11 de setembro de 2016

1 Crônicas 13.1 a 4

A Centralidade da Vida Doxológica no Governo do Rei-Pastor
1 Crônicas 13. 1 a 4

Foco da Nossa Decaída
Quando pensamos em um projeto de vida, com certeza, elementos como família, segurança futura, bens materiais, saúde, estão entre as avenidas que determinam a construção de nossos planos. A percepção da dimensão doxológica como central para a construção de nossa vida e o alcance de nossa plenitude criacional não é um dado mental comum para a maior parte das pessoas. NO texto para o qual nos guiamos nesta mensagem, veremos como a centralidade da vida doxológica estava nas bases da construção do governo teocrático de Davi e como este REI-PASTOR conduziu o seu povo a perceber esta mesma necessidade. Acredito que este seja um ponto a ser revisto no projeto de vida que estamos levando a efeito nos dias do século XXI e precisamos conduzir a família na direção de Deus.

Introdução
Caros irmãos, precisamos pensar a respeito de alguns valores que têm conduzido nossa experiência neste mundo. Em geral, construímos nossa história pensando em algumas conquistas que podemos empreender, o que, muitas vezes, nos conduzem a planos simples, como cuidar da família e preparar o futuro dos filhos, afinal não há nada de mal em se preparar para a aposentaria e desejar viajar o mundo.
O ponto não é a indignidade destas coisas, afinal são lícitas e realmente desejáveis. O que precisamos considerar é o papel da dimensão doxológica da nossa vida. Qual o peso que damos para o que iremos fazer nesta rápida passagem no mundo para o fator doxológico?
Quando Davi iniciou o seu governo em Israel, o Rei-Pastor sabia que não haveria povo de Deus sem vida doxológica e no último domingo tratamos de como Davi conduziu seu povo a pensar em conjunto este projeto, como a unidade de pensamento doxológico era central, como as pessoas reconheceram o papel que Davi exercia e como a Palavra de Deus era sua guia.
NO texto de hoje, dando continuidade, iremos ver o aprofundamento deste projeto com a percepção da parte mais importante do governo de Davi: A centralidade cúltica do governo e da vida de Davi. Nossa busca neste texto é pelos elementos que norteavam este aprofundamento e tornavam a dimensão doxológica uma espécie de “ambição positiva” para Davi e todo o povo de Israel. O que buscamos, na verdade, são os elementos que também nos façam assim desejar fazer da vida cúltica um centro motor da nossa experiência nesta vida.  

SE DESEJAMOS CONSTRUIR UMA VIDA DOXOLÓGICA PRECISAMOS ORGANIZAR NOSSOS ESFORÇOS NA DIREÇÃO CERTA
Já comentamos sobre o fato de que os Livros das Crônicas diferem dos Livros dos Reis e dos livros de Samuel, por serem escritos com uma visão doxológica do Reino. Para mim, um dos fatores mais importantes para esta ênfase é o fato de que o povo que retornou do exílio e viu as ruínas do Templo e não se importava com isto, precisava ser instruído e exortado sobre a importância e a centralidade da vida cúltica para o ser humano.
Perder a dimensão doxológica da vida é perder a vida. A morte do homem no jardim do Éden foi uma perda profunda da sensibilidade cúltica da vida. Não é à toa que Gênesis 4, dá um destaque especial para algo que deveria ser natural, mas não era:
A Sete nasceu-lhe também um filho, ao qual pôs o nome de Enos; daí se começou a invocar o nome do Senhor (Gênesis 4.26).
Deveríamos desfrutar da vida de um modo diferente. Afinal, se todas as coisas criadas refletem a glória de Deus, como nos diz o Salmo 19, porque estamos tão perturbados e tantas vezes nos desesperamos, em um mar de confusões e insegurança sobre o nosso futuro?
Na verdade, nós colocamos o nosso coração em outros tesouros e nos tornamos tardios para olhar para Deus e a deseja-lo, amá-lo e apreciar a sua glória. O que precisamos é retomar a centralidade da vida cúltica. Veja como Davi trabalhou neste sentido.
Consultou Davi os capitães de mil, os de cem, e todos os príncipes; e disse à toda a congregação de Israel: Se bem vos parece, e se vem isso do Senhor, nosso Deus, enviemos depressa mensageiros a todos os nossos outros irmãos em todas as terras de Israel, e aos sacerdotes, e aos levitas, para que se reúnam conosco (1Crônicas 13.1-2).
O Valor da Unidade Doxológica – já trabalhamos este conceito no último domingo, quando meditamos no capítulo 11, versos 1 a 3, não vamos repetir o que já afirmamos ali. Mas, vale a pena pensar de forma clara o que o texto está novamente propondo sobre isto: a vida cúltica não é um propósito pessoal, um desejo de Davi, mas uma proposta que nasce de Deus para o homem e todo homem deve buscá-la.

Consultou Davi os capitães de mil, os de cem, e todos os príncipes; e disse à toda a congregação de Israel: Se bem vos parece, e se vem isso do Senhor, nosso Deus
A questão que vamos levantar neste ponto é: SE DESEJAMOS UMA VIDA DOXOLÓGICA PRECISAMOS ORGANIZAR NOSSOS ESFORÇOS NA DIREÇÃO CERTA. Uma maneira interessante de ver isso é pensar no próprio esforço do cronista ao escrever este livro. Neste caminho, vale a pena destacar alguns aspectos particulares do próprio texto:
Disse a toda a congregação de Israel – O cronista, neste ponto, não usa, como usou o escritor do Livro de Samuel, a palavra “povo” para se referir aos israelitas, ele usou a palavra “congregação”. Esta é uma palavra hebraica que é usada para se referir a um ajuntamento religioso: Qahal. O cronista está disposto a provocar um espírito doxológico e a mostrar a realidade do povo de Deus como um povo de adoração. O mesmo fez Pedro quando definiu que nós somos O SACERDÓRCIO REAL.
Enviemos mensageiros aos irmãos, aos sacerdotes e aos levitas – O cronista mostra o esforço doxológico de Davi e nos revela um detalhe que o Livro de Samuel não mostrou, ele nos diz que Davi mandou convocar OS SACERDOTES E OS LEVITAS. Estes membros da estrutura cúltica eram essenciais para o desenvolvimento do projeto doxológico. O esforço de Davi em conduzir o seu povo para ser um povo de adoração precisava dos elementos certos.
Para que se reúnam conosco – Aqui, a expressão “reunir conosco” é uma palavra só, declinada para a primeira pessoa do plural. Na frase ela tem uma proposta de ser uma conclusiva, ou seja, o final da proposta. O que o cronista desejou destacar é que a convocação geral da congregação (Qahal) era a unidade doxológica. A palavra usada pelo cronista é, novamente, uma palavra de cunho religioso: Vaiekavitzu. Kavitz, deu origem a uma palavra israelense usada hoje e bastante conhecida dos brasileiros:  Kavitz deu origem ao termo Kibutz. O ponto que precisamos destacar é que Davi, na visão do cronista inspirado, buscou reunir os recursos com um propósito definido, um propósito doxológico.     
Meus irmãos, enquanto nossos esforços não forem na direção de uma vida doxológica, poderemos continuar vindo aos cultos, outras vezes não, investindo tudo de nós em muitas coisas, deixando o que sobra para a adoração; podemos ser até dizimistas, desde que não interfira nas reservas para as férias; ler a Bíblia de vez em quando, o suficiente para não esquecer onde ela está; chorar durante a pregação ou não, depende do tema; etc... podemos pensar que estamos vivendo para Deus, mas vivemos para nós mesmos.
Davi sabia que Israel precisava viver para Deus e não viver apenas figuradamente com Deus. Então, investiu e organizou todos os esforços nesta direção.
SE DESEJAMOS CONSTRUIR UMA VIDA DOXOLÓGICA PRECISAMOS REALMENTE NOS APROXIMAR DE DEUS
Tente imaginar você comprando um bolo de cenoura. Vai ao balcão e pede: “por favor, me dê aquele bolo cenoura que está na vitrine!” Bem, como todos sabem, ou ao menos a maioria deve saber, o bolo de cenoura é tradicionalmente revestido por uma deliciosa camada de chocolate, que esconde o tom amarelado da cenoura. Bem, você pega aquele bolo marrom, coberto de chocolate e dá uma mordida e descobre que é bolo de banana, por dentro. Eu não sei se você gosta de banana, mas o fato é que você queria bolo de cenoura e foi enganado.
Tem uma passagem bíblica bem interessante sobre isso. Não sobre bolo de cenoura, mas sobre uma figueira, que ao longe parecia ter figos, mas quando Jesus se aproximou dela, não havia nada, senão folhas. Ela secou! Porque o que Jesus queria encontrar nela, não encontrou. Esta passagem era uma referência à decepção de Jesus com a religiosidade de Israel e o fracasso de um Templo que deveria ser um lugar da presença de Deus e não era.
Davi sabia que um projeto doxológico não poderia ser bem sucedido só com levitas, sacerdotes e reuniões religiosas, DAVI SABIA QUE UM VERDADEIRO PROJETO DOXOLÓGICO PRECISA TER A PRESENÇA DE DEUS.
Tornemos a trazer para nós a arca do nosso Deus; porque nos dias de Saul não nos valemos dela (1Crônicas 13.3).
 Não vamos nos deter em comentar sobre a importância da Arca da Aliança. Apenas e resumidamente, pensemos no fato de que ela representava a presença de Deus no meio do povo. Com certeza, essa é uma informação importante, mas não podemos nos voltar para essa demonstração.
Tornemos a trazer para nós – Note a perspectiva coletiva e o alvo pretendido. Esse é um ponto importante, a presença de Deus que Davi procura não é um projeto pessoal, mas um projeto da coletividade. O objetivo nunca é pessoal e individual, mas coletivo. O verdadeiro culto a Deus é uma perspectiva que une as pessoas, que conduz pessoas à Deus e não meramente pessoal, egoísta, narcisista.
A arca do nosso Deus – Eloheinu – A ideia de um Deus que estava sobre todos e dava significado à nação e não somente a pessoas isoladas. Este é um ponto importante. A promessa de Deus à Abraão é que seríamos o seu povo e Ele seria o nosso Deus. Davi tem a percepção correta da dimensão cúltica de toda a vida.
Nos dias de Saul não a seguimos – Essa é a ideia da expressão: não nos valemos dela – Davi talvez esteja se referindo à experiência vivida por Israel na travessia do Jordão e às lutas na terra prometida, quando a Arca ia adiante do povo e representava a presença do Deus dos Exércitos e lhes dava a vitória. Davi estava dizendo que era necessário seguir a direção de Deus. Um projeto doxológico precisa da presença de Deus.
Meus irmãos, não conseguiremos construir uma vida doxológica sem Deus. Sem que sua presença permeie nossa maneira de viver, pensar, sentir... Sem que a sua palavra realmente nos conduza. Qualquer coisa menos que a presença definidora de Deus é uma situação que nos desqualifica como adoradores verdadeiros de Deus.  

SE DESEJAMOS CONSTRUIR UMA VIDA DOXOLÓGICA PRECISAMOS RECONHECER O REAL VALOR DESTE PROJETO DE VIDA
Todos sabemos que as nossas escolhas e a organização dos nossos maiores esforços estão vinculados à importância que damos ou não damos às coisas. Acredito que é isso que Jesus nos ensina quando nos diz: onde estiver o teu tesouro ali estará também o teu coração (Mateus 6.21).
Então, toda a congregação concordou em que assim se fizesse; porque isso pareceu justo aos olhos de todo o povo (1Crônicas 13.4).  
Certa vez, Josué desafiou ao povo sobre a adoração e lhes disse que deveriam escolher qual realmente seria o seu projeto de vida. Viver segundo as ambições ligadas aos deuses dalém do Eufrates, seguindo a tradição dos antigos pais; ou se era segundo as ambições políticas dos povos da terra dos amorreus e cananeus e seus deuses. Ele faz uma das mais famosas afirmativas bíblicas sobre um projeto de vida doxológica:
Eu e a minha casa serviremos ao Senhor (Josué 24.15).
Os valores que o seu coração preza é que serão construirão a sua vida cúltica e ela pode ser idólatra. Mas se o seu coração PERCEBER A GRANDEZA DE  DEUS E ISSO O LEVAR A VALORIZAR O PROJETO DOXOLÓGICO CORRETO, VOCÊ DEIXARÁ TUDO E SEGUIRÁ A DEUS.
Então, toda a congregação concordou em que assim se fizesse – Toda a Qahal percebeu o valor daquela proposta de Davi, todo o povo, percebeu que sem Deus não é possível viver e que isso era o  que deveria ser feito. Eles estariam, a partir dali, a pagar o preço necessário para atingir o seu alvo doxológico, porque o coração do povo estava inclinado a Deus.
Isso pareceu justo aos olhos de todos – o que os motivou era a percepção do valor daquele projeto doxológico. Literalmente, o que o escritor disse foi: porque aquela palavra era reta, perfeita aos olhos de todos. O que se pretende dizer quando se aponta aos olhos é ao processo de reflexão, de avaliação. OU seja, eles não tomaram uma decisão qualquer, eles realmente tinham chegado à uma séria e profunda conclusão, depois de um processo de avaliação. 
Aquilo que valorizamos acima de tudo é o nosso deus. Se amarmos a Deus acima de todas as coisas e ele realmente for o ponto focal mais importante da nossa vida, se conseguirmos nos transportar para este modelo de valor supremo, então não teremos dificuldade para construir nossa vida doxológica e da nossa família.
Quando não o fazemos, o que precisamos pensar é sobre o que realmente é importante para nós. Você e só você pode fazer isso por você. Mas HÁ ALGO QUE VOCÊ PRECISA SABER: ESSA TAREFA DE AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS É ALGO QUE ACONTECE EM NÓS QUANDO ESTAMOS ENTREGUES AO ESPÍRITO DE DEUS. É ASSIM QUE COMEÇAMOS.


Conclusão  
Preciso dizer que Davi cometeu um grave erro, você poderá notar isso nos versículos que revelam que a sua primeira tentativa foi falha. Com certeza, poderemos errar como Davi. Mas o que você verá na descrição do processo até o final do capítulo 16 é que Davi não desistiu do projeto, ele e toda a congregação (Qahal) de Israel estavam unânimes na “boa ambição” de uma vida doxológica.
Comece a pensar assim e a organizar a sua vida para um viver doxológico. Lembre-se que o propósito maior é a presença de Deus e que isso acontecerá quando, guiado pelo Espírito de Deus, você começar a realmente amar a Deus.

Quando realmente você amar a Deus, desfrutará de algo indizível, um tipo de prazer que somente um verdadeiro adorador tem: o prazer de ver Deus em tudo.  

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