16 de setembro de 2010

Revisando Tudo

"Examine-se o homem a si mesmo..." (1 Coríntios 11.28)


Quando Deus nos deixou a ordenança da Santa Ceia, convocou-nos também ao auto-exame. Nem todos têm a prática do auto-exame, isto é, uma revisão pormenorizada de si mesmo, uma busca interna por todas as pequenas e grandes manchas do nosso caráter.
Essa é uma tarefa que você precisa realizar continuamente, pois o pecado é como uma praga em um jardim, limpamos hoje e ela logo volta a nascer. É como se as sementes de sua presença estivessem espalhadas sob a superfície da terra da nossa personalidade. 
O auto-exame te permite revolver a terra e verificar essas sementes antes que floresçam. Também te dá a chance de respirar melhor o ar que vem da santidade de Deus. 
Por força da própria natureza intrínseca da tarefa, o auto-exame não pode ser realizado por nenhuma outra pessoa, além de você mesmo. Não há como terceirizá-lo.  
Bem que algumas pessoas procuram os terapeutas, psicológos e outros profissionais na intenção de que lhes digam o que realmente está acontecendo em seus corações. Mas, no fundo, até mesmo esses médicos, no máximo,  conseguem motivar seus pacientes a andar na direção de si mesmos e, nem sempre, a sua interpretação corresponde à realidade do que são seus interlocutores. 
Quando Deus te conduz ao auto-exame, Ele te dá também o discernimento, pois o Espírito dEle, que em habita você, é quem o conduz à consciência do pecado, da justiça e do juízo. 

Por fim, resta um pergunta: em que me ajudará o auto-exame? 

A revisão de tudo em você, permitirá uma maior capacidade de condução pelo caminho da comunhão com Deus. Pois, quando sinceramente você se revisa  segundo os padrões e parâmetros de Deus, rapidamente descobre onde estão os descaminhos e as fugas de sua alma em relação ao Criador. 
Assim, você é capacitado a deixar o caminho mau e seguir pelo caminho da justiça. Mas também há um outro lado, cujos resultados não agradam muito. Estou falando do fato de que, quando você revisa tudo, encontra os descaminhos e não desiste da direção errada, é tomado pela certeza absoluta de que está andando para longe de Deus. 
Nesse ponto, em lugar de revolver a terra para retirar as sementes da erva daninha, você aduba o seu crescimento e em lugar de permitir a respiração da santidade de Deus, sufoca sua alma, naquilo que mais a maltrata e a torna infeliz. 
Você pode não querer examinar-se para evitar gastar seu tempo, sentir a dor do arrependimento ou mesmo, procura evitar a acusação de Deus. Entretanto, ao deixar de fazê-lo, apenas se comporta como uma criança, que sabe que é hora de trocar-se para ir à escola, mas espera que sua mãe ou pai se exaspere em uma pesada bronca ordenando que se mova para fazer aquilo que tem de fazer. 

"Há caminhos que para o homem parecem direito, mas ao final são caminhos de morte" (Provérbios 14.12 e 16.25). 

12 de setembro de 2010

Gênesis 6. 1 a 10

Noé - Luz em Meio a Escuridão - Deus Sempre Acha um Modo de Manter Vivo o Seu Amor


Normalmente, abordamos esse texto de um ponto de vista negativo. Enfatizamos, às vezes inconscientemente, quão estragado estava o mundo, pois a maldade do homem chegou a causar tristeza profunda em Deus. Até mesmo, quando tocamos no ponto alto do texto que é a pessoa de Noé, normalmente, preferimos dizer: no meio de todo aquele monte de podridão que era a humanidade, Deus só encontrou Noé.
Respeito todas essas abordagens e reconheço que Moisés nos mostra, neste início do livro de Gênesis uma progressão da impiedade do homem. Não obstante, desejo manter nessa meditação um olhar muito positivo sobre o que estava acontecendo ali. Na verdade, prefiro dizer que, apesar de haver um monte de podridão da humanidade, Deus viu Noé e com apenas aquele homem reto, operou o grande milagre de restauração, no melhor estilo que só Deus pode realizar. 

Foco da Nossa Condição Decaída
Que cada cristão se visualize como uma opção de Deus para trazer luz ao nosso mundo. Na verdade, focalizaremos as circunstâncias que tornaram Noé a opção de Deus para aquele momento entenebrecido da humanidade. 

Introdução Textual
É importante lembrar que Moisés escreve com o propósito de conferir significado da identidade do povo de Deus, o qual anda na direção da Terra Prometida. Ele constrói o seu argumento nas primeiras páginas de Gênesis mostrando a necessidade da diferenciação do "povo de Deus" em relação aos "filhos dos homens". 
Primeiramente, após a morte de Abel, o texto nos faz reconhecer que a os homens, da linhagem de Caim foram afastando-se de Deus. Você perceberá a inciativa de Moisés de nos levar a essa compreensão, quando lê no capítulo 4 que a genealogia de Caim é exposta com mais riquezas de detalhes. 
No verso 16, o afastamento de Caim, contrasta com o verso 26, no qual o filho de Sete, Enos, invocou a Deus. 
Caim, procura edificar um reino para si, na terra de Node, dando o nome de seu filho à cidade. Isso tem um particular significado se você lembrar que a promessa de redenção dada à mulher tem a ver com o nascimento de um "Descendente" de Eva. Caim, ao tentar notabilizar o nome de seu filho Enoque,  quem sabe buscando mostrar a construção de um Reino sem a presença de Deus, onde o seu "descendente" assumisse o lugar redentivo em contraste com a família de Adão.
Apesar das referências do progresso científico e artístico da comunidade Caimita, também fica claro que os desvios de Deus levaram essa comunidade para longe dos padrões de Deus. Se lermos bem, veremos que Lameque, além de se tornar muitísismo violento, já está envolvido com a quebra da monogamia do casamento. O Senhor disse: o homem se unirá à sua mulher e serão "ambos" uma só carne. Aqui, no verso 19, Lameque toma para si "duas" esposas, o que Moisés toma como digno do nota sobre o progresso da maldade humana. 
Mudando um pouco o olhar do texto, veremos que em meio ao progresso da iniquidade da comunidade caimita, nós vemos o progresso e crescimento da comunidade adâmica, a partir de Sete. Passamos pela vida de Enoque que andou com Deus e notamos que um parênteses é aberto para tratar da "História de Noé". 
Esse é o contexto textual da perícope que iremos analisar nesta mensagem. Ou seja, a duas comunidades humanas, representadas por suas famílias, cresciam e se multiplicavam e cada pequeno clã, estabelecia seus "agentes reais", com a finalidade de se mostrarem fortes e os agentes da "redenção da humanidade". 
Mesmo na comunidade dos filhos de Sete, vemos que essa era a esperança assentada nos corações. As palavras de Lameque, pai de Noé, referente à expectativa que tinha em relação ao seu filho apontam nessa direção: Este nos consolará dos nossos trabalhos e das fadigas das nossas mãos, nesta terra que o SENHOR amaldiçoou (Gênesis 5.29). 


Homens Entenebrecidos - Não Afastam as Possibilidades de Deus


O capítulo 6, começa com a afirmação introdutória sobre o crescimento dos homens. Aqui, não se faz distinção das famílias. Pelo contrário, com a citação do verso 8 - Porém Noé - percebemos que estamos falando das duas casas setista e caimita. 
O texto caminha para tratar do multiplicação e da busca sempre constante por descendência - nasceram-lhe filhas - lembrando que a mulher, na linha de argumentação da Moisés é Havah - isto é vida - Eva. Isso simboliza esperança. 
Os versos 2 a 4, tratam do desespero dos homens para gerar filhos. As expressões "filhos de Deus" e "filhas dos homens" é de difícil interpretação. Há muito boa gente, conhecedora dos textos antigos, que diz que se tratam de "anjos" que se agradaram das mulheres e foram os pais dos nephilins - os gigantes (dos quais descendentes teríamos o grande Golias e seus irmãos). Outros preferem seguir o caminho aparentemente mais natural da narrativa e localizam "filhos de Deus" como descendentes de Sete e "filhas dos homens" como descendentes de Caim. Então, o casamento das duas linhagens seria a progressão do pecado e a mistura indevida das duas sementes. Eu sempre preferi essa interpretação. Mas hoje estou mais inclinado a outra maneira de ver esse texto. 
Outros textos apontam para a idéia de que os líderes (juízes) dos povos eram chamados de "deuses" e os filhos dos homens comuns, o povão, eram chamados de "filhos dos homens" (ver Salmo 58.1 e Salmo 82.1). Então, concluo que a busca de assumir o poder através de uma descendência tornou-se uma obsessão dos homens, os quais, nessa busca, encheram-se de violência, maldade. O binômio - sexo e poder - comandava as ações humanas. O verso 4, aponta para a valorização do poder dos homens: ...os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos; estes foram valentes, varões de renome, na antiguidade. 


Essa ganância pelo poder e o acúmulo da violência na busca do poder, mostraram que os desígnios dos homens eram continuamente maus. Independente de como você interpreta as expressões "filhos de Deus" e "filhas dos homens" o texto nos encaminha para a situação desesperadora da humanidade que tenta encontrar uma saída segundo os seus esforços e nisto se afasta de Deus. Eles misturam os propósitos redentivos de Deus com os seus próprios desejos egocêntricos e se afastam completamente dos projetos de Deus. 
A situação era tão calamitosa que Deus se entristeceu com o homem e sentiu a necessidade de eliminar o homem de sobre a face da terra, estabelecendo contra a Criação o seu juízo. 


Neste ponto eu quero enfatizar que não precisamos nos alarmar com o crescimento da iniquidade na sociedade humana, pois, na verdade, Deus não pode ser impedido em seus planos redentivos, pelo contrário AS POSSIBILIDADES DE DEUS NÃO SÃO DIMINUÍDAS PELA MALDADE HUMANA. 


Quando Tudo Parece Irremediavelmente Perdido - Deus Pode Ainda Demonstrar o Seu Amor - Isso Sempre Será Obra da Graça


O texto nos informa que a obra de salvação operada em favor de Noé e sua família era obra graciosa de Deus. Apesar de Noé ser um homem que andava com Deus, o texto afirma que ainda assim, a Redenção seria operada em favor da humanidade, por causa do desígnio de Deus e não o do homem.
Moisés publica a graça de Deus como solução para o desespero do homem. Desde o Éden, quando o SENHOR publica os intentos redentivos, quando aceita o sacrifício de Abel e dá a Eva mais um filho, Sete, a obra graciosa de Deus é exaltada. 
Israel precisava aprender que a saída não estava nele Israel, mas no Deus que o chamava para uma nova vida. De certa maneira, quando o povo estava aprisionado como escravo no Egito, depois de mais de 400 anos, Deus levanta um homem, que foi salvo por obra da Graça quando os infantes morriam no Egito, quando Faraó matava hebreus para manter-se no poder, Deus manifestaria o seu amor de forma graciosa e dizia: ...porque o Senhor os amava (Deut 7. 7 e 8). 
A Escritura em todo o seu desenrolar nos ensina o Império da Graça. Ela se refere à Graça como sendo como um Trono, no qual o socorro de Deus nos alcança (hebreus 4). 


Para Manifestar o Seu Amor Gracioso - Deus Escolhe Aqueles Que Tem Discernimento da Sua Vontade


Não obstante Deus agir graciosamente e trazer a sua salvação independentemente dos méritos do homem, aliás, os nossos maiores méritos ainda são trapos de imundícia, Deus escolhe que irá usar homens santificados na sua obra. 
Agora sim, podemos focalizar nosso esfoço expositivo na pessoa de Noé. O texto nos remete a um parêntese no livro, quando interrompe a sequência da narrativa e introduz a cláusula: Eis a história de Noé. NOé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus. 
A história de Noé e da redenção que Deus operaria sobre sua vida será relatada nos próximos capítulos. A ênfase fundamental será na construção da arca e na chegada do dilúvio, bem como o resgate que Deus operaria sobre a sua vida. Mas, neste verso 9, encontramos um breve relato de sua história antecedente. 


Noé era homem justo e íntegro -


Noé era justo e íntegro em meio aos seus contemporâneos


Noé andava com Deus














4 de setembro de 2010

Gênesis 5.21 a 24

Princípios Fundamentais da Vida de Um Homem Que Anda Com Deus

Enoque não era um ser humano dotado de poderes sobrenaturais. Enoque tinha apenas um senso muito claro da presença e importância de Deus na sua vida. A frase do verso 24 é muito curta para definir a biografia de um homem, mas o suficiente para dizer algo a respeito de uma pessoa que encontrou o melhor desta vida e que alcançou o mais elevado privilégio que se pode dar a um ser humano: ser tomado por Deus para estar com Ele.
Vivemos em um tempo de pouco comprometimento com as causas divinas. Na verdade, em geral, os homens, mesmo os cristãos convictos, se distraem com o mundo ao seu redor  e não se deixam absorver pela necessidade de desfrutar da Glória de Deus. 
Aqueles poucos que conseguirem abstrair a realidade de Deus e de sua glória, aplicando-a a cada centímetro de sua extensão existencial, marcarão esse mundo de uma maneira diferente. Na verdade, ganhamos a nossa nova vida de Deus, pois por ele fomos feitos seus filhos. Não obstante, no que tange ao andar humano, parece em contrapartida do nosso novo nascimento, devemos dar a nossa vida a Deus. Isso só acontece quando nossa afeição por nosso Pai é verdadeira e se aprofunda. 


Foco da Nossa Condição Decaída
Estimular o crente a uma vida mais voltada para Deus. Confirmar a necessidade de que nos tornemos pessoas distintas de nossa própria geração e mostrar aos crentes que é possível ser mais que um filho do Reino, é possível andar com Deus. 


Introdução
A história de Enoque é introduzida exatamente como a história de qualquer um dos outros descendentes de Sete, filho de Adão. Ou seja, ela não apresenta nenhuma variante no seu início, nem parece ser imposta com a necessidade de ser considerada invulgar. A Bíblia simplesmente nos informa, no verso 18, que Jerede gerou a Enoque, quando tinha 162 anos. 
Uma pergunta que me faço ainda hoje é, sendo a história da vida de Enoque uma das duas únicas em toda a Escritura a falar de um homem que não passou pelo aguilhão da morte, o outro foi Elias, por que tão poucas linhas são destinadas à biografia de uma vida tão extraordinária? 
Particularmente, sinto a necessidade de encontrar algumas respostas para essa questão, mas confesso que ainda não tenho como satisfazer minha inquietação nesse sentido. 
O próprio Moisés, autor do pentateuco não dá tanto destaque ao patriarca antidiluviano, senão descrever sua biografia de maneira diferente da dos demais de sua ascendência e descendência até Noé. Possivelmente, comecemos a nossa resposta aqui. 


A Vida de Um Homem Que Anda Com Deus Não se Baseia em Nenhum Mérito Pessoal de Origem ou Realizações Humanas
O contexto da História de Enoque não nos mostra um homem com grandiosas realizações pessoais. Somos capazes de ler nas pequenas biografias das "toledotes" (genealogia) iniciais alguns homens que se destacaram por seus feitos incomuns. 
Dentre os filhos de Caim, por exemplo, temos a anotação a respeito de Jabal, Jubal e Tubalcaim (cap.4.20 a 22). O nascimento do primeiro filho de Sete, Enos, é anotado com o destaque especial da "Invocação do Nome de Deus" (Cap.4.26). Mas quanto ao mais, não existiu nenhuma menção especial a alguma atitude particular de Enoque. Talvez, seja uma particular característica desse quinto capítulo de Gênesis, omitir os feitos pessoais dos filhos de Sete, mas parece que a única explicação possível era que, todos eles não tinham feito nada em sua vivência, que merecesse um destaque maior que "ser da família que invocava o nome do Senhor". 
Mesmo assim, você poderá notar que o que torna um homem capaz de se distinguir dentre os de sua geração e andar com Deus não é sua capacidade invulgar de realizar algum grande e marcante feito. 
Dentro desse ponto, quero destacar aquilo que já comentei, ou seja, a história de Enoque é introduzida na genealogia como qualquer uma outra. Ele não foi concebido de uma maneira distinta dos demais, disso apenas se menciona que o seu pai foi Jerede e que ele teve outros irmãos e irmãs, exatamente com os seus ascendentes. 
Os Fundamentos da Vida de Um Homem Que Anda Com Deus não estão estabelecidos em seus próprios atos gloriosos, não é isso que garante que um homem de fato anda com Deus ou sequer esteve com Ele por um instante
Não estou dizendo que homens que façam grandes coisas não possam andar com Deus. Eu estaria contrariando o que a própria Palavra diz, por exemplo acerca de NOé, pois dele também afirma a Escritura: Noé andava com Deus (Cap.6.9). E este NOé, neto de Enoque, marcou a história como sendo o homem da obediência prolongada a Deus, distintos de seus contemporâneos. Ele foi o escolhido de Deus para a salvação da humanidade, quando Deus julgou a terra por causa da crescente pecaminosidade do homem. 
Na verdade, Noé andava com Deus, antes mesmo de construir a Arca. E a construção da arca não foi o seu mérito pessoal, mas a sua tarefa nessa vida. Homens que andam com Deus não fundamentam a sua vida com Deus em suas realizações pessoais, mas em Deus





A Vida de Um Homem Que Anda Com Deus Não é Limitada a Alguns Esparsos Momentos, Mas se Consolida na Constância do Seu Andar
A espiritualidade do homem moderno está cada vez mais restrita a alguns momentos com Deus. Percebemos que o nosso contato com o Senhor, muitas vezes sede lugar para outros aspectos da nossa vida, como o trabalho, o lazer e o progresso social. Sabemos que isso não é bom, sabemos que isso não combina com os desejos de Deus para a sua e para minha vida. 
Quando olhamos para o texto de Gênesis sobre Enoque, apesar da nossa tradução Revista Atualizada ou mesmo a Revista Corrigida (boas versões) não procurarem destacar esse aspecto, gostaria de lhes mostrar algo no texto que foge um pouco nossa percepção. 
Como em todos os outros casos, o verso 21, já introduz a personagem Metusalém (o homem de vida mais longeva registrada na Bíblia) e o faz, como todos os demais, apartir de Enoque: Enoque viveu 65 anos e gerou a Metusalém. Em seguida, no verso 22, como nos demais biografados anteriormente, temos a seguinte informação: Depois que gerou a Metusalém, viveu 300 anos e teve filhos e filhas. A distinção de Enoque é feita no início desse verso, quando diz: Andou Enoque com Deus; e, depois que gerou...
Talvez fique meio escondido um fato e eu gostaria de ressaltá-lo: Enoque não andou com Deus apenas depois que gerou Metusalém, mas Enoque andava com Deus e, depois de 65 anos que andava com Deus, gerou a Metusalém e continuou vivendo com Deus, pois o verso 24, que dá conta de que a carreira terreal de Enoque foi encerrada por Deus, destacando que o patriarca andava com Deus. 
Devemos aprender muito sobre isso! Devemos aprender que a expectativa de Deus conosco não é que realizemos grandes coisas para que o nosso nome fique marcado na história, nem tampouco que vivamos de alguns grandes momentos de espiritualidade. Pelo contrário, o que Deus espera é que o nosso andar seja constante. 
Esse é um Princípio Fundamental da Vida de Um Homem Que Anda Com Deus: ele anda sempre. 
Ter tido filhos e filhas depois de Metusalém denota que Enoque não possuía outras grandes atividades extras que o tornavam excepicional para Deus. Tampouco o viver comum do homem Enoque era diferenciado por uma constante busca de Deus. Veremos mais a frente o que era determinante para essa busca. 

A Vida de Um Homem Que Anda Com Deus é Fundamentada no Desejo de Agradar a Deus
Como texto sobre a vida de Enoque é curto, muito pouco detalhado sobre qualquer outro fato sobre sua vida, dependemos muito de um outro texto da Escritura para compreender melhor o que girava em torno de Enoque e o que significou os dizeres a respeito de sua vida de constância na companhia do Senhor. 
Enoque é pouquíssimo citado na Bíblia. Excetuando-se duas biografias, em 1 Crônicas e Lucas, onde é citado de forma comum, como todos os demais. Temos duas citações que conferem algum conhecimento extra sobre o patriarca fora do livro de Gênesis. 
A que eu destaco é a pequena carta de Judas, onde Enoque é citado como um profeta. Na verdade, Lucas está principalmente citando um livro muito usado pelos judeus, cuja autoria é atribuída a Enoque. Não posso entrar no mérito dessa autoria, particularmente, não defendo que tenha sido o próprio Enoque que o tenha escrito, mas considerando o que disse Judas, podemos notar que Enoque, nos seus 365 anos de vida terreal, esforçou-se por mostrar às pessoas ao seu redor que Deus "não se agrada" com a desobediência.    
O outro texto, mais fácil de procurarmos aplicações sobre a vida de Enoque é do desconhecido escritor da Carta ao Hebreus, que diz: Pela Fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte; não foi achado, porque Deus o trasladara. Pois, antes de sua trasladação, obteve testemunho de haver agradado a Deus (Hebreus 11.5)
De fato, sem fé é impossível agradar a Deus - é assim que o escritor aplica o ensino que a vida de Enoque deixou: devemos viver e agradar a Deus, Esse é o fundamento básico da vida de quem anda com Deus: viver para agradar a Deus.  
Existem muitíssimo textos bíblicos que pontuam sobre essa premissa, direta e indiretamente. Em 1 Tessalonicenses 4.1, esse é justamente o propósito do apóstolo Paulo quanto aos ensinos que passa aos crentes de Tessalônica.
Enoque andou com Deus e o devemos descobrir que para isso, ele esteve sua vida toda interessado no que Deus achava dele. Você pensa assim?



A Vida de Um Homem Que Anda Com Deus é Um Espetáculo Para o Mundo e Preciosa Para Deus
Muitos cristãos, ao longo da História, se notabilizaram por viver de maneira íntegra e completamente identificada com Deus. Inúmeros exemplos nos deixam um legado maravilhoso de estímulo. 
Em se tratando o mês de outubro o "mês da Reforma Protestante" podemos exemplificar com nomes como John Huss, George Wycliff, Martinho Lutero, João Calvino, John Knox e tantos outros que fizeram a história da Reforma ganhar contornos de piedade e entrega cristã. Lembro-me das palavras de Calvino: "Meu coração ofereço a Ti Senhor, pronta e sinceramente".
O texto que abordamos para a mensagem desta noite nos comunica essa mesma verdade sobre a vida de quem se dispõe a andar com Deus. Pois o texto nos diz que: Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para si. 
É verdade que o texto fala pouco sobre a vida de Enoque entre os seus. O máximo que podemos extrair do texto é que ele teve filhos e filhas, como já abordamos anteriormente, o que indica que tinha uma vida normal, como a dos outros contemporâneos. 
Verdade também é que a grande diferença que se tenciona mostrar no texto é que ele viveu entre os seus de maneira ser como qualquer outro homem, entretanto, decidiu que viveria para agradar a Deus. 
Caso, o texto que temos em Judas seja mesmo de um livro que conta a vida de Enoque, podemos dizer que ele viveu para Deus, mas não se esqueceu de exortar aos demais que assim o fizessem. Entretanto, ao que vemos no transcorrer da narrativa, entrando no capítulo 6, sua mensagem não fora ouvida. 
A vida de Enoque era um espetáculo para os seus contemporâneos, que não se aperceberam que ali, teriam um modêlo maravilhoso de como viver e agradar a Deus, de quem se haviam afastado. Nâo obstante, preferiram seu viver vazio e não atentaram para a graça que lhes era concedida na vida daquele homem.
Às vezes, é assim que será com aqueles que procurarem viver para Deus: serão pouco valorizados, outras tantas vezes, serão perseguidos como disse o apóstolo Paulo a Timóteo. Entretanto, vidas desse calibre não precisam do reconhecimento dos homens, aos quais são colocados como espetáculo, pois, na verdade, quem lhes pesa o valor é o próprio Deus. 
A vida de um homem que anda com Deus tem sempre um fim maravilhoso e é isso que nos interessa saber. 

Conclusão
Quando você decidir que viverá realmente para a Glória de Deus, desejo que se lembre desses conceitos: nada do que vier a fazer o fará por sua própria capacitação, não busque os seus méritos nessa empreitada, pois você não os encontrará. Também lembre-se de que ninguém viverá para a Glória de Deus se o fizer apenas em alguns momentos da vida. Ao contrário, quando você decidir que irá viver assim, deverá fazer uma aliança com seus olhos, com suas mãos, com seus pés e com seus pensamentos, de que se inclinará a fazer sempre, o tempo todo, somente aquilo que agrada a Deus. Este é o conceito que desejo que você se lembre a seguir, ou seja, que tudo o que você fizer tem um único objetivo: a Glória de Deus. Por fim, desejo que você busque entregar-se a Deus e nEle confiar o destino final de sua vida. Não busque o sucesso dos homens, mas busque ser bem-aventurado para com Deus.


Aplicação
Creio que tem chegado o tempo em que os crentes brasileiros poderiam compreender melhor o evangelho e a proposta do Reino de Jesus Cristo. Acho que poderíamos nos disciplinar para essa nova perspectiva, renunciando o materialismo e o egocentrismo do qual temos sido feito cativos. 
A Reforma que precisamos hoje, talvez não esteja tanto nas doutrinas, embora muitas doutrinas espúrias tenham invadido o meio evangélico, para mim, a Reforma de que mais necessitamos tem a ver com o caráter e o propósito do nosso cristianismo. 
Infelizmente, em nossas igrejas temos nos preocupado fundamentalmente com o número de membros e a necessidade de ver essa membresia crescer. Outra preocupação que tem ocupado quase todo espaço da nossa preocupação é o crescimento material de nossas congregações. Nos esforçamos pelos projetos de construção, reforma, aquisição de imóveis e aumento do caixa. 
Não estou dizendo que essas não sejam preocupações legítimas, que não devamos nos ocupar com elas. O que penso ser o problema é que essas coisas estejam ocupando toda a nossa preocupação e nos esqueçamos de que Deus está promovendo a redenção das pessoas e não dos prédios, que a grande preocupação do Senhor é em ter a fidelidade do seu povo e não a quantidade de membros da igreja. 
O ministério pastoral, assim como o próprio compromisso eclesiástico de cada membro da igreja, deve ter como foco a nosso andar com Deus e o desenvolvimento de um tipo de cristão por excelência, que é capaz de viver para Deus e tendo prioridade no Reino de Cristo em sua vida. 
Acho que o mundo já se cansou da igreja sem verdadeira piedade. Ela se tornou em mais uma parte da sociedade e deixou de ser um lugar onde as sandálias são retiradas, por se tratar de solo santo.