27 de fevereiro de 2018

Efésios 4.13

Maturidade Cristã Como Um Projeto Existencial
Efésios 4.13
(aula EBD – Classe de Jovens)

Introdução
Evidentemente, todos têm uma ideia bastante positiva da expressão “maturidade cristã”. Não haverá ninguém que de uma maneira ou de outra negue a necessidade de que a fé seja desenvolvida dentro de uma visão de amadurecimento.
A questão que estamos enfrentando é que em geral, quando cristãos mais conscientes e sérios estão falando de maturidade, nem sempre sabemos realmente se eles têm uma ideia clara, precisa e correta do que isto significa.
Para muitos, a maturidade cristã é tão somente um projeto de caráter moral, cujo grande objetivo é produzir seres humanos de elevado comportamento ético, capazes de viver a vida diária de forma justa, de acordo com padrões morais elevados e realmente derivados de um compromisso com a mensagem cristã.
Outros, por sua vez, pensam em maturidade nos termos de uma compreensão mais completa do conteúdo bíblico doutrinário, que lhes permita viver de forma pertinente e ensinar a outros como fazê-lo.
Há também os que identificam maturidade com o desenvolvimento de uma piedade cristã, em termos de uma elevada percepção sensorial da espiritualidade. Estes se completam em longas horas de oração e em um comportamento mais místico que lhes permite impressionar os outros pelo elevado conteúdo “espiritual” ou “místico” da sua maneira de viver.
Claro que cada uma destas percepções de muitas outras são aspectos pertinentes do que é “maturidade cristã”. Evidentemente, precisamos de que nosso caráter seja transformado, nossa vida doutrinária seja de acordo com os ensinos da palavra e é mais que desejável que tenhamos uma vida de relação espiritual que nos leve a um patamar de entrega e piedade que nos qualificam diante dos homens como pessoas que vivem a atmosfera da realidade e da presença de Deus.
Contudo, acredito que precisamos de todas estas coisas e ainda algumas outras para que tenhamos uma perfeita maturidade cristã.  Acredito que a “maturidade cristã” que Paulo pretendia enfatizar nestes versos está ligada ao “DESENVOLVIMENTO DE TODO O NOSSO POTENCIAL HUMANO PARA CUMPRIR O GRANDE PROPÓSITO CRIACIONAL DE VIVERMOS E ESPERIMENTARMOS A REALIDADE DA GLÓRIA DE DEUS.
Nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, a fim de sermos para louvor da sua glória (Efésios 1.11-12).
Foi para este fim que Deus nos amou antes da fundação do mundo e nos adotou em sua família, mediante a salvação que há na cruz de Cristo. Foi para este fim que nos deu o seu Espírito como sêlo e nos ensinou a verdade da sua Palavra.
Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória (Efésios 1.13-14).

Isso me faz repensar o verdadeiro sentido da expressão: A ELE SEJA A GLÓRIA NA IGREJA de Efésios 3.21. Ou seja, eu começo a perceber que temos a grande tarefa de fazer resplandecer a glória de Deus, por meio de nós, de nossa capacidade de servi-lo, amá-lo e honrá-lo. Fomos chamados à existência e escolhidos para esta grande tarefa, a maior de todas as tarefas da Criação.
Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de nodo digno da vocação a que fostes chamados (Efésios 4.1).
Isso faz toda a diferença, pois propõe para mim e para você um alvo existêncial, revestindo a nossa vida de especial “sentido” (direção), promovendo um novo “significado” (conteúdo do que somos) à nossa relação com o mundo e com o nosso próprio ser.
Muitas coisas podemos aprender nos versos que circundam este grande texto de Efésios 4.7-16, mas vamos tomar para nossa meditação apenas o verso 13, para considerar um pouco sobre essa “perfeita varonilidade” que é somente uma outra maneira de falar sobre a “nossa maturidade cristã” ou nossa “perfeita e completa humanidade”.
Vamos pensar nesta maturidade cristã como um projeto de vida. Partindo do ponto de vista de que Deus nos chamou para cumprir a maior de todas as tarefas apresentar a glória dele ao mundo, devemos pensar que para alcançar a possibilidade de cumprir com este chamado exige de nós a “perfeita varonilidade”. Sem ela, seremos bons em muitas coisas, mas alcançaremos a graça de cumprir o nosso verdadeiro propósito existêncial.
Faça da “maturidade cristã” um alvo e planeje e pense sobre como chegar lá. Pense que essa maturidade não é apenas ética, psicológica, intelectual ou religiosa. Trata-se de uma preparação do homem para viver de forma completa em todas as áreas da vida, de um modo que sua vida espelhe a própria vida de Cristo. Por isso, é maturidade cristã é não maturidade ética, maturidade doutrinária, maturidade religiosa etc.

Maturidade Cristã Como Um Projeto Coletivo

Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo (Efésios 4.13).

Em geral, quando falamos em maturidade cristã, pensamos em termos quase que estritamente individualistas. É muito comum que pensemos que a ideia “cada um dará conta de si mesmo a Deus” se trata de uma afirmação que declara que Deus olha para nós e trabalha conosco apenas no âmbito da individualidade de nossa vida cristã. Mas, o que percebemos nos escritos de Paulo, especialmente neste trecho da Carta aos Efésios é que a dimensão coletiva da fé é tão importante quanto os aspectos pessoais e individuais do nosso desenvolvimento espiritual.

Até que CHEGUEMOS à – Os termos desta passagem apontam para a coletividade. Isto começa já nos versos iniciais do capítulo quando ele faz afirmação da unidade como um bem que precisa ser cuidado e desenvolvimento.
Esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos (Efésios 4.3-6).  
Os termos usado neste capítulo, como nos anteriores também são enfáticos no seu propósito coletivo do desenvolvimento da fé. Por isso, neste trecho, ele prefere a referencia plural: ATÉ QUE CHEGUEMOS. Aqui ele usa o conceito de ALVO na palavra ATÉ QUE e o aspecto de COLETIVIDADE na expressão CHEGUEMOS. Estes dois conceitos se unem para propor a ideia de que a VIDA CRISTÃ MADURA DEVE SER UM ALVO COLETIVO.

Até que TODOS cheguemos à – Esta ideia de PROJETO COLETIVO é reiterada numa ênfase coletiva com o uso da palavra “TODOS”. Aqui, Paulo propõe que devemos pensar não somente em termos coletivos, mas em termos de uma COLETIVIDADE COMPLETA. Todos devemos chegar lá e não somente uma maioria ou uma parte dos que decidem andar.
Devemos pensar que se não estamos trabalhando para que TODOS cheguemos à maturidade cristã, estamos trabalhando errado e revelando nossa imaturidade. Ou seja, se nosso PROJETO DE MATURIDADE CRISTÃ desconsidera o caminhar dos outros, significa não somente que estamos atrasados na caminhada, mas estamos caminhando errado.
Quando pensamos no modo como Jesus Cristo pensa na sua Igreja e no seu Reino observamos que ele pensa sempre em levar TODOS os seus ao êxito. Jesus não pensa nunca em algo menor que TODOS os que me destes. Era pensando na totalidade dos eleitos que ele agia.
É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. (...) Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu (...). Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste (João 17.9-24).
A glória de Deus como alvo para as ações era o que guiava a Jesus neste mundo, contudo, ele nunca pensava na glória como algo somente para ele, mas para a totalidade dos filhos adotivos de Deus. Assim, a grande maturidade da vida cristã é um ALVO COLETIVO.

Maturidade Cristã Como Um Projeto de Conteúdo
Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo (Efésios 4.13).
Quando pensamos em amadurecimento da fé, em geral, trabalhamos com uma ideia de moldagem moral do caráter ou do crescimento da nossa disposição para realidades místicas e sobrenaturais, como o aumento da nossa devoção religiosa. Estes aspectos são realmente significativos, mas NEM SEMPRE uma pessoa que mantem uma postura de devoção religiosa, como por exemplo, horas seguidas e diárias de oração, ou leitura bíblica, realmente estão maduras na fé.

Pleno Conhecimento do Filho de Deus – o desenvolvimento da nossa maturidade deve nos levar a uma percepção de um conteúdo – CONHECIMENTO. A palavra grega “epignoseus” (RECONHECIMENTO) parece dar fundamento para uma ideia de que o nosso desenvolvimento é intelectual, mas mais que isso, uma capacidade mental de chegar a CRISTO em nossa percepção da realidade ao redor. É como se apóstolo estivesse nos dizendo que queria que todos tenham como PROJETO o desenvolvimento de uma capacidade de RECONHECER A PRESENÇA DE CRISTO EM TUDO.

Filho de Deus – ao apontar para o FILHO DE DEUS e não simplesmente se limitar a dizer JESUS, OU CRISTO, o que temos em tela é a ideia de ADOÇÃO do capítulo um e de família de Deus do capítulo 3.
(...) nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade (Ef 1.5).
Por esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Cristo Jesus, por amor de vós, gentios, se é que tendes ouvido a respeito da dispensação da graça de Deus a mim confiada para vós outros (Ef 3.1-2)
 Este alvo de CONHECIMENTO é o alvo de um conhecimento de nós mesmos e de nossa própria realidade como FILHO DE DEUS, uma vez que Jesus, o perfeito varão, a medida de quem devemos ser é observado como um FILHO DE DEUS, ou seja, o nosso padrão de filiação e comportamento na CRIAÇÃO.

UNIDADE DA FÉ – mais uma vez a ideia de coletividade é enfatizada e aqui a coletividade é um alvo de UMA SÓ FÉ como havia sido dito no verso 5. Uma capacidade de ler a própria realidade a partir de Deus, chegando ao HOMEM PERFEITO, o FILHO DE DEUS, presente em nossa realidade diária. Isto é o desenvolvimento mais perfeito de nossa própria humanidade.
O nosso mais rico PROJETO DE VIDA MATURA é o desenvolvimento de uma FAMÍLIA, ou um POVO, uma NAÇÃO, uma massa coletiva de homens e mulheres capazes de viver como O FILHO DE DEUS e atingir o âmago da própria realidade encontrando DEUS, e vivendo para ele em todas as circunstâncias. Não se trata apenas da desenvolver uma capacidade de orar mais ou ler mais a Bíblia, mas uma sabedoria vivencial que nos leva a CRISTO em TUDO e em TODOS.

Maturidade Cristã Como Um Projeto Parametrizado Por Um Padrão Excelente
Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo (Efésios 4.13).
O que Deus espera de nós é que desenvolvamos o que sempre ele havia desejado de seus filhos criados. Nossa percepção de quem nós somos deve partir para a busca não de SUPER HOMENS ou MULHERES MARAVILHAS, mas homens comuns e o comum aqui é o HOMEM COMPLETO.

O homem perfeito (perfeita varonilidade) – (andra teleion) – Teleion é uma palavra graga que aponta para ideia de algo completo, pleno. Portanto a perfeição aqui é o mesmo que atingir uma meta de completude, eu não preciso deixar de ser quem eu sou, apenas tenho que atingir potenciais criacionais que já foram postos dentro de mim. Teleios indica um processo para se atingir um alvo. Portanto, este homem completo é amadurecido, isto é, desenvolvido em nós, ele não surge como um passe de mágica, não pode ser fabricado ou produzido, mas depende de crescimento.

A medida da estatura da plenitude de Cristo – (metron helíquias tou pleromatou Cristos) – Aqui o ponto do apóstolo Paulo é que todos saibam que a medida que devemos almejar é UM PARÂMETRO MUITÍSSIMO ELEVADO. A medida da estatura de da formação de um FIHO DE DEUS total em nós. Alguém que consegue viver a REALIDADE de alguém permeado pela MISSÃO (CRISTO) de viver para Deus e pelo outro.
A nossa vida, portanto, é um CHAMADO PARAMETRIZADO POR UM ELEVADO PADRÃO. Não podemos nos contentar comum CRISTIANISMO MEIA BOCA, mais ou menos, de domingo, parcial, de um jeito pessoal ou MEU CRISTIANISMO. Existe um único projeto que Deus realmente aprova: QUE SEJAMOS COMO SEU FILHO UNIGÊNITO JESUS CRISTO, que se aplicou a deixar de viver para si, para viver para seu Pai.

Conclusão
Nossa ideia de uma VIDA MADURA é um PROJETO COLETIVO de DESENVOLVIMENTO E A CONSTRUÇÃO DE CRISTO EM NÓS. Fico preocupado que sejamos muito aplicados em desenvolver nossos PROJETOS PESSOAIS, esquecendo de que nosso projeto pessoal deve incluir o OUTRO como parte de nós.
O outro lado do problema é que nossos projetos pessoais, quase sempre, visualizam uma percepção de um mundo onde Deus não é encontrado. Aqui, Paulo propõe uma UNIDADE em torno de um PROJETO CRISTÃO, isto é, o plano de transformação pessoal da percepção de mundo, que nos leve à uma experiência contínua da presença de Deus. Em outras palavras, O DENSENVIMENTO DE UM HOMEM QUE VIVE NO MUNDO DE DEUS PARA DEUS.

Nossa proposta para este ano é que nossa unidade como juventude cristã tenha uma IDEIA DE CRESCIMENTO COLETIVO, AMADURECIMENTO DA NOSSA PERCEPÇÃO DE MUNDO e luta para a CONSTRUÇÃO DE UMA NAÇÃO QUE PENSA O MUNDO COMO FILHOS DO PAI.  

11 de fevereiro de 2018

Marcos 4.26-29

O Divino Crescimento do Reino
Marcos 4.26-29

Introdução
O capítulo 4 de Marcos é dedicado à ilustrar o que é o Reino dos Céus. Quatro parábolas são usadas para estabelecer o ensino de Jesus sobre o Reino. Em particular três delas se destaca e se se unem pela imagem temática, ligada à sementeira.
Na parábola do semeador, a diligência do semeador é o ponto em destaque, assim como os tipos de solos, sobre os quais as sementes caem. Nela há a ênfase na obra de semear, na mesma medida, em que se enfatiza a resposta dos corações. Já na parábola que temos diante de nós, a parábola da semente, a ênfase recai sobre a SOBERANIA DE DEUS na frutificação. Diferentemente, da primeira parábola, aqui não é apontado o esforço do semeador, tampouco a resposta do solo, mas a obra de Deus em fazer o seu REINO CRESCER.
Certamente, qualquer ênfase e apenas um dos aspectos é um erro. Precisamos da boa disposição para semear, isto é, fazer a nossa parte, assim como na resposta humana ou como Deus prepara o coração humano para responder, como também no fato de que tudo isto é absolutamente um resultado do misterioso agir divino.
Tendo em mente este grande mistério da soberania divina, precisamos considerar algumas verdades sobre o Reino que servirão como medida para entender e orientar o nosso trabalho no Reino de Cristo.
O grande ponto que precisamos cuidar aqui e Marcos parece desejar muito nos advertir ao equilíbrio é que não venhamos a pensar no REINO de CRISTO como algo sob os nossos domínios, um resultado exclusivo da CAPACIDADE HUMANA. Precisamos de uma forte medida de fé e confiança absoluta em Deus se desejamos ser bem sucedidos, isto implica em um cuidado tanto com A SOBERBA, quanto com A FALTA DE OUSADIA.
O texto trabalha com TRÊS ETAPAS do Reino:
1)    A germinação da semente;
2)    As etapas da frutificação da semente;
3)    A ceifa.
Da mesma forma que o próprio texto se estrutura, vamos considerar estas três fases em alguns detalhes.

O REINO CRESCE POR MEIO DE UMA OBRA MISTERIOSA DE DEUS
Disse ainda: o reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra; depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como (Marcos 4.26-27).
Algumas vezes, sofremos de um perigoso mal na vida cristã: soberba. Passamos a nos considerar o fundamento do sucesso da obra de Deus no mundo e confundimos o nosso papel e dons com o poder divino. Acho degradante qualquer cena de evangelistas arrogantes, auto centrados, que tentam convencer a todos ao seu redor de que o poder de Deus reside neles, em pessoa. Nada é tão diabólico, quanto um homem que se sente Deus.
O Reino de Deus - No texto, Jesus está dentro do barco instruindo a multidão e o seu tema é O REINO DE DEUS. Sabemos, especialmente por causa do ensino de Mateus, que ele falava em parábolas publicamente, mas aos seus discípulos ele dava alguns detalhes explicativos. Na primeira parábola, ele só conta a história e somente no esclarecimento diz que aquela história é uma metáfora, uma parábola sobre O REINO DE DEUS. No entanto, nesta parábola, Marcos explicita o conceito. Este conceito é importante, especialmente nesta parábola, porque ela aponta para a natureza divina deste reino, portanto é significativo que ele não SEJA CONSIDERADO REINO DOS HOMENS, OU REINO DA FÉ, mas REINO DE DEUS.
Semelhante a um homem que semeia, mas dorme e acorda e a semente cresce sem que ele saiba como – O ponto de Jesus aqui é que existe por detrás de todo o desenvolvimento histórico do reino uma ação misteriosa, oculta dos olhos dos homens, uma força que não pode ser medida pelo que o homem faz ou é capaz de aferir, que realmente é quem produz os resultados do Reino de Deus. Neste sentido, Paulo havia dito que o trabalho de um e de outro é coroado por uma obra soberana de Deus.
Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento (1Coríntios 3.6-7).
Precisamos desenvolver este tipo de percepção de quem somos nós e quem é o DEUS a quem servimos e como qualitativamente, ele absolutamente superior a nós. Precisamos ser humildes e lembrar duas coisas importantes:
1)    EU NÃO CONSIGO FAZER O REINO SER MELHOR E MAIS PODEROSO DO QUE É
2)    EU NÃO CONSIGO FAZER O REINO SER PIOR OU MENOS PODEROSO DO QUE É
 Não que eu não tenha algum papel, mas eu sempre tenho um papel coadjuvante nesta obra. Porque a personagem principal de todo o enredo é o SENHOR.
Dorme, acorda – dia e noite – um processo histórico sequencial, que envolve a vida diária do homem. O reino dos céus tem um desenvolvimento histórico não controlado pelos homens. Ainda que sejamos nós os instrumentos por meio do qual a história vem à luz, somos apenas ferramentas de Deus. Devemos nos conscientizar disto, para não pensarmos além nem aquém do que convém pensar sobre o Reino dos céus.
A semente germina e cresce – a um processo de desenvolvimento espiritual no Reino de Deus. Desta forma, devemos considerar que todo o processo de amadurecimento da obra de Deus é divinamente controlado. Ainda que sejamos nós quem revelamos, por meio da nossa vida, o desenvolvimento espiritual do reino, ele não é limitado a nós e à nossa capacidade de fazer coisas para Deus. O que realmente é determinante é um mistério que não podemos controlar e muitas vezes, nem discernir.
Não sabendo ele como – aqui, Jesus propõe o conhecimento final sobre a ação do homem na obra do Reino de Deus, isto é, em um ponto de absoluta consciência, precisamos considerar o fato de que é UM MISTÉRIO PARA NÓS, como Deus realmente age. Irmãos, na verdade, se formos realmente considerar estas coisas, logo reconheceremos um fato, que a julgar pelo que somos e como somos, o Reino de Deus, se realmente dependesse de nós, de nossa criatividade, nossa capacidade de ação, nosso interesse e nossa disposição para a obra, há muito TERIA FALIDO.
Sim é uma vergonha que sejamos tão incapazes de nos envolver com algo tão sublime, necessário, verdadeiro e real. Mas, por outro lado, é importante que reconheçamos que o REINO DE DEUS é fruto de uma obra muito maior do que eu e você seríamos capazes de conceber.
O CRESCIMENTO DO REINO DOS CÉUS É CERTO PORQUE É UMA OBRA MISTERIOSA DO PODER DE DEUS.   

O REINO CRESCE GRAÇAS A UM PODER FRUTIFICADOR QUE DEUS PÕE NA SEMENTE
Devemos considerar que Jesus está dando continuidade a um pensamento sobre o Reino de Deus, portanto, o que a parábola do semeador propõe, deve ser considerado como base para esta parábola também, especialmente neste caso de semelhança temática da ilustração. Devemos, por isso, também considerar que a semente que cresce e frutifica é a PALAVRA DE DEUS.
O semeador semeia a palavra (Marcos 4.14).
Considerando, portanto, esta semente tão preciosa, no verso 28, o temos é como esta semente plantada é capaz de produzir por si só.
A terra por si mesma frutifica: primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga (Marcos 4.28).
A terra por si mesma frutifica -  Nesta expressão, Jesus não está apontando alguma qualidade da terra, mas ele está dizendo que a terra não precisa de uma ajuda externa. Ela não precisou de adubo, recondicionamento químico do solo, ou o próprio trabalho do agricultor. A semente caiu e frutificou, porque o poder da frutificação é da semente. Note que o termo frutificar aponta para um resultado que não tem a ver com a natureza da terra, mas da semente.
Erva – espiga – grão cheio – A frutificação da terra, a que Jesus se referiu no início do versículo, na verdade é um desenvolvimento do potencial da própria semente, que começa gerando uma pequena planta, que amadurece gera uma espiga, a qual se desenvolve, gerando uma multidão de novas sementes.
Precisamos considerar o real poder da Palavra que pregamos. Marcos está construindo uma mentalidade na Igreja. Afinal, nos dias em que foi escrito este evangelho era necessário confiar na mensagem que deveria ser anunciada no mundo inteiro. O poder da Igreja não estava nos homens, nos apóstolos, nem na força social da igreja, o poder da Igreja está na semente que ela lança.
Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego (Romanos 1.16).
A consciência do PODER DA PALAVRA é o centro da confiança da PRESENÇA DO REINO. A Palavra de Deus cumpre todo o designío de Deus e vem para produzir o fruto que Deus quer que produza, no seu tempo e na sua forma e intensidade.
Ano passado, estávamos no Vale do Anhangabaú e e Ana Beatriz (minha filha). Ouvimos o sermão do REv. Hernandes e ele falou sobre o poder do Espírito Santo. Sua mensagem parecia muito voltada para o não crente e comentávamos sobre o fato de que, ali só havia crentes, então, aquela palavra não seria tão produtiva. A uma certa altura ele disse: O ESPÍRITO SOPRA ONDE QUER.
Ao final da mensagem o REv. Hernandes fez um apelo. Eu pensei que aquele seria o máximo da falta de senso sobre o público presente. De repente, atendendo ao apelo do pastor, uma multidão foi à frente e se entregou a Cristo, ou refez os seus votos de vida com o Pai. Ana Beatriz olhou para mim e disse assim: REALMENTE O ESPÍRITO SOPRA ONDE QUER.
O poder da Palavra de Deus deve nos encorajar a servir ao Reino. O poder do Reino é o poder da Palavra. Na parábola, isto é o que Jesus está apontando. Que a semente carrega o poder de Deus e se desenvolve a partir de si mesma. Não precisamos ter medo algum, pois nossa parte está na fidelidade da entrega da semente e o restante a própria palavra faz.
O Reino Cresce não por que descobrimos uma metodologia de tornar a Palavra mais apropriada às pessoas. A Palavra é apropriada porque ela é espiritual poderosa e capaz de cumprir todo o propósito de Deus. O Reino Cresce quando nós deixamos a Palavra, a semente, cumprir o seu papel.

O REINO CRESCE E DEVEMOS NOS PREPARAR MELHOR PARA COLHER
O processo natural agrícola indica que em algum momento é chegada a hora da colheita. Saber a hora de colher frutos não é tão simples como pode parecer. Afinal, sempre há o risco de perdermos o prazo e colhermos o produto tarde demais e, em lugar de frutos bons, colhemos frutas já podres e passadas. Também há o risco de anteciparmos o tempo e colhermos frutos antes da hora e, portanto, frutos ainda não prontos para serem usados como alimento.
No último final de semana, comemoramos nosso 59º aniversário. Em primeiro de Janeiro de 1959, nossa igreja foi organizada pelo Conselho da IP Brás. Antes disto, em 1942, começamos uma jornada com algumas famílias em uma vila distante do centro e ainda incipiente. A semente foi lançada e pouco a pouco foi sendo transformada, uma erva, uma espiga e depois muitos outros grãos – um ponto de pregação, uma congregação e uma igreja pronta para plantar outras.
Irmãos, devemos tomar muito cuidado com o problema de não sabermos exatamente o momento de colher. Por isso, precisamos desenvolver uma clara noção de tempo entre plantio e colheita, a fim de cumprirmos bem a nossa tarefa.
E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa (Marcos 4.29).
Este é o propósito de nossa realidade espiritual e de nosso trabalho: frutificar. Quando é que sabemos que realmente o Reino está entre nós, quando Deus nos mostra os sinais de que ele amadureceu. Este tempo de ceifa dos frutos é parte integrante da nossa responsabilidade de devemos saber fazer bem isto.
Quando o fruto está maduro – precisamos começar a olhar para este ponto e deseja-lo, o amadurecimento. ÀS vezes, permitimos que um certo comodismo tome conta da nossa vida no reino. Deixamos de pensar no alvo e, consequentemente, deixamos de buscar o crescimento, o amadurecimento da semente. Isto é, deixamos de trabalhar para que a Palavra alcance o mais importante papel, para o que foi designada como ferramenta da Igreja: a colheita.
Devemos cuidar para não nos tornarmos uma igreja precipitada na colheita e recolhermos frutos ainda não prontos, ou uma igreja desleixada que perde a oportunidade de uma boa safra.
A foice – tão importante quanto a enxada para que lança as sementes é a foice para quem precisa entrar e retirar frutos. Aqui Jesus não está falando de nenhum tipo de violência, mas de uma habilidade para agir com os instrumentos certos, na hora certa e aproveitar o melhor momento para colher.
O desenvolvimento da seara, na produção natural das sementes, deve nos levar ao momento da colheita e precisamos aprender a fazer o que é necessário para este momento. Afinal, podemos errar muito se não formos capazes de aprender a colher.
Porque é chegada a ceifa – O tempo da ceifa não é uma escolha de quem lança a semente, mas segue o curso natural da semente no seu desenvolvimento. Nesta parábola, Jesus está apontando aos seus discípulos a necessidade de começar a obra de Deus e terminar. Desta forma, Marcos está visualizando muitos irmãos e irmãs que começam o serviço a Deus e não completam carreira, não são capazes de fechar ciclos e não se importam com isto.
Preste muita atenção para o fato de que eu e você devemos almejar o trabalho do reino e não podemos nos esquecer de que ele tem começo, meio e fim. Parar antes da hora ou tentar superar etapas de forma precoce pode ser um grande erro. Frequentemente encontramos crentes que sabem iniciar tarefas, mas não sabem concluí-las. Isto requer perseverança, paciência e atenção.
O Reino cresce e precisamos nos preparar para a colheita. Este é o alvo de toda boa obra.

Conclusão
Jesus aqui propõe uma ideia muito clara de que estamos a serviço de Deus e não de nossas vontades. Ele é quem controla a obra que nos deu para fazer e não podemos realiza-la se não estivermos atentos ao processo de suas ações no Reino.
Caros irmãos, precisamos tanto que nossa igreja seja mais efetiva na obra do Reino. Somos uma boa igreja do Senhor e temos provas históricas de que Deus está em nosso meio e agindo nesta obra. Contudo, precisamos ser mais cuidadosos e atentos nos acontecimentos.
Essa parábola é um ensino que deve nos ajudar a evitar a soberba de querer fazer as coisas do nosso jeito, crendo que exista algum poder em nós. O poder com que lidamos não está em nós, em nossos métodos ou qualidades pessoais, o poder está no próprio Deus, na sua própria Palavra poderosa, a semente do evangelho.
Também não podemos nos amedrontar. Não devemos pensar que somos falhos demais para uma tarefa tão elevada e, tímidos e receosos nos ausentarmos da tarefa de semear e levar adiante o reino de Deus. O grande poder da semente do evangelho deve ser a nossa mola propulsora e devemos crer tanto neste poder que aceitamos o desafio da seara.
Por fim, irmãos, algo que acredito que precisamos muito muito em nosso rebanho: aprender a colher os frutos. Parece, muitas vezes, que não cremos que exista um reino e que a obra dele possui ciclos e um destes ciclos é a colheita. Não sei se é um excesso de cuidado, mas muitas vezes, não partimos para ações de concretização porque parecemos não crer realmente que Deus está aqui e que ele termina o que começa.
Assim, precisamos dar conta de colher os frutos que plantamos quando nossos filhos eram pequenos e agora são grandes e estão prontos para frutificar. Somos chamados a continuar obras que iniciamos com a força do Senhor, crendo que a melhor maneira de glorificar o Pai é colher os frutos que ele desenvolveu e deseja-los é um ato de amor a Deus.
Irmãos amados, vamos orar e pedir a Deus a maturidade que nos leva à humilde condição de cooperadores obedientes do Evangelho poderoso. Para que o tempo todo façamos o que é bom e no momento certo.