A Fé Que Vence
(Culto da Noite – Abril 2020 – IP Tatuapé)
Marcos 16.14-18
Introdução
João escreveu em sua Primeira Carta:
E esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé. Quem é o que vence o mundo, senão, aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus? (1 João 5.5-4).
Os cristãos do Primeiro Século enfrentaram o desafio de serem provados em sua fé. Eles tiveram de vencer uma sociedade inteira que os odiava, os perseguia, os maltratava e considerava a sua fé como algo de loucos, gente sem valor. Eles viveram sua fé em catacumbas e o desafio não era somente sobreviver, mas fazer viva dentro de si mesmos a sua confiança em esperança em Cristo Jesus. Este era o seu desafio.
João, dentro deste contexto propõe que eles reflitam sobre a sua profunda luta e lhes indica o único caminho: continuar a confiar em Cristo Jesus e deixar que sua esperança em Cristo seja o seu único conforto.
Aqui em Marcos, estamos novamente falando disto, mas, agora, não o evangelista está falando, senão o próprio Cristo. Está reunido com seus discípulos, inclusive João, e dizendo a eles, que se cressem, isto os faria vitoriosos sobre o Maligno.
Este é um ponto que precisamos visitar a respeito de quem somos e o que desejamos na Caminhada Com Cristo. Somos os que professaram CRER EM CRISTO. Nossa derrota não virá pelas mãos do inimigo simplesmente, mas pelo nosso coração, quando deixarmos de considerar nossa CONFISSÃO e dermos ao mundo maior credibilidade que a Cristo.
O caminho que Ele nos propôs é espinhoso, mas é a riqueza da sua graça que nos manterá em pé, neste caminho e só experimentaremos a nossa vitória, quando, por fé, vivenciarmos cada instante. É dessa fé que este texto nos fala: A VÉ QUE VENCE O MUNDO e é desta fé que precisamos para que nossa jornada aqui seja de fato bem-aventurada.
Nestes poucos versos, quero falar sobre esta FÉ QUE VENCE e sobre como ela é construída em nossa mente. Quero tomar as palavras de Marcos, apresentando a Palavra de Jesus e propor, a todos que pensem sobre o que essa fé provocou naqueles primeiros discípulos e pode também provocar em nós, nessa geração.
O mundo precisa, e não sabe, que os crentes realmente creiam no seu Cristo e vivam a sua fé. Sem este tipo de homem no mundo, tudo está perdido, porque o vazio que é o mundo sem Cristo é assustador. Pois quando os homens pararem de ter esperança, pararão de ter vida também. Somos os candeeiros deste mundo e a nossa luz é a única ponta de verdadeira esperança real que existe por aqui.
A Fé Que Vence
Vence a Própria Incredulidade
Para Marcos, o maior inimigo da Igreja dos seus dias não era simplesmente Satanás ou os demônios todos. Para Marcos, a Igreja teria de primeiramente vencer a própria incredulidade do seu coração. Os crentes precisam enfrentar o problema de sua própria incredulidade e dificuldade para seguir com fé a caminhada cristã.
Finalmente, apareceu Jesus aos onze, quando estavam à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, porque não deram crédito aos que o tinham visto já ressuscitado (Marcos 16.14).
Os evangelistas lidaram com este problema e, em particular, Lucas e Marcos, enfatizaram no texto o processo de incredulidade que havia se instalado no coração dos próprios discípulos.
Finalmente apareceu Jesus aos onze quando estavam à mesa – Marcos estabelece uma narrativa conclusiva, ou seja, ele demonstra com isso que o seu relato da ressurreição continua. A maravilha da ressurreição é relatada por Marcos com o propósito de mostrar que a ressurreição, embora seja um fato que em si só tenha muito significado, ela aconteceu para que o coração dos fiéis fosse exercitado por ela. Paulo, em Efésios 1.15ss, ora a Deus com a intenção de que o coração dos crentes seja iluminado para que conheçam o poder daquele que RESSUSCITOU CRISTO DOS MORTOS e o tornou SENHOR SOBRE TODAS AS COISAS.
Censurou-lhes (oneidizoh) a incredulidade (apistiah) e dureza de coração (esclerokardia) – o verbo grego “oneidizoh” é forte, implica em uma censura severa, uma verdadeira detratação, acusação contra o caráter de sua fé. Ele não lhes chama de crentes imaturos, mas de descrentes, ele lhes acusa de terem um coração que não cumpre mais a sua função, enrijecido e incapaz de irrigar as veias da fé. Sua mente estava endurecida como pedra.
Porque não deram crédito aos que o tinham visto já ressuscitado – seria o trabalho deles para toda a vida: pregar o Cristo e este ressurreto e eles próprios não estava vivendo aquilo pelo que clamariam ao mundo que vivesse. Eles não estavam crendo naquilo que seria a sua missão.
Irmãos este é um ponto muito sério para a construção de uma fé que vence, ela precisa atuar primeiramente limpando os recônditos de nossa própria vida incrédula. A incredulidade mata a alma e o corpo do homem. A incredulidade impede que a nossa fé flua nos sistemas de nossa vida e irrigue a nossa esperança. Sem esperança a nossa força embota e ficamos doentes, nossa alma adoece.
De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de deus creia que ele existe e que se torna o galardoador dos que o buscam (Hebreus 1.6).
Mas eu esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado (1 Coríntios 9.27).
Não se esqueça, a vitória do soldado começa em ele próprio crer nela. Você precisa voltar a crer em Cristo, voltar a crer no seu amor, voltar a crer na sua Palavra e a viver essa fé que vence o mundo. Com Cristo, nada poderá resistir a força que fluirá em suas veias, nada será grande o suficiente para vencer o seu coração.
A Fé Que Vence
Enfrenta a Incredulidade de Outros
Depois de lhes haver censurado fortemente, quando à sua fraqueza, Jesus lhes propõe o maior desafio da fé: ANUNCIAR A CRISTO A TODO O MUNDO. Veja, uma vez que eles perceberam o seu próprio coração incrédulo e esclerosado, agora, Cristo lhes propõe o trabalho como terapia espiritual.
E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado (Marcos 16.15-16).
Dois lados da mesma moeda são apresentados aqui. A moeda se chama Evangelho e ela tem duas faces: a salvação e a condenação. Paulo disse: cheiro de vida e cheiro de morte. Os discípulos não sabiam quem estaria de um lado ou de outro desta moeda, o que eles deveriam fazer é vencer a si mesmos e lutar para vencer a incredulidade que estava no mundo inteiro e no coração de outros homens e mulheres.
Todos sabemos que o Evangelho é a mensagem da salvação, mas é tão difícil vencer a barreiras da incredulidade que se levantam nos corações. Os discípulos treinariam a sua fé, lutando contra essas barreiras.
Ide (poreohmai) por todo o mundo (kosmon) – primeiro, esse treinamento é abrangente. O dever não era seletivo e o espaço não era reduzido. Jesus lhes propõe algo absolutamente grandioso: o mundo. Jesus lhes dá uma missão grandiosa de ir a todo o lugar que pertence a Deus, anunciando que o Senhor em Cristo está realizando uma nova Criação, um novo modo de vida, uma nova perspectiva. O verbo “poreohmai”, é um tempo verbal que na língua portuguesa não temos um similar direto, ao menos eu não conheço, o aoristo particípio passivo: ser conduzido a ir enquanto vai... é um modo estranho de eu te dizer o que significa: ir o tempo todo enquanto vai. OU seja, essa missão é contínua e abrangente. O crer é um treino constante e o tempo todo, encontraremos incredulidades a serem vencidas em todo o mundo.
Os dois lados: quem crer e quem não crer – veja a questão aqui não é que eu seja ou não responsável pela salvação das pessoas. Eu e você somos instrumentos, mas devemos desejar vencer a sua incredulidade. Jesus promete que pessoas crerão, mas também diz que pessoas não crerão. Os que crerem, aderirão ao nosso caminho e serão batizados, isto é, serão também conduzidos a ir, isso lhes mostrará e lhes fará crescer na fé. O Evangelho operará e levará muitas pessoas a vencerem a própria incredulidade e eles se levantarão para seguir INDO CONOSCO.
Este é um ponto que talvez você tenha negligenciado na construção de uma fé que vence, que é o treinamento no caminho do Evangelho. O Evangelho é o que realmente importa e nós somos seus servos, mas enquanto pregamos e vivemos a nossa fé, este caminhar retroalimenta a nós mesmos e somos tomados mais poderosamente pela firmeza em Cristo.
A Fé que Vence
Vence Todas as Barreiras Contra a Própria Fé
Sem dúvida alguma o mundo não receberá o Evangelho sem impor sobre nós as barreiras e dificuldades. Jesus fala a seus discípulos em termos de diversos tipos de barreiras da incredulidade contra o Evangelho. O que ele diz é que um poder espiritual estará com eles diante destas dificuldades e que, portanto, deveriam ser manter firmes na sua fé.
Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos eles ficarão curados (Marcos 16.17-18).
Existe uma certa corrente do cristianismo que toma algumas partes destes versos e tentam afirmar a sua fé, em determinados dons especiais, que parecem ter. Mas, particularmente, acredito que aqui os termos tem duas funções: primeiro, falar aos próprios ONZE discípulos que estavam à mesa sobre como os sinais os acompanharia para mostrar a verdade do Evangelho e servir de sinal contra a incredulidade de outros também. Em segundo lugar, creio que também serve para todos os crentes de todas as eras não olhando para os fatos em si, mas para a natureza dos impedimentos que se levantam contra a pregação do Evangelho, as barreiras que temos e este é o nosso ponto aqui, hoje.
Estes sinais acompanharão os que crêem – em toda a história da Fé Cristã, estas barreiras serão, muitas vezes, os muros que teremos de superar.
Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galileia; lá o vereis, como ele vos disse. E, saindo elas, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de temor e de assombro; e, de medo, nada disseram a ninguém (Marcos 16.7-8).
Tente pensar a mudança que está ocorrendo aqui no coração destas mulheres. Elas passam noites preocupantes, seus corações cheios da angústia da morte e do transtorno amargo de tudo ter se perdido. Este mesmo sentimento aconteceu no encontro dele com aqueles dois homens do caminho de Emaús, uma mudança de percepção ocorreu: A RESSURREIÇÃO AS SURPREENDEU.
Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro – elas acordaram cedo para saborear e vivenciar a morte, mas agora se tornaram pregoeiras da vida. Vieram para desfrutrar do seu luto amargo, mas agora têm em suas bocas o gosto doce da Palavra da Vida. O Evangelho é assim: amargo e doce. Amargo para os que vivenciam a MORTE, mas doce para os que DESFRUTAM DA VIDA.
Ele vai adiante de vós para a Galiléia – há aqui uma junção de conceitos. Primeiro ele disse que isso deveria ser anunciado aos seus DÍSCIPULOS. O discípulo é aquele que anda com o seu Mestre. Aqui, o conceito é que na sua ressurreição, Jesus é o primeiro E TODOS NÓS O SEGUIREMOS EM NOSSA PRÓPRIA RESSURREIÇÃO. Ela vai adiante de nós e nós o seguimos. O seguiremos na sua MORTE E NA SUA VIDA.
Porque, se fomos unidos com ela na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição (Romanos 6.5).
Lá o vereis – como ele vos disse – eis aqui o anuncio do que a ressurreição faz para os que VIVEM. A ressurreição nos dá a visão da glória de Deus. Ela nos transporta do amargo para o doce. AS MULHERES FORAM EXPERIMENTAR A MORTE AMARGA, MAS AGORA RECEBEM O CONVITE PARA DELICIAREM-SE COM O DOCE DA PRESENÇA DE CRISTO JESUS.
Assim a ressurreição nos surpreende, em nossos momentos mais amargos. A ressurreição, na vida do crente tem este poder de fazê-lo entrar no sepulcro amargo e sentir o DOCE GOSTO DA VIDA.
Você deveria deixar sua vida ser assim também! Você deveria começar a comer o doce gosto da vida com Cristo e dela se alimentar todos os dias. Sua vida precisa mostrar ao mundo que você se alimenta da RESSURREIÇÃO DE CRISTO, ela preenche suas entranhas com VIDA.
Conclusão
A RESSURREIÇÃO NOS SURPREENDE e nos eleva! Ela nos leva para as alturas onde Cristo está e nos ver a vida de cima, lá do alto, onde Ele está. A RESSURREIÇÃO TIRA A MORTE DO NOSSO PALADAR DIÁRIO e nos dá o GOSTO DOCE DA VIDA COM CRISTO, COMO VALOR DIÁRIO.
As mulheres experimentaram isso! Elas viram o SOBRENATURAL mudando a REALIDADE NATURAL. Viram as coisas do andar de cima, foram levadas a isso pela ressurreição. Nós precisamos que a RESSURREIÇÃO faça o mesmo conosco. Mais bem-aventurados os que não viram e creram.
Podemos contar a história da RESSURREIÇÃO, mas isto não é suficiente. As pessoas não podem somente conhecer a história da RESSURREIÇÃO, elas precisam ver a RESSURREIÇÃO SURPREENDENDO. Mas como isso pode acontecer?
Isso só pode acontecer quando a sua pregação sobre a ressurreição for seguida da SUA VIDA RESSURRETA. Quando a RESSURREIÇÃO SURPREENDER O MUNDO, através da sua vida.
Mas, se você omite essa ressurreição do mundo há duas possibilidades: OU VOCÊ AINDA NÃO FOI SURPRENDIDO PELA NOVA VIDA EM SEU CORAÇÃO; OU VOCÊ AINDA NÃO ENTROU ENTENDEU DE FATO QUE ESSA É A SUA MISSÃO: você é um pregoeiro da RESSURREIÇÃO e não um COMENSAL DA MORTE. Não se assente na mesa da morte, mas traga ao mundo o gosto da vida, a vida de Cristo que corre nas veias da sua fé!!
Que Deus nos dê, todos os dias, essa disposição de vida!