“O Governo de Cristo Garante o Sucesso da Missão da Igreja”
(Marcos 16.19-20)
Domingo da Ascensão - Maio de 2014
Introdução
“Meriam Yahia Ibrahim Ishag, de 27 anos, filha de um muçulmano e condenada a forca em meados de maio em virtude da lei islâmica vigente no Sudão desde 1983, que proíbe as conversões, sob pena de morte. A condenação à morte da jovem por um tribunal de Cartum no dia 15 de maio provocou uma onda de indignação e protestos. Segundo militantes de direitos humanos, a jovem, presa há 4 meses, permanecerá detida no presídio para mulheres de Ondurman, maior cidade do Sudão. Segundo o advogado da mulher, Mohaned Mustafa Elnour, ao Daily Mail, a jovem está pensando em dar o nome de Maya à filha e que seu nascimento foi uma boa notícia em meio ao caos vivido pela Ishag. "Demos três dias para abjurar de sua fé, mas você insistiu em não voltar ao Islã. Condeno-a à pena de morte na forca", declarou o juiz Abbas Mohamed al-Khalifa, dirigindo-se à mulher pelo sobrenome de seu pai, de confissão muçulmana. Antes do veredicto, um chefe religioso muçulmano tentou convencê-la a voltar ao Islã, mas a mulher disse ao juiz: "sou cristã e nunca cometi apostasia". Em uma conversa com seu marido durante uma visita rara à prisão, Meriam teria lhe falado ‘se querem me executar, então devem ir em frente, pois não vou mudar minha fé’." (disponível em 27 de maio de 2014 - http://noticias.terra.com.br/mundo/africa/sudanesa-condenada-a-morte-por-ser-crista-da-a-luz-na-prisao.html)
Deus espera que seu povo aprenda a viver por sua fé. Nos dias de Marcos, este era o problema enfrentado pela igreja. Muitos estavam abandonando a firmeza de sua fé por causa das circunstâncias difíceis que lhes cercavam.
Ao perder os seus bens por causa da perseguição dos romanos, ou dos judeus, ou por causa do fato de que seus vizinhos não os viam com bons olhos, ou ainda por não conseguirem boas vagas de serviço por serem cristãos, eram algumas das circunstâncias que faziam os cristãos pensarem sobre quais os motivos que tinham de continuar mantendo a fé.
Uma estrutura maligna do pecado está presente no mundo ainda hoje. JOão, o último dos apóstolos a diagnosticou como um domínio do maligno: “o mundo jaz no maligno”. Mas o mesmo João havia nos dito que a vitória que vence o mundo é a nossa FÉ.
Meus irmãos, fomos chamados para viver sob a égide de um reino celestial para o qual só podemos viver pela fé. Sem fé é impossível agradar a Deus. Marcos, o Evangelista, percebe que a Igreja precisava voltar o seu olhar para Cristo e discernir a pessoa e obra do seu Senhor. Ele começa o seu evangelho dizendo que se trata da boa nova de Jesus Cristo, o Filho de Deus.
No trecho final do Evangelho ele destaca para a sua igreja que os próprios apóstolos também tiveram dificuldade para crer, mas que, cientes de que Cristo era o Senhor dos Senhores e que tinha assentado no trono, preencheram seu coração de fé para seguir adiante.
O que podemos dizer sobre aqueles onze, depois doze apóstolos, é que eles simplesmente fizeram o que seria humanamente impossível: eles transformaram o mundo e conquistaram o Império Romano para Cristo.
Mas o que foi que os impulsionou, motivou e lhes concedeu graça para ter uma fé tão impressionantemente corajosa? Eles discerniram que viviam sob o governo de Cristo. l
A Certeza do Governo de Cristo
Impulsiona a Missão da Igreja
Os discípulos estavam temerosos, indecisos e sua fé estava abalada, até que Jesus se põe no meio deles e lhes censura a incredulidade. Em seguida, o próprio Jesus lhes envia ao mundo para pregar.
A ênfase dos versos finais estava na fé. Os sinais haveriam de acompanhar os que cressem:
Estes sinais hão de acompanhar os que creem... (Marcos 16.17).
O evangelho se encerra então com a apresentação rápida do processo da ascensão. Esta era a ideia do evangelista, que os seus leitores percebessem que a ascensão de Cristo determinava o momento em que Cristo assumia o governo de todas as coisas, o Reino de Cristo estava estabelecida e eles, apóstolos, haveriam de viver na terra como representantes de Cristo.
De fato, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à destra de Deus (Marcos 16.19).
Note que o evangelista apresenta este versículo como uma consequência dos versos anteriores: depois de lhes ter falado. O ponto a ser apresentado aqui é o seguinte: Cristo assentou-se à destra de Deus, depois que foi recebido no céu.
Pedro, em seu grande discurso no dia de Pentecostes disse o seguinte:
Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo (Atos 2.36).
Meus irmãos, uma das coisas mais importantes para que nos mantenhamos firmes em nossa fé é a percepção do governo de Cristo sobre todas as coisas. Vivemos em mundo que pensa numa estrutura de negação do governo de Deus. Não faltarão filosofias, mestres deste mundo e outros esquemas da mundanidade para negar e nos desviar de Cristo. O próprio modelo consumista de vida que vivemos, ou os modelos antropocêntricos quer capitalistas, quer marxistas, quer anarquistas, positivistas, cientificistas, todos eles tem a sua premissa que o mundo pertence aos homens e não a Deus.
Não há Deus, diz o insensato no seu coração (Salmo 53.1).
Para Marcos, a missão da Igreja é primeiramente impulsionada pela percepção do governo de Cristo. Somente o fato de Cristo estar no governo de tudo é que temos garantido o fato de que a igreja poderá seguir adiante na sua missão.
E eles, tendo partido, pregaram em toda parte (Marcos 16.20a).
O que nos dá a convicção de que vale a pena seguir adiante é que Cristo é Senhor dos Senhores, o Rei dos Reis. A grande necessidade de sua fé é uma percepção clara deste governo de Cristo sobre tudo.
O Governo de Cristo
Conserva a Palavra Pregada
Não foram poucas as oportunidades em que tentaram silenciar a Igreja. Desde os dias dos próprios apóstolos, passando pelas perseguições do Império Romano, a Idade Média e até nos dias da Idade Moderna, o que vemos no mundo de nossos dias é que existe uma tentativa cada vez mais intensa de se silenciar a Igreja de Cristo ou tornar a sua voz nula.
Facilmente podemos perceber essa orquestração contra a Palavra de Deus. Até mesmo em um país como o nosso, onde há liberdade para a pregação do Evangelho, podemos ver que a Palavra de Deus é muito bem vinda, desde que não tente interferir nos negócios deste mundo.
Você, se é um universitário ou até mesmo um estudante do fundamental dois, poderá perceber. A fé cristã é bem vinda desde que sua opinião não seja conflitante com o status quo dos pensadores de nossa época. Todas as experiências são válidas, todas as teorias são recebidas na academia, mas se o assunto for “pensamento cristão”, você é passa a ser taxado como alguém obtuso, intransigente etc.
A percepção do governo de Cristo sobre todas as coisas levou os apóstolos a não darem “bola” para o Império Romano ou as autoridades judaicas e suas imposições:
Expressamente vos ordenamos que não ensinásseis nesse nome; contudo, enchestes Jerusalém de vossa doutrina; e quereis lançar sobre nós o sangue deste homem. Então Pedro e os demais apóstolos afirmaram: ANTES, IMPORTA OBEDECER A DEUS DO QUE AOS HOMENS (Atos 5.28-29).
O fato da Igreja de Cristo permanecer até os dias de hoje e a Palavra, apesar de toda a perseguição e tentativas de silenciar a Igreja, é sinal da presença de Cristo na Igreja e do seu governo sobre todas as coisas.
Caros irmãos, pensem bem, especialmente vocês que vivem sob algum tipo de perseguição, ainda que velada contra a sua fé, a Palavra de Deus nunca morrerá neste mundo por que o Senhor Deus coopera com sua Palavra, por meio do seu poder.
Cooperando com eles o Senhor - O verbo grego é “sinergueo” ou seja, a pregação não é uma obra apenas humana, mas um concursus divino com o homem, uma cooperação de Deus. Jesus, o Senhor fala do céu, por meio da sua Igreja essa é uma tarefa divina. Por isso a pregação da Palavra sempre estará presente neste mundo, mesmo que tentem nos silenciar.
Por esta razão, importa que nos apeguemos com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. Se pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram [apóstolos]; dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres por distribuições do Espírito Santo, segundo a sua vontade (Hebreus 2.1-4).
Caro irmão, o Governo de Cristo sobre todas as coisas é o que garante a pregação do Evangelho e a permanência de sua palavra. Creia e se mantenha firme e se emprenhe em viver para o Reino Eterno, mesmo em meio ao mundo perdido e opositor.
O Governo de Cristo
Confirma a Palavra Pregada
Ao longo da história a Palavra tem sido mantida, mas mais que isso, ela tem se mostrado confiável e a verdade para os que creem. A nossa fé tem sido confirmada pela história de muitas maneiras.
Primeiramente, como já mencionamos, o fato de que a Palavra permanece apesar de todas as perseguições e oposição dos inimigos da fé, isso já mostra que Deus realmente está confirmando a verdade de sua Palavra.
Uma importante lição sobre isto aprendemos de um dos judeus mais piedosos e importantes que viveu nos dias dos apóstolos. Estamos falando do grande Gamaliel, um mestre de Israel dentre os mais respeitados. Em meio àquele episódio de Pedro e os apóstolos se negando a calar, as principais lideranças judaicas pretendiam matar os apóstolos e assim pensaram em silenciá-los de vez. Mas, Gamaliel lhes oferece o seguinte conselho:
Israelitas, atentai bem no que ides fazer a estes homens. Porque, antes destes dias, se levantou Teudas, insinuando ser ele alguma coisa, ao qual se agregaram cerca de quatrocentos homens; mas ele oi morto, e todos quantos lhe prestavam obediência se dispersaram e deram em nada. Depois desse, levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e levou muitos consigo; também este pereceu, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos. Agora, vos digo: daí de mão a estes homens, deixai-os; porque se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura achados lutando contra Deus. E concordaram com ele (Atos 5.35-39).
Estas palavras, depois de dois mil anos de história, quando leio me fazem tremer e temer. Deus seja louvado! A sua Palavra permanece e somos nós os portadores desta mensagem. Devemos nos fortalecer e continuar nosso trabalho.
Marcos disse aos seus leitores que deveriam ver o cumprimento da palavra de Cristo: Estes sinais acompanharão os creem. Por isso registra:
Confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam (Marcos 16.20c).
Em outra ocasião pregando nos versos 16 a 18, propus uma reflexão sobre estes sinais. E preciso refazer minhas observações aqui, ainda que mais brevemente.
Um dos erros da igreja quanto a este texto é que ela focaliza nos sinais. Então vemos alguns desvios doutrinários que fazem com que os sinais se tornem o objetivo de toda a tarefa da Igreja. Entendam os sinais como uma ferramenta para que o Evangelho permaneça e se espalhe pelo mundo. Essa é a ênfase deste texto, até o verso 20.
Dois tipos de sinais podem ser discernidos aqui. O primeiro tipo é aquele que permite que o Evangelho se espalhe: falar em outras línguas e a expulsão dos demônios. O outro tipo de sinais é para a preservação do povo de Deus e seus pregadores: pegar em serpentes, tomar veneno e a cura pela imposição das mãos.
Ao permitir que seus apóstolos pregassem em várias línguas o evangelho, o Senhor abriu as portas dos confins da terra para eles, e ao destruir o poder de Satanás de cegar as nações e enganar os povos, expulsando-o do seu poder sobre os povos, o Senhor permitiu que o Evangelho alcançasse grandemente os gentios.
Ele cuidou, tratou, e protegeu os seus apóstolos, que foram muitas vezes perseguidos e alvos de atentados, até que cumprissem a sua missão de pregar a Palavra e fazer outros discípulos.
Nas arenas romanas aprendemos na História da Igreja, muitos cristãos foram lançados. Perseguidos pelo Império, eram setenciados à morte, exatamente como Merian Ishag. Com isto, pensavam que iriam intimidar os demais. Mas a história prova que de cada grão de areia molhado pelo sangue dos cristãos parecia brotar outros tantos cristãos com uma fé inabalável.
A preservação da Igreja sempre foi um milagre de Deus, mesmo no Brasil, mesmo nos dias de hoje. As portas que se abriram para o Evangelho nos nossos dias ainda são sinais da confirmação da Palavra de Deus.
Conclusão
Meus amados irmãos, vamos olhar para o céu e ter uma certeza: Cristo governa todas as coisas e está conosco.
Quando vivermos momentos difíceis ou incertezas subirem ao nosso coração, acredito que podemos olhar para o céu e clamar ao Senhor que nos mostre mais uma vez sua presença.
Quando pregamos o verdadeiro evangelho devemos saber que Deus coopera conosco, trabalha conosco e não se trata de uma obra meramente humana, mas uma obra de Deus em meio aos homens.
Também devemos lembrar que a pregação e a prosperidade do Evangelho no mundo sempre será uma obra sobrenatural. Porque dos céus Cristo fala por meio de sua igreja.
Mantenhamo-nos firmes na fé. Não nos deixemos abalar. Nossa fé no Cristo Rei é a premissa mais importante de nossa vida aqui na terra, como igreja de Cristo.
Oração
Senhor, dá-nos força para seguir adiante na pregação de sua Palavra. Aumenta a nossa fé! Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!