29 de agosto de 2009

Os Misericordiosos Alcançam Misericórdia


Como nosso Pai, Deus deseja que desenvolvamos um caráter parecido com o Seu. No Sermão da Montanha, Jesus Cristo define com profundidade o caráter dos seus discípulos. Nas chamadas “Bem-Aventuranças”, ele propõe resumidamente as principais características do caráter cristão.

Dentre as virtudes do caráter cristão, Jesus destaca a “Misericórdia”: Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia (Mateus 5.7). O destaque desta virtude não é encontrado apenas neste texto de Mateus, antes, o Velho Testamento aponta a misericórdia como uma das virtudes cardeais a serem desenvolvidas por Israel como prova de que realmente a nação pertencia ao Senhor: ...o que é que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o seu Deus (Miquéias 6.8).

Jesus, ao ensinar que os misericordiosos alcançarão misericórdia, não propôs um sistema de trocas, no qual, Deus ficasse refém de nossas obras para poder agir em nosso favor. Ao contrário disto, afinal, sabemos que a misericórdia de Deus manifestou-se em nossa vida, mesmo quando nós menos fizemos juz a ela. Na verdade, essa parece ser a essência da misericórdia, isto é, manifestar amor e cuidado quando tudo exigir que sejamos inflexíveis e ásperos.

Quando nos tornamos pessoas mais misericordiosas, começamos a descobrir também o que Deus teve de vencer, em relação à nossa insesatez e pecado, para ser misericordioso conosco.
Os homens sem Deus, não conseguem avaliar que o sol que nasce sobre nós, ou a chuva que cai, o alimento que vem a mesa... são obras da providência e misericórdia de Deus. Eles não sabem ou não meditam em nada, quando estas coisas lhes acontecem.

Mas, àqueles, que descobrem o valor da misericórdia e sabem que fazer coisas boas para quem merece rigor e inflexibilidade, a mínima bênção de Deus é motivo de render graças ao SENHOR. Isso é alcançar misericórdia, pois é alcançar o discernimento que Deus cuida de nós, porque a sua misericórdia dura para sempre!.
(imagem: Good Samaritan de George Frederich Watts - 1904)

9 de agosto de 2009

Depressão Espiritual



"Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim?" Salmo 42.5.


Empresto o título deste estudo do livro do grande pregador: Rev. Dr. David Martin LLoyd Jones, autor do livro "Depressão Espiritual Suas Causas e Curas". Evidentemente, devo muito ao Rev. LLoyd Jones no que diz respeito ao aprendizado deste tema, não obstante, procuramos estabelecer algumas considerações em uma linha diferenciada da do autor.
Esclareço, entretanto, que não trataremos o assunto do ponto de vista clínico do problema da "depressão", o que realmente deve ficar a cargo dos médicos e especialistas desta matéria em particular. Não obstante, procuraremos abordar o problema do ponto de vista teológico, de acordo com o ensino geral das escrituras sobre a matéria.
Desejo cooperar para dar início a uma discussão sadia sobre o posicionamento da fé cristã reformada e a ocorrência da depressão na vida dos crentes. Também desejo cooperar de alguma maneira para fornecer instrumentos que permitam pessoas que vivem a experiência da depressão espiritual a serem acudidas em suas mais profundas necessidades neste sentido.
Definindo os Termos
Depressão - Em que pese o fato de que o termo é utilizado para definir uma leque muito amplo de circunstâncias. Quando utilizado em referência ao estado de saúde mental das pessoas, ele se refere a um transtorno emocional-afetivo que provoca, quase sempre, uma queda de humor e interesse pelas atividades normais. Não nos esqueçamos de que a depressão pode manifestar-se de forma atípica, promovendo excessiva euforia, levando o indivíduo à negação de um problema pelo uso de um recurso de fuga, que pode, inclusive, tornar-se num transtorno obsessivo-compulsivo.
A "Depressão" pode ser resultado de vários fatores, dentre eles, desequilíbrios emocionais provocados por circunstâncias não controladas pelos indivíduos, propensões genéticas, desequilíbriso físicos do próprio cerebro, mas também advindos de percepções errôneas sobre a vida e a sensação de felicidade e prazer.
Depresssão Espiritual
- O objeto deste estudo está diretamente ligado ao entendimento dessa expressão. Na verdade, partimos dos conceitos básicos da "Depressão" (depressão clinica aqui) para descrever um estado emocional que tem como sede a fonte do nosso relacionamento com Deus, a saber a "alma humana".
Neste estado emocional, o homem, no que diz respeito ao seu relacionamento com o Criador, é levado a uma atitude de desinteresse, desânimo e negação da verdadeira ligação espiritual entre ele e Deus. Cedendo ao pensamento de que Deus, de alguma maneira o ignora, despreza ou desgosta. Sendo levado a um estado existêncial em que não é capaz de desfrutar da presença de Deus e seus benefícios.
O Relacionamento da Alma Com Deus

Já nos referimos ao relacionamento da alma com o Criador. Este relacionamento consiste em um direto e profundo diálogo existencial entre o homem e Deus. Na verdade, todas as coisas criadas relacionam-se com o seu Criador. A Bíblia diz que "todo ser que respira louve ao SENHOR", da mesma forma que diz que até o "Sol, a Lua, o céu e as estrelas proclamam a glória de Deus".
O ser humano, em distinção com todo o restante da Criação, tem uma capacidade relacional cognitiva, isto é, ele pensa para relacionar-se com Deus. Este pensamento move o seu ser interior e o aproxima ou afasta do seu Criador, contudo o faz relacionar-se com Deus.
A alma humana é a parte imaterial deste homem-pensante. Ela também possui suas faculdades cognitivas não materiais e por isso, relaciona-se diretamente com Deus. Este relacionamento acontece numa esfera existêncial não controlada pelo pensamento do homem, mas que é influenciada ao mesmo tempo que influencia este. O apostolo Paulo nos informa: O próprio Espírito, testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Romanos 8.16).
Neste ponto em particular, ele nos mostra que há um relacionamento íntimo entre o Espírito de Deus e o espírito humano, no qual o primeiro instrui e conforta o segundo.
Portanto, o relacionamento com Deus se dá em um primeiro nível não controlado, o nível que podemos chamar de "espiritual". Neste nível de relacionamento, a alma humana sente a felicidade da presença de Deus e desfruta de todos os benefícios da presença gloriosa do Criador.
Num relacionamento sadio com Deus neste nível, o homem passa a ter toda a sua existência influenciada e toda a sua sensação de felicidade transformada. Esse é o objetivo do Espírito Santo em nós, nos fazer sentir esse nível de relacionamento em nossas faculdades materiais, tais como, o pensamento, as emoções e ações cognitivas.
Depressão Espiritual é o rompimento dessa sensação de relacionamento, é a quebra do desfrutar deste estado relacional com Deus. Quando isto acontece, o homem, mesmo que no íntimo ainda viva este relacionamento com o Espírito Santo de Deus, não pode percebê-lo, ou mesmo desfrutá-lo. Não consegue discerni-lo, senti-lo e realizá-lo no estado consciente. Os Salmos em particular nos fornecem excelentes exemplos da manifestação da "depressão espiritual". Podemos citar, por exemplo, o Salmo 13. Até quando, SENHOR? Esquecer-te-ás de mim para sempre? Até quando ocultarás de mim o rosto?
Veja que o salmista Davi, tem uma dificuldade grande em perceber que Deus jamais se esquece dEle. Evidentemente, ele conhece o seu Deus e o procura, mas define o seu relacionamento com Deus, como um relacionamento de ocultamento da sensação da presença de Deus.

O mesmo salmista registra no salmo 51 o pedido: restitui-me a alegria da tua salvação (Salmo 51.12). Notemos que este salmista, clama a Deus que lhe devolva a sensação alegre de saber-se filho de Deus. Por isso, ele pede: Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro em mim um espírito inabalável, não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito (versos 10 e 11).
Calvino definiu os salmos como sendo a anatomia de todas as partes da alma. De fato, os salmos são escritos que abrem portas para a percepção de profundas angústias dos indivíduos face as crises existenciais no relacionamento com Deus.
Causas da Depressão Espiritual
Causas advindas das limitações físicas
O cansaço, stress, doenças e outros aspectos que geram limitações físicas extremas podem ser fatores promotores de Depressão Espiritual. Na verdade, a Depressão Espiritual, quando manifestada pelo viez das limitações físicas, tende a ser passageira, deixando de manifestar-se na recuperação de condições normais.
O que acontece neste processo de esgotamento físico é que o nosso organismo perde a capacidade de desfrutar a sensação do prazer e com isso, em muitas ocasiões, desestimula-se a perceber a presença de Deus de maneira proveitosa e prazerosa.
Temos um exemplo interessante na Escritura, o caso de Elias. No primeito Livro dos Reis, capítulos 18 e 19, lemos sobre a grande vitória do Elias sobre os profetas de Baal e a determinação, por parte de Jezabel, da morte de Elias. Ele dispara em direção ao deserto e, pelo que o texto nos mostra, estava cansado, tanto física quanto psicológicamente e com fome.
Este estado de stress e preocupação levou o profeta a desejar a morte e não sentir a felicidade da presença de Deus. Podemos dizer que neste momento o profeta estava em processo de "Depressão Espiritual". Veremos no texto que, antes de lhe proferir as palavras restauradoras da presença de Deus, o próprio SENHOR, lhe oferece comida, para restabelecimento do seu ânimo físico.
Causas advindas da manifestação da depressão clínica - A Depressão Espiritual pode ser mais um dos resultados de uma depressão clinica instalada. Ao ser levado a um estado de letargia mental, com dificuldade de reagir diante das situações, o homem de Deus pode ser levado a duvidar da presença de Deus em sua vida e deixar o relacionamento com o Criador em dúvida dentro de si.
É comum que um estado de depressão clinica produza um estado de depressão espiritual, no entanto, nem sempre isto ocorre e quase sempre, a restauração do estado de ligação com Deus, auxilia enormemente na restauração da depressão clínica.
Causas advindas dos desafios emocionais da própria vida cristã
Poucas pessoas realmente entendem que "vida cristã" não é uma mera maneira de dizer que somos crentes. "Vida Cristã" ou "Vivência Cristã" é o resultado de um emaranhado de experiências produzidas por Deus em nossa existência que nos levam à conformação com Jesus.
No Novo Testamento, o que enxergamos não é apenas um grupo de homens e mulheres que mudaram de religião e passaram a ter um novo comportamento, muito acima disto, o que vemos desenvolvido no Novo Testamento é um processo de transformação da mente dos homens e mulheres cristãs, acontecido na entrega deles a Deus, quando este lhes moldava através das experiências que viviam.
Certamente, o apóstolo Paulo foi um dos melhores exemplos e um dos que melhor observou este processo. Disse ele ao jovem pastor Timóteo:
Quando a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda (2 Timóteo 4.6-8).
Dentro deste conceito, gostaria de considerar que a depressão espiritual se manifesta quando temos medo e nos tornamos tímidos para enfrentar as questões da transformação do nosso caráter que Deus está produzindo. Sentimo-nos pequenos, pouco preparados, incapazes de atingir o grau de maturidade e "Vivência Cristã" que seja condizente com o desafio que visualizamos nas Escrituras.
Talvez fosse esse o problema vivido por Timóteo, que, segundo o que podemos compreender do texto bíblico, mantevesse tímido diante do seu chamado e sofria alguma dificuldade por ter um ministério difícil em Éfeso, muitas resistências e sendo ele ainda jovem.
Por esta razão, pois te admoesto que reavives o dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos. Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação. Não te envergonhes, portanto, do testemunho do nosso Senhor, nem do seu encarcerado que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho segundo o poder de Deus (2 Timóteo 1.6-8).
Talvez a magnitude do nosso chamado cristão e nossas fracas expectativas para conosco venham a produzir uma certa depressão espritual.
Causas advindas da manifestação do pecado
O pecado sempre será o grande elemento provocador de "depressão espiritual". Pois o pecado gera uma situação em que o homem sujo em sua alma não pode se aproximar do Deus santo e imaculado.
Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encombrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça (Isaías 59.2).
Quando vivenciamos um estado de pecado em nossa alma, perdemos a alegria da salvação, isto é, a mais perfeita comunhão com Deus. Nossa alma se abate e nossa mente se torna nosso tribunal de condenação.
O pecado causa em nós a vergonha de Deus e faz crescer o sentimento de culpa. Esta culpa gera uma incapacidade de reação, pois descobrimos que não há verdadeira compatibilidade entre o sujo e o imaculado.
Causas advindas da manifestação do Maligno
Aproveitando-se de nossa completa derrota pelo pecado, Satanás vem sufocar-nos como o acusador e pressiona, por vários mecanismos, para que jamais recuperemos a compreensão da obra verdadeira de Jesus Cristo, nosso libertador da culpa.
O que o Maligno faz?

6 de agosto de 2009

Aprender com a Paciência de Deus


Paciência - qualidade própria daquele que sabe esperar. Sim, todos nós sabemos que a paciência é uma qualidade a ser desenvolvida por aqueles que decidiram caminhar ao lado de Jesus Cristo.
Aprendendo a Esperar o Momento Certo
Uma boa lição sobre a paciência poderíamos aprender com o próprio Deus. Para nós a paciência é exercitada principalmente nos momentos em que não temos muito a fazer, a não ser esperar. Deus, ao contrário, exercita a sua paciência mesmo tendo sempre a possibilidade de fazer tudo o que Ele quer, contudo, prefere esperar outro momento.
Deus sabe escolher o momento certo para realizar a sua vontade. Verdade é que, para Ele, o tempo não é contado como para nós, mas isso não muda o fato de que Ele tem tempo certo para cada uma das suas ações. Pense na cruz do Calvário, quando deixou seu Filho em agonia por longas três horas (Mt 27.45). O Homem Jesus sofreu, mas seu Pai esperou pacientemente até que tudo, dentro do tempo dos homens, que a Justificação Expiatória se realizasse com perfeição. Devemos aprender a esperar o momento certo.
Aprendendo a Reagir Com Equilíbrio
Também exercitamos paciência quando alguém faz algo contra nós e em lugar de nos lançarmos em lutas, esperamos que o tempo realize a cura da raiva ou nos coloque em condição de equilíbrio para que possamos reagir.
Deus, mesmo sendo tão insultado pelos pecados dos homens, não derrama a sua ira em toda a sua medida. Mesmo reprovando os ímpios, os avisa com muita paciência para que se corrijam e, mesmo quando Ele sabe que isso não acontecerá, não os castiga imediatamente (Rm 9.22) Devemos reagir com equilíbrio à maldade dos homens.

Aprendendo a Perdoar

No caso dos remidos, a paciência de Deus é o que precisamos para alcançar a sua misericórdia e perdão. Afinal, esperou com paciência o dia da nossa conversão, mesmo podendo nos fazer nova criatura a qualquer momento, aguardou o dia certo (Gl 1.13-16). Devemos aprender a perdoar.
Aprenda com a maravilhosa paciência de Deus e desenvolva uma vida mais saudável e coerente com a sua fé em Cristo Jesus.