A juventude, não temos dúvidas, é a fase mais impressionante de todo o desenvolvimento humano, pois as forças que se mostram, através da vitalidade, beleza, agilidade e intrepidez da juventude, conquistam o mundo.
A juventude é atraente, mas a juventude também é perigosa, pois, junto à beleza e graça da juventude, existe o perigo de se tomar o caminho errado. Este erro repousa principalmente sobre a vida do jovem.
Quando um jovem inverte a vida e escolhe um caminho errado, com a mesma força que nos conquista ele é capaz de nos assustar. O que vemos é que as mais impressionantes ações de violência e morte, são preconizadas pelos mais jovens.
Este é o motivo de ter, esse autor, "batizado" o seu texto com o tema: "Um Jovem Que Trocou a Beleza da Juventude Pela Morte".
Nesta pequena mensagem, por ocasião de minha participação a convite dos organizadores do 5ºADOPRESB da Igreja Presbiteriana de Vila Esperança, reajo ao texto do Segundo Livro de Samuel, que conta a história do jovem Absalão.
Absalão era um dos filhos de Davi, com Maaca, filha do Rei de Gesur. Era o moço Absalão, um absolutamente atraente por sua beleza física e sua impressionante juventude atraía a graça das pessoas.
Não havia, porém, em todo o Israel
homem tão celebrado por sua beleza como Absalão; da planta do pé ao alto da
cabeça, não havia nele defeito algum.
2 Samuel 14.25.
Absalão mantinha uma vasta cabelereira, da qual, afirma a Escritura, era colhido quase dois quilos e meio quando era cortada (2 Samuel 14.26). Além disso, o jovem Absalão possuía uma personalidade cativante, inteligência política invulgar, sagacidade e outras qualidades que impressionavam as pessoas do reino. Acontecia de que ele era capaz de furtar o coração das pessoas para si, conquistando-as (2 Samuel 15.6). Não bastasse toda a sua beleza e talento pessoal, era rico, bem posicionado no reino, pois era o filho do próprio Rei.
Este moço certamente poderia ser contado entre as grandes personalidades de Israel, entre os grandes homens de seu tempo e os mais habilidosos políticos do país.
O que podemos perceber é que os requisitos para ser um jovem feliz, cheio de vida, bem-sucedido e completamente satisfeito com a vida eram encontrados em gérmem na vida daquele moço.
Mas, conhecendo a história bíblica que relata a sua trágica morte o envolvimento em conflitos familiares, sua infelicidade como filho de Davi e a ganância desmedida de seu coração, iremos identificar o quanto este jovem trocou a beleza de sua juventude pelos caminhos da morte.
Sabemos que muitos jovens também trocam a vida pelos caminhos da morte. A questão que se levanta aqui é: por quê?
Os dirigentes do 5º ADOPRESB, me disseram que o tema sobre o qual deveria falar é: O Prazer de Ser Jovem - Quando Ele Valoriza a Convivência Familiar. Por isso, então, decidi falar sobre o insucesso de Absalão, pois a raiz de sua trágica opção pela morte tinha como pano de fundo um convívio familiar carregado de decepções, desamores e frustrações.
Nosso "por quê?" será respondido a partir deste prisma de convivência familiar frágilizada pelo pecado.
A história de Absalão começa a ser contada no capítulo 13. O Escritor inicia a descrição da trágica tragetória deste jovem é contada a partir da ferida familiar que desenvolveu em sua vida o tumor que o levou à morte final.
Amnon, meio-irmão de Absalão, apaixou-se por Tamar sua irmã. Essa paixão obsessiva tornou-se em uma grande tragédia familiar. Amnon fingiu-e doente, pediu o auxílio de Davi, seu pai, o qual enviou Tamar à casa de Amnon para dar-lhe comida. Ele, aproveitando-se da situação, a forçou e se deitou com ela, depois rejeitando-a com asco (2 Samuel 13.12-16).
Esse fato chegou aos ouvidos de Absalão que muito se entristeceu com a notícia. Ferida em sua própria casa, ele deixou o seu coração enfermo com ira que sentiu.
Porém Absalão não falou com Amnon nem mal
nem bem; porque odiava a Amnon, por ter este forçado a Tamar, sua irmã.
2 Samuel 13.22
Foi assim que Absalão começou a ter transformada sua vida familiar. A morte começou a reinar em seu coração no momento em que ele preferiu deixar adoecer o seu coração com a mágoa, ira e a revolta que cresciam dentro de si.
Não devemos imaginar que alguém vem a perder a alegria da juventude dentro da sua família em apenas um dia. Na verdade, boa parte das frustrações que colhemos, algumas delas realmente justificáveis, seja pelo erro ou exagero de um pai, a presunção de um irmão, um mal entendido ou uma coisa simples qualquer, podem fazer um grande estrago se deixarmos coisas mal resolvidas guardadas dentro de nosso coração.
Os textos que mostram a vida de Absalão mostram que a dureza do seu coração o levou a viver alienado de sua própria família. A partir do verso 23 do capítulo 13 de 2 Samuel, Absalão põe em prática um plano para matar seu irmão Amnon.
Movido pelo ódio ele ainda mantinha um relacionamento alienado em relacão com a sua família. Ele mantém as aparências, conversa, convive, inclusive faz festas para seus irmãos, mas nada disso é sincero e verdadeiro, pelo contrário, é apenas uma maneira de manipular as situações.
Absalão deu ordem aos seus moços,
dizendo: Tomai sentido; quando o coração de Amnom estiver alegre de vinho, e eu
vos disser: Feri a Amnon, então o matarei.
2 Samuel 13.28
Propositadamente, o coração de Absalão produziu uma justificativa para a sua alienação. Estava se julgando o mais ferido e no direito de produzir qualquer vingança. Para isto, era necessário fechar-se para o amor, para o quebrantamento. Era-lhe necessário afastar-se da família, como um estranho. Somente assim, seguiria em frente sem sentir nenhum peso na consciência.
Amnom veio a ser covardemente morto, seus irmãos ameaçados fugiram e retornaram para casa, cheios de tristeza. Finalmente, o pecado que primeiro se alojara no coração de Absalão, cultivado pelo tumor da ira, tornou-se em uma grande ferida no seio da família.
Absalão foge, agora ele não somente está alienado, mas declaramente afastado do ambiente familiar.
Não pense o meu senhor (disse Jonadabe)
que mataram a todos os jovens, filhos do rei, porque só morreu Amnom; pois assim
já o revelavam as feições de Absalão, desde o dia em que sua irmã Tamar foi
forçada por Amnom.
2 Samuel 13.32.
Infelizmente, muitos jovens deixam seus pecados os conduzirem à alienação familiar. No lugar onde ele receber e dar amor, ele passa a colher mais e mais frustrações. A dureza do coração vai contribuindo para que sua felicidade corra do coração. À semelhança de Absalão, o rosto desses jovens começa a ficar pesado, cheio de cansaço da alma.
Infelizmente, todos temos observado o quanto pais e filhos tem tido dificuldade para manterem um bom e sadio relacionamento. Davi e Absalão não fugiam a esta realidade.
Davi tinha muita dificuldade em lidar com seu filho. Talvez ele tenha uma grande dose de culpa no desastre da vida de Absalão. Mas, quando olhamos as coisas do ponto de vista de Absalão e de tudo quanto ele nutriu em seu próprio coração, temos de nos deparar com a realidade de que, Absalão havia se apartado definitivamente de Deus, quando passou a ter o seu próprio Pai como um inimigo.
Após a morte de seu irmão e a conseqüente quebra do 6º mandamento, Absalão deixou de honrar pai, quebrando o 5º mandamento fugindo de sua presença por dois anos.
Tendo ficado Absalão dois anos em
Jerusalém sem ver a face do rei.
2 Samuel 14.28.
Absalão cometeu torpezas com as concubinas de seu pai quebrando o 7º mandamento. Escadalizou o povo com essa atitude baixa e humilhou a casa de toda a sua família.
Armaram, pois, para Absalão uma tenda no eirado, e ali, à
vista de todo o Israel, ele coabitou com as cooncubinas de seu pai.
2 Samuel
16.22.
Sequestrando os bens de Davi seu Pai, fazendo-o fugir, quebrou o 8º mandamento, por tomar posse daquilo que não era propriamente seu.
Disse, pois, Davi a todos os seus homens
que estavam com ele em Jerusalém: levantai-vos, e fujamos, porque não poderemos
salvar-nos de Absalão. Dai-vos pressa a sair, para que não nos alcance súbito,
lance sobre nós algum mal e fira a cidade a fio de espada.
2 Samuel 15.14.
Quando deixou seu coração se tornar insensível à presença de Deus, Absalão usou da mentira para forçar o povo a segui-lo, abandonando o amor que devotavam a Davi. Ele dizia ao povo inverdades sobre a intenção de Davi ao julgar as causas do povo. Com este falso testemunho, Absalão quebrou o 9º mandamento. Por quatro anos, ele usou dessa mentira para levar a cabo seus planos de usurpar o reino.
Então, Absalão lhe dizia: Olha, a tua
causa é boa e reta, porém não tens quem te ouça da parte do rei.
2 Samuel 15.3
Também cobiçou o reino de seu pai, desejando fazer-se Rei de Israel, posto que pertencia a Davi. Sua cobiça, o levava a agir em prol de destruir o ungido do Senhor. Assim, ele quebrou o 10º mandamento.
Ah! Quem me dera ser juiz na terra, para que viesse a mim todo homem que tivesse demanda ou questão, para que lhe fizesse justiça!
2 Samuel 15.4
Absalão não percebia, mas estava se voltando não somente contra Davi, estava se voltando contra o caminho de Deus, pois Davi era o escolhido do SENHOR para ser rei de Israel, era o ungido do SENHOR e o seu mediador da Aliança, tipificando o próprio Cristo.
Às vezes, em seu caminho de revolta e absoluta insensatez, o jovem não percebe que está se voltando contra Deus. Isso abre adiante do jovem um caminho de morte.
Mesmo sendo aconselhado a não fazê-lo, Absalão decidiu abrir guerra contra o seu pai. Num certo dia, em campo de guerra, quando tentava fugir dos homens de Davi, Absalão ficou preso aos galhos de uma árvore pelos seus cabelos, um dos símbolos de sua própria mocidade.
Tomou três dardos e traspassou com eles o
coração de Absalão, estando ele ainda vivo no meio do carvalho. Cercaram-nos dez
jovens, que levavam as armas de Joabe, e feriram a Absalão e o
mataram.
2 Samuel 18.14 e 15
Foi assim que a boca da morte tragou para sempre Absalão. O texto diz que ele não deixou descendência e sua juventude, força e alegria deram lugar a uma vida amargurada e cheia de tristeza.