2 de dezembro de 2018

Salmo 24. 1 a 10

Para Que Entre, na Cidade,
o Rei da Glória
Salmo 24.1-10


Introdução
Tenho certeza de que este Salmo é de uma suprema importância para a Igreja de Cristo no Século XXI. Neste Salmo de Davi propõe uma pergunta ousada e propõe uma resposta desafiadora para todos nós. 
Davi questiona sobre a natureza do homem que pode viver em comunhão íntima com Deus. Ele deseja saber, como o fez no Salmo 15, o que Deus espera daqueles que viverão no seu Santo Monte. Aqui, entretanto, Davi vai além, pois propõe que o Senhor vem a este homem, a esta cidade para habitar com este homem, com este povo. 
Tudo indica que o contexto é o da chegada da Arca da Aliança na cidade de Jerusalém. Ele havia passado a grande tristeza de ver Deus fulminando o servo Uzá, quando este tocou inadvertidamente a Arca do Senhor. Seu coração se encheu de tristeza e foi levado por Deus a questionar a si mesmo sobre “Quem poderia morar com Deus”. 
Agora que a Arca está novamente a caminho da cidade de Jerusalém, novamente este tema volta ao coração de Davi. Ele percebe, no entanto, que não é o homem que busca morar com Deus, mas Deus vem morar com o homem. Mas, resta ainda esta questão: COMO DEVE SER ESTE HOMEM QUE VIVE COM DEUS, QUE RECEBE O REI DA GLÓRIA. O QUE A CIDADE PRECISA TER PARA QUE ENTRE ESTE REI DA GLÓRIA. 
Caros irmãos, precisamos nos perguntar mais sobre esse nosso relacionamento com Deus. Mais vez, quero lembrar que a Igreja de Cristo é a Nova Jerusalém. Sim, a Igreja é a habitação do Rei. Ela, a Igreja é quem recebe este Rei da Glória. Mas a questão toda é: ESTAMOS PRONTOS PARA QUE SUA PRESENÇA ENTRE NÓS SEJA REALMENTE GLORIOSA? 
Algumas vezes, parece-me que a Igreja de Cristo parece não perceber o que realmente é a Igreja. Muitas vezes, não notamos a seriedade do momento que vivemos e da elevada condição a que o nosso relacionamento com Cristo nos levou. Porque, afinal, ele não poderia habitar em uma Cidade suja, cheia de sangue. O próprio texto bíblico convoca Jerusalém a lavar-se e purificar-se. 
Pedro, de forma contundente conclama a Igreja: SEDE SANTOS, PORQUE O VOSSO PAI É SANTO. Esta noite, meus irmãos, o Salmo 24 nos mostrará o QUE PRECISAMOS PARA RECEBER O REI DA GLÓRIA. Como deve estar a nossa vida e o nosso coração para que seja o lugar onde ENTRA O REI DA GLÓRIA. Penso que eu e você precisamos levar muito a sério este nosso chamado para VIVER PARA A GLÓRIA DO SENHOR e nos tornarmos a MORADA DO SENHOR. 


A Cidade Que Recebe o Rei da Glória Precisa Saber Que Ele é a Origem de Tudo e Que Tudo é Dele
Quando Salomão terminou o Templo de Jerusalém, ergue a Deus uma oração de gratidão por ter recebido aquele alto privilégio, contudo, reconhecia o grande e sábio Rei, que homens não podem preparar uma morada digna do Senhor. 
Mas, de fato, habitaria Deus na terra? Eis que os céus e até o céu dos céus não te podem conter, quanto menos esta casa que eu edifiquei (1 Reis 8.27). 
Salomão sabia que Deus é quem escolhia habitar com o seu povo. Que Deus é quem, misericordiosamente cedia a si mesmo para estar com seu povo e habitar ali no templo, fazendo sua glória ali repousar. Não se tratava de uma capacidade humana de invocar e domesticar Deus, mas do Grande Eu Sou chegar a nós e viver conosco, Emanuel. 
Davi, da mesma forma, começa o seu Salmo com uma declaração a respeito da supremacia divina sobre todas as coisas. 
Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam (Sl 24.1). 
Ao SENHOR pertence a terra– precisamos nos lembrar desta verdade, porque, muitas vezes, parecemos não nos lembrar de que TUDO PERTENCE A ELE. Para dizer isto que em nossa tradução foi usado o verbo “pertence”, o salmista usou um recurso da língua hebraica. Aqui, no texto original não há nenhum verbo, apenas o verbo de ligação subentendido: “LeYahweh haaretz” – ele usa um Lamed, uma preposição à frente do nome Yahweh, como quem diz: PARA O SENHOR É A TERRA. 
E tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam – aqui, o salmista só completa o seu pensamento inicial, para poder concluir a respeito da chegada de Deus à cidade. Em outras palavras, está dizendo o seguinte: TUDO É DE DEUS, QUE HISTÓRIA É ESSA DE PENSAR QUE ESTAMOS DANDO ALGO A ELE? 
Fundou-a ele sobre os mares e sobre as correntes a estabeleceu (Sl 24.2).
Fundou-a ele sobre os mares– o salmista completa ainda o seu pensamento para dizer que na verdade, a cidade que achamos que organizamos para servir de morada para ele, já era dele, porque Ele é quem a fundou, quando fundou toda a terra. Tudo é dele, porque Ele é o Criador de tudo, tudo existe e se mantém por causa dEle. 
Este é o ponto de partida de toda a realidade, ou seja, precisamos colocar a nossa mente para começar a pensar a realidade a partir deste ponto e reconhecer que tudo, inclusive quem nós somos, nasce em Deus, na sua vontade e está debaixo dos seus pés. 
Sobre as correntes a estabeleceu - O recurso do Salmista é o de dizer a mesma coisa de forma incisiva, repetindo o conceito de outra forma: fundou-a e a estabeleceu. A questão é que fazer isto sobre os mares e sobre as correntes de águas é decorrente da intenção do salmista de revelar que Deus fez uma obra que nenhum outro poderia fazer, somente ele.
A humildade cristã consiste primordialmente em saber que nada que somos e temos existe por si a parte da vontade de Deus. A humildade cristã começa no reconhecimento absoluto da supremacia divina sobre o homem. PARA SER O LUGAR QUE RECEBE O REI DA GLÓRIA, SUA VIDA E A MINHA, A IGREJA PRECISA SABER QUE ELE É A ORIGEM DE TUDO, INCLUSIVE DE NOSSA PRÓPRIA EXISTÊNCIA.
Essa percepção da realidade dará a você o equilíbrio que é desejável que você tenha para saber como se relacionar com Deus de forma entregue e submissa. 


A Cidade Que Recebe o Rei da Glória Precisa Saber Que Ela Precisa Se Adaptar ao Padrão Divino de Morada
Neste ponto, o argumento de Davi é desenvolvido como uma resposta à duas perguntas inquietantes: 
Quem subirá ao monte do Senhor? Quem já de permanecer no seu santo lugar? (Sl 24.3). 
Possivelmente, o que está por detrás destas perguntas é o questionamento que Davi fez quando tentou trazer a Arca a si e não teve sucesso, no momento da morte de Uzá. 
Desgostou-se Davi, porque o Senhor irrompera contra Uzá; pelo que chamou aquele lugar de Peres-Uzá, até ao dia de hoje. Temeu Davi a Deus, naquele dia, e disse: como trarei a mim a arca de deus? (1Cr 13.11-12). 
A questão que está por detrás das perguntas do Salmo é o fato de Davi saber que as exigências de Deus sobre o que o homem precisa fazer para recebe-lo é um elevado padrão, baseado na vontade de Deus e não na impulsividade dos desejos humanos. 
O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura dolosamente. Este obterá do Senhor a bênção e a justiça do Deus da sua salvação (Sl 24.4-5). 
O que é limpo de mãos– a resposta de Davi é focada nas atitudes práticas da vida. Ser limpo de mão é ter a prática de retidão em atos claros e visíveis de demonstração da santidade na vida diária. Mãos é uma representação desta vida prática. 
Puro de coração– veja que o texto une as duas coisas, o que é limpo de mãos, que faz as coisas retamente, o faz como resultado verdadeiro do seu coração, daquilo que o homem é na realidade do seu mundo interior. 
Devemos pensar que estas coisas não são duas partes que Deus espera do homem, mas uma única proposta de vida, ou seja, que a vida interior deve resultar numa prática exterior que evidencia a pureza do coração e vice-versa. Um ser humano que não somente simula uma prática de vida santa, mas vive a santidade. 
Que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura dolosamente– Aqui, Davi propõe outra resposta, que tem a ver com a atitude de vida vazia, essa é uma referência à uma atitude idolátrica da vida neste mundo, isto é, aquele que não vive no mundo de Deus focado na vaidade das coisas, mas se fixa em Deus que é a verdade eterna. Este homem, usa a palavra com retidão e define a vida de forma a escolher a verdade como seu método de vida. 
Este obterá do Senhor a bênção e a justiça– Ele está dizendo que o homem-cidade que pode viver em comunhão com Deus e receber a sua glória é a pessoa que desfruta da presença de Deus, que é completado na justiça de Deus e nela encontra a importância da vida. 
Em todas as coisas descritas nestes versos, o foco de Davi é a vida do homem, que deve ser um completo desfrutar da verdade de Deus e a realidade na qual ele se revela e manifesta. A Cidade que recebe a glória de Deus deve saber que é importante que ela se torne este lugar de profundidade existencial, um padrão existencial muitíssimo elevado. 
Isso trata de mim e de você nos mostrando que devemos estabelecer uma relação com Deus tão intensa que em nossos atos práticos e visíveis, tanto quanto nossa vida de pensamentos e sentimentos do mundo interior, revelemos temor e disposição para viver no mundo de Deus, sempre encontrando a Deus. 
Sem esse modelo profundo, não poderemos conduzir a Arca da Aliança para dentro da nossa experiência vivencial, porque não podemos simular a presença de Deus, só porque sabemos fazer coisas que simulem Deus em nós.
Tal é a geração dos que buscam a Deus, dos que buscam a face do Deus de Jacó (Sl 24.6). 
 Os que buscam a face de Deus– os reformados desenvolveram um ideal chamado CORAM DEO - Viver na face de Deus, esse é o ideal de viver em comunhão constante, percebendo Deus em todos os detalhes da vida cotidiana, um elevado padrão de vida espiritual completa e de completo desfrute de Deus.

A Cidade Que Recebe o Rei da Glória Precisa Saber Que Ele Vem a Nós e Revela a Sua Glória
O ponto anterior, Davi diz que o homem que vive retamente receberá do Senhor a bênção. Mas ele não define exatamente o que é essa bênção, acredito que devamos compreender que é exatamente o que vem a seguir, isto é, a bênção é o desfrute da presença de Deus entre os muros da cidade. Podemos notar que nos versos seguintes, ele não trata mais do homem, ele está dizendo que a glória do Senhor resolve se manifestar na sua cidade, não se trata de uma vontade do homem, mas de Deus de se fazer conhecido em nossa vida. 
Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos ó portais eternos para que entre o Rei da Glória. Quem é o Rei da Glória? O Senhor, forte e poderoso, O Senhor, poderoso nas batalhas (Sl 24.7-8). 
Levantai ó portas e portais eternos– Davi pode estar pensando nas portas da cidade de Jerusalém no dia em que elas se abriram para receber a arca da aliança. Mas aqui, Davi não está dizendo que eles estão trazendo a Arca, mas que a Arca está se trazendo à cidade. Não é Davi quem está trazendo Deus até à Cidade, mas Deus está abrindo o caminho e decidindo que deseja entrar na cidade. Esse foi o entendimento de Davi sobre o que estava acontecendo finalmente naquele dia: DEUS RESOLVEU FAZER MORADA NA CIDADE DE DAVI. Não foram as portas da cidade simplesmente que foram abertas para receber, mas portais eternos permitiram que Deus entrasse naquela cidade. 
Para que entre o Rei da Glória – o Senhor poderoso-  ou seja, o texto propõe que as portas se abram porque o Rei está vindo e não parará, não será impedido. Ele é forte e poderoso e nada, nenhuma porta pode resistir a sua chegada. Ele vence todas as batalhas. O rei da glória é poderoso e tomou a decisão de que irá se revelar e fazer morada naquela cidade e o fará. 

Aquela cidade se tornará a cidade da glória de Deus porque Deus escolheu se revelar através dela e virá a ela e fará nela morada. 
Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória. Quem é esse Rei da Glória? O Senhor dos Exércitos, ele é o Rei da Glória (Sl 24.9-10).
Nestes versos o que temos é uma repetição dos conteúdos dos versos anteriores. Esse é um método hebraico de mostrar sua ênfase, isto é, por meio da repetição. Este é o ponto central do que se deseja que seja aprendido e percebido, que Deus escolheu Jerusalém e nela manifestará a sua glória. 
Davi está dizendo que não é Davi quem vence batalhas, mas quem realmente é o Rei da Glória é o Senhor dos Exércitos. Ele é o verdadeiro Rei, o verdadeiro Senhor de Israel e o verdadeiro Rei de Jerusalém. O Rei da GLÓRIA! Isto é, é ele quem dá à vida a percepção mais profunda do que realmente importa: viver para a glória de Deus. 
A Cidade precisava entender que deve ser uma cidade santa, porque o Deus santo decidiu fazer morada nela. 


Conclusão

Erramos muito, meus irmãos, quando achamos que nosso relacionamento com Deus pode se desenvolver nos nossos termos e segundo as nossas condições. Você está completamente equivocado, se, por acaso, está tentando impor a Deus a sua vontade e o seu modo de pensar. 
Verdadeiramente, ele vem a nós, desce até nós se faz EMANUEL, mas ele faz isso sem deixar de ser o REI DA GLÓRIA. Ele apenas se veste com nossas roupas e aprecia nossos louvores e ouve as nossas orações, mas ELE não precisa de nada disto, apenas está vestindo nossas roupas, mas ELE FAZ ISSO NOS SEUS TERMOS E NÃO NOS NOSSOS. 
Não podemos domesticar Deus e trazê-lo a nossos pés. Ao contrário, devemos apreciar o seu amor por nós, mas precisamos nos submeter a ele e a seu governo. O Rei da Glória vem ao mundo revelar a sua glória em nós e isto é tudo para nós. 
Não faz sentido algum que eu ou você resistamos a Deus e caminhemos noutra direção que aquela que nos torna a CIDADE ONDE O REI DA GLÓRIA ESTÁ! Olhando para nós, os homens poderão ver a Deus! Assim, o Rei da Glória vem a homens e EMANUEL se faz, para que através de nós e em nós, se revele ao mundo. 
A Cidade que recebe o Rei da Glória precisa... 
1 ) Reconhecer que Ele é a origem de toda realidade...
2 ) Perceber que é necessário viver de forma adequada à realidade de Deus...
3 ) É necessário compreender que Ele escolheu que irá nos usar para revelar a sua glória a este mundo. 
Você e eu precisamos saber que somos essa cidade escolhida. Que Deus, escolheu as coisas loucas deste mundo para em nós revelar a sua glória e mostrar ao mundo o seu glorioso nome. 
Privilégio e responsabilidade – esse é o modo como devemos encarar essa realidade da presença de Deus na nossa vida e não podemos nos omitir sobre a necessidade de considerar que precisamos assumir esse papel e essa tarefa. Olhe para nós, irmãos, vamos pedir ao Rei da Glória que se revele em nós e através de nós. 

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