21 de março de 2015

Daniel 9.1-19 - QG2015 - Sinodal Leste - Mackenzie Cabuçu

“Sinais de Uma Liderança Lapidada Para Servir ao Povo de Deus”
Daniel 9.1-19

(mensagem proferida no encontro QG2015 - Treinamento de Liderança Jovem - promovida pela Sinodal Leste da UMP - Cabuçu - Março/2015)

Foco da Nossa Condição Decaída

O objeto desta mensagem é olhar para o texto e ver no modo como a liderança de Daniel o levou a servir o povo de Deus. Apoiado nos exemplos da liderança de Daniel, extraídos dessa oração de confissão, aplicaremos ao chamado para a liderança jovem para as diversas igrejas locais e regiões, principalmente buscando no comportamento de Daniel os sinais do amadurecimento de sua liderança diante do povo de Deus.

Introdução

A vida de Daniel tem sido constantemente utilizada como modelo de liderança jovem dentro do Corpo de Cristo. Com certeza, centenas ou milhares de mensagens sobre Daniel 1.9 já foram proferidas neste sentido ou ainda em outros textos significativos, como o acontecimento da cova dos leões ou a interpretação da escrita na parede.
Com certeza, a vida de Daniel é um exemplo maravilhoso de liderança corajosa e fiel, não há o que discutir. Mas o texto que escolheremos para olhar as qualidades da liderança de Daniel é o capítulo 9,no qual temos o registro de uma das mais magistrais orações de confissão de todo o texto bíblico.
A questão, meus jovens, que quero propor esta noite, não é que ouçamos mais uma mensagem e anotemos em nossas cadernetas alguma novidade sobre o texto que estamos lendo, ou uma lista de qualidades do grande profeta Daniel. Eu quero propor que vocês tem a verdadeira ambição de servir a Deus e dar a sua vida jovem para o Reino de uma maneira corajosa e fiel.
Vocês não farão bem esta obra e continuarão ou se tornarão em lideranças fracas, inconstantes, incapazes de vencer batalhas, se não estiverem dispostos a buscar em Deus mudanças significativas no modo de pensar.
Concordo que precisam de técnicas e outras expertises sobre como liderar. Concordo que vocês precisam de apoio e até de recursos. Mas nada disso substituirá um coração totalmente integre ao Senhor. Uma coisa tenho dizer de Daniel e ele o fez, foi corajoso e fiel o suficiente para viver em um mundo hostil e ser útil ao seu Deus na preservação da fé em Jehovah. Mas ele “decidiu firmemente” dar este rumo à sua vida e é o que eu espero poder dizer de alguns de vocês daqui já alguns anos. Então, se você não está disposto a oferecer a sua juventude ao Senhor, nem faça anotações, esta noite elas não servirão de nada. Mas, se você fizer qualquer anotação deste sermão, que cada palavra esteja inscrita no seu coração primeiro.

Contextualização
A profecia de Daniel pode ser dividida em duas partes. A primeira, com ênfase nos fatos históricos ocorridos na corte de Nabucodosor e seu neto Beltezasar, bem como nos dias de Dario. Na verdade, faz menção a Daniel vivendo no reinado de Ciro, mas não temos detalhes deste período. Este trecho vai do capítulo 1 ao capitulo 6.28.
Daniel continuou até o primeiro ano do rei Ciro (Daniel 1.21).
Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario e no Reinado de Ciro, o persa (Daniel 6.28).
Em geral, esta parte busca mostrar que Deus mantinha a vida de Daniel no meio das cortes pagãs e este jovem ajudou  estes governos, mantendo corajosamente sua fidelidade a Deus. Assim  foi que, pela providência de Deus, os reinos subiram e caíram, mas Daniel permaneceu firme. Assim foi que Daniel tomou o testemunho de Nabucodosor para reafirmar sua cosmovisão.
Quando porém o seu coração se elevou, e o seu espírito se tornou soberbo e arrogante, foi derribado do seu trono real, e passou dele a sua glória. Foi expulso dentre os filhos dos homens, o seu coração foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada foi com os jumentos monteses, deram-lhe a comer a erva como aos bois, e do orvalho do céu foi  molhado o seu corpo, até que conheceu que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens e a quem quer constitui sobre ele (Daniel 5.20-21).

A segunda parte do livro aponta para o mesmo Daniel, mas o ângulo de observação é outro. Daniel não é visto em sua relação com a sociedade, mas é visto numa relação de luta incrível com Deus, por causa das assustadoras visões que teve.

No primeiro ano de Belsazar, rei da Babilônia, teve Daniel um sonho e visões ante seus olhos, quando estava no seu leito; escreveu logo o sonho e relatou a suma de todas as coisas (Daniel 7.1).

Este livro dos sonhos e visões de Daniel, mesclam as reações pessoais do profeta e a sua vida em meio aos sonhos e visões que teve. Ficou sem comer, ficou aterrado com o que viu e de tudo pode ser dizer que, aquilo que Daniel já via acontecendo no seu dia a dia, quando percebia que Deus governava todas as coisas, acontecia também dentro da sua vida com Deus, onde sua fé era amadurecida, por meio do esclarecimento de sua mente para as coisas e propósitos de Deus. Estas visões deram a Daniel uma certeza: o povo de Deus será amado até o fim e será restaurado. Restaurar sua igreja e entregar-lhe um reino perfeito é o propósito de toda a história, isto deve nos mover a crer e viver para Deus.

Bem aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias. Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim, pois descansarás e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança (Daniel 12.12-13).

Assim, meus queridos, Daniel agia nesta vida com coragem e fidelidade diante dos seus desafios no dia a dia das corôas babilônicas, medos e persas, tanto quando alimentava sua fé e amadurecia diante de Deus para poder liderar o povo de Deus nesta jornada.

Nosso texto—Capítulo 9
Chegando ao capítulo 9, descobrimos, então, que ele está inserido nesta segunda parte. Parte em que Daniel consegue ver uma sucessão de reinos, cumprindo o propósito de Deus de preparar o seu povo para o seu retorno e para o reino eterno.

Trata-se de uma profunda reflexão de Daniel sobre um fato importante. Todas aquelas visões estavam apontando para o agir histórico de Deus na direção de cumprir o propósito de restaurar o seu povo, mas quando ele olhou ao seu redor, não viu nada disto acontecendo. O povo havia se inserido em uma cultura pagã e não dava sinais de mudanças. Neste ponto, Daniel assume uma liderança efetiva diante do povo de Deus e nos revela sinais do amadurecimento desta liderança. Tomemos os versos a partir daqui.


Quando as Escrituras Norteiam Sua Opinião Sobre as Coisas, Está Apresentando Sinais de Amadurecimento da Sua Liderança

Meus irmãos, evidentemente, os questionários de satisfação que estamos nos acostumando a fazer ou os relatórios de frequência que nos dão indicadores confiáveis de como o nosso povo está reagindo à nossa liderança podem ser instrumentos úteis, eu não descarto o uso cuidadoso destas ferramentas.
Mas estes instrumentos, conquanto muito úteis para algumas análises, não podem substituir as Escrituras como ferramenta primordial para moldar a nossa opinião sobre as coisas. Afinal, muitas vezes, algumas ferramentas podem nos dizer que estamos em um bom momento de liderança, afinal as pessoas estão animadas, falando bem de nossa liderança e são assíduas, contudo, isso não significa que Deus está cumprindo os seus propósitos na vida do seu povo, que pode estar dentro da igreja e longe de Deus.
Nos versos 1 a 3, o que temos é o profeta Daniel buscando os livros e estes livros o levaram ao alarme do coração e ao profundo quebrantamento do coração.
No primeiro ano de Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus, no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi, pelos livros, que o número de anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, que haviam de durar as assolações de Jerusalém era de setenta anos. Voltei o rosto ao Senhor, Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza (Daniel 9.1-3).
Meus irmãos, Daniel podia contar com um povo mais em paz. Eles haviam casado no exílio, muitos estavam trabalhando e outros tantos tinham liberdade. Tudo poderia parecer andar bem. Ele próprio era um exemplo de pessoa bem sucedida no exílio. Mas, a opinião de Daniel sobre a realidade espiritual do povo de Deus era conduzida pelas Escrituras.
Entendi, pelos livros (Benati Bsefarim)
No texto, mesmo sendo uma espécie de parênteses no período das visões, ele contextualiza historicamente sua posição. NO reinado de Dario. Ele está começando uma nova jornada, em um novo governo, sob novas ordens, mas está de olho no que os livros dizem.
A palavra “entendi” fala de uma mudança mental proveniente de uma análise que havia feito dos pergaminhos do profeta Jeremias. Daniel se dedicou a entender os seus dias a partir das Escrituras e foi tomado de um grande temor.
Setenta anos para acabarem as desolações de Jerusalém
Outros talvez festejassem, afinal o cativeiro está acabando, mas Daniel não. Mas por que não? Não seria melhor para todos poderem voltar. Primeiro, é que em se tratando de Deus, que elevou e derrubou governos, o fim do cativeiro é certo.
Daniel não podia se alegrar porque Daniel lia nos livros e percebia que o propósito purificador de Deus não estava se realizando e como seria voltar para sua terra sem que o verdadeiro cativeiro tivesse acabado.
As desolações de Jerusalém não se tratava apenas de viver longe do templo, mas se tratava de fatos mais profundos da vida com Deus. Este tipo de leitura só é possível fazer com o óculos das Escrituras.
Quando as Escrituras não controlam nossas opiniões, podemos ser levados por uma falsa percepção da realidade. Vamos nos concentrar na cereja do bolo, no revestimento de creme externo e podemos comer esterco, enfeitado de festa.
Quando somos guiados por outras ferramentas e as Escrituras estão guardadas em nossas gavetas, ficamos mais preocupados com o quórum da reunião de domingo e com o fato dos músicos não estarem ensaiando tanto, do que na falta de uma vida de oração e nas baladas que os nossos jovens marcam depois do louvor e do culto de domingo à noite.
Voltei o rosto ao Senhor para o buscar com oração e súplicas
Quando um homem, líder do povo de Deus, enxerga o lado sujo do pecado e como ele está destruindo a vida que Cristo deu ao seu povo, ele não corre primeiro para marcar uma reunião de liderança, ele busca refúgio em Deus.
Este tipo de sentimento só acontece quando a Escritura causa impacto em nosso coração. Enquanto ela não é a luz que mostra nossas imperfeições continuaremos a ter algumas esperanças de que iremos fazer alguma coisa certa. Mas eu garanto a vocês: sem as Escrituras você é um líder sem nenhum poder e não pode ser ferramenta para conduzir o povo de Deus a Deus. Você poderá fazer algumas coisas, não poderão conduzir ninguém a Deus e fracassará diante de Deus.
É impressionante o impacto das Escrituras no coração de líderes que se deixam conduzir por elas. Um exemplo maravilhoso deste poder é o que ela fez no coração de Lutero, mas vamos a um exemplo da própria Escritura:
Tendo o rei (jovem Josias) ouvido as palavras do Livro da Lei, rasgou as suas vestes (2Reis 22.11).

Meus jovens, vocês precisam entregar sua vida à Escritura e deixa-las ser o guia da sua liderança. Quando isto estiver acontecendo é sinal que Deus está trabalhando seu amadurecimento.
Mas, se você ainda insiste em liderar apenas pela sua simples opinião. Você não será tão bem sucedido e poderá ser mais um tropeço que uma alavanca de crescimento espiritual. Isto serve para vocês que estão apenas começando e para os que já estão na jornada. A palavra deve nos guiar.

Quando Você Resolve Tratar o Pecado Como o Grande Problema a Ser Enfrentado Está Apresentando Sinais de Amadurecimento da Sua Liderança

Vamos encarar a porção mais extensa do texto que escolhemos e nosso tempo não permitirá muitos detalhamentos expositivos do texto. Então, vamos tomar alguns aspectos desta segunda porção do texto e trata-los em vários dos seus versos. Estou falando dos versos 4 a 16.

As Escrituras Como o Parâmetro da Confissão
Ao longo de todo este texto, veremos o quanto as Escrituras estão conduzindo a leitura que Daniel está fazendo da realidade do seu povo. Primeiramente, o verso 4 já dá o tom desta oração, baseada nas Escrituras e ele parte do mandamento do Senhor para a realidade do povo.
Orei ao Senhor, meu Deus, confessei e disse: Ah! Senhor! Deus grande e temível, que guardas a aliança e a misericórdia para com todos os que te amam e guardam os teus mandamentos (Daniel 9.4).
Os dizeres dos versos acima, apontam principalmente para o segundo mandamento que proíbe diretamente a idolatria, pecado tão comum nos dias de Daniel e pecado que havia levado o povo ao exílio. A presença das Escrituras está em todo este trecho, conduzindo a oração, as reflexões e a confissão de Daniel.
No verso cindo ele afirma:
Apartando-nos dos teus mandamentos.
No verso 10:
não obedecemos à voz do Senhor, nosso Deus, para andarmos nas suas leis que nos deu por intermédio de seus servos os profetas.  
Verso 11:
Sim, todo Israel transgrediu a tua lei, desviando-se, para não obedecer à tua lei...
Verso 13:
Como está escrito na lei de Moisés, todo este mal nos sobreveio

O objetivo das Escrituras não é apenas de nos acusar o pecado, ela tem o poder de nos limpar, porque ao nos conduzir à realidade de nossos próprios pecados estamos nos preparando para a restauração.
Tratar de forma realista o pecado e vê-lo como nosso principal problema é um grande passo de liderança. Quando você viver em um momento difícil de liderança, não estamos dizendo para você se tornar o caçador de bruxas e bruxos pecadores, mas é necessário que você dobre os seus joelhos e busque o discernimento da Palavra de Deus para realmente considerar que pecados estão travando a caminhada.

A inclusão da liderança no problema
Um segundo aspecto deste trecho é que Daniel jamais se omite ou omite a liderança, apontando o erro apenas para os outros. Este tipo de liderança que apenas aponta os defeitos dos outros é uma liderança infantil.
Meus queridos, eu sou pastor e quando minha igreja manifesta o lado sujo do pecado eu não me poupo. Faço o possível para oferecer sermões bíblicos, ministrar aulas bíblicas e não poupo palavras, mas se o povo de Deus está caminhando em pecado, diante dos meus olhos, eu não posso me omitir. Daniel também entendia assim e você pode ver claramente no modo como ele constrói essa confissão, incluindo a primeira pessoa e toda a liderança do povo.
Verso 5:
Temos pecado e cometido iniquidades, procedemos perversamente e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos
A dureza do coração para ouvir a voz do Senhor foi o pecado primordial de toda a liderança do povo de Israel:
Não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu nome falaram aos nossos reis, nossos príncipes e nossos pais, como também, a todo o povo da terra (Daniel 9.6).
Outros versos trabalham com este conceito. Daniel não se omitiu. Afinal, se o seu povo não estava apresentando as mudanças que deveria ter apresentado para poder voltar à sua terra, cumprindo todo o propósito de Deus, quem tinha errado: todos, inclusive ele. Era assim que compreendia e por isto estava tão alarmado com a leitura do livro de Jeremias.
Uma liderança madura trata a causa primordial do problema com maturidade e não apenas os efeitos. Um sinal de liderança é o crescimento do nosso senso para o que é certo e errado, segundo o crivo das Escrituras. Uma liderança madura não se omite e não pensa no pecado do povo sem se incluir neste fracasso.
O fracasso espiritual dos nossos liderados pode até não nos condenar pessoalmente, mas condenam a nossa liderança. Você pode até não pensar assim, mas deveria. Afinal, do que é que as Escrituras estão falando quando diz o seguinte:
Velam por vossa alma, como se tivessem de dar contas a Deus (Hb 13.17).
meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós  (Gálatas 4.19).

“Torrentes de água nascem dos meus olhos, porque os homens não guardam a tua Lei”.
 (Salmo 119.136)

Quando Você Consegue se Manter Otimista em Deus Mesmo Que as Coisas Pareçam Caminhar na Direção Contrária Está Apresentando Sinais de Amadurecimento da Sua Liderança

Infelizmente, não é incomum que jovens líderes fiquem decepcionados e desistam de sua liderança. Com o passar dos anos e a constância da luta contra os problemas inerentes da pecaminosidade do pecado do povo de Deus, temos sim, uma forte tendência a achar que não há muita solução para os problemas que encontramos na igreja.
Um bom exemplo de  liderança que lidou com estes fracassos de forma espiritual é Moisés. Aquele povo recebeu um grave castigo pela sua murmuração constante e por seu gosto por viver debaixo da influência do cativeiro Egípcio. De fato, Moisés não escapou de ter seus momentos ruins, como quando ele feriu a rocha. Mas foi ele próprio que se colocou diante de Deus numa certeza incomum de que Deus amava o seu povo e haveria de cumprir aquela promessa de o por em uma terra melhor.
Tornou Moisés ao Senhor e disse: Ora, o povo cometeu grande pecado, fazendo para si um deus de ouro. Agora, pois, perdoa-lhe o pecado, ou, se não, risca-me, peço-te, do livro que escreveste. Então, disse o Senhor a Moisés: Riscarei do meu  livro todo aquele que pecar contra mim. Vai,  pois, agora, e conduze o povo para onde eu te disse; eis que o meu Anjo irá adiante de ti; porém, no dia da minha visitação, vingarei, neles, o seu  pacado (Êxodo 32.31-34).
Apesar da verificação do grande fracasso do povo de Deus e de incluir toda a liderança no problema, DAniel não se tornou um líder desesperançoso. Ao contrário, ele olhou para Deus como um Deus de misericórdia.
Ao longo da oração podemos perceber essa visão otimista de Daniel. Ele sabia que Deus era misericordioso e perdoador. Por isso, foi que decidiu buscar a Deus, por isso é que se inclinou a rogar em favor do povo. Porque a solução do povo estava nAquele a quem eles haviam ofendido, estava em Deus e na sua misericórdia.
Deus grande e temível, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos (Daniel 9.4).
O outro lado da confissão e de toda a realidade do pecado que trouxe grande tristeza e temor ao coração de Daniel era o Deus misericordioso a quem ele servia. Seguindo o que o próprio Jeremias escreveu em suas lamentações, Daniel entendia que as misericórdias de Deus haveriam de se renovar e, de fato, as promessas de restauração haveriam de se realizar como Deus disse.
Mas, Daniel entendeu que o coração do povo de Deus precisava de uma mudança e não se desesperou, passou a considerar que Deus era capaz de realizar essa grande obra, por isso, o final de sua petição se volta para este poder restaurador de Deus. Nos versos 17 a 19, temos a porção final da oração e vamos tomar alguns aspectos destes versos para nossa consideração aqui.
Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo e as suas súplicas e sobre o teu santuário assolado faze resplandecer o teu rosto, por amor do Senhor (Daniel 9.17).
Deus Nosso - sobre o santuário assolado
Daniel trabalha com uma certeza de ela não abre mão: Deus é o nosso Deus. Essa certeza, lhe dá liberdade para suplicar, para orar, para busca-lo e derramar-se diante dele em sinceridade de confissão. Ele não precisa esconder nada, ele não precisa criar uma personagem. Ele pode ser Daniel, o pecador, que vive no meio de um povo pecador e Deus é o seu Deus, isso lhe garante segurança nessa aproximação, que fica ainda mais evidente no uso da palavra santuário assolado.
Embora o povo estivesse em pecado, ele era uma congregação de pessoas que Deus havia separado para ele. Estava se referindo ao povo de forma positiva, mesmo que não esconda o seu estado espiritual.
Daniel, apesar da condição do povo de Deus consegue olhar para este povo, pelos olhos de Deus e vê ali uma possibilidade de restauração e só Deus podendo fazer esta obra.
Faze resplandecer o rosto.
Numa clara menção à bênção sacerdotal, oferecida por Deus a Arão, quando disse que haveria de por sua santidade e o seu nome sobre o seu povo. Daniel está caminhando em sua oração, pensando segundo os próprios objetivos de Deus.
Essa identidade de Deus com seu povo, o qual foi formado para resplandecer o rosto e o nome do seu Pai ao mundo, é que ele pede a Deus que, mesmo considerando a iniquidade, não se esqueça de que este é o povo, que ele quer usar.
Inclina, ó Deus meu, os ouvidos e ouve, abre os olhos para a nossa desolação e para a cidade que é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias (Daniel 9.18).
Cidade que é chamada pelo teu nome
Meus caros, precisamos desta maturidade para nossa liderança e desenvolver um trabalho persistente, mesmo em meio às condições mais difíceis. Precisamos continuar percebendo a vontade e o amor de Deus por seu povo, não importa o tamanho da desolação, Deus pode mudar a sorte do seu povo e pode mudar o seu coração.
Daniel está pedindo a Deus que mude o coração do seu povo e ponha o seu rosto sobre este povo que precisa olhar para a luz e precisa de luz sobre si mesmo.
A misericórdia
O pedido de Daniel não é fiado no fato de que o povo seja capaz de fazer algo por si, mas Deus é todo poderoso e sua misericórdia não tem fim, nem limite. Ele pode agir e se quiser agirá.
Porque este povo que está sob os cuidados do grande profeta, do qual ele viu a iniquidade e se alarmou é o povo de Deus. Por isso, Daniel não desiste e não perde o otimismo, mesmo quando tudo parece tão confuso, perdido e urgente.
Ò Senhor, ouve, ó Senhor, perdoa, ó Senhor, atende-nos e age, não te retardes por amor de ti mesmo. Ó Deus meu, porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome (Daniel 9.19).
DAniel reafirma sua principal premissa: Deus é o dono da Igreja e, em Cristo se tornou o seu  Cabeça. Assim, Cristo irá trabalhar, para que a igreja se mova na direção certa. Liderança madura é uma liderança que trabalha com essa premissa para vencer toda dificuldade.
Desistir é o mesmo que duvidar do poder de Cristo de continuar operando tudo o que é necessário para fazer a obra de preparar a igreja para o tempo do fim.
Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus (Filipenses 1.6).
Esse otimismo não pode nos levar a negligenciar o cuidado com a correção do pecado, com o reconhecimento da necessidade de irmos aos pés do Senhor em oração e súplica. Mas, ao mesmo tempo, não  podemos ceder ao pessimismo, ao catastrofismo que nos leva a acusar o pecado dos demais como razão para desistência pessoal.
Elias foi tentado nesse mister. Ele havia desistido de tudo e pediu inclusive a própria morte. Entretanto, Deus agiu para que o seu profeta se levantasse e voltasse à atividade porque ele está sempre agindo na história para purificar e fortalecer o seu povo.


Conclusão

Gostaria muito de poder seguir com vocês nestes belíssimos textos de Daniel. Não terei mais contato com a maior parte de vocês e não poderemos nos falar tão diretamente, se Deus não nos der ocasião. Mas, vocês têm a Palavra de Deus. Permitam-se guiar por ela.
Deixem que sua liderança seja completamente guiada pela Palavra e quanto mais vocês amadurecerem no conhecimento da Palavra, melhores líderes serão. Separem tempo para estudar e buscar recursos para crescerem no conhecimento da Palavra.
Não se permitam manter desculpas e ou olhar os problemas apenas superficialmente. Cuidem do rebanho de Deus com seriedade, pensando que Deus lhes cobrará sua liderança. Você não poderão tomar esse talento enterrar ou fazer mal negócio com ele e se você não tem coragem e fidelidade suficientes para esta tarefa, das duas uma: ou vocês deixam os verdadeiros líderes assumirem esse papel ou vocês se refugiem em Deus e confessem o seu próprio pecado.
Aprendam a chorar pelo pecado daqueles que estão sob os seus cuidados. Não sejam omissos, não sejam como Adão que culpou Eva, mas levantem-se e lancem suas culpas aos pés do Senhor.
Sobretudo, meus jovens líderes, pensem em Cristo e olhem para Cruz. Ele e sua Cruz são as garantias de nossa liderança. A Cruz é o começo de uma obra que caminhará para o seu final. Naquele dia final, quando toda a igreja for recebida na glória e todos os obstáculos tiverem sido vencidos, o próprio Senhor irá se voltar para você  e dirá: servo bom e fiel, foste fiel no pouco sobre o muito te colocarei.


Bem aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco anos. Tu, porém, segue o teu caminho, até ao fim; pois descansarás e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança (Daniel 12.12-13).


Oração
Senhor, trabalhe os corações destes jovens líderes de tua igreja e ajude-os a ter coragem e fidelidade suficientes para que seu coração seja firme e eles desfrutem da alegria de te servir, mesmo quando estiverem prontos para chorar pelos seus pecados e do seu povo. Levante-os neste momento para terem a tua Palavra no coração e que ela produza frutos no coração deles!

Em Cristo, Amém!



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