O Evangelho e os Humildes
(Culto da NOITE – Janeiro 2021 – IP Tatuapé)
Lucas 2.15-20
Introdução
Tenho insistido em ver o Evangelho de Lucas com os olhos de um “não judeu” que apresenta “O Evangelho” alcançando homens e mulheres de todo o mundo. Lucas é alguém que poderia ser mais um dos excluídos: não era judeu, não andou com Jesus, nada indicaria seu nome para ser um dos que haveria de encontrar a vida em Cristo. No entanto, Lucas nos mostra exatamente isso: como a história de pessoas improváveis se cruzam com o Evangelho.
Os fatos que entre nós se realizaram - O Evangelho para Lucas é a história de um homem, a história de Jesus e de tudo o que ele fez e ensinou. Lucas nos conta como aquela história foi vista pelos homens e por eles compartilhada. O Evangelho, portanto, não é uma “doutrina”, mas o Evangelho é uma pessoa e a sua história, o fato da vida de Jesus de Nazaré e o que nos ensinou.
Irmãos, queridos, o Evangelho vem a nós por meio do modo como a vida de Jesus é recebida por outros e nos é comunicada. O Evangelho é a verdade compartilhada. Não se trata de uma doutrina, uma filosofia, mas como a história das pessoas e transformada pela história de Cristo Jesus. A pessoa de Jesus compartilhada com os outros é a “evangelização”.
No início, o Cristianismo não era um sistema de crenças, mas a crença em tudo o que Jesus fez e ensinou. Claro que mais tarde, tudo isso, foi sistematizado, organizado em um corpo doutrinário e a função de tudo isso é o básico: que possamos, cada vez mais e melhor, compartilhar o próprio Cristo com as pessoas.
Lucas, inicia o seu evangelho e uma palavra que acredito que possa ser usada para definir umas das suas ênfases nos primeiros capítulos é: HUMILDADE. Sim, o Evangelho é recebido e compartilhado por pessoas humildes. O próprio Cristo inicia a sua história com o gestual histórico da humildade.
Em nosso texto desta noite, veremos o Evangelho sendo compartilhado entre os homens, a quem o Senhor quer bem e os primeiros proclamadores da história de Jesus foram os pastores do campo. Por isso, queremos ver naquela primeira missão evangelizadora, modelos para a nossa própria missão de compartilhar Cristo hoje.
Eu convido você a adentrar a essa história, mais uma vez. A vivê-la, vivenciá-la, experimentando a boa nova como se novidade fosse para você exatamente agora. Quero convidar você a humildemente receber essa história e essa mensagem hoje.
A Prioridade dos Humildes Que Crêem no Evangelho é Ver a Cristo
Quando os anjos se afastaram deles e voltaram para o céu, os pastores disseram uns aos outros: vamos até Belém e vejamos os acontecimentos que o Senhor nos deu a conhecer. Foram depressa e encontraram Maria e José, e a criança deitada na manjedoura (Lucas 2.15-16).
Quando os anjos se afastaram e voltaram para o céu – essa história foi contada por aqueles pastores e algum destes, ou dos seus ouvintes, contou isso a Lucas e a impressão que eles passam é que era nítida que os anjos vieram a terra e retornaram ao céu. Eles acabaram de ver um espetáculo deslumbrante e de impacto poderoso sobre a alma, mas a sua prioridade dos pastores não foi apresentarem-se como visionários de anjos, mas precisavam ir realmente ver a grande maravilha: um menino deitado na manjedoura:
E isto servirá a vocês de sinal: vocês encontrarão uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura (Lucas 2.12).
Os homens que irão compartilhar o Evangelho, a história de Cristo, não buscam glória circunstancial, mas a substância da glória: a própria vida de Jesus. Os discípulos, mais tarde, vão fazer o mesmo: E vimos a sua glória...
Disseram uns aos outros: vamos até Belém e vejamos os acontecimentos – Meus irmãos, os pastores não poderiam perder tempo, sua prioridade era viver a vida de Jesus, isto é, eles precisavam se aproximar do centro daquela mensagem: o menino na manjedoura. Quantas vezes, cristão tentam tudo no Cristianismo, menos o centro de tudo: o CRISTO. Buscam na própria Igreja alguma coisa e não nEle, no centro da fé. O Evangelho é o menino na manjedoura e não os anjos, o Evangelho não é só a notícia conceitual do reino, mas o Rei nascido em Belém. Eles precisavam ver o menino. Você também precisa ir até lá. O coração humilde que evangeliza, vai em busca do evangelho. Cristo é a prioridade dos humildes que crêem. Quanta besteira a gente deixa entrar na nossa vida cristã, nossas teorias sobre a fé, sobre a vida, sobre nós e nossa superioridade conceitual, etc... quando que é preciso é tão menos: ir a Cristo. O problema quando a deixamos nossa fé se corromper e o simples fica perdido, quando, na verdade, o mais simples é a prioridade.
Os acontecimentos que o Senhor nos deu a conhecer – a história: os acontecimentos, a realidade, o Evangelho é a pessoa e a história da pessoa de Cristo: REAL. Que o Senhor nos deu a conhecer. Eles seguiram não o Evangelho que eles queriam, não a história que acharam melhor, mas aquela história que o Senhor lhes fez conhecer. A realidade simples que Deus faz acontecer e nela coloca o Cristo para nos iluminar.
Foram depressa e encontraram Maria, e José e a criança deitada na manjedoura – a prioridade para a simplicidade do Cristo na manjedoura, para a cena simples de Maria, José e uma criança envolta em faixas na manjedoura. O Evangelho é aquela cena, aquela história real. Meus irmãos, não teremos um lugar para ir para ver uma criança na manjedoura, mas existem milhares de formas simples de encontrar Jesus e experimentar sua presença real. Procure não entulhar a sua fé com tantas e absurdas construções, teorias e devaneios... ao contrário, os HUMILDES QUE CRÊEM NO EVANGELHO TERÃO PRIORIDADE SOMENTE PARA O CRISTO REAL QUE ESTÁ BEM PERTO DE TODOS NÓS.
Antes de qualquer coisa é esse Cristo que você precisa prioritariamente voltar a ver para ter fé e o viver o Evangelho. A boa nova é que Ele está aqui!
Os Humildes Que Crêem no Evangelho São Impactados Pela Simplicidade da Realidade Onde Cristo é Pessoal
E, vendo isso, divulgaram o que lhes tinha sido dito a respeito deste menino. Todos os que ouviram se admiraram das coisas relatadas pelos pastores. Maria, porém, guardava todas estas palavras, meditando-as no coração (Lucas 2.17-19).
E vendo isto – esse é o primeiro passo do Evangelho: a sua vida exposta à presença de Cristo. Tenho insistido no ensino bíblico de que a REALIDADE QUE NOS CERCA É O VEÍCULO QUE NOS INSERE NA PRESENÇA DE DEUS. A percepção da presença de Deus é a busca do Cristianismo. Os pastores precisavam ir e VER. VENDO ISTO.
Divulgaram o que lhes tinha sido dito a respeito deste menino – Lucas mostra que o Evangelho aqui começa a ganhar o tom da pessoalidade. Maria e José sabiam do que se tratava aquele menino, o Anjo Gabriel havia lhes dito que aquele seria o Salvador. Mas os pastores aqui, foram conduzidos pelos anjos a pensar sobre aquele menino, que unia o céu e a terra, que representava o SALVADOR DOS HOMENS A QUEM DEUS QUER BEM. Isso era a parte do Evangelho que se lhes havia sido confiada e eles estão prontos a dizer o que eles percebiam naquele menino, como para eles ele se revelava e se mostrava.
Num certo sentido, muita pessoas se perdem no Cristo dos outros. Claro que o Cristo e o modo como Ele se apresenta aos outros deve fazer parte do nosso modo de ver a Cristo e nos ajudará muito. No entanto, não podemos perder o contato com a nossa própria história com Cristo, com o modo como a nós o Evangelho apareceu e como nos foi dado o conhecer.
Todos os que ouviram se admiraram das coisas relatadas pelos pastores – note isso: eles não estavam admirados pela mensagem que os anjos haviam pregado aos pastores, mas como os pastores relataram que ouviram a mensagem dos anjos sobre o menino e o que viram quando encontraram o menino. Esse é o Evangelho daqueles humildes, o Cristo era o seu Cristo, o seu Evangelho, no sentido, o modo como o Evangelho a eles havia se revelado. O Evangelismo não é a arte de repetir um jeito certo de contar a história de Cristo, mas o fenômeno de compartilhar o Cristo como ele se revelou a você. É na realidade desse seu encontro com Cristo que os outros encontrarão a Cristo. Se Deus deu você para contar o Evangelho a alguém, não é uma uma boa coisa, você copiar o link e manda-lo ouvir uma mensagem de Billy Graham. Ainda que Billy Graham seja um grande pregador e possa muito ajudar pessoas a verem o Evangelho. Quando Deus escolher você é a sua história com o Evangelho que Deus quer usar para compartilhar Cristo com os outros.
Maria, porém, guardava todas estas palavras meditando-as no coração – aqui o outro lado desta moeda. Para Maria, o Evangelho tinha vindo na forma de uma criança nove meses no seu ventre, da dor do parto, da luz, da manjedoura e das contrações etc. Bem, o Evangelho que tinha vindo a ela, sem dúvida alguma tinha muitas outras nuances, mas que ninguém jamais ficou sabendo, ou ao menos não nos foi dado a conhecer. Ele guardou o modo como a ela pessoalmente o Evangelho lhe chegou e, mesmo Lucas, o médico, não nos disse nada sobre isso, se é que soube algo. O fato é que, o Evangelho que para Maria teve um sentido e uma história pessoal tão profunda, agora, estava sendo completado para a própria Maria, com a história dos pastores. Ela completava o que sabia do Evangelho e o que via do Evangelho com o modo como os pastores viram e lhe falaram o Evangelho. A gloriosa beleza do Evangelho se que se completa de “fé em fé”.
Os Humildes Que Crêem no Evangelho Glorificam a Deus na Proclamação e no Compartilhamento do Seu Cristo.
E os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinham sido anunciado (Lucas 2.20).
E os pastores voltaram – Vejamos que o Evangelho foi até aqueles pastores e por eles foi compartilhado com Maria, José e outros. O que notamos é como o Evangelho é vivo e se mantém vivo como uma história que não pode parar de ser compartilhada. Os pastores voltaram – indica que eles não se limitaram a contar sua visão do evangelho apenas naquele momento, mas seguiram nessa novo modo de vida: evangelizar.
Glorificando e louvando a Deus – evangelizar é o melhor ato de culto que podemos empreender e vice-versa, nosso culto é o melhor momento para a nossa evangelização. Na verdade, o próprio Culto é o compartilhamento de Cristo e do nosso Cristo com os que estão conosco. Como o vemos, como ele veio a nós e o que sentimos a partir de então. Nossa vida, nossa experiência com Cristo é o conteúdo do nosso culto.
Por tudo o que tinham ouvido e visto – como foram evangelizados e como o Evangelho se apresentara a eles – tudo isto – era a sua vida com Cristo. A verdade sobre o nosso Cristo é o melhor culto que podemos entregar a Deus.
Os humildes não contam o Evangelho a partir de si mesmos, mas a partir de Como Cristo se lhes apresentou. Eles não criam um evangelho com a sua cara, mas mostram como o Evangelho lhes mudou a vida.
Podemos não ter uma criança em uma manjedoura, mas realidade de Cristo nos cerca e todos precisam saber como isto acontece. Esse é o Evangelho dos humildes, a realidade de Cristo na realidade do crente.
Conclusão
Igreja Presbiteriana do Tatuapé é um lugar onde pessoas encontram Cristo e o compartilham com os outros. Esse é o nosso plano: que o Cristo que preenche toda a nossa realidade seja parte da realidade da realidade para outras pessoas.
Não somos só repetidores de experiências de outros, mas pessoas em busca de nossa própria experiência como Igreja do Senhor. A simplicidade de receber uma história de Cristo e por meio dela levar Cristo para os outros será o nosso modo.
A Família Presbiteriana do Tatuapé será um lugar deste encontro: como uma manjedoura para as nossas e novas histórias com Cristo. Mas, isso será feito pelo compartilhamento de nossas vidas uns com os outros.
Invista tempo na profundidade do seu Cristo e da sua história com a história de Cristo. Lembre-se de que esse é o seu maior tesouro e o seu maior dever. O culto que iremos entregar não será uma repetição de práticas de outros, mas a nossa própria vida, com o conteúdo o Evangelho que nos foi dado.
Por isso, a simplicidade, a sinceridade e a alegria verdadeira do Cristo que se revela é o nosso conteúdo. A Palavra de Deus nos guiará à experimentar essa verdade! Deus nos ajude.
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Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
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