4 de abril de 2021

Lucas 6.17-19

 A Igreja e a Cura das Almas

Lucas 6.12-16

 

 

Introdução

A ressurreição é um remédio que trata a maior enfermidade da humanidade: a morte da alma. Essa doença é aquela que faz com que a alma humana sinta o horror da “despresença” de Deus. 

Criado à imagem e semelhança de Deus, o homem possui em si um impulso de eternidade que o atrai a Deus, sua alma, até mesmo o seu corpo, são tomados de uma profunda sede dessa presença gloriosa de Deus. 

Assim como a corça suspira pelas correntes das águas, A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando irei e me apresentarei diante da face de Deus? AS minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e noite, enquanto me dizem continuamente: E o seu Deus, onde está? (Salmo 42.1-3).

No dia da ressurreição, as mulheres foram ao sepulcro com seus unguentos aromáticos. Elas queriam perfumar a morte de Jesus. Em suas consciências, a morte de Jesus era mais um daqueles acontecimentos horríveis da vida em um mundo caído. Mas, enquanto elas planejavam tratar a morte deste mundo como sempre, Deus já estava trabalhando para mudar todas as coisas. 

A ressurreição de Cristo é o início de uma nova forma de lidar com a realidade. A prisão humana na morte, que afastava o homem totalmente de uma relação com Deus, foi rompida. A morte não mais demarca a estrada única da relação do homem com Deus. Isso vigorou de Adão até Jesus, mas naquele domingo da ressurreição, a morte foi vencida e um novo e vivo caminho se abriu para os homens e, agora, é possível o homem novamente ver a Deus e viver na presença de Deus.

Pela fé, todo judeu que viveu antes da ressurreição, poderia, em seu coração vivenciar essa realidade, antecipadamente, mas a ressurreição de Jesus inaugurou uma nova era: as sombras e os tipos do Antigo Testamento se tornaram realidade histórica. E os efeitos dessa história é uma liberdade verdadeira para a alma humana e uma cura para a sua existência histórica diante de Deus. 

A chamada dos discípulos foi um passo nesta direção. Jesus os chamou a si para que fossem suas testemunhas. Eles seriam os primeiros anunciadores dessa nova era. Eles, a Igreja discípula de Cristo era a mensageira da ressurreição e foi assim que eles começaram a mudança de toda a história. 

No dia em que Jesus chamou os seus apóstolos para se tornarem esses curad’almas ele os convocou a ver a vida de uma outra forma. Ele os ensinou a enxergar o homem como um ser ferido, doente e necessitado e os ensinou também a crer na vida e na cura destas almas.

 

A Igreja Precisa Ir ao Encontro das Almas Enfermas

E, descendo com eles do monte, Jesus parou num lugar plano onde se encontravam muitos discípulos seus e grande multidão do povo, de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e de Sidom, que vieram para ouvir a para ser curados de suas doenças. (Lucas 6.17-18).

E descendo eles do monte – Jesus subiu ao monte e chamou os doze para estarem com ele. Estes formavam o primeiro grande time de anunciadores do novo tempo, da nova era de vida em Cristo Jesus. Era necessário que estes discípulos considerassem que o método de Cristo é ir ao encontro dos feridos, dos perdidos, dos que precisam dele. 

Parou num lugar plano onde se encontravam muitos discípulos e grande multidão do povo -  um detalhe interessante é que os doze discípulos perceberam que eles agora tinham uma missão dupla, que tinha uma relação tanto com outros discípulos de Jesus, quanto com uma grande multidão que se aglomerava necessitada. 

Grande multidão – toda Judeia, Jerusalém Tiro e Sidom - Um detalhe que o verso 17 nos dá sobre a necessidade é que ela era total, tanto homens que já buscavam viver próximos a Jesus, como desconhecidos de lugares distantes, todos precisam desta cura e desta mensagem libertadora. 

A igreja com a mensagem libertadora do Evangelho é uma necessidade para toda a humanidade. Embora, muitos não percebam e até relutem com as doenças sentidas em sua alma, a cura está nas veias da nossa fé. Como se o sangue de Jesus, vertido na cruz, houvesse penetrado no próprio sangue da igreja e agora ela fosse o veículo para que essa plasma mudasse a vida das pessoas. 

Acredito que tenhamos perdido de vista essa essencialidade da igreja e do Evangelho. Acho que, num certo sentido, fomos tomados por uma visão de que com unguentos aromáticos conseguiremos tratar a morte que nos cerca. Não podemos desperdiçar nossa vida que representa vida para pessoas. Cada dia que passa e cada oportunidade que perdemos neste mundo de fazer a nossa parte é um tempo a menos e uma chance a menos de mostrarmos e levarmos a cura para as almas feridas e doentes do mundo que nos cerca. 

 

A Igreja Precisa Lembrar Que o Evangelho da Ressurreição é o Método Divino Para A Cura das Almas

...que vieram para o ouvir e para ser curados de suas doenças. Também os atormentados por espíritos imundos eram curados (Lucas 6.18).

Vieram para ouvir e para ser curados de suas doenças – Num certo sentido a alma humana tem uma sede tão profunda de Deus e sentem o horror grandioso da despresença de Deus, que sabem que este mundo não é um lugar saudável. Ao construírem seus templos, ao tomarem seus unguentos aromáticos para perfumar a morte que os cerca, com suas festas, suas alegrias perecíveis etc, eles estão somente nos mostrando essa dor de suas almas, ainda que não saibam exatamente o que estão sentido. O Evangelho é o remédio que precisam receber e o método é o ouvir a Palavra de Deus.

Também os atormentados por espíritos imundos eram curados – Lucas, o médico, compreende que a doença para a qual o Evangelho da Ressurreição era o remédio, não se tratava apenas de efeitos sobre a sociedade humana e o corpo humano, mas era uma doença que alcançava a própria alma e atingia a própria realidade não material da vida humana: a alma. Eles eram homens e mulheres de espíritos atormentados pela malignidade que os afastava de Deus.

Precisamos que cristãos em todo o mundo também enxerguem as coisas neste nível de necessidade de toda a humanidade e que essa necessidade está em OUVIR PARA SER CURADO. Todo crente é um meio para a ministração deste medicamento. Nosso investimento na pregação e na nossa própria vida como veículo desse remédio é uma visão que precisamos ter e ver moldando o modo de ser da igreja. 

 

 

A Igreja Precisa Confiar no Poder da Ressurreição Para Curar Almas

E todos da multidão procuravam tocar em Jesus, porque dele saía poder; e curava todos. (Lucas 6.19).

Procuravam tocar em Jesus – Evidentemente, nos dias de Jesus essa expressão deve ser compreendida como literal, mas agora, após a sua ascensão ao céu, precisamos compreender que é através da materialidade da Igreja e da vida dos cristãos que as pessoas se aproximam do Evangelho. 

Dele saía poder – Devemos lembrar que Jesus havia exatamente dito isto sobre a Igreja: RECEBEREIS PODER AO DESCER SOBRE O ESPÍRITO SANTO E SEREIS MINHAS TESTEMUNHAS.  O próprio Lucas sabe que está tratando de um Evangelho poderoso para a transformação das nações e para o resgate das nações para a vida na PRESENÇA DE DEUS. 

E curava a todos – Sem dúvida alguma é para todas as nações e para todo aquele que nELE crer que essa cura será ministrada e o Lucas está pronto a mostrar isso para os crentes de sua época e Deus mostra a todos nós Cristãos do século 21 e de todas as eras em que esse remédio foi apresentado aos homens.  

Precisamos confiar que somente o Evangelho tem o poder para curar o mundo. Não podemos, nem por um segundo nos esquecer de nossa missão e do poder que está dado a nós pelo Espírito do Senhor. A omissão de um atalaia é um terrível e completo fracasso, que não podemos nos permitir sofrer. 

 

Conclusão

A igreja não está em fuga neste mundo. A igreja não foi chamada e enviada para proteger somente a si mesma. Uma igreja que foge e uma igreja egoísta são contradições da natureza do que é a vida discipular.

Os discípulos são convocados pelo Senhor para a vida ressurreta, para serem os pioneiros da nova existência na presença de Deus. A doença da “despresença de Deus” é um mal que corrói a alma humana e faz os homens viverem nos mais sombrios corredores da morte. Eles tentam trazer perfumes para sua sepultura, mas seus remédios não tratam a doença, apenas enganam o coração.

O Evangelho do Cristo Ressurreto, a boa nova da vitória de Cristo sobre a morte é a verdadeira boa notícia que todos nós temos. O mundo não está mais preso longe de Deus e impedido pela Lei e pela morte que ela trouxe, mas, agora, a todos que crêem é possível um VIVER NA PRESENÇA DE DEUS, o respirar na presença do Senhor. 

Mas, uma pergunta devemos fazer à IGREJA: quem fará essa obra se não for você, Igreja? Quem poderá ministrar o remédio, se não foram aqueles que conheceram o médico e foram curados? Jesus ressuscitou e nos convocou para essa grande jornada de fé e somente você que creu pode fazer e enquanto você não o fizer, não o viver, o mundo não conhecerá a Cristo.  

3 de janeiro de 2021

Lucas 2.15-20

 O Evangelho e os Humildes

 

(Culto da NOITE – Janeiro 2021 – IP Tatuapé)

Lucas 2.15-20

 

Introdução

Tenho insistido em ver o Evangelho de Lucas com os olhos de um “não judeu” que apresenta “O Evangelho” alcançando homens e mulheres de todo o mundo. Lucas é alguém que poderia ser mais um dos excluídos: não era judeu, não andou com Jesus, nada indicaria seu nome para ser um dos que haveria de encontrar a vida em Cristo. No entanto, Lucas nos mostra exatamente isso: como a história de pessoas improváveis se cruzam com o Evangelho. 

Os fatos que entre nós se realizaram - O Evangelho para Lucas é a história de um homem, a história de Jesus e de tudo o que ele fez e ensinou. Lucas nos conta como aquela história foi vista pelos homens e por eles compartilhada. O Evangelho, portanto, não é uma “doutrina”, mas o Evangelho é uma pessoa e a sua história, o fato da vida de Jesus de Nazaré e o que nos ensinou.

Irmãos, queridos, o Evangelho vem a nós por meio do modo como a vida de Jesus é recebida por outros e nos é comunicada. O Evangelho é a verdade compartilhada. Não se trata de uma doutrina, uma filosofia, mas como a história das pessoas e transformada pela história de Cristo Jesus. A pessoa de Jesus compartilhada com os outros é a “evangelização”.

No início, o Cristianismo não era um sistema de crenças, mas a crença em tudo o que Jesus fez e ensinou. Claro que mais tarde, tudo isso, foi sistematizado, organizado em um corpo doutrinário e a função de tudo isso é o básico: que possamos, cada vez mais e melhor, compartilhar o próprio Cristo com as pessoas. 

Lucas, inicia o seu evangelho e uma palavra que acredito que possa ser usada para definir umas das suas ênfases nos primeiros capítulos é: HUMILDADE. Sim, o Evangelho é recebido e compartilhado por pessoas humildes. O próprio Cristo inicia a sua história com o gestual histórico da humildade. 

Em nosso texto desta noite, veremos o Evangelho sendo compartilhado entre os homens, a quem o Senhor quer bem e os primeiros proclamadores da história de Jesus foram os pastores do campo. Por isso, queremos ver naquela primeira missão evangelizadora, modelos para a nossa própria missão de compartilhar Cristo hoje. 

Eu convido você a adentrar a essa história, mais uma vez. A vivê-la, vivenciá-la, experimentando a boa nova como se novidade fosse para você exatamente agora. Quero convidar você a humildemente receber essa história e essa mensagem hoje. 

 

A Prioridade dos Humildes Que Crêem no Evangelho é Ver a Cristo

 

Quando os anjos se afastaram deles e voltaram para o céu, os pastores disseram uns aos outros: vamos até Belém e vejamos os acontecimentos que o Senhor nos deu a conhecer. Foram depressa e encontraram Maria e José, e a criança deitada na manjedoura (Lucas 2.15-16). 

Quando os anjos se afastaram e voltaram para o céu – essa história foi contada por aqueles pastores e algum destes, ou dos seus ouvintes, contou isso a Lucas e a impressão que eles passam é que era nítida que os anjos vieram a terra e retornaram ao céu. Eles acabaram de ver um espetáculo deslumbrante e de impacto poderoso sobre a alma, mas a sua prioridade dos pastores não foi apresentarem-se como visionários de anjos, mas precisavam ir realmente ver a grande maravilha: um menino deitado na manjedoura: 

E isto servirá a vocês de sinal: vocês encontrarão uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura (Lucas 2.12). 

Os homens que irão compartilhar o Evangelho, a história de Cristo, não buscam glória circunstancial, mas a substância da glória: a própria vida de Jesus. Os discípulos, mais tarde, vão fazer o mesmo: E vimos a sua glória...

Disseram uns aos outros: vamos até Belém e vejamos os acontecimentos – Meus irmãos, os pastores não poderiam perder tempo, sua prioridade era viver a vida de Jesus, isto é, eles precisavam se aproximar do centro daquela mensagem: o menino na manjedoura. Quantas vezes, cristão tentam tudo no Cristianismo, menos o centro de tudo: o CRISTO. Buscam na própria Igreja alguma coisa e não nEle, no centro da fé. O Evangelho é o menino na manjedoura e não os anjos, o Evangelho não é só a notícia conceitual do reino, mas o Rei nascido em Belém. Eles precisavam ver o menino. Você também precisa ir até lá. O coração humilde que evangeliza, vai em busca do evangelho. Cristo é a prioridade dos humildes que crêem. Quanta besteira a gente deixa entrar na nossa vida cristã, nossas teorias sobre a fé, sobre a vida, sobre nós e nossa superioridade conceitual, etc... quando que é preciso é tão menos: ir a Cristo. O problema quando a deixamos nossa fé se corromper e o simples fica perdido, quando, na verdade, o mais simples é a prioridade. 

Os acontecimentos que o Senhor nos deu a conhecer – a história: os acontecimentos, a realidade, o Evangelho é a pessoa e a história da pessoa de Cristo: REAL. Que o Senhor nos deu a conhecer. Eles seguiram não o Evangelho que eles queriam, não a história que acharam melhor, mas aquela história que o Senhor lhes fez conhecer. A realidade simples que Deus faz acontecer e nela coloca o Cristo para nos iluminar. 

Foram depressa e encontraram Maria, e José e a criança deitada na manjedoura – a prioridade para a simplicidade do Cristo na manjedoura, para a cena simples de Maria, José e uma criança envolta em faixas na manjedoura. O Evangelho é aquela cena, aquela história real. Meus irmãos, não teremos um lugar para ir para ver uma criança na manjedoura, mas existem milhares de formas simples de encontrar Jesus e experimentar sua presença real. Procure não entulhar a sua fé com tantas e absurdas construções, teorias e devaneios... ao contrário, os HUMILDES QUE CRÊEM NO EVANGELHO TERÃO PRIORIDADE SOMENTE PARA O CRISTO REAL QUE ESTÁ BEM PERTO DE TODOS NÓS.  

Antes de qualquer coisa é esse Cristo que você precisa prioritariamente voltar a ver para ter fé e o viver o Evangelho. A boa nova é que Ele está aqui! 

 

 

 

Os Humildes Que Crêem no Evangelho São Impactados Pela Simplicidade da Realidade Onde Cristo é Pessoal

 

E, vendo isso, divulgaram o que lhes tinha sido dito a respeito deste menino. Todos os que ouviram se admiraram das coisas relatadas pelos pastores. Maria, porém, guardava todas estas palavras, meditando-as no coração (Lucas 2.17-19). 

E vendo isto – esse é o primeiro passo do Evangelho: a sua vida exposta à presença de Cristo. Tenho insistido no ensino bíblico de que a REALIDADE QUE NOS CERCA É O VEÍCULO QUE NOS INSERE NA PRESENÇA DE DEUS. A percepção da presença de Deus é a busca do Cristianismo. Os pastores precisavam ir e VER. VENDO ISTO. 

Divulgaram o que lhes tinha sido dito a respeito deste menino – Lucas mostra que o Evangelho aqui começa a ganhar o tom da pessoalidade. Maria e José sabiam do que se tratava aquele menino, o Anjo Gabriel havia lhes dito que aquele seria o Salvador. Mas os pastores aqui, foram conduzidos pelos anjos a pensar sobre aquele menino, que unia o céu e a terra, que representava o SALVADOR DOS HOMENS A QUEM DEUS QUER BEM. Isso era a parte do Evangelho que se lhes havia sido confiada e eles estão prontos a dizer o que eles percebiam naquele menino, como para eles ele se revelava e se mostrava. 

Num certo sentido, muita pessoas se perdem no Cristo dos outros. Claro que o Cristo e o modo como Ele se apresenta aos outros deve fazer parte do nosso modo de ver a Cristo e nos ajudará muito. No entanto, não podemos perder o contato com a nossa própria história com Cristo, com o modo como a nós o Evangelho apareceu e como nos foi dado o conhecer. 

Todos os que ouviram se admiraram das coisas relatadas pelos pastores – note isso: eles não estavam admirados pela mensagem que os anjos haviam pregado aos pastores, mas como os pastores relataram que ouviram a mensagem dos anjos sobre o menino e o que viram quando encontraram o menino. Esse é o Evangelho daqueles humildes, o Cristo era o seu Cristo, o seu Evangelho, no sentido, o modo como o Evangelho a eles havia se revelado. O Evangelismo não é a arte de repetir um jeito certo de contar a história de Cristo, mas o fenômeno de compartilhar o Cristo como ele se revelou a você. É na realidade desse seu encontro com Cristo que os outros encontrarão a Cristo. Se Deus deu você para contar o Evangelho a alguém, não é uma uma boa coisa, você copiar o link e manda-lo ouvir uma mensagem de Billy Graham. Ainda que Billy Graham seja um grande pregador e possa muito ajudar pessoas a verem o Evangelho. Quando Deus escolher você é a sua história com o Evangelho que Deus quer usar para compartilhar Cristo com os outros. 

Maria, porém, guardava todas estas palavras meditando-as no coração – aqui o outro lado desta moeda. Para Maria, o Evangelho tinha vindo na forma de uma criança nove meses no seu ventre, da dor do parto, da luz, da manjedoura e das contrações etc. Bem, o Evangelho que tinha vindo a ela, sem dúvida alguma tinha muitas outras nuances, mas que ninguém jamais ficou sabendo, ou ao menos não nos foi dado a conhecer. Ele guardou o modo como a ela pessoalmente o Evangelho lhe chegou e, mesmo Lucas, o médico, não nos disse nada sobre isso, se é que soube algo. O fato é que, o Evangelho que para Maria teve um sentido e uma história pessoal tão profunda, agora, estava sendo completado para a própria Maria, com a história dos pastores. Ela completava o que sabia do Evangelho e o que via do Evangelho com o modo como os pastores viram e lhe falaram o Evangelho. A gloriosa beleza do Evangelho se que se completa de “fé em fé”.  

 

Os Humildes Que Crêem no Evangelho Glorificam a Deus na Proclamação e no Compartilhamento do Seu Cristo.

 

E os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinham sido anunciado (Lucas 2.20). 

 

E os pastores voltaram – Vejamos que o Evangelho foi até aqueles pastores e por eles foi compartilhado com Maria, José e outros. O que notamos é como o Evangelho é vivo e se mantém vivo como uma história que não pode parar de ser compartilhada. Os pastores voltaram – indica que eles não se limitaram a contar sua visão do evangelho apenas naquele momento, mas seguiram nessa novo modo de vida: evangelizar.

Glorificando e louvando a Deus – evangelizar é o melhor ato de culto que podemos empreender e vice-versa, nosso culto é o melhor momento para a nossa evangelização. Na verdade, o próprio Culto é o compartilhamento de Cristo e do nosso Cristo com os que estão conosco. Como o vemos, como ele veio a nós e o que sentimos a partir de então. Nossa vida, nossa experiência com Cristo é o conteúdo do nosso culto. 

Por tudo o que tinham ouvido e visto – como foram evangelizados e como o Evangelho se apresentara a eles – tudo isto – era a sua vida com Cristo. A verdade sobre o nosso Cristo é o melhor culto que podemos entregar a Deus.   

Os humildes não contam o Evangelho a partir de si mesmos, mas a partir de Como Cristo se lhes apresentou. Eles não criam um evangelho com a sua cara, mas mostram como o Evangelho lhes mudou a vida. 

Podemos não ter uma criança em uma manjedoura, mas realidade de Cristo nos cerca e todos precisam saber como isto acontece. Esse é o Evangelho dos humildes, a realidade de Cristo na realidade do crente. 

 

Conclusão

  

Igreja Presbiteriana do Tatuapé é um lugar onde pessoas encontram Cristo e o compartilham com os outros. Esse é o nosso plano: que o Cristo que preenche toda a nossa realidade seja parte da realidade da realidade para outras pessoas. 

Não somos só repetidores de experiências de outros, mas pessoas em busca de nossa própria experiência como Igreja do Senhor. A simplicidade de receber uma história de Cristo e por meio dela levar Cristo para os outros será o nosso modo. 

A Família Presbiteriana do Tatuapé será um lugar deste encontro: como uma manjedoura para as nossas e novas histórias com Cristo. Mas, isso será feito pelo compartilhamento de nossas vidas uns com os outros. 

Invista tempo na profundidade do seu Cristo e da sua história com a história de Cristo. Lembre-se de que esse é o seu maior tesouro e o seu maior dever. O culto que iremos entregar não será uma repetição de práticas de outros, mas a nossa própria vida, com o conteúdo o Evangelho que nos foi dado. 

Por isso, a simplicidade, a sinceridade e a alegria verdadeira do Cristo que se revela é o nosso conteúdo. A Palavra de Deus nos guiará à experimentar essa verdade! Deus nos ajude. 

28 de junho de 2020

Atos 2.42-47

A Igreja se Fortalece

(Culto da Noite – 28 de junho de 2020 – IP Tatuapé)
Atos 2.42-47


Introdução
Uma profunda onda de perseguição estava por vir sobre aquela Igreja. O Espírito Santo a preparou para resistir no dia mal. Eles, por sua vez, estavam prontos e ávidos pelo alimento que os fortaleceria e os manteria vivos para Deus, quando sua fé estivesse sob intenso ataque.
Todos os dias nos quartéis, os soldados são treinados, exercitados, recebem instruções e lições sobre guerra, defesa e ações importantes. Todos os dias nos quartéis se encerram, do mesmo modo, muito esforço empenhado, muita disciplina e, no final, descanso, para acordar no outro dia e passar por tudo de novo. Pode parecer um esforço inútil, tanto desgaste do corpo, da mente, das emoções, para apenas cumprir uma rotina?
Na verdade, o valor de todo este esforço tem um nome: O IMPREVISÍVEL DIA DA GUERRA. O treinamento de um soldado é realizado como se toda a guerra e condição de batalha fosse se tornar um fato na manhã do dia seguinte. Mas, pense sobre o contrário. Um batalhão que não treina em momento algum, que cumpre relaxadamente sua rotina de preparação, se for tomado por um súbito ataque do inimigo, quais são as sua chances? 
Este é o nosso ponto! O que precisamos realizar todos os dias é a construção de uma fé que seja capaz de resistir a qualquer embate. Para isto, precisamos nos dispor à permanência do preparo da alma para as questões espirituais. Quando nos permitimos a viver despreocupadamente, sem cuidados com a nossa fé, sem tratar o solo do nosso coração com a força que emerge da Palavra de Deus, da oração, da vida comunitária na prática do amor e da justiça, permitimos que brechas se abram nos muros e quando o inimigo atacar ferozmente, ele romperá a nossa segurança e nos levará cativos.
A Igreja de Jerusalém não tinha ideia do que estava por vir. Eles não sabiam que uma ruidosa e perigosa perseguição se levantaria. Eles estavam animados e felizes com o fato de que haviam descoberto o caminho da ressurreição. No entanto, o Espírito Santo, estava preparando aquela Igreja para dias maus, dias que estavam destinados para os provar, peneirar e mostrar a todos que sua fé havia sido forjada como aço, em seus corações.
Quem sabe, nós também estejamos a ponto deste agir do Espírito Santo. Queira o Senhor nos fazer fortes como aço, com uma fé que consiga transpor montanhas e atravessar mares de inimizade anunciadas contra a nossa fé. 

A Igreja se Fortalece na Constante Prática da Piedade Cristã

E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações (Atos 2.42).
Sim, o escritor, em relação à essa história é onisciente, isto é, Lucas sabe exatamente o que estava acontecendo e o que aconteceria, portanto, o seu relato tem um norte claro e mantém a igreja dos seus dias pronta para perceber como, aquela igreja, que nos dias deles, já era histórica, foi preparada para os dias maus. 
Perseveravam (proskartereo) Particípio Ativo – Lucas nos diz que eles foram conduzidos pelo Espírito Santo a uma constância na fé, definida por ele como “perseverança”. Mas, no tempo verbal em que ele diz, mostra que era uma ação participativa deles, isto é, uma ação ativa. Eles foram inclinados a desejar essa firmeza.
Na doutrina (didakei) dos apóstolos –  Eles se voltaram ao princípio mais “FUNDAMENTAL”. Quero mesmo dizer: eles se tornaram firmes em buscar o FUNDAMENTO. Sua fé não se apoiou no tamanho imediato da Igreja, ou nas circunstâncias que pareciam favoráveis naquele momento. O Espírito os preparava para vencer o Maligno.
João usou essa expressão para falar da fase da força da juventude
Eu vos escrevi, porque sois fortes e a palavra de Deus permanece em vós e tendes vencido o Maligno (1Jo 2.14). .
Na comunhão (Koinonian) – Sim eles viveram um modelo de piedade cristã derivada da palavra que os levara à práticas cristãs mais básicas: AMAR OS IRMÃOS e CONVIVER COM FÉ estão entre estes atos de piedade, que para muitos é descartáveis, mas que para a vida cristã são fundamentais.  
NO partir do pão – o partir do pão muito provavelmente seja uma referência à ceia, já que este gesto de “partir” o pão apontava para o próprio gesto de Cristo, quando instituiu a ceia. Isso certamente tem a ver com a piedade cristã que é o cultivo da unidade do corpo, quando se parte o pão que é o Corpo de Cristo, ponto de partido da unidade do Corpo da Igreja. 
Nas orações – a Palavra abre o ponto, entra o sacramento como solidificador da perseverança piedosa e o fechamento é a constante busca da face de Deus em dependência. A igreja só pode permanecer firme nos dias maus com este tipo de fortalecimento.
Quando você negligência qualquer uma destas formas de fortalecimento, sua piedade cristã se torna parcial, frágil e incapaz de lhe fazer permanecer firme nos dias de provação. 

A Igreja se Fortalece na Construção dos Elementos de Fé

Em casa alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. (Atos 2.43).

Em cada alma – Mais uma vez, Lucas aponta para o fato de que não se tratava de uma construção institucionalizada, onde alguns agentes especialistas da fé produzem a força do grupo. Os apóstolos estavam ali para suprir estes irmãos com ensino e modelos, mas “cada um deles” de fato, desenvolvia a sabedoria do temor a Deus.  
Havia temor – Aqui, Lucas mostra que eles eram crentes que antes dos homens, empreenderam esta caminhada por Deus. Meus irmãos, antes de qualquer coisa, isto deve nos mover, inclusive nos mover na direção uns dos outros. Há pessoas que escolhem o ambiente onde irão desenvolver a sua fé, por preferências secundárias, não espirituais, ligadas a elementos estéticos, ou absolutamente fundamentados em interesses pessoais e circunstanciais. Eles fizeram isso, por temor. O sermão de Pedro, sem dúvida alguma ainda ecoava nos seus corações: VÓS O MATASTES. 
Prodígios e Sinais Feitos Por Intermédio dos Apóstolos – Esses elementos de fé e temor a Deus eram aprofundados, porque Deus lhes respondia, mostrando a sua presença naquele lugar. Os apóstolos foram, inicialmente, os grandes instrumentos para este tipo de clarificação da fé e do caminho da fé. 
Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos (...) dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por distribuições do Espírito Santo, segundo a sua vontade (Hb 2.1-4).
Este é o grande objetivo de nossa comunhão, a produção de uma fé inabalável, suportada pelo próprio SENHOR, que nos conduz a amá-lo acima de tudo. Isso fazemos juntos, por mútuo auxílio, com responsabilidades individuais, igualmente importantes. 

A Igreja se Fortalece na Unidade de Propósitos e Interesses

Todos os que creram estavam juntos e tinha tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade (Atos 2.44-45). 
Todos os que creram – A igreja de Jerusalém é grandemente conhecida e reconhecida como o modelo mais belo de como a fé Cristã pode nos levar a vencer poderosas barreiras e nos unir. Eles eram pessoas de nacionalidades diferentes e, de repente, estão unidos no mesmo lugar e têm tudo em comum. ELES CRERAM, VIVENCIAVAM UMA SÓ FÉ. Paulo vai exatamente tratar desta unidade em Éfeso, onde gregos e judeus são chamados a um só corpo, uma só fé, um só batismo e um só Espírito, o que é o modo como se deve andar dignamente.  
Tinham tudo em comum (koiná) – eles tinham uma unidade, que mais à frente Lucas vai chamar de unidade de alma (At 4.32). Eles estavam ligados à um mesmo propósito, para eles, o objetivo de salvação e vida para Cristo no Reino era o alvo comum e, por isso, eles cuidavam uns dos outros.   
Distribuindo à medida que alguém tinha necessidade – Este é o ponto, eles não simplesmente se ajudavam, eles sabiam como cada um estava, como andava cada um e o que era necessário para que todos alcançassem o objetivo final. 
Isso é mais que uma sociedade entre pessoas, isso é um grupo de homens se tornando um só corpo em Cristo. 

A Igreja se Fortalece na Constância da Simplicidade Positiva

Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam o pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração (Atos 2.46). 

Diariamente perseveravam unânimes – O tema da perseverança retorna, aqui ela é apontada como uma atitude coletiva. Eles não complicavam a vida cristã e por isso dava certo. Não criavam exigências estranhas, não montavam certos protocolos que afastasse pessoas da comunhão, mas faziam o básico para que se alimentassem. A constância da sua simplicidade era o segredo de sua bem aventurança.  
No templo e de casa em casa – os espaços sagrados eram todos os lugares onde eles desenvolviam a sua fé. Claro que faziam diferença entre reuniões que ocorriam no templo e em suas casas, mas ambos forjavam essa unanimidade perseverante, porque nas diversas dimensões dos seus relacionamentos, o alvo era o mesmo. 
Refeições com alegria e singeleza de coração – Aqui, eles mostram uma qualidade que o homem requintado de nossos dias não consegue mais desenvolver: a simplicidade. Parece que nos rendemos ao formalismo das nossas relações e precisamos retomar o EVANGELHO PURO E SIMPLES, como disse CS Lewis, em resposta ao texto bíblico do apóstolos Paulo: 
Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo (2Co 11.3). 
Essa grande falta da simplicidade e da singeleza do coração deturpa a Fé Cristã e cria cristãos monstrengos, que sequer desejam conhecer o irmão para crescer. Uma tolice! Uma tolice cheia de pompas. 

A Igreja se Fortalece Como Consequência Natural da Sua Vida no Espírito

Louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos (Atos 2.47). 

Louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo – Todo o restante tratado neste verso 47 aponta para os resultados da vida cristã, perseverante, bem embasada, construída em piedade, unidade de propósito e simplicidade de amor. E o primeiro resultado que Lucas destaca é DEUS É LOUVADO. Deus é louvado no seu modo de vida. A SEGUNDA consequência é que essa honra dada a Deus provoca a SIMPATIA DO POVO ao redor. O Evangelismo desta igreja era realizado pela vida da igreja e não pelos discursos ou capacidade dela de fazer algo pelas pessoas. . 
Enquanto isso acrescentava-lhes o Senhor – Lucas mostra que o crescimento desta igreja, que trazia pessoas para a convivência cristã era um resultado de dependência do Senhor. Era o Senhor quem fazia isto, enquanto eles se ocupavam de viver o Evangelho.  
Dia a dia os que iam sendo salvos – AS pessoas diariamente eram libertadas das prisões do pecado, porque a vida dos crentes ilustrava a liberdade que os filhos de Cristo tem. 
(...) na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus (Ro 8.21). 
Esperamos o dia em que essa dependência e esse resultado coroe o trabalho de nossas mãos, não para a nossa glória, mas para que Ele seja glorificado a partir das obras das nossas mãos. 


CONCLUSÃO – A Vida na Igreja Presbiteriana do Tatuapé
Meus irmãos amados, somos uma igreja com um maravilhoso chamado e um enorme potencial. Mas, precisamos empenhar o nosso coração em desejar fazer esta obra. Não nos preparamos para velejar somente quando os ventos sopram forte sobre nós, mas também quando as brisas nos permitem viver sorridentemente sobre os barcos. 
Soldados não podem permanecer nos quartéis indiferentes e despreocupados, ocupando-se de triviais conversas, como se nunca fossem precisar de suas armas, ou de seus braços para a batalha. Lembre-se, o inimigo está exatamente esperando o momento de sua distração na trincheira para te derrotar. Por isso, VIGIAI! 
Não podemos esquecer de que estes dias são apenas um preparo para dias maiores e mais difíceis. Basta lembrar do apóstolos: REMINDO O TEMPO PORQUE OS DIAS SÃO MAUS. 
Precisamos manter constante interesse em uma Igreja Sólida no Fundamento das Sagradas Escrituras e na prática cristã piedosa – não podemos deixar as distrações deste mundo nos afastar deste propósito.
·      Precisamos buscar a fé como uma marca – devemos investir que a nossa confiança em Deus aumente sempre.
·      Precisamos realizar na prática uma unidade de interesses, que nos torne uma poderosa Família da Fé – nada entre nós deve nos separar deste amor fraternal que nos faz Igreja e Corpo. 
Precisamos da simplicidade da vida no Espírito – abandonar os pensamentos que complicam as coisas da vida cristã e nos impedem de crescer na simplicidade. 
Precisamos viver na dependência e tão somente na dependência do Senhor.