10 de novembro de 2013

Miquéias 2.12-13

Caminhar Com o Senhor Para Uma Mudança Radical no Amor do Nosso Coração
Miquéias 2.12-13

Foco da Nossa Condição Decaída
Um coração completamente governado por um amor profundo e completo pelo Senhor. Esse amor governando nossos interesses e ações é o alvo de Deus. Assim, também essa passagem de Miqueias aponta na direção dessa obra restauradora de Deus na vida do seu povo. Essa mensagem tem como objetivo nos levar a considerar alguns sinais desse governo sobre a nossa vida.

Introdução
Miquéias é um profeta que vê o ambiente rural de Judá e os estragos sociais produzidos pela construção de uma sociedade sem Deus e levanta uma denúncia muito séria.
Ele tem como alvo da sua denúncia todo o povo, mas sobretudo suas lideranças. Ele diz que os sacerdotes foram corrompidos pelo dinheiro dos poderosos, que os juízes e reis, homens gananciosos, lideram o povo de maneira a explorar os mais fracos e os profetas, cuja missão seria a conscientização do povo, também se uniram aos mal feitos, anunciando mentiras.
Ele anuncia que o Senhor se levantará do seu trono para corrigir esses abusos e o fará derramando primeiramente sua indignação contra toda essa impiedade:
Porque eis que o Senhor sai do seu lugar, e desce, e anda sobre os altos da terra (...). Tudo isto por causa da transgressão de Jacó e dos pecados da casa de Israel (Mq 1.3-5a).
Um dos aspectos mais centrais de toda essa profecia é que o Senhor chamará o seu povo à coerência. Isto é, Deus conduzirá o seu povo a viver de acordo com os valores estabelecidos no Pacto que fez com seus filhos. Ele, apesar de se levantar para julgar o seu povo e derramar sua indignação, não o faz com o propósito de destruir a sua vinha, antes, Deus tem um projeto de transformação radical dos filhos de Israel, ele os resgatará do seu fútil procedimento e lhes conduzirá novamente e a viver debaixo de um governo centrado em um amor profundo e completo no Senhor.
No texto desta noite, veremos que a figura de um governo messiânico começa a aparecer na profecia de Miquéias e como ele, depois de corrigir e quebrantar o coração do seu povo, o conduzirá novamente a si mesmo, por amor.
Essa proposta de governança de Deus sobre o seu povo não se dará de uma maneira imposta despoticamente. Ele o fará a partir de uma matriz de transformação radical, isto é, mudando a raiz. Ele implantará no coração do seu povo um novo coração que amará o Senhor sobre todas as coisas e que desejará viver para Deus.
Como Deus fará isso acontecer? Como ele transformará a minha vida de uma maneira tal que eu me incline a Ele somente e seja guiado por um amor profundo, completo e verdadeiro que se dirija somente a Ele? Será possível realmente que valores tais sejam produzidos em minha mente, nos meus desejos, nas inclinações da minha carne?
Vejamos, como o profeta Miquéias inicia sua mensagem a respeito dessa mudança radical do coração daqueles a quem Deus ama.

O Governo de Deus Mudará o Amor do Nosso Coração Por Meio de Um Andar Pastoreado
Visando a Unidade do Povo Escolhido
Depois de denunciar o pecado dos falsos senhores e declarar que o povo de Deus estava sendo destruído pelo seu amor egolátrico, o profeta começa a mostrar que a nova governança de Deus sobre o seu povo se dará de uma maneira pastoral.
Entre as figuras bíblicas mais significativas para a ilustrar a relação de Deus com o seu povo, temos a figura do “pastor de ovelhas”.
Certamente, te ajuntarei todo, ó Jacó; certamente, congregarei o restante de Israel; pô-los-ei todos juntos, como ovelhas no aprisco, como rebanho do seu pasto (Mq 2.12).
Esse é um ponto importante dessa relação e um dos temas mais recorrentes da mensagem de Miquéias. Deus não deseja que o seu povo o siga apenas por uma obediência indesejada, mas Ele quer ser amado por seu povo. Deus escolhe, portanto, uma mudança conduzida por uma governança pastoral.
As ações pastorais de transformação radical do coração de Israel começa pela correção de um erro fatal, a desunião do povo de Deus.
Certamente, te ajuntarei todo - pô-los-ei todos juntos - Essas expressões enfatizadas no verso 12 somadas a ideia de um único aprisco para as ovelhas, mostram que o pastoreio do Senhor sobre o seu povo passa por uma relação fraterna verdadeira entre os filhos do povo.
As duas nações, norte e sul, Israel e Judá, mostraram-se rebeldes contra Deus de muitas maneiras e uma das que mais entristeceu o coração do Senhor foi o fato de que eles, que foram criados para mostrar Deus ao mundo, cometeram o erro fatal de manterem uma relação de indiferença uns com os outros. Eles, que deveriam pela unidade, revelar a restauração de Deus sobre a humanidade, tinham manchado essa obra, ao se desunirem por egocentrismo.
Veja como o Senhor aprecia essa unidade, quando o profeta revela as intenções transformadoras do Senhor no capítulo 4:
Ele julgará entre muitos povos e corrigirá nações poderosas e longínquas; estes converterão as suas espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra outra, nem aprenderão mais a guerra. Mas assentar-se-á cada um debaixo de uma videira e debaixo da sua figueira, e não haverá quem os espante, porque a boca do Senhor dos Exércitos o disse. Porque todos os povos andam, cada um em nome do seu deus; mas, quanto a nós, andaremos em o nome do Senhor, nosso Deus, para todo sempre (Mq 4.3-5).
A nossa unidade como filhos de Deus é um sinal claro do pastoreio dele e da mudança radical do nosso amor último.
Desde o início da obra redentora, quando Adão e Eva mostraram que o pecado causara profunda quebra na comunhão, o Senhor se mostrou gracioso ao indicar a Adão e Eva que o caminho da restauração não era a separação, mas um ligação cada vez mais intensa entre ambos.
A história inicial do pecado está cheia de uma significativa ênfase: a falta de amor do homem pelo seu próximo. Caim matou Abel, Lameque se tornou assassino em série, Cam envergonhou seu pai Noé e na Torre de Babel o juízo de Deus separou as nações.
Não são poucos os textos bíblicos que indicam o propósito pastoral do Senhor de transformar radicalmente o nosso coração, tornando-nos um só Corpo em Cristo Jesus.
Nossa unidade é produto do governo de Deus e a melhor maneira de nos adequarmos a esse governo é lançando fora tudo o que está impedindo que isso seja pleno em nossa vida.
O Governo de Deus Mudará o Amor do Nosso Coração Por Meio de Um Andar Pastoreado
Visando a Potencialidade do Povo Escolhido
Naqueles dias, as duas nações do Senhor estavam intimidadas pelos seus poderosos inimigos. Viviam inseguros e procuravam, por esforços humanos, se proteger e se garantir.
Miquéias vem questionar o modelo de autoproteção propondo uma visão restauradora da confiança em Deus como o verdadeiro e garantido refúgio para os filhos de Deus.
A governança de Deus sobre o coração do seu povo produziria mudanças no seu senso de segurança pessoal. Essa é uma mudança radical, pois intenta transformar o nosso coração por meio da fé.
Em outras palavras, a confiança do povo de Deus em seu Senhor é que iria revelar o verdadeiro potencial daqueles que são filhos do Altíssimo.
Farão grande ruído, por causa da multidão dos homens - eles romperão, entrarão pela porta e sairão por ela - Essas expressões do final do verso 12 e 13 apontam para o grande potencial que se revelará no povo guiado e pastoreado segundo os valores do pacto de Deus.
Essas palavras de Miquéias foram aproveitadas por Jesus para falar de sua relação pessoal com o seu povo. João, o evangelista, registra isso no capítulo 10 do seu Evangelho. Evidentemente, as palavras de Jesus estão diretamente ligadas às palavras de Miquéias, basta uma lida rápida para notar essas profunda ligação.
Os falsos mestres do tempo de Miquéias, assim como os salteadores descritos por Jesus, não podem alcançar o verdadeiro potencial da Igreja. Esse verdadeiro potencial não é alcançado por uma aumento da confiança em nós mesmos, mas por uma aumento da nossa fé no Nosso Senhor e Rei, o Messias Jesus Cristo.
O verdadeiro potencial dos filhos de Deus não será alcançado nesse mundo sem que tenhamos uma mudança radical do depósito da nossa fé. Assim, os escritores bíblicos insistiram e nos convocar a viver por fé.
Os moradores das cidades de Israel e Judá nos dias de Miquéias viviam espantados com seus inimigos. Tinham medo de saírem de suas cidades e serem depois impedidos de entrar. Temiam serem atacados e, seus maus líderes, em lugar de se voltarem para Deus, continuaram seus planos malignos e tentaram, então, se proteger, fazendo alianças com homens ímpios. Deus condenava aquelas alianças espúrias, pois revelavam que eles não confiavam no Senhor.
Deus conduziria pastoralmente aquele povo para mudar a sua confiança, conduzindo-lhes a ter fé somente no Senhor. Isso aconteceria, anos mais tarde, quando eles voltassem do exílio. Pois, Deus os levaria para uma situação de aprendizado e eles, perceberiam que todos os caminhos dos homens são maus. O melhor é confiar no Senhor.
Habacuque, o profeta, clama por esse dia e chama o povo a viver por fé e a depositar no Senhor toda a sua confiança:
O Senhor me respondeu e disse: Escreve a visão, grava-a sobre tábuas, para que a possa ler até quem passa correndo. Porque a visão ainda está para cumprir-se no tempo determinado, mas se apressa para o fim e não falhará; se tardar espera-o, porque, certamente, virá, não tardará. Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé (Hb 2.2-4).
Um dos sinais de que a governança do Senhor está mudando radicalmente o nosso coração é a o aumento contínuo de nossa confiança no Senhor.
A nossa fé é que fará o ruído que abalará o coração dos nossos inimigos. Uma boa ilustração dessa força vital da fé é o que revelou a história de John Knox.
Diz-se que Mary, a rainha Inglaterra, havia declarado o seguinte: "Não tenho medo do exército de toda a Escócia; só temo a oração de John Knox"

O Governo de Deus Mudará o Amor do Nosso Coração Por Meio de Um Andar Pastoreado
Visando a Nossa Unidade Com Cristo
Você pode pensar em muitas maneiras de desenvolver sua fé e se tornar um homem de oração. Mas, uma coisa é primordial nessa busca: a comunhão verdadeira e intensa com Cristo Jesus.
Miquéias não propunha uma fé que se construía a partir do homem. A unidade do povo de Deus não seria baseada em uma simples decisão humana geopolítica. Toda essa transformação teria como fator primordial a promessa básica da aliança de Deus: sereis o meu povo e eu serei o seu Deus.
Deus nos guiará por meio de Jesus. Nosso Salvador é instrumento do pastoreio de Deus sobre a nossa vida. Devemos ouvir a sua voz e reconhecer o seu comando. Todo o nosso potencial, nossa fé e a nossa unidade, adquirirão verdadeiro valor em nosso temor e obediência ao Senhor.
Subirá adiante deles o que abre o caminho - e o seu Rei irá adiante deles, sim, o Senhor à sua frente - Você compreende a beleza e profundidade dessa promessa do Senhor?
Ser pastoreado não é só ser ensinado, adestrado para obedecer. Ser pastoreado por Deus é sofrer uma radical mudança no centro de nossa vida e receber um coração submisso e entregue ao Senhor.
Render-se a Deus, como quem assume claramente que o caminho que Ele mostra é o melhor. Miquéias vai além, pois diz que o Messias não somente indicará o caminho, mas irá à nossa frente.
Jesus Cristo andou e anda à nossa frente, pois como nosso Senhor, deu a vida para que pudéssemos olhar para sua Cruz e tê-la como uma referência. Esse é o grande e mais poderoso instrumento da Igreja: Cristo à frente de tudo.
Há muitos crentes que pensam o seguinte: caminhar com Deus é ir à frente fazendo as coisas e pedir a Deus que vá consertando tudo o que fizemos de errado. Não!
Caminhar com Deus é ser governado pelo seu andar. Ele deve ir à frente e para tal precisamos de uma intimidade clara que nos leva a reconhecer a sua voz e dar-lhe ouvidos, obedecendo sempre.
Essa é a mais radical mudança que devemos buscar: um coração pronto a obedecer o Senhor.   

Conclusão
Nesses dias, em que nos aproximamos dessa data tão importante conhecida como Natal de Cristo, entendo que o meditar em verdades como a do Governo de Cristo sobre a nossa vida é de grande importância para a construção pessoal de uma vida com o Senhor.
Você deve meditar sobre esses três aspectos abordados aqui: seu coração está inclinado à unidade que revela o amor de Deus? Você está pronto para revelar uma fé que vence o mundo? Você está disposto a seguir e ouvir a voz de Cristo para tudo na sua vida? 

Aplicação Para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Devemos crer na possibilidade de andarmos com Jesus. A nossa unidade, em particular, poderá ser um dos elementos mais significativos de todas as mudanças que ainda precisam ser operadas em nós.
Deus nos dá uma grande oportunidade de revelarmos mais força e isso não acontecerá a partir de meras estratégias humanas. Não se trata de um agir humano, mas de nossa sensibilidade de perceber que Deus está à frente e que ele é a nossa força.
Precisamos de cada crente entregue a essa visão. Que cada família abrace o compromisso de viver para Deus. Que chefe de família assuma a responsabilidade de criar os seus filhos nesse princípio e que cada casamento revele Deus como o seu Rei.
Vamos pedir a Deus que sejamos governados por Ele sempre. 


Oração
A Ti Senhor, rendemos o coração e clamamos que radicalmente o transforme para a sua glória! Amém!



Um comentário:

Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!