11 de maio de 2014

Marcos 16.12-13

“A Ressurreição da Fé”

(Marcos 16.12-13)

 

Foco da Nossa Condição Decaída

Considerando a necessidade de que o crente viva de forma ressurreta, buscaremos neste texto alguns efeitos da vida ressurreta. Entendemos que Marcos escreve esta porção do Evangelho com o desejo de que seus leitores tenham a sua fé vivificada por causa da ressurreição de Cristo.

Introdução

O texto que temos diante de nós compõem esta última porção do evangelho, na qual, já dissemos anteriormente, noutra ocasião, Marcos destacou a “incredulidade” dos discípulos de Jesus, manifesta de forma tão clara nestes últimos versos do Evangelho.

Marcos faz uma referencia direta àqueles discípulos que, Lucas nos relata, caminhavam na direção de Emáus. Marcos, é breve neste relato, apenas dois versos para se referir a esta história. A razão desta brevidade talvez seja o seu desejo de enfatizar a incredulidade, principalmente dos onze discípulos  de Jesus. Então, teria como objetivo, o final do verso 13, como mais um dos argumentos desta sessão final.

Se entendemos assim. O verso 12, portanto, tem como objetivo principal apenas de discriminar a história, que já era conhecida do povo de Deus, ou seja apenas dizer: lembram-se daqueles dois discípulos do caminho? Pois é, eles não deram crédito a eles também.

Não obstante, vamos nos deter nestes versos procurando um pouco mais que apenas enfocar a incredulidade dos discípulos. Vamos pensar um pouco nos dois discípulos do caminho de Emaús e como a ressurreição os conduziu a uma maneira diferente de ver as coisas.

Você pode me dizer que o melhor texto para falar sobre estes dois discípulos é Lucas 24 e eu vou concordar. De fato, tudo o que iremos abordar aqui estará muito apoiado na história que Lucas nos ofereceu em detalhes. No entanto, pensando no propósito de Marcos de fortalecer a fé da Igreja nos seus dias e também em alguns aspectos destes dois versos, queremos ser conduzidos pelos detalhes específicos do modo de Marcos de se referir a esta história, pensando nas importantes implicações da ressurreição de Jesus sobre a nossa vida em particular.

Depois disto, manifestou-se em outra forma a dois deles que estavam de caminho para o campo. E, indo, eles o anunciaram aos demais, mas também a estes dois eles não deram crédito. 

A Igreja que primeiramente recebeu estes versos para por eles ser restaurada em sua fé, possivelmente foi a Igreja de Roma. Estamos aqui fazendo uma ligação vital entre Marcos e o próprio Apóstolo Pedro e o seu ministério Pastoral na capital do Império, Roma, cidade alcunhada por muitos pregadores daqueles dias de “Babilônia” (1Pe 5.13).
Isto nos faz ligar este Evangelho a outros documentos do Novo Testamento, como as Cartas de Pedro, mas também a Carta de Paulo à Igreja de Roma.
Em Romanos, Paulo faz menção a um modo de vida, que deveria ser o modelo assumido pelos cristãos. Ele diz que eles deveriam VIVER COMO RESSURRETOS (Romanos 6.12-13).
Portanto, não permitam que o pecado continue dominando os seus corpos mortais, fazendo que vocês obedeçam aos seus desejos.
Não ofereçam os membros do corpo de vocês ao pecado, como instrumentos de injustiça; antes ofereçam-se a Deus como quem voltou da morte para a vida; e ofereçam os membros do corpo de vocês a ele, como instrumentos de justiça.  
Paulo não conhecia aquela igreja, mas a essa igreja, dizia ele, o poder da ressurreição deve transformá-los a ponto de que vocês entreguem a si mesmos a Deus, como ressurretos. Ou seja, como resultado da ressurreição na sua vida.
Os dois discípulos do caminho de Emáus foram atingidos profundamente pela ressurreição. Mas, isso aconteceu algumas horas depois, quando o Cristo vivo e a sua Palavra lhes ardeu o coração.
E na sua vida, isso já aconteceu? Você já foi atingido pelo poder transformador da Palavra Viva do Cristo Vivo? Você já vive como um ressurreto?
Alguns sinais da ressurreição podem nos oferecer material para avaliarmos nossa própria vida. Neste momento, vamos ao nosso texto procurar os sinais da ressurreição nos dois discípulos do Caminho de Emaús.

O Discípulo Ressurreto Vive Por Fé
Há um detalhe nesta história de Jesus se encontrando com os discípulos de Emaús que me intriga bastante. Trata-se do fato de Jesus não chegar de cara e se apresentar, aliás ele nem sequer disse que era ele, trabalhou com a memória deles, no partir do pão. Mas, aparentemente, tão logo percebeu que iriam reconhecê-lo desapareceu.
Por que Jesus trabalhou assim? Por que não chegou logo de cara se apresentando a eles e quem sabe mostrando logo as marcas da crucificação, as mesmas que mostraria, mais tarde à Tomê? Por que não foi explícito e disse de uma vez: eis-me aqui?
E de fato parece que se tratava de um ato deliberado de Jesus. Não era só uma limitação dos dois discípulos peregrinos. O texto nos diz que ele apareceu a eles no caminho “em outra forma” - “en etéra morphê”.
Etéra morphê - indica uma forma distinta, não era outra “alelos” (semelhante) mas “etéra” (distinta). Não sei dizer, não adiante me perguntar, exatamente do que se trata essa distinta forma. Apenas me limito a dizer o seguinte: em algum grau, o Corpo Ressurreto de Jesus recebera novos atributos que o tornaram um tanto diferente daquele Jesus que andou com eles por três anos.
Maria Madalena conversou com ele e não o reconheceu, Tomé, mesmo em um diálogo com ele, desejou realmente tocar as marcas da crucificação. Em uma ocasião, não sei de que maneira, as portas estavam fechadas e ele se pôs no meio deles.
Enfim, era propósito de Jesus que os seus discípulos tivessem a sua incredulidade transformada não por “provas”, mas por “fé”.
O que eu vejo neste texto é que os discípulos de Emaús tiveram foram ressuscitados para viver por fé e não por certezas baseadas em provas. Um dos sinais de que somos verdadeiramente ressurretos em Cristo Jesus é que caminhamos por fé com a mesma intensidade que caminharíamos caso tivéssemos todas as respostas.
Quero repetir algo que já disse noutro momento: A fé que se estabelece apenas a partir de certezas, ou provas incontestáveis não o modelo que o Senhor projetou para que vivêssemos. Viver por fé não é ter todas as respostas, mas viver intensamente, confiando que Ele tem as respostas e isso deve nos bastar.
Espero que você entenda que isso revela muito mais sobre você. Se viver por fé é suficiente para que sua vida com Deus e sua relação com todas as coisas seja cheia de paz.

O Discípulo Ressurreto, Pela Fé, Vê a Urgência do Reino
Desde a Criação a Terra circunda o Sol em um traslado de “um ano”, e em torno de seu próprio eixo, ela dá um giro em 24 horas. A exceção do dia de Josué, tudo é assim, desde o começo dos tempos. No entanto, tudo parece andar mais rápido. O problema é que, cada vez mais, a vida humana assume um ritmo acelerado.
Principalmente em grandes cidades como São Paulo, o que temos é o caos da “falta de tempo” para fazermos tudo o que é preciso. E nós fazemos muitas coisas. Nas empresas, escolas, no dia a dia em enfim. Tudo parece ser reclamado pela ditadura da “URGÊNCIA”.
Quando falamos na urgência do Reino de Deus, não estamos nos referindo à ideia de pressa, mas a de prioridade. A urgência boa está bem atrelada à ideia de prioritário.
Aqueles dois homens estavam a caminho para o campo, para a vila de Emaús. Possivelmente, pensavam em voltar a dar atenção aos negócios da vida, da família. Mas, o encontro com o Jesus ressurreto mudou a sua ideia de prioridade. O texto nos diz que: estavam de caminho para o campo. E, indo, eles o anunciaram aos demais. Ou seja, eles mudaram a sua prioridade, mudaram o ritmo de sua vida. Eles vislumbraram a glória do Reino e ele se tornou prioridade para eles.
Lucas, que nos descreve de forma mais completa este episódio. Nos informa que eles chegaram à aldeia já noite. Tanto que convidaram o mestre a ficar com eles:
“Fica conosco, porque é tarde”. Mas, assim que reconheceram ser Jesus ressurreto que estivera com eles e o fizeram porque ele partira o pão, Lucas nos informa: “NA MESMA HORA, levantando-se voltaram para Jerusalém”. Marcos apenas nos diz que eles iam para o campo, mas depois foram para Jerusalém.
Sabe do que estamos falando aqui? Não é de fazer as coisas correndo, mas entender a necessidade de fazê-las o quanto antes. Às vezes, no que diz respeito à vida com Deus temos o hábito de deixar para depois, quem sabe para domingo que vem, mês que vem, ano que vem...
Um sinal de vida ressurreta é que nossa fé vê a urgência do Reino e toma decisões baseadas nessa visão não importante o preço que isso custe.
Sim, pode parecer pouco, mas não para homens que viajam por estradas escuras, inseguras. O pedido deles para que o companheiro do caminho ficasse era por conta de todos estes elementos. No entanto, quando decidem enfrentar todos os perigos da estrada escura e vencer o próprio cansaço, eles consideraram firmemente a URGÊNCIA DO REINO.

O Discípulo Ressurreto, Pela Fé, Vê a Urgencia do Reino Baseado Na Necessidade dos Outros
Em nosso mundo, em geral, corremos como desesperados para cuidar de nós, da nossa casa, nossos filhos, família. Enfim, NOSSOS INTERESSES. Esse é o padrão do mundo caído e muitas vezes também o nosso.
O que nos chama a atenção na atitude dos homens do caminho de Emaús é que eles voltaram para Jerusalém porque era necessário ressuscitar a fé dos demais.

Quando o foco da nossa visão de reino deixar de ser nossos interesses pessoais, até mesmo o nosso desejo de uma vida melhor com Deus e se concentrar na importância de sermos usados para abençoar outras pessoas, não somente teremos uma vida ressurreta, mas ela terá sentido verdadeiro.

O Evangelho não é uma boa nova “autosatisfazente” (perdoem-me o neologismo), mas o Evangelho é uma boa nova que só tem sentido quando é anunciado a outros. Se somos apenas recipientes da boa nova e ela nos interessa, mas não somos despertados a apresentá-la aos outros o próprio Evangelho que ouvimos ainda não ressuscitou o nosso coração.
Mas quando o Evangelho renova o nosso coração, logo percebemos que os outros também precisam dele e a urgência do Reino não tem nada a ver comigo, mas com o fato de que outros precisam de mim.
E, indo, eles o anunciaram aos demais, mas também a estes dois eles não deram crédito. 
Pouco importa sobre o que irão dizer do que estavam para contar. Talvez, eles mesmos tenham se perguntado sobre a possibilidade de não crerem no que disseram. Entretanto, ao pensar no fato de que tantos estavam incrédulos, eles consideraram ser a coisa certa a fazer: eles precisam saber o que sabemos.


Conclusão
Quando vivemos uma vida ressurreta, nossa fé comanda nossas ações, e o Reino se torna uma prioridade não egocentrada, mas referenciada em Cristo e no próximo.
Você é capaz de se perceber assim vivo para Deus? Você é capaz de considerar-se um ressurreto em Cristo Jesus?
Quando Marcos escreveu este evangelho e registrou estas coisas não escondeu de nós a fraqueza dos próprios apóstolos. Eles também não viveram os efeitos da ressurreição imediamente. Também eles precisaram da presença do Cristo Vivo e de sua Palavra Viva agindo para lhes vivificar.
Quando o apóstolo Paulo escreveu para os crentes de Roma, Pedro já havia morrido e possivelmente João Marcos já era um nome muito importante entre os irmãos. Este Evangelho lhes havia sido dado e mais uma vez ainda era necessário lhes dizer:
Portanto, não permitam que o pecado continue dominando os seus corpos mortais, fazendo que vocês obedeçam aos seus desejos. Não ofereçam os membros do corpo de vocês ao pecado, como instrumentos de injustiça; antes ofereçam-se a Deus como quem voltou da morte para a vida; e ofereçam os membros do corpo de vocês a ele, como instrumentos de justiça (Romanos 6.12-13). 
Notem o ponto a ser considerado: se não temos um viver ressurreto, corremos o risco de ter uma vida norteada pela morte. A morte que está tão presente no homem.
A ressurreição abriu a porta para a saída desta morte. Então, você deve buscar os sinais da ressurreição na sua vida.

Aplicação Para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa

Hoje, devo apenas me limitar a dizer que todos nós, em alguma medida temos bons sinais da vida de Cristo. Mas ainda temos muitos sinais da natureza morta do velho homem.
Minha querida igreja, não tenhamos medo de confessar a Cristo as sombras da morte em nossa vida. Não tenhamos medo de aceitar a Palavra Viva do Senhor, pois a sua presença gloriosa se dá através da Palavra dele.
Eu quero lhes convidar a pedir a Deus uma vida ressurreta. A clamar ao Senhor para que um derramar novo, da nova vida restaure o seu sua fé, sua prioridade para o reino e seu amor pelo próximo, pela salvação dos perdidos.
Nosso irmão José Ribeiro, outro dia testemunhou para mim sobre sua viagem e sobre o incidente no avião. Uma chacoalhada na sua fé, que o levou a glorificar a Cristo e a pregar o Evangelho, em meio a uma viagem de férias.
Eu gostaria que ele nos dissesse como foi e depois quero convidá-los para orar!

Oração

Pai amado, dá-nos que o viver de Cristo se torne marca viva do nosso viver. Buscamos aquilo que Paulo disse: Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.

Amém!



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