1 de fevereiro de 2015

Lucas 3.1 a 14


A Pregação do Arrependimento
Lucas 3 1 a 14

Introdução
Lucas compreendeu uma forte peculiaridade do ministério de João Batista: sua missão profética. Propositadamente, faz uma introdução à mensagem de João nos moldes daquelas feitas no Velho Testamento, quando as mensagens dos profetas são anunciadas.
No décimo-quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes, tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe, tetrarca da região da Ituréia e Traconides, e Lisânias, tetrarca de Abilene, sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto (Lc 3.1-2).
A importância desta introdução é que ela equipara o ministério de João ao dos profetas antigos do Velho Testamento. Lucas decidiu mostrar a importância de João como preparador do Caminho do Senhor e fortaleceu sua ligação ou continuidade do ministério dos profetas do Velho Testamento.
Em outras palavras, podemos dizer que Lucas está propondo uma mensagem central profética em seu livro. Pensando no fato de que ele escreve estes dois livros para Teófilo ter certeza das coisas que ouviu sobre a fé e como a Igreja era a continuadora desta mensagem, devemos considerar que Lucas está propondo em seu todo uma maneira viva pela qual a igreja deveria manifestar sua mensagem ao mundo. Neste caso, a mensagem da igreja seria a PREGAÇÃO DO ARREPENDIMENTO.
Nestes versos, veremos algumas características desta PREGAÇÃO DO ARREPENDIMENTO, a qual deve ainda hoje ser pregada profeticamente à nossa geração. Convido você a conhecer estas características e, conhecendo-as, incluí-las no modo como você vê o mundo e atua nele.


A Pregação  do Arrependimento é Uma Chamada à Santidade Como Um Novo Modo de Viver e Pensar
Um dos fatos marcantes sobre o ministério de João é que ele se manifestou à Israel como profeta do Altíssimo andando no deserto. As circunvizinhanças do Jordão, ou o deserto da Judéia, eram conhecidas pela aridez e as condições inóspitas desta terras.
João, cujo nome aponta para a presença da graça de Jehovah, estava presente no deserto e nada mais significativo para uma terra aflita e exausta, onde as pessoas mais se pareciam com ovelhas que não têm pastor.
Ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão, pregando batismo de arrependimento para remissão de pecados (Lc 3.3).
Não é sem propósito que Lucas indica neste versículo que o deserto era o lugar para Deus manifestar sua graça. No Velho Testamento, veremos muitos profetas anunciando o poder de Deus de trazer vida ao deserto.
O deserto e a terra se alegrarão, o ermo exultará e florescerá como o narciso. Florescerá abundantemente, jubilará de alegria e exultará; deu-se-lhes a glória do Libano, o esplendor do Carmelo e de Sarom; eles verão a glória do Senhor, o esplendor do nosso Deus  (Is 35.1-2).
O outro lado desta apresentação do ministério de João era o conteúdo de sua pregação: pregando o batismo de arrependimento para remissão de pecados.
Quando ouvimos a ideia de batismo, pensamos inicialmente no ato em si. Mas você deve perceber que Lucas não está destacando o ato em si, mas fazendo o batismo um conteúdo.
Na verdade, Lucas está aqui usando a palavra batismo pelo seu ato simbólico, ou seja, ele pregou a purificação por meio do arrependimento. Lucas está propondo que a PREGAÇÃO DE JOÃO BATISTA ERA UMA MISSÃO DE CONDUZIR PESSOAS A PENSAR DE MANEIRA DIFERENTE. O INÍCIO DE UM NOVO MODELO DE VIDA, BASEADO NA PUREZA.
Veja que as citações usadas do Velho Testamento que ele usou para fazer a ligação entre a pregação de João e a continuidade do ofício profético, todas apontam para a ideia de uma mudança de rumos:
Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Todo vale será aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros; os caminhos tortuosos serão retificados, e os escrabosos aplanados (Lc 3.4-5).
Arrependimento - a palavra bíblica usada por Lucas é “metanóia” ou “mudança de mente”. O batismo ou o processo de purificação para o qual a graça (João) nos chama é antes de tudo, um jeito novo de pensar e conceber a vida. O que precisamos anunciar aos homens não é que continuem pensando segundo o modelo deste mundo, mas que façam uma revisão e se proponham a mudar totalmente o coração. Paulo irá chamar isso de “RENOVAÇÃO DA NOSSA MENTE”.

A Pregação  do Arrependimento é Uma Chamada Para Abandonar a Segurança Vazia dos Valores Meramente Humanos
A graça de Deus (João) confronta os homens. Primeiramente, revelando nossa condição caída. Foi desta condição que João falou quando se dirigia às multidões falando delas como víboras.
Dizia ele, pois, às multidões que saíam para serem batizadas: raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? (Lc 3.7).
As pessoas estavam ouvindo a mensagem de João e buscavam o batismo, mas o que as motivava? Talvez, por terem a história dos profetas em sua mente, buscaram na mensagem de João um abrigo seguro, meramente por associarem sua mensagem ao modelo dos profetas, que lhe eram tão caros.
João destaca duas coisas que eles precisavam saber. Eles estavam no deserto e pareciam muito adaptados a este modelo de vida “sem graça”, por isso ele usa a figura das víboras, animais que viviam muito bem no deserto e se encontravam em casa.
O outro lado é que sobre eles estava por vir o juízo inevitável de Deus. O modo como ele se refere ao juízo é a certeza de que A IRA DE DEUS VIRÁ COM CERTEZA SOBRE ELES.
João ataca o grande pecado deles, que é a falsa segurança na sua história humana, como descendentes de Abraão e contrasta essa falsa confiança com a verdadeira mudança que deveriam apresentar.
Produzi, pois, frutos dignos do arrependimento e não comeceis a dizer entre vós mesmos:  Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão (Lc 3.8).
A falsa segurança na história antiga do chamado de Abraão, levava muitos a se sentirem seguros apenas em ser descendentes de Abraão. O ponto é que eles se asseguravam demais nesta herança. João, entretanto, despreza a confiança humana e exalta o poder transformador de Deus, mostrando que até pedras do deserto podem ser filhos de Abraão.
O ponto central é que a NOVA MENTE QUE SE ESPERA DO POVO DE DEUS não comporta uma mentalidade de confiança vazia nos valores humanos. Não confie na sua inteligência, no seu dinheiro, nos seus relacionamentos, não pense que a graça de Deus está atrelada às suas virtudes, ela se manifesta no deserto, por meio de uma nova maneira de pensar que faz de Deus a nossa única segurança.

A Pregação  do Arrependimento é Uma Chamada à Urgência da Mudança
Em geral falhamos muito no nosso relacionamento com Deus por deixar a nossa vida com Deus em último plano das nossas decisões. Estamos tão focados em resolver nossa vida no plano material e social.
João enfrentou as multidões confrontando estas urgências e valores que as guiavam. Ele introduziu este confronto em sua mensagem considerando o juízo urgente de Deus.
E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançado no fogo (Lc 3.9).
Era necessário que este batismo, ou esta purificação da maneira de pensar não seja o último item da sua lista de prioridades, mas pense na importância de se posicionar ainda agora.
João mostrava-lhes que seu desejo de mudança deveria afetar as áreas mais sensíveis para cada um: o que havemos de fazer?
Multidão: quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem, e quem tiver comida, faça o mesmo.
Publicanos: Não cobreis mais do que o estipulado.
Soldados: A ninguém maltrateis, não deis denúncia falsa e contentai-vos com o vosso soldo.
Nossas maiores urgências são as áreas mais sensíveis, em que os pecados mais nos causam laços. A pregação do arrependimento é uma mudança que que precisa ser urgentemente implementada na nossa vida.


Conclusão
Irmãos, Deus chamou a sua igreja para dar sequência à esse ministério de confronto profético. Deus nos convocou a sair pelo mundo anunciando a mudança da mente e das prioridades do homem, acusando o pecado e propondo uma mudança significativa.
Mas, como haveremos de anunciar essa mensagem e dar continuidade a este ministério se ele primeiramente não acontecer em nós. Muitos que seguem Jesus sequer perceberam ou iniciaram este processo de purificação e mudança de mentalidade.
Uma situação ilustrativa foi o primeiro sermão pregado por Pedro, quando o Espírito Santo desceu sobre a Igreja. Ele acusou o pecado daquela geração e convocou o povo a se arrepender. Os homens lhe perguntar: que faremos? Ele respondeu: arrependei-vos e crede.
A graça veio ao nosso deserto com esta mensagem de mudança e renovação da mente. Hoje, pode ser que o seu deserto está sendo desafiado e chamado à mudança, por uma proposta de inundação da graça. Liberte-se daquelas coisas que lhe afastam de Deus, que lhe impedem seguir o caminho da fé como a prioridade de sua via. Lembre-se: o machado está na raiz da árvore. E aquele que não der fruto será cortado e lançado no fogo.
Às vezes, crentes estão interessados em manter uma relação com Deus, mas não estão buscando que esta relação seja nos termos de Deus. Pensam em tomar decisões espirituais, mas elas estão na gaveta de espera, porque outras coisas estão se tornando mais importantes.
Um dos destaques da mensagem de João é que ele estava propondo a urgência como fator determinante, pois o tempo estava cumprido e o Reino de Deus era chegado, assim como o juízo.
Repense seus valores e prioridades, mas não somente repense. Coloque seus pecados diante de Deus e busque mudança imediata. Viva o modelo de arrependimento.



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Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
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