18 de maio de 2014

Marcos 16.14-15

“A Vitória Sobre a Incredulidade”

(Marcos 16.14-15)

Introdução

Temos de admitir que o Cristianismo é uma mensagem que só pode ser anunciada com convicção por aqueles que vencerem toda a incredulidade.
Pense no fato de que nós anunciamos ao mundo de que existe um Reino invisível, governado por Rei invisível que está assentado em um trono celestial, de onde controla todas as coisas pela Palavra do seu poder. Tudo isso afirmamos a partir do que foi dito por onze ou doze palestinos que decidiram continuar a missão desse Rei aqui na terra, dizendo a todos que ele ressuscitou e que foi assunto ao céu.
De fato, alguém só pode ser verdadeiramente cristão se tiver fé. Afinal, temos de mostrar ao mundo que o mundo que todos pensam existir apenas por si só, existe por causa e para a glória de Cristo Jesus, o Senhor. A falta de convicção da verdade de Cristo tem tornado a igreja cristã cada vez mais parecida com o mundo, cada vez mais inexpressível e também, cada vez mais, dispensável.
O mundo está carente de uma Igreja realmente “crente”, isto é, “cheia de fé”. Não se trata de uma igreja numerosa, grandiosa, poderosa economicamente ou politicamente influente. Evidentemente, estas coisas podem ser úteis, mas só serão de fato determinantes para a mudança do mundo se estiverem presentes em uma igreja que vive pela fé.
O que precisamos seriamente considerar neste texto é que Jesus Cristo venceu a iniquidade do coração dos discípulos propondo-lhes uma missão e da mesma forma, a vitória sobre a incredulidade e dureza do nosso coração, ainda nos dias de hoje, se revela quando o evangelho se torna mais que apenas uma mensagem que usamos para formatar a nossa religião, ele forma em nós uma nova maneira de viver.

Vencemos a Incredulidade Quando Superamos as Barreiras do Ouvir a Palavra
Temos visto em alguns sermões neste capítulo final de Marcos que a mensagem da ressurreição é apresentada por Marcos no contexto de uma forte incredulidade dos discípulos.
Primeiramente, o evangelista destaca que Maria Madalena e depois os discípulos do caminho de Emaús tiveram contato direto com o Cristo ressurreto e se tornaram mensageiros da boa nova, contudo, destaca Marcos, foram ouvidos com incredulidade por parte dos apóstolos.
Mas Jesus censura esta posição incrédula dos seus discípulos:
Finalmente, apareceu Jesus aos onze, quando estavam à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, porque não deram crédito aos que o tinham visto já ressuscitado.
Censurou-lhes (oneidissen) - Jesus confrontou com veemência a incredulidade dos discípulos e Marcos, assim como Lucas ao descrever a dificuldade dos caminhantes de Emaús, definiu esta postura como “dureza de coração”.
Dureza do Coração (esclerokardian) - era uma maneira conhecida dos judeus de se referir a uma postura antipática à Palavra de Deus. Em Jeremias 18, verso 12:
Mas eles dizem: Não há esperança, porque andaremos consoante os nossos projetos, e cada um fará segundo a dureza do seu coração maligno.  
Mas, o mesmo profeta, algumas vezes anunciou que uma mudança aconteceria no dia em que o Senhor mudasse o coração do seu povo. Fez isso anunciando um dia de paz e prosperidade quando disse:
Naquele tempo, chamarão a Jerusalém de Trono do SENHOR; nela se reunirão todas as nações em nome do SENHOR e já não andarão segundo a dureza do seu coração maligno.
A dureza do coração é uma postura refratária à Palavra de Deus que faz que ouçamos o que Deus diz, mas o mantenhamos longe de nós. Na verdade, ouvimos mas resistimos e não “pomos fé”, no que ouvimos.
Jesus censurou veementemente essa incapacidade de crer, que nasceu em um coração que não se deixou moldar pela mensagem.
Marcos diz que a mensagem que fora anunciada pelos que haviam visto Cristo ressurreto foi desconsiderada por eles. Na verdade, nós sabemos a história que os primeiros apóstolos precisaram ver Jesus para poder crer realmente que ele havia ressuscitado. Mas, essa infantilidade de sua fé fora censurada pelo mestre.
Estamos vencendo a incredulidade quando nos dispomos a ouvir a voz de Deus como mais atenção e temor no coração. Ouvindo-o com um coração quebrantado e guiado pela fé.
  
Vencemos a Incredulidade Quando Superamos  Barreiras Com Fé
Quando Jesus esteve com seus apóstolos e censurou-lhes a incredulidade acusando-lhes a dureza do coração, não estava se posicionando de uma maneira completamente negativa em relação a eles. Ele sabia que venceriam aquela incredulidade que os afastava de uma fé transformadora.
Aquela jornada de fé seria consumada quando eles também vencessem a barreira da pregação do Evangelho, por isso ele os envia para pregar a ressurreição a todos os lugares e todos os homens. A barreira que precisavam vencer agora era a mesma que eles haviam imposto aos que primeiramente lhes anunciaram, ou seja, eles agora seriam os portadores de uma mensagem difícil de se receber e só o fariam pela fé.
Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.
Duas palavras definem a intenção de Jesus: IDE e PREGAI. Elas são inseparáveis na medida em que a pregação que haveriam de realizar exigiria o esforço de IR. Afinal a pregação seria realizada em meio ao caminho de prosseguir na direção de todos os lugares: KOSMOS APANTHA.
O VERBO que Jesus usou para definir a pregação é KERISSO. Com isso, ele apontou para uma pregação que envolveria entendimento e também a adesão de fé. Eles não seriam meros repórteres de uma notícia, mas propagadores de um ensino, de uma mensagem de fé.
Essa mensagem que anunciamos nos transforma de maneira viva quando a pregamos. Pois a pregação não somente tem o poder de transformar os outros, ela muda a nós mesmos.
Vencemos a Incredulidade Quando Superamos  Barreiras Com Amor
A pregação é um ato de amor, pois o evangelho só tem um sentido real quando nos conduz a viver para o outro e para o resgate de sua vida.
A proposta de Jesus aos discípulos era um desafio para um grupo de judeus, afinal, eles deveria ir a todos os lugares e pregar a todas as pessoas. Realmente, veremos mais tarde que essa missão foi mesmo difícil a ponto de Pedro precisar ter uma visão de um lençol com animais imundos para aprender que os gentios, assim como os judeus, precisavam do Evangelho.
Kosmos apantha e passeh ktsei - estas são as duas expressões que definem uma postura totalmente diferente que deveria marcar a vida dos apóstolos. Eles deveriam vencer os limites geográficos, étnicos e tudo mais que fosse preciso e o fariam porque, enquanto pregavam haveriam de aprender a amar aqueles aos quais seriam enviados.
Isso apenas acontece quando somos movidos pela fé. Pois ela nos faz enxergar o outro e a sua necessidade, assim como a nossa funcionalidade na sua vida, como pregadores do evangelho.
Quando o foco da nossa visão de reino deixar de ser nossos interesses pessoais, até mesmo o nosso desejo de uma vida melhor com Deus e se concentrar na importância de sermos usados para abençoar outras pessoas, teremos vencido todas as barreiras da incredulidade.
O Evangelho é uma boa nova que só tem sentido quando é anunciado a outros. Se somos apenas recipientes da boa nova e ela nos interessa, mas não somos despertados a apresentá-la aos outros o próprio Evangelho que ouvimos ainda não ressuscitou o nosso coração.
Mas quando o Evangelho renova o nosso coração, logo percebemos que os outros também precisam dele e a urgência do Reino não tem nada a ver comigo, mas com o fato de que outros precisam de mim.

Conclusão
O que precisamos em nossos dias é de uma igreja compromissada com a fé e que esteja disposta a pagar o preço de morrer para si mesma e viver para a salvação de outras pessoas.
Precisamos parar de assistir a falência de nosso mundo e permanecermos inertes, como se nada pudéssemos fazer. A verdade é que a se realmente crermos em Cristo e na mensagem transformadora do Evangelho haveremos de ir aonde precisamos e a quem precisar de nós.
Olhe ao seu redor e veja se você realmente está vencendo a sua incredulidade. É verdade que você realmente crê em Cristo e na sua mensagem transformadora? Crê que ele realmente é a resposta que poderá mudar o mundo?
Então vá e também vença todas as barreiras pelo Evangelho.



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Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
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