e individual, mas coletivo. O
verdadeiro culto a Deus é uma perspectiva que une as pessoas, que conduz
pessoas à Deus e não meramente pessoal, egoísta, narcisista.
A
arca do nosso Deus – Eloheinu
– A ideia de um Deus que estava sobre todos e dava significado à nação e não
somente a pessoas isoladas. Este é um ponto importante. A promessa de Deus à
Abraão é que seríamos o seu povo e Ele seria o nosso Deus. Davi tem a percepção
correta da dimensão cúltica de toda a vida.
Nos
dias de Saul não a seguimos – Essa é a ideia da expressão: não nos valemos dela – Davi talvez esteja se referindo à experiência
vivida por Israel na travessia do Jordão e às lutas na terra prometida, quando
a Arca ia adiante do povo e representava a presença do Deus dos Exércitos e
lhes dava a vitória. Davi estava dizendo que era necessário seguir a direção de
Deus. Um projeto doxológico precisa da
presença de Deus.
Meus irmãos, não conseguiremos construir
uma vida doxológica sem Deus. Sem que sua presença permeie nossa maneira de
viver, pensar, sentir... Sem que a sua palavra realmente nos conduza. Qualquer coisa menos que a presença
definidora de Deus é uma situação que nos desqualifica como adoradores
verdadeiros de Deus.
SE DESEJAMOS CONSTRUIR UMA VIDA DOXOLÓGICA PRECISAMOS RECONHECER
O REAL VALOR DESTE PROJETO DE VIDA
Todos sabemos que as nossas escolhas e a
organização dos nossos maiores esforços estão vinculados à importância que
damos ou não damos às coisas. Acredito que é isso que Jesus nos ensina quando
nos diz: onde estiver o teu tesouro ali
estará também o teu coração (Mateus 6.21).
Então, toda a congregação concordou em que assim se
fizesse; porque isso pareceu justo aos olhos de todo o povo (1Crônicas 13.4).
Certa vez, Josué desafiou ao povo sobre
a adoração e lhes disse que deveriam escolher qual realmente seria o seu
projeto de vida. Viver segundo as ambições ligadas aos deuses dalém do
Eufrates, seguindo a tradição dos antigos pais; ou se era segundo as ambições
políticas dos povos da terra dos amorreus e cananeus e seus deuses. Ele faz uma
das mais famosas afirmativas bíblicas sobre um projeto de vida doxológica:
Eu e a minha casa serviremos ao Senhor (Josué 24.15).
Os valores que o seu coração preza é que
serão construirão a sua vida cúltica e ela pode ser idólatra. Mas se o seu
coração PERCEBER A GRANDEZA DE DEUS E
ISSO O LEVAR A VALORIZAR O PROJETO DOXOLÓGICO CORRETO, VOCÊ DEIXARÁ TUDO E
SEGUIRÁ A DEUS.
Então,
toda a congregação concordou em que assim se fizesse – Toda a Qahal percebeu o valor daquela
proposta de Davi, todo o povo, percebeu que sem Deus não é possível viver e que
isso era o que deveria ser feito. Eles estariam,
a partir dali, a pagar o preço necessário para atingir o seu alvo doxológico,
porque o coração do povo estava inclinado a Deus.
Isso
pareceu justo aos olhos de todos – o que os motivou era a percepção do valor daquele projeto
doxológico. Literalmente, o que o escritor disse foi: porque aquela palavra era reta, perfeita aos olhos de todos. O que
se pretende dizer quando se aponta aos olhos é ao processo de reflexão, de
avaliação. OU seja, eles não tomaram uma decisão qualquer, eles realmente
tinham chegado à uma séria e profunda conclusão, depois de um processo de
avaliação.
Aquilo que valorizamos acima de tudo é o
nosso deus. Se amarmos a Deus acima de todas as coisas e ele realmente for o
ponto focal mais importante da nossa vida, se conseguirmos nos transportar para
este modelo de valor supremo, então não teremos dificuldade para construir
nossa vida doxológica e da nossa família.
Quando não o fazemos, o que precisamos
pensar é sobre o que realmente é importante para nós. Você e só você pode fazer
isso por você. Mas HÁ ALGO QUE VOCÊ PRECISA SABER: ESSA TAREFA DE AMAR A DEUS
SOBRE TODAS AS COISAS É ALGO QUE ACONTECE EM NÓS QUANDO ESTAMOS ENTREGUES AO ESPÍRITO
DE DEUS. É ASSIM QUE COMEÇAMOS.
Conclusão
Preciso dizer que Davi cometeu um grave
erro, você poderá notar isso nos versículos que revelam que a sua primeira
tentativa foi falha. Com certeza, poderemos errar como Davi. Mas o que você verá
na descrição do processo até o final do capítulo 16 é que Davi não desistiu do
projeto, ele e toda a congregação (Qahal) de Israel estavam unânimes na “boa
ambição” de uma vida doxológica.
Comece a pensar assim e a organizar a
sua vida para um viver doxológico. Lembre-se que o propósito maior é a presença
de Deus e que isso acontecerá quando, guiado pelo Espírito de Deus, você
começar a realmente amar a Deus.
Quando realmente você amar a Deus,
desfrutará de algo indizível, um tipo de prazer que somente um verdadeiro
adorador tem: o prazer de ver Deus em
tudo.