Maturidade Cristã Como
Um Projeto Existencial
Efésios
4.13
(aula
EBD – Classe de Jovens)
Introdução
Evidentemente, todos têm uma
ideia bastante positiva da expressão “maturidade cristã”. Não haverá ninguém
que de uma maneira ou de outra negue a necessidade de que a fé seja
desenvolvida dentro de uma visão de amadurecimento.
A questão que estamos
enfrentando é que em geral, quando cristãos mais conscientes e sérios estão
falando de maturidade, nem sempre sabemos realmente se eles têm uma ideia
clara, precisa e correta do que isto significa.
Para muitos, a maturidade
cristã é tão somente um projeto de caráter moral, cujo grande objetivo é
produzir seres humanos de elevado comportamento ético, capazes de viver a vida
diária de forma justa, de acordo com padrões morais elevados e realmente
derivados de um compromisso com a mensagem cristã.
Outros, por sua vez, pensam em
maturidade nos termos de uma compreensão mais completa do conteúdo bíblico
doutrinário, que lhes permita viver de forma pertinente e ensinar a outros como
fazê-lo.
Há também os que identificam
maturidade com o desenvolvimento de uma piedade cristã, em termos de uma
elevada percepção sensorial da espiritualidade. Estes se completam em longas
horas de oração e em um comportamento mais místico que lhes permite
impressionar os outros pelo elevado conteúdo “espiritual” ou “místico” da sua
maneira de viver.
Claro que cada uma destas
percepções de muitas outras são aspectos pertinentes do que é “maturidade
cristã”. Evidentemente, precisamos de que nosso caráter seja transformado,
nossa vida doutrinária seja de acordo com os ensinos da palavra e é mais que
desejável que tenhamos uma vida de relação espiritual que nos leve a um patamar
de entrega e piedade que nos qualificam diante dos homens como pessoas que
vivem a atmosfera da realidade e da presença de Deus.
Contudo, acredito que
precisamos de todas estas coisas e ainda algumas outras para que tenhamos uma
perfeita maturidade cristã. Acredito que
a “maturidade cristã” que Paulo pretendia enfatizar nestes versos está ligada
ao “DESENVOLVIMENTO DE TODO O NOSSO POTENCIAL HUMANO PARA CUMPRIR O GRANDE
PROPÓSITO CRIACIONAL DE VIVERMOS E ESPERIMENTARMOS A REALIDADE DA GLÓRIA DE
DEUS.
Nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, a fim de sermos para louvor da sua glória (Efésios 1.11-12).
Foi para este fim que Deus nos
amou antes da fundação do mundo e nos adotou em sua família, mediante a
salvação que há na cruz de Cristo. Foi para este fim que nos deu o seu Espírito
como sêlo e nos ensinou a verdade da sua Palavra.
Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória (Efésios 1.13-14).
Isso me faz repensar o
verdadeiro sentido da expressão: A ELE SEJA A GLÓRIA NA IGREJA de Efésios 3.21.
Ou seja, eu começo a perceber que temos a grande tarefa de fazer resplandecer a
glória de Deus, por meio de nós, de nossa capacidade de servi-lo, amá-lo e
honrá-lo. Fomos chamados à existência e escolhidos para esta grande tarefa, a
maior de todas as tarefas da Criação.
Rogo-vos, pois, eu, o
prisioneiro no Senhor, que andeis de nodo digno da vocação a que fostes
chamados (Efésios 4.1).
Isso faz toda a diferença, pois
propõe para mim e para você um alvo existêncial, revestindo a nossa vida de
especial “sentido” (direção), promovendo um novo “significado” (conteúdo do que
somos) à nossa relação com o mundo e com o nosso próprio ser.
Muitas coisas podemos aprender
nos versos que circundam este grande texto de Efésios 4.7-16, mas vamos tomar
para nossa meditação apenas o verso 13, para considerar um pouco sobre essa
“perfeita varonilidade” que é somente uma outra maneira de falar sobre a “nossa
maturidade cristã” ou nossa “perfeita e completa humanidade”.
Vamos pensar nesta maturidade
cristã como um projeto de vida. Partindo do ponto de vista de que Deus nos
chamou para cumprir a maior de todas as tarefas apresentar a glória dele ao
mundo, devemos pensar que para alcançar a possibilidade de cumprir com este
chamado exige de nós a “perfeita varonilidade”. Sem ela, seremos bons em muitas
coisas, mas alcançaremos a graça de cumprir o nosso verdadeiro propósito
existêncial.
Faça da “maturidade cristã” um
alvo e planeje e pense sobre como chegar lá. Pense que essa maturidade não é
apenas ética, psicológica, intelectual ou religiosa. Trata-se de uma preparação
do homem para viver de forma completa em todas as áreas da vida, de um modo que
sua vida espelhe a própria vida de Cristo. Por isso, é maturidade cristã é não
maturidade ética, maturidade doutrinária, maturidade religiosa etc.
Maturidade
Cristã Como Um Projeto Coletivo
Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo (Efésios 4.13).
Em geral, quando falamos em
maturidade cristã, pensamos em termos quase que estritamente individualistas. É
muito comum que pensemos que a ideia “cada um dará conta de si mesmo a Deus” se
trata de uma afirmação que declara que Deus olha para nós e trabalha conosco
apenas no âmbito da individualidade de nossa vida cristã. Mas, o que percebemos
nos escritos de Paulo, especialmente neste trecho da Carta aos Efésios é que a
dimensão coletiva da fé é tão importante quanto os aspectos pessoais e
individuais do nosso desenvolvimento espiritual.
Até que CHEGUEMOS à – Os termos desta
passagem apontam para a coletividade. Isto começa já nos versos iniciais do
capítulo quando ele faz afirmação da unidade como um bem que precisa ser
cuidado e desenvolvimento.
Esforçando-vos diligentemente
por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; há somente um corpo e um
Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um
só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre
todos, age por meio de todos e está em todos (Efésios 4.3-6).
Os termos usado neste capítulo,
como nos anteriores também são enfáticos no seu propósito coletivo do
desenvolvimento da fé. Por isso, neste trecho, ele prefere a referencia plural:
ATÉ QUE CHEGUEMOS. Aqui ele usa o conceito de ALVO na palavra ATÉ QUE e o
aspecto de COLETIVIDADE na expressão CHEGUEMOS. Estes dois conceitos se unem
para propor a ideia de que a VIDA CRISTÃ MADURA DEVE SER UM ALVO COLETIVO.
Até que TODOS cheguemos à – Esta ideia
de PROJETO COLETIVO é reiterada numa ênfase coletiva com o uso da palavra
“TODOS”. Aqui, Paulo propõe que devemos pensar não somente em termos coletivos,
mas em termos de uma COLETIVIDADE COMPLETA. Todos devemos chegar lá e não
somente uma maioria ou uma parte dos que decidem andar.
Devemos pensar que se não
estamos trabalhando para que TODOS cheguemos à maturidade cristã, estamos
trabalhando errado e revelando nossa imaturidade. Ou seja, se nosso PROJETO DE
MATURIDADE CRISTÃ desconsidera o caminhar dos outros, significa não somente que
estamos atrasados na caminhada, mas estamos caminhando errado.
Quando pensamos no modo como
Jesus Cristo pensa na sua Igreja e no seu Reino observamos que ele pensa sempre
em levar TODOS os seus ao êxito. Jesus não pensa nunca em algo menor que TODOS
os que me destes. Era pensando na totalidade dos eleitos que ele agia.
É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. (...) Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu (...). Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste (João 17.9-24).
A glória de Deus como alvo para
as ações era o que guiava a Jesus neste mundo, contudo, ele nunca pensava na
glória como algo somente para ele, mas para a totalidade dos filhos adotivos de
Deus. Assim, a grande maturidade da vida cristã é um ALVO COLETIVO.
Maturidade
Cristã Como Um Projeto de Conteúdo
Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo (Efésios 4.13).
Quando pensamos em
amadurecimento da fé, em geral, trabalhamos com uma ideia de moldagem moral do
caráter ou do crescimento da nossa disposição para realidades místicas e
sobrenaturais, como o aumento da nossa devoção religiosa. Estes aspectos são realmente
significativos, mas NEM SEMPRE uma pessoa que mantem uma postura de devoção
religiosa, como por exemplo, horas seguidas e diárias de oração, ou leitura
bíblica, realmente estão maduras na fé.
Pleno Conhecimento do Filho de Deus – o desenvolvimento
da nossa maturidade deve nos levar a uma percepção de um conteúdo –
CONHECIMENTO. A palavra grega “epignoseus”
(RECONHECIMENTO) parece dar fundamento para uma ideia de que o nosso
desenvolvimento é intelectual, mas mais que isso, uma capacidade mental de
chegar a CRISTO em nossa percepção da realidade ao redor. É como se apóstolo
estivesse nos dizendo que queria que todos tenham como PROJETO o
desenvolvimento de uma capacidade de RECONHECER A PRESENÇA DE CRISTO EM TUDO.
Filho de Deus – ao apontar para o FILHO
DE DEUS e não simplesmente se limitar a dizer JESUS, OU CRISTO, o que temos em
tela é a ideia de ADOÇÃO do capítulo um e de família de Deus do capítulo 3.
(...) nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade (Ef 1.5).
Este alvo de CONHECIMENTO é o
alvo de um conhecimento de nós mesmos e de nossa própria realidade como FILHO
DE DEUS, uma vez que Jesus, o perfeito varão, a medida de quem devemos ser é
observado como um FILHO DE DEUS, ou seja, o nosso padrão de filiação e
comportamento na CRIAÇÃO.
UNIDADE DA FÉ – mais uma vez a ideia de
coletividade é enfatizada e aqui a coletividade é um alvo de UMA SÓ FÉ como
havia sido dito no verso 5. Uma capacidade de ler a própria realidade a partir
de Deus, chegando ao HOMEM PERFEITO, o FILHO DE DEUS, presente em nossa
realidade diária. Isto é o desenvolvimento mais perfeito de nossa própria
humanidade.
O nosso mais rico PROJETO DE VIDA MATURA é o desenvolvimento de uma
FAMÍLIA, ou um POVO, uma NAÇÃO, uma massa coletiva de homens e mulheres capazes
de viver como O FILHO DE DEUS e atingir o âmago da própria realidade
encontrando DEUS, e vivendo para ele em todas as circunstâncias. Não se trata
apenas da desenvolver uma capacidade de orar mais ou ler mais a Bíblia, mas uma
sabedoria vivencial que nos leva a CRISTO em TUDO e em TODOS.
Maturidade
Cristã Como Um Projeto Parametrizado Por Um Padrão Excelente
Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo (Efésios 4.13).
O que Deus espera de nós é que
desenvolvamos o que sempre ele havia desejado de seus filhos criados. Nossa percepção
de quem nós somos deve partir para a busca não de SUPER HOMENS ou MULHERES
MARAVILHAS, mas homens comuns e o comum aqui é o HOMEM COMPLETO.
O homem perfeito (perfeita varonilidade)
– (andra teleion) – Teleion é uma palavra graga que aponta para ideia de algo
completo, pleno. Portanto a perfeição aqui é o mesmo que atingir uma meta de
completude, eu não preciso deixar de ser quem eu sou, apenas tenho que atingir
potenciais criacionais que já foram postos dentro de mim. Teleios indica um
processo para se atingir um alvo. Portanto, este homem completo é amadurecido,
isto é, desenvolvido em nós, ele não surge como um passe de mágica, não pode
ser fabricado ou produzido, mas depende de crescimento.
A medida da estatura da plenitude de Cristo – (metron helíquias tou pleromatou Cristos) – Aqui o ponto do
apóstolo Paulo é que todos saibam que a medida que devemos almejar é UM PARÂMETRO
MUITÍSSIMO ELEVADO. A medida da estatura de da formação de um FIHO DE DEUS
total em nós. Alguém que consegue viver a REALIDADE de alguém permeado pela
MISSÃO (CRISTO) de viver para Deus e pelo outro.
A nossa vida, portanto, é um
CHAMADO PARAMETRIZADO POR UM ELEVADO PADRÃO. Não podemos nos contentar comum
CRISTIANISMO MEIA BOCA, mais ou menos, de domingo, parcial, de um jeito pessoal
ou MEU CRISTIANISMO. Existe um único projeto que Deus realmente aprova: QUE
SEJAMOS COMO SEU FILHO UNIGÊNITO JESUS CRISTO, que se aplicou a deixar de viver
para si, para viver para seu Pai.
Conclusão
Nossa ideia de uma VIDA MADURA
é um PROJETO COLETIVO de DESENVOLVIMENTO E A CONSTRUÇÃO DE CRISTO EM NÓS. Fico
preocupado que sejamos muito aplicados em desenvolver nossos PROJETOS PESSOAIS,
esquecendo de que nosso projeto pessoal deve incluir o OUTRO como parte de nós.
O outro lado do problema é que
nossos projetos pessoais, quase sempre, visualizam uma percepção de um mundo
onde Deus não é encontrado. Aqui, Paulo propõe uma UNIDADE em torno de um
PROJETO CRISTÃO, isto é, o plano de transformação pessoal da percepção de
mundo, que nos leve à uma experiência contínua da presença de Deus. Em outras
palavras, O DENSENVIMENTO DE UM HOMEM QUE VIVE NO MUNDO DE DEUS PARA DEUS.
Nossa proposta para este ano é
que nossa unidade como juventude cristã tenha uma IDEIA DE CRESCIMENTO
COLETIVO, AMADURECIMENTO DA NOSSA PERCEPÇÃO DE MUNDO e luta para a CONSTRUÇÃO
DE UMA NAÇÃO QUE PENSA O MUNDO COMO FILHOS DO PAI.