14 de setembro de 2014

Jó 1. 1 a 5

Uma Igreja Que Honra a Deus e Vence o Maligno
Jó 1.1 a 5
(Aniversário da IP Vila Brasilândia - setembro de 2014)
Foco da Nossa Condição Decaída
Este texto nos conduz a refletir sobre a verdadeira piedade e os valores que dominam a vida de um homem temente a Deus. Nisso refletindo, buscamos uma mudança de rumo neste contexto de cristianismo cada vez mais materialista, consumista e egocentrado, conduzindo nossa afeição pelos valores que nos levam a conhecer a Deus e amá-lo sobre todas as coisas.
Introdução
Todos nós crentes devemos nos perguntar sobre o que realmente Deus espera da nossa vida, a qual nos concedeu pelo preço do Sangue de Cristo. Acredito que uma igreja como esta não é plantada na realidade desta cidade e deste bairro por acaso. Mas, devemos considerar com bastante seriedade que, muitas vezes, nós perdemos de vista que a Igreja existe para servir a Deus e começamos a agir como se Deus existisse para servir à Igreja.
Então, baseio esta mensagem em uma pergunta: o que Deus espera da Igreja Presbiteriana de Vila Brasilândia? Você deve encarar essa pergunta de duas formas. Primeiro, você deve pensar nisto como algo pessoal, ou seja, deve pensar que esta é uma pergunta que cada um de nós deve responder a partir de sua realidade como pessoa e filho de Deus. A segunda maneira de encarar essa pergunta é pensar nela como sendo uma necessidade a ser respondida pela igreja como uma coletividade. Pois, afinal, o Corpo de Cristo é o resultado da obra individual, que se fortalece na coletividade.
Mas, como um texto tão antigo como o de Jó pode nos falar, sendo que tantos séculos de cultura nos separam? O que posso afirmar, com segurança a todos vocês, é que este texto é vivo e eficaz e, como uma espada de dois gumes, ainda hoje é capaz de discernir os propósitos e pensamentos do nosso coração.
O Espírito Santo de Deus pode, novamente, dar vida a este texto e nos conduzir à uma profunda reflexão sobre o nosso papel como agentes de uma forma de pensamento que honra o Criador e conduz a criatura a viver segundo padrões mais elevados e reais.
O texto do capítulo um de Jó é construído a partir de uma premissa: que Deus olhava para Jó e o apresentava como sendo um representante ideal do tipo de homem que ele espera ter no seu Reino. Este homem é provado e, em sua grande provação ele honra a Deus e frustra a ação do maligno na sua vida.
Vamos tomar este texto como uma orientação para que aprendamos algumas lições úteis para que esta igreja, por meio de seus membros, honre a Deus e cumpra, de forma cabal, aquilo que Cristo previu na sua relação com o inferno: que suas portas não prevalecerão.    

UMA IGREJA QUE HONRA A DEUS E VENCE O MALIGNO DEVE ENCARAR COM SERIEDADE A SOCIEDADE CAÍDA QUE A CERCA
“Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal” (verso 1).
O livro é aberto apontando para Jó como um homem real, vivendo em meio aos outros homens da terra de Uz. O início deste verso apontam para o fato de que Jó não precisou sair de sua realidade ou se refugiar em um mosteiro, ou ainda viver a negação do mundo ao seu redor para ser temente a Deus. O verso diz que Jó era tudo o que era em meio à realidade de Uz, que ficava no coração da civilização caldeia, próximo ao Eufrates ao oriente da Arábia.
Uz dos Caldeus ou Ur dos Caldeus
Um pouco do que conhecemos desta região e de como ela se desenvolveu, sabemos que era um lugar de grande idolatria, berço de povos violentos, tanto que o próprio livro de Jó vai comentar sobre ladrões invadindo os pastos de Jó e lugar onde a rebeldia contra Deus era aberta em alguns casos (O berço de Babel). Mas, mesmo em meio a este contexto, encontramos um homem “reto, íntegro, temente a Deus e que se desviava do mal”.
A primeira lição que aprendemos a partir da vida deste homem temente a Deus é que a ideia de uma pessoa temente a Deus nada tem a ver com a ideia de escaparmos das relações com o mundo, ou a negação da realidade. Ao contrário, o verdadeiro temor a Deus se revela em meio à realidade de um mundo caído que nos cerca, quando somos capazes de manter nossa integridade, retidão, amor a Deus etc.
Nos seus dias, Jó conseguiu manter o foco de uma vida, vivida para Deus, tendo como o parâmetro fundamental o temor do Senhor, isto é, ele sabia que de todas as coisas daria conta ao Senhor e isso tudo aconteceu dentro de uma realidade adversa.  

UMA IGREJA QUE HONRA A DEUS E VENCE O MALIGNO DEVE VIVER DETERMINADA POR VALORES MAIS ELEVADOS
“Nasceram-lhe sete filhos e três filhas. Possuía sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; era também mui numeroso o pessoal ao seu serviço, de maneira que este homem era maior de todos os do Oriente” (versos 2 e 3).
Evidentemente, nós nos perguntamos para que uma pessoa precisa de três mil camelos? Talvez ele tivesse uma frota de taxis, ou fosse um operador de transporte público.
Brincadeiras à parte, na verdade, se notarmos, perceberemos que o texto é construído para nos mostrar o completo sucesso material de Jó. Sete mil ovelhas e três mil camelos - dez mil animais; quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentass - 1000 animais de carga, mais um múltiplo redondo de dez. A ideia destes números era apontar para coisas completas: ele era um homem completamente bem sucedido.
Naqueles dias no Oriente Próximo, o ideal de sucesso não era uma casa na praia, ou uma casa num condomínio de luxo, ou viajar todos os anos para a Europa, naqueles dias o homem bem sucedido tinha animais e muitos empregados. Tanto é que o texto nos informa que ele o maior de todos do Oriente.
Mas, como você pode perceber nos versos que se seguem a vida de Jó não era medida pelo sucesso material, mas por uma relação vital com Deus, isso é o que dava sentido a Jó.
Jó se movia por valores superiores. As questões que moviam Jó tinham a ver com valores eternos, como ele mesmo diz, quando ainda estava em meio à grande provação:
Pois eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra (Jó 19.25).
Quando olhamos o modo de pensar dos homens em nossos dias, até mesmo dentro da Igreja Evangélica brasileira, o que percebemos é que o sucesso material ou social é um dos mais elevados anseios da vida. Jó tinha tudo isso, mas era moldado por isso. Essa lição fica ainda mais clara quando lemos o texto que se segue, pois foi justamente esse o ponto que Satanás tentou apresentar a Deus essa dúvida:
“Então respondeu Satanás ao Senhor: Porventura Jó debalde teme a Deus? Acaso não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicaram na terra. Estende, porém, a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face” (Jó 1.9-11).
 Deus permite que Satanás toque em tudo quanto Jó possuía e tudo foi embora em questão de dias. Ele perdeu seus bens, perdeu seus filhos, perdeu tudo. Mas o texto resume a atitude de Jó dizendo:
Nu saí do ventre da minha mãe e nu voltarei: O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor! Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus alta alguma (Jó 1.20-21).
Todos nós precisamos trabalhar e ganhar a vida. Todos buscamos melhorar a nossa vida material e nossa condição social, e tudo isso é lícito. O ponto que desejo enfatizar é que a vida do homem temente a Deus não é medida por este tipo de sucesso, ela se conduz por valores superiores.

UMA IGREJA QUE HONRA A DEUS E VENCE O MALIGNO DEVE CONSIDERAR A NECESSIDADE ESPIRITUAL DOS OUTROS
“Seus filhos iam às casas uns dos outros e faziam banquetes, cada um por sua vez, e mandavam convidar as suas três irmãs a comerem e beberem com eles. Decorrido o turno de dias de seus banquetes, chamava Jó a seus filhos e os santificava; levantava-se de madrugada e oferecia holocausto segundo o número de todos eles, pois dizia: Talvez tenham pecado os meus filhos e blasfemado contra Deus em seu coração. Assim o fazia continuamente” (Jó 1.4-5).
A família de Jó é descrita como uma família unida, bem sucedida e extremamente feliz. Os filhos de Jó desfrutavam da riqueza familiar d e uma maneira que muitos gostaríamos de ver no relacionamento entre os irmãos em nossos dias.
Primeiro, todos eram bem sucedidos, não havendo nenhum irmão pobre, pois o texto diz que eles faziam um rodízio das festividades e todos ofereciam sua casa para abrigar os irmãos e seus famílias. Mesmo as irmãs são citadas como jamais abandonadas por eles.
Mas o temor de Jó se alargava em pensamento em favor de seus filhos. Ele não se contentava em dar aos seus tudo o que precisavam para viver bem neste mundo, o temor de Jó o impulsionava a pensar na relação de seus filhos com Deus. A vida de outras pessoas e o modo como vivam interessava a Jó, tanto quanto sua própria vida com Deus.
Jó santificava os seus filhos - isto é, conduzia, possivelmente pela instrução a refletir sobre sua vida com Deus.
Jó oferecia holocausto pelos seus filhos - ele servia à vida espiritual de sua família com um verdadeiro sacerdote, intercedendo pelos seus filhos. O texto diz que Jó se preocupava com os pecados de seus filhos e, por isso, se esforçava em vê-los no caminho do temor do Senhor.
Um homem temente a Deus não define sua vida apenas pela busca pessoal, ele não se contenta a ter a Deus só para si, mas deseja que todos o encontrem e o sirvam. A verdadeira piedade vai além do personalismo e se entrega a uma vida que pensa no próximo e no modo como servirá a Deus.

Conclusão
Podemos observar que uma vida temente a Deus se move por valores muito distintos daqueles que encontramos na maior parte do modo como os homens vivem. Entretanto, pudemos observar que é possível, mesmo em condições adversas, ser um  homem ou mulher temente a Deus.
Em nossos dias, precisamos de forma muito consciente lutar contra o estilo de vida pecaminoso do mundo consumista, cuja especialidade é buscar a felicidade nos bens materiais.
Quero insistir que não pregamos o discurso da pobreza como ideal de vida, mas insistimos em dizer que o que devemos fazer é, não deixar que a nossa satisfação em viver esteja atrelado apenas ao sucesso ou insucesso material. Pois, o que importa é que Deus nos aprove, sendo ricos ou pobres, socialmente bem estabelecidos ou não. O que importa é agradar a Deus.
Por fim, a partir deste texto, gostaria de enfatizar que a vida de um homem temente a Deus é realmente mostrada quando percebemos que a preocupação com outras pessoas assume real peso no modo como vive. Ele se importa com as pessoas, tanto quanto se importa consigo.
Jesus Cristo é o melhor exemplo de homem temente a Deus. Ele viver de forma santa, mesmo sob a tentação, ele não buscou a glória humana, mas cumprir a vontade de seu Pai e ele viveu em santidade, principalmente por minha causa e por tua causa.
É a favor deles que eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade (João 17.19).
Desejo encerrar lembrando aos irmãos algo muito importante sobre este livro de Jó e que deve nos fazer refletir em todos os sermões que iremos pregar neste livro este ano: mesmo um homem temente a Deus precisa aprender mais sobre Deus, pois o temor do Senhor é progressivo, à medida que o Senhor nos prova e nos mostra mais de si mesmo.


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