10 de maio de 2015

Lucas 24.50 a 53

A Vida Ressurreta da Igreja Adoradora
(Lucas 24. 50 a 53)

Introdução
A leitura deste trecho final do Evangelho de Lucas me faz pensar no capitulo 2, versos 42 a 47 de Atos dos apóstolos, onde o mesmo Lucas nos informa que a igreja de Cristo louvava a Deus diariamente e isto concorria para que caísse na simpatia de todo o povo, enquanto o Senhor lhes acrescentava dia a dia muitas novas pessoas, transformadas pela mensagem do Reino.
Para mim não é uma mera coincidência que o Evangelho de Lucas inicie seu relato olhando para o templo e a gloriosa mensagem da vinda do Messias, incluindo tantos cânticos de adoração como o canto de Maria, de Zacarias, dos anjos anunciadores, de Simeão e se encerre com a Igreja louvando a Deus no templo.
Levando-se em consideração que Lucas escreveu o seu Evangelho,  assim como livro de Atos, com o propósito de fortalecer e propor ânimo à igreja de seu tempo, em todos os lugares onde Cristo se tornara conhecido por meio daqueles que enfrentaram a morte para poder dizer a todos que Jesus Cristo é Rei. Penso que mostrar a igreja como comunidade adoradora foi uma maneira sábia de mostrar o que realmente é estar à serviço dAquele que deu a vida por nós e ressuscitou para se tornar Senhor de tudo o que há.
Ler estas passagens e meditar sobre elas, nos ensinará que uma igreja adoradora não é meramente uma especialista em música gospel ou em hinos sacros. Não se trata de qual a música que cantavam, ou quais instrumentos eram usados. Na verdade, estas coisas se quer são mencionadas nas páginas do Evangelho. Mas, quando olhamos para o ímpeto de adoração daqueles irmãos, que não obstante terem se tornado “personae non gratae” para o Império Romano, tanto quanto no mundo judaico; quando percebemos sua disposição em servir e louvar a Deus, mesmo, em muitos casos, tendo perdido tudo. Aprendemos que uma Igreja Adoradora é uma igreja que realmente descobriu qual é a sua missão neste mundo e compreendeu a glória que está proposta a todos os que amam a vinda do Senhor Jesus Cristo.
Essa igreja estava viva, estava ressurreta diante de Cristo. Ela havia entendido o significado da ressurreição e agora poderia passar por todas as coisas e não perderia a graça da alegria de servir aquele que a havia chamado para a sua luz.
Neste pequeno texto, no final do Evangelho de Lucas, buscaremos identificar alguns elementos que forjaram a vida ressurreta desta igreja adoradora que mudou o mundo de sua época e até hoje nos influencia.

A Igreja é Viva e Adoradora Quando Compreende a Presença Real e Sacerdotal de Cristo
Tenho insistido com os irmãos que percebam que este capitulo 24 de Lucas foi dedicado a nos mostrar como Cristo venceu a incredulidade dos apóstolos em relação à grande notícia da ressurreição.
Você perceberá nos relatos iniciais que eles estiveram muito tristes com a morte de Jesus e o medo tomou conta dos seus corações, levando-os a duvidarem e a abandonarem o seu chamado para servir a Cristo.
Quando o Cristo Ressurreto se apresenta a eles e lhes mostra as mãos e os pés está procurando vencer este obstáculo. Cristo faz isto com tanta insistência porque sabia que não poderiam cumprir o seu chamado e não seriam verdadeiras testemunhas de seu Reino Glorioso senão possuíssem uma visão clara da realidade e concretude de sua ressurreição.
Neste versos, o que vemos é um quadro maravilhoso. Nele temos Cristo e seus discípulos na região de Betânia, possivelmente em um dos platores do Monte das Oliveiras. A última imagem que os discípulos teriam do seu Salvador seria a de suas mãos estendidas sobre eles, acompanhada de sua bênção.
Então, os levou para Betânia e, erguendo as mãos, os abençoou (Lucas 24.50).
Erguendo as mãos os abençoou - o gestual sacerdotal, acompanhado da bênção de Cristo, ficou marcado no coração dos seus discípulos, sua mente logo se aperceberia de que Cristo estava os comissionando e estabelecendo uma ligação forte entre ele no céu e sua igreja na terra. Afinal, não somente o viam como o Senhor, mas como o seu Sacerdote, que estaria intercedendo por eles, fazendo a mediação perfeita com o Pai.
Não sabemos qual foi a bênção proferida sobre os discípulos. Pode ter sido a mesma proferida por Arão: “Que o Senhor te Abençoe e te guarde, que o Senhor levante o rosto sobre e te dê a paz”, pode ter sido as palavras de envio: “toda autoridade me foi dada no céu e na terra ide, portanto, e fazei discípulos sobre todas as nações, batizando-os em nome do pai, do filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado e eis que estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos”
Meus irmãos, o que precisamos depreender deste verso é que aqueles homens e mulheres da igreja iniciante se tornaram verdadeiros adoradores, porque compreendiam que Cristo estava presente com eles, como seu real sacerdote. Eles sabiam que teriam nele tudo o que precisassem e, por isso, não era necessário mais nada. Eles poderiam repetir o Salmo 23 com o coração mais puro: O Senhor é o meu pastor e nada me faltará.
Aconteceu que, enquanto os abençoava, ia-se retirando deles, sendo elevado para o céu (Lucas 24.51).
Curiosamente, ao contrário do início do capítulo, quando vemos que a perda de Jesus lhes havia causado tristeza, como os nos informam os dois do caminho de Emaús. Agora, Cristo não estaria mais a vista deles, mas eles sabiam que não o haviam perdido, pelo contrário, eles passaram a perceber a realidade da ressurreição e a sua presença abençoadora de forma mais intensa.
O fato de Jesus não estar mais presente fisicamente com sua igreja não iria mais interferir na sua fé. Ao contrário, eles compreenderam que a realidade do governo de Cristo sobre sua igreja tornara-se ainda mais poderosa, afinal todo o poder lhe havia sido dado no céu e na terra. Por isso, para Lucas, era de grande importância citar que ele saíra dali para chegar ao céu. O que significava dizer: à destra de Deus, como ficaria ainda mais claro  em Atos, capitulo 2, no discurso de Pedro.
Precisamos desta nova percepção de Cristo. Uma igreja que assim percebe a Cristo estará viva, ressurreta e facilmente será uma comunidade adoradora, capaz de viver com alegria sempre, mesmo em meio às lutas. Alegrai-vos sempre no Senhor! Outra vez digo: alegrai-vos!

A Igreja é Viva e Adoradora Quando Vive Sob as Ordens do Rei da Glória
Não sei se isto aconteceu com você, mas vou lhes confessar que houve um tempo em que os documentos de um dos carros que tínhamos estava em atraso. Bem, quando isto acontece com você a chance de ser parado em um bloqueio é um estresse emocional muito grande. Naqueles tempos, quando estava passando por certos pontos de frequente blitz policial e estava trânsito, meu coração gelava. Eu sabia que estava errado e se passasse por um policial, a gente fica com a impressão de que está escrito na nossa testa, em letras maiúsculas: FORA DA LEI!
Ao subir aos céus, Jesus lhes deu uma ordem. Lucas registrou isto em Atos 1.8, mas incluiu-a no seu Evangelho nos versos 48 e 49 do capítulo 24.
Vós sois testemunhas destas coisas. Eis que envio sobre vós a promessa do meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder (Lucas 24.48-49).
Assim que Jesus foi assunto aos céus, eles voltaram para Jerusalém, em obediência à ordem do Senhor.
Então, eles, adorando-o, voltaram para Jerusalém, tomados de grande júbilo (Lucas 24.52).
A construção do texto de Lucas, parece indicar que eles fizeram isso imediatamente, sem hesitar um minuto sequer e, segundo o próprio Lucas em Atos 1.12-14, permaneceram ali, na espera, expectativa pela chegada da promessa no dia de Pentecostes, que aliás, comemoraremos no próximo domingo.
Precisamos aprender esta grande lição, a obediência produz alegria em nosso coração. A rebeldia, ou o pecado do  coração do homem caído, produz morte, tristeza, pranto, dor. Mas a obediência a Deus produz contentamento. Era disso que o apóstolo Paulo tanto falou, quando afirmava que estava aprendendo a viver contente em toda e qualquer situação. Na verdade, estava nos mostrando que quando se via obedecendo a Deus e pagando o preço por esta obediência, mesmo quando açoitado, preso, injustiçado, sentia contentamento em seu coração, porque sabia que estava agradando a Deus.
Parece um pouco infantil, mas outro dia, saí de carro à noite par a buscar minha esposa no trabalho. NO meio do caminho, perto de casa, fui parado por uma dupla de policiais. Entreguei o meu documento pessoal e o do carro. Tinha em meu coração um sentimento tão tranquilo, em paz. Vou dizer novamente que parece infantil, mas me senti vingado pelos sustos que já havia passado anteriormente. Pois, parece que quando os documentos estão em ordem a maioria dos policiais lêem na sua testa: FELIZ POR ESTAR EM OBEDIÊNCIA À LEI. E nunca te param.
Nos tornamos adoradores quando nossa vida diante de Deus é marcada pela obediência. Isso produz em nosso coração um contentamento e uma vida abundantes. Precisamos aprender esta lição. Que tudo o que o Senhor vai requerer de nós na sua vinda é: SER ENCONTRADO FIEL (Leias 1Coríntios 4.2).
Karas Megales (Grande Alegria) - Aqueles irmãos fizeram da obediência uma marca. Pedro declarou com ímpeto: Antes importa obedecer a Deus que aos homens. Isso fez toda a diferença. Por isso, eles estavam tomados de grande júbilo.
Uma igreja adoradora e de vida ressurreta é marcada pelo forte desejo de viver em obediência, em entrega obediente ao Senhor. Ela está pronta para servir e obedecer a qualquer preço e em qualquer tempo e não existe maior adoração que esta. Para Paulo, este sacrifício vivo, santo e agradável a Deus é o verdeiro culto racional.
Aprendamos a viver nossa adoração em obediência e desfrutaremos de contínua paz e alegria - alegrai-vos sempre no Senhor! Outra vez digo: alegrai-vos.

A Igreja é Viva e Adoradora Quando Vive em Busca de Comunhão e Intimidade Com Deus
Irmãos podemos ser muito bons para apresentar às pessoas aspectos de nossa personalidade que sejam positivos a ponto de parecermos estar em comunhão com Deus. Contudo, nem sempre o estamos de fato.
Para aqueles primeiros discípulos a comunhão com Deus era alcançada de forma mais intensa no Templo, onde Deus havia prometido manter atentos os seus ouvidos e fitos os seus olhos.
No fundo, aqueles eram dias de transição, pois mais tarde, aprenderiam que Cristo está no coração do seu povo. Isso aconteceria com maior intimidade do que nunca antes na história da Igreja, quando o Espírito Santo fosse derramado sobre a igreja. Eles haveriam de entender e ensinar: o Espírito habita em vós.
Estavam sempre no templo - O texto nos diz que eles passaram a buscar intensamente comunhão com Deus e buscaram isto diariamente no Templo e também nas casas, como Lucas irá nos mostrar em Atos 2.42 a 47.
Lucas usa a expressão “diapantos” (todos os dias ou continuamente) para mostrar que eles não mais tinham medo e se mantinham reclusos em casas ou cenáculos. Eles não tinham mais medo de sua fé. Ao contrário, parece-nos que havia um espaço no templo, que era até conhecido como sendo o lugar dos Nazarenos.
Esta é uma lição preciosa para nossa vida cristã. Pois não existe viver ressurreto sem comunhão com o Cristo ressurreto e não existe adoração verdadeira quando não há comunhão verdadeira. Precisamos compreender que a verdadeira vida cristã de adoração não é apenas exterior, mas de intensidade interior de comunhão que transborda para o exterior.
João, quando escreveu a sua primeira carta, tinha em mente levar os crentes a revelarem uma verdadeira comunhão com Deus, propondo uma autoanálise.
Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade (1João 1.6).
A comunhão nasce de uma profunda busca de Deus por meio da Palavra e da oração. Como num diálogo pessoal com Cristo. Mas, a pessoa que busca estas coisas de forma real é somente aquele que compreende a concretude deste Cristo Vivo e que o percebe glorioso e amoroso, como João o compreendeu na sua visão de Apocalipse, quando ele aponta para a sua glória transcendente no céu e sua presença entre os candeeiros.
João nos mostra que esta percepção da ressurreição era fundamental para essa comunhão.
O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo (1 João 1.3).
Lucas, tanto quanto João identificou a busca de comunhão como uma fonte de alegria e adoração. Ele termina o verso 53, sugerindo que esta adoração era uma constância e consequência desta comunhão que mantinham com Deus.
Precisamos desta comunhão se queremos viver de forma ressurreta neste mundo. Precisamos mais de Cristo e mais do seu poder, como diz o lindo hino.
Uma igreja que cresça nesta comunhão, a partir de seus membros e de cada família, servirá a Cristo com alegria em todo o tempo, pois ele é a sua alegria.

Conclusão
Precisamos olhar com muita atenção para o que pensamos sobre a vida. Você talvez não parou para perceber, mas talvez esteja desenvolvendo sua vida neste mundo de uma maneira equivocada e distante de uma realidade que você não deveria negar: Cristo está vivo! Cristo Reina! Minha vida tem tudo a ver com ele! Ele voltará!
Tudo o que a Bíblia fala sobre Jesus é importante! Nada pode ser pequeno ou esquecido. Que ele é o Salvador, nosso refúgio, nosso resgatador, nosso Rei... Tudo conta, tudo deve mudar o nosso modo de viver. Isso é romper a incredulidade. Essa é a nova mentalidade esse é o ENTENDIMENTO QUE DEVEMOS BUSCAR PARA VIVER.
Meus irmãos, formandos desta noite, cada uma das nossas conquistas só têm sentido em Cristo, só são valiosas quando estão submetidas as Cristo. Afinal, os ímpios também tem suas conquistas, mas todas, absolutamente todas as conquistas que nada tem a ver com Cristo, são como tudo o mais sem Cristo... Obras mortas, que perecem quando morremos, obras de valor meramente transitório.
Todos nós precisamos usar as Escrituras como CHAVE deste novo entendimento real e concreto de todas as coisas. Precisamos lê-la com os ouvidos elevados de quem está a ouvir a voz de Cristo, quem nos fala dos céus, onde está assentado em trono. De qualquer maneira, esta palavra só será aprofundada em nosso coração, quando Deus, por misericórdia nos conceder olhos para ver, por isso, humildemente precisamos clamar que ele realmente nos faça ver.

Aplicações
Quero apenas lembrar para todos os que buscam progresso pessoal por meio do trabalho: não se esqueçam de que o trabalho e o sustento devem ser vistos como ferramentas do nosso relacionamento com o Deus de toda a providência e bondade.
Aos que buscam seu progresso pessoal nos estudos: lembrem-se que nada do que fizerem tem valor em si mesmo se Cristo não for o centro e a figura central de seu interesse.
Para aqueles que, por alguma razão perderam razões para pensar em progresso, quer pela tristeza ou mesmo pelo simples comodismo: Quem tem Cristo como o centro de sua vida não deve jamais pensar que já não há esperança para nada. Ao contrário, quem tem Cristo como Senhor e centro de sua vida, sempre pode acreditar em que algo melhor está para acontecer.
Como o cego de Jericó, digamos ao Senhor: que eu possa ver. Que possamos ver tudo o que a Escritura fala sobre Jesus. Você pode começar agora mesmo a pensar assim. Por exemplo, podemos começar a pensar em Jesus como o BOM PASTOR.
Que ele seja tudo para nós - NADA NOS FALTARÁ.
Que ele nos conduza nesta vida - PASTOS VERDEJANTES, ÁGUAS TRANQUILAS.
Que ele nos faça vencer os horrores da morte - VALE DA SOMBRA DA MORTE SEM TEMOR.
Que ele seja nossa esperança do futuro - NA CASA DO SENHOR ETERNAMENTE.
Você consegue ouvir que essa é a palavra do próprio BOM PASTOR para você. Creia na realidade e na concretude de que neste momento, por meio desta Palavra, ele está olhando para você, pessoalmente, sondando a sua mente e produzindo algo novo em você: EU SOU O BOM PASTOR.


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