A Igreja se Fortalece
(Culto da Noite – 28 de junho de 2020 – IP Tatuapé)
Atos 2.42-47
Introdução
Uma profunda onda de perseguição estava por vir sobre aquela Igreja. O Espírito Santo a preparou para resistir no dia mal. Eles, por sua vez, estavam prontos e ávidos pelo alimento que os fortaleceria e os manteria vivos para Deus, quando sua fé estivesse sob intenso ataque.
Todos os dias nos quartéis, os soldados são treinados, exercitados, recebem instruções e lições sobre guerra, defesa e ações importantes. Todos os dias nos quartéis se encerram, do mesmo modo, muito esforço empenhado, muita disciplina e, no final, descanso, para acordar no outro dia e passar por tudo de novo. Pode parecer um esforço inútil, tanto desgaste do corpo, da mente, das emoções, para apenas cumprir uma rotina?
Na verdade, o valor de todo este esforço tem um nome: O IMPREVISÍVEL DIA DA GUERRA. O treinamento de um soldado é realizado como se toda a guerra e condição de batalha fosse se tornar um fato na manhã do dia seguinte. Mas, pense sobre o contrário. Um batalhão que não treina em momento algum, que cumpre relaxadamente sua rotina de preparação, se for tomado por um súbito ataque do inimigo, quais são as sua chances?
Este é o nosso ponto! O que precisamos realizar todos os dias é a construção de uma fé que seja capaz de resistir a qualquer embate. Para isto, precisamos nos dispor à permanência do preparo da alma para as questões espirituais. Quando nos permitimos a viver despreocupadamente, sem cuidados com a nossa fé, sem tratar o solo do nosso coração com a força que emerge da Palavra de Deus, da oração, da vida comunitária na prática do amor e da justiça, permitimos que brechas se abram nos muros e quando o inimigo atacar ferozmente, ele romperá a nossa segurança e nos levará cativos.
A Igreja de Jerusalém não tinha ideia do que estava por vir. Eles não sabiam que uma ruidosa e perigosa perseguição se levantaria. Eles estavam animados e felizes com o fato de que haviam descoberto o caminho da ressurreição. No entanto, o Espírito Santo, estava preparando aquela Igreja para dias maus, dias que estavam destinados para os provar, peneirar e mostrar a todos que sua fé havia sido forjada como aço, em seus corações.
Quem sabe, nós também estejamos a ponto deste agir do Espírito Santo. Queira o Senhor nos fazer fortes como aço, com uma fé que consiga transpor montanhas e atravessar mares de inimizade anunciadas contra a nossa fé.
A Igreja se Fortalece na Constante Prática da Piedade Cristã
E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações (Atos 2.42).
Sim, o escritor, em relação à essa história é onisciente, isto é, Lucas sabe exatamente o que estava acontecendo e o que aconteceria, portanto, o seu relato tem um norte claro e mantém a igreja dos seus dias pronta para perceber como, aquela igreja, que nos dias deles, já era histórica, foi preparada para os dias maus.
Perseveravam (proskartereo) Particípio Ativo – Lucas nos diz que eles foram conduzidos pelo Espírito Santo a uma constância na fé, definida por ele como “perseverança”. Mas, no tempo verbal em que ele diz, mostra que era uma ação participativa deles, isto é, uma ação ativa. Eles foram inclinados a desejar essa firmeza.
Na doutrina (didakei) dos apóstolos – Eles se voltaram ao princípio mais “FUNDAMENTAL”. Quero mesmo dizer: eles se tornaram firmes em buscar o FUNDAMENTO. Sua fé não se apoiou no tamanho imediato da Igreja, ou nas circunstâncias que pareciam favoráveis naquele momento. O Espírito os preparava para vencer o Maligno.
João usou essa expressão para falar da fase da força da juventude
Eu vos escrevi, porque sois fortes e a palavra de Deus permanece em vós e tendes vencido o Maligno (1Jo 2.14). .
Na comunhão (Koinonian) – Sim eles viveram um modelo de piedade cristã derivada da palavra que os levara à práticas cristãs mais básicas: AMAR OS IRMÃOS e CONVIVER COM FÉ estão entre estes atos de piedade, que para muitos é descartáveis, mas que para a vida cristã são fundamentais.
NO partir do pão – o partir do pão muito provavelmente seja uma referência à ceia, já que este gesto de “partir” o pão apontava para o próprio gesto de Cristo, quando instituiu a ceia. Isso certamente tem a ver com a piedade cristã que é o cultivo da unidade do corpo, quando se parte o pão que é o Corpo de Cristo, ponto de partido da unidade do Corpo da Igreja.
Nas orações – a Palavra abre o ponto, entra o sacramento como solidificador da perseverança piedosa e o fechamento é a constante busca da face de Deus em dependência. A igreja só pode permanecer firme nos dias maus com este tipo de fortalecimento.
Quando você negligência qualquer uma destas formas de fortalecimento, sua piedade cristã se torna parcial, frágil e incapaz de lhe fazer permanecer firme nos dias de provação.
A Igreja se Fortalece na Construção dos Elementos de Fé
Em casa alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. (Atos 2.43).
Em cada alma – Mais uma vez, Lucas aponta para o fato de que não se tratava de uma construção institucionalizada, onde alguns agentes especialistas da fé produzem a força do grupo. Os apóstolos estavam ali para suprir estes irmãos com ensino e modelos, mas “cada um deles” de fato, desenvolvia a sabedoria do temor a Deus.
Havia temor – Aqui, Lucas mostra que eles eram crentes que antes dos homens, empreenderam esta caminhada por Deus. Meus irmãos, antes de qualquer coisa, isto deve nos mover, inclusive nos mover na direção uns dos outros. Há pessoas que escolhem o ambiente onde irão desenvolver a sua fé, por preferências secundárias, não espirituais, ligadas a elementos estéticos, ou absolutamente fundamentados em interesses pessoais e circunstanciais. Eles fizeram isso, por temor. O sermão de Pedro, sem dúvida alguma ainda ecoava nos seus corações: VÓS O MATASTES.
Prodígios e Sinais Feitos Por Intermédio dos Apóstolos – Esses elementos de fé e temor a Deus eram aprofundados, porque Deus lhes respondia, mostrando a sua presença naquele lugar. Os apóstolos foram, inicialmente, os grandes instrumentos para este tipo de clarificação da fé e do caminho da fé.
Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos (...) dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por distribuições do Espírito Santo, segundo a sua vontade (Hb 2.1-4).
Este é o grande objetivo de nossa comunhão, a produção de uma fé inabalável, suportada pelo próprio SENHOR, que nos conduz a amá-lo acima de tudo. Isso fazemos juntos, por mútuo auxílio, com responsabilidades individuais, igualmente importantes.
A Igreja se Fortalece na Unidade de Propósitos e Interesses
Todos os que creram estavam juntos e tinha tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade (Atos 2.44-45).
Todos os que creram – A igreja de Jerusalém é grandemente conhecida e reconhecida como o modelo mais belo de como a fé Cristã pode nos levar a vencer poderosas barreiras e nos unir. Eles eram pessoas de nacionalidades diferentes e, de repente, estão unidos no mesmo lugar e têm tudo em comum. ELES CRERAM, VIVENCIAVAM UMA SÓ FÉ. Paulo vai exatamente tratar desta unidade em Éfeso, onde gregos e judeus são chamados a um só corpo, uma só fé, um só batismo e um só Espírito, o que é o modo como se deve andar dignamente.
Tinham tudo em comum (koiná) – eles tinham uma unidade, que mais à frente Lucas vai chamar de unidade de alma (At 4.32). Eles estavam ligados à um mesmo propósito, para eles, o objetivo de salvação e vida para Cristo no Reino era o alvo comum e, por isso, eles cuidavam uns dos outros.
Distribuindo à medida que alguém tinha necessidade – Este é o ponto, eles não simplesmente se ajudavam, eles sabiam como cada um estava, como andava cada um e o que era necessário para que todos alcançassem o objetivo final.
Isso é mais que uma sociedade entre pessoas, isso é um grupo de homens se tornando um só corpo em Cristo.
A Igreja se Fortalece na Constância da Simplicidade Positiva
Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam o pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração (Atos 2.46).
Diariamente perseveravam unânimes – O tema da perseverança retorna, aqui ela é apontada como uma atitude coletiva. Eles não complicavam a vida cristã e por isso dava certo. Não criavam exigências estranhas, não montavam certos protocolos que afastasse pessoas da comunhão, mas faziam o básico para que se alimentassem. A constância da sua simplicidade era o segredo de sua bem aventurança.
No templo e de casa em casa – os espaços sagrados eram todos os lugares onde eles desenvolviam a sua fé. Claro que faziam diferença entre reuniões que ocorriam no templo e em suas casas, mas ambos forjavam essa unanimidade perseverante, porque nas diversas dimensões dos seus relacionamentos, o alvo era o mesmo.
Refeições com alegria e singeleza de coração – Aqui, eles mostram uma qualidade que o homem requintado de nossos dias não consegue mais desenvolver: a simplicidade. Parece que nos rendemos ao formalismo das nossas relações e precisamos retomar o EVANGELHO PURO E SIMPLES, como disse CS Lewis, em resposta ao texto bíblico do apóstolos Paulo:
Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo (2Co 11.3).
Essa grande falta da simplicidade e da singeleza do coração deturpa a Fé Cristã e cria cristãos monstrengos, que sequer desejam conhecer o irmão para crescer. Uma tolice! Uma tolice cheia de pompas.
A Igreja se Fortalece Como Consequência Natural da Sua Vida no Espírito
Louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos (Atos 2.47).
Louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo – Todo o restante tratado neste verso 47 aponta para os resultados da vida cristã, perseverante, bem embasada, construída em piedade, unidade de propósito e simplicidade de amor. E o primeiro resultado que Lucas destaca é DEUS É LOUVADO. Deus é louvado no seu modo de vida. A SEGUNDA consequência é que essa honra dada a Deus provoca a SIMPATIA DO POVO ao redor. O Evangelismo desta igreja era realizado pela vida da igreja e não pelos discursos ou capacidade dela de fazer algo pelas pessoas. .
Enquanto isso acrescentava-lhes o Senhor – Lucas mostra que o crescimento desta igreja, que trazia pessoas para a convivência cristã era um resultado de dependência do Senhor. Era o Senhor quem fazia isto, enquanto eles se ocupavam de viver o Evangelho.
Dia a dia os que iam sendo salvos – AS pessoas diariamente eram libertadas das prisões do pecado, porque a vida dos crentes ilustrava a liberdade que os filhos de Cristo tem.
(...) na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus (Ro 8.21).
Esperamos o dia em que essa dependência e esse resultado coroe o trabalho de nossas mãos, não para a nossa glória, mas para que Ele seja glorificado a partir das obras das nossas mãos.
CONCLUSÃO – A Vida na Igreja Presbiteriana do Tatuapé
Meus irmãos amados, somos uma igreja com um maravilhoso chamado e um enorme potencial. Mas, precisamos empenhar o nosso coração em desejar fazer esta obra. Não nos preparamos para velejar somente quando os ventos sopram forte sobre nós, mas também quando as brisas nos permitem viver sorridentemente sobre os barcos.
Soldados não podem permanecer nos quartéis indiferentes e despreocupados, ocupando-se de triviais conversas, como se nunca fossem precisar de suas armas, ou de seus braços para a batalha. Lembre-se, o inimigo está exatamente esperando o momento de sua distração na trincheira para te derrotar. Por isso, VIGIAI!
Não podemos esquecer de que estes dias são apenas um preparo para dias maiores e mais difíceis. Basta lembrar do apóstolos: REMINDO O TEMPO PORQUE OS DIAS SÃO MAUS.
Precisamos manter constante interesse em uma Igreja Sólida no Fundamento das Sagradas Escrituras e na prática cristã piedosa – não podemos deixar as distrações deste mundo nos afastar deste propósito.
· Precisamos buscar a fé como uma marca – devemos investir que a nossa confiança em Deus aumente sempre.
· Precisamos realizar na prática uma unidade de interesses, que nos torne uma poderosa Família da Fé – nada entre nós deve nos separar deste amor fraternal que nos faz Igreja e Corpo.
Precisamos da simplicidade da vida no Espírito – abandonar os pensamentos que complicam as coisas da vida cristã e nos impedem de crescer na simplicidade.
Precisamos viver na dependência e tão somente na dependência do Senhor.