23 de agosto de 2015

Tiago 5.7 a 11


Desenvolvendo Um Coração Paciente
(Tiago 5. 7 a 11)

Foco da Nossa Condição Decaída
Paciência é uma virtude que nos conduzirá à firmeza necessária para suportar todas as fases da obra de Deus na nossa vida. Desenvolver a paciência é desenvolver a própria fé, é o mesmo que manter a firmeza da nossa decisão de servir a Deus não importa qual seja a circunstância. Nosso texto nos conclama ao desenvolvimento de um coração paciente como resposta à todos os inimigos que minam a nossa fé.

Introdução
Acredito que a melhor maneira de começarmos nossa meditação neste texto é definirmos melhor o significado bíblico de paciência. Duas palavra gregas se destacam para nos dar os contornos do entendimento neotestamentário do termo “paciência”: makrophenia e hupómoneh.
Makrophenia - muitas vezes é traduzida por “longanimidade” que é a ideia mais literal que aponta para a manutenção dos mesmos intentos, não importando o que  está acontecendo ao redor. Manter o foco e o propósito do coração. Esta é a palavra mais usada no nosso texto de Tiago.
Hupómoneh - A junção de duas palavras gregas que literalmente significariam: morando elevadamente. A ideia que o termo traduz é a de uma certeza que se fortalece por algo superior e que nos mantém firmes onde estamos. Algumas vezes, esta palavra é traduzida por perseverança.
Tiago constrói seu texto à igreja de seus dias apontando para a necessidade de vencer todos os embates da vida com uma disposição positiva:
Meus irmãos, tendo por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez vonfirmada, produz perseverança (hupómoneh). Ora, a perseverança (hupomoneh) dever ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros em nada deficientes (Tiago 1.2-4).
Com estas palavra de abertura, o irmão de Jesus propõe uma importante reflexão sobre os elementos que nossa fé deve desenvolver de forma prática para que possamos realmente viver e agradar a Deus.
Note que, neste contexto a paciência é uma ferramenta do amadurecimento da fé. Da mesma forma, Paulo parece apresentar este conceito em Romanos 15. Para ele, a paciência não é apenas uma virtude passiva, que habilita a pessoa a receber os choques da vida de forma resignada ou mesmo a sofrer de maneira serena, ela também opera mudanças em nós que são muito importantes. O apóstolo diz que a Escritura deve nos conduzir à paciência e esta, juntamente com a consolação, nos conduzirá à esperança:
Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança (Romanos 15.4).
Para o apóstolo Paulo, à semelhança de Tiago, a paciência é um estágio necessário para que nossa fé amadureça.
Esse é um ponto importante para todos nós, afinal, existem pessoas que vêm a paciência até como uma fraqueza. Dizem que pessoas com pouca atitude se tornam pacientes. Outros, preferem dizer e se conformar com o seguinte: eu não sou paciente e pronto. Como se a falta de paciência fosse tão somente o fruto do nosso temperamento.
Caros  irmãos, paciência é uma virtude que se pode cultivar e aprender. Como o apóstolo Paulo aponta, as Escrituras nos foram dadas para que a paciência nela ensinada nos ajude a crescer. Deus nos fala de modo que desenvolva em nós a paciência.
Como disse, não aquela caricatura de passividade diante dos problemas, mas uma virtude bíblica, fruto de uma percepção nova da realidade que nos cerca, advinda de uma conhecimento mais profundo de Deus e do propósito de sua obra, com vistas ao nosso amadurecimento e ao ponto de nos tornarmos verdadeiramente servos do Altíssimo.
O que hoje queremos observar neste texto é os elementos deste desenvolvimento. Vamos olhar para texto e perguntar-lhe sobre os elementos que precisamos discernir para que desenvolvamos um coração mais paciente.

Um Coração Paciente Compreende Que Cristo e o Seu Reino é o Ponto Central de Todas as Coisas
Há alguns domingos temos nos detido nesta epístola e destacamos alguns dos seus principais aspectos. Quero lembrar que enfatizamos a ideia de uma epístola que trabalha nossa fé conceitualmente a partir de coisas muito práticas.
Tiago propõe uma visão prática da vida de fé, mostrando que ser um cristão que agrada a Deus é, em última análise, traduzir a crença em ações de uma verdadeira religião. Isto, Tiago enfatiza, ocorre quando vemos que de fato a Lei Perfeita de Deus opera e nos transforma a ponto do resultado ser aquele esperado: amor a Deus e ao próximo.
O ponto que Tiago discutia com seus irmãos é que o problema que eles deveriam atacar e buscar vencer não eram as perseguições que estavam sofrendo, mas o fato de que em seu coração eles estavam aprisionados ao pecado. Eles precisavam amadurecer a sua fé e isto implicava em desenvolvê-la por meio da “paciência” (Capítulo 1.3-4).
No capítulo 5, verso 7, ele exorta seus irmãos a serem pacientes e destaca o ponto para o qual deveriam olhar para que isso acontecesse: a volta de Cristo.
Sede, pois, pacientes, até a vinda do Senhor (Tiago 5.7).
Tiago não está apenas trabalhando com um prazo, mas com um motivo para a paciência. NO capítulo 4, verso 15, este “senhor” é apontado com aquele que controla os acontecimentos da vida humana. No capitulo 1. verso 12, é o galardoador dos pacientes (perseverantes). Este SENHOR é o ponto focal para o qual nosso olhar deve estar voltado.
Nossa vida gira em torno de Cristo. Ser paciente é passar a compreender todas as coisas a partir de Cristo. Ele é o ponto de significado de todas as coisas, Ele é o ponto semântico de tudo e da nossa vida.
Tiago está dizendo àqueles irmãos que mantenham firme o coração, não sejam demovidos da sua posição e abrigo de fé em Deus, confiando especificamente em Cristo e no fato de que o seu Reino está sendo estabelecido.
Ele usa uma analogia por meio da figura do lavrador, dizendo que todo o árduo trabalho do lavrador tem como foco o preciso fruto da terra. Ele aponta para a recompensa do árduo trabalho do lavrador e a sua “inspiração” preciosa. É a este espírito e ânimo que ele compara a nossa espera pelo Reino de Cristo.
Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e últimas chuvas. Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do Senhor está próxima (Tiago 4.7b-8).
Quero destacar a ideia que Tiago tinha de que nosso labor nesta vida, não importa as circunstâncias é como a semeadura no futuro que não controlamos. As chuvas não são comandadas pelo lavrador, mas ele trabalha na certeza de que elas virão.
Sede Pacientes e Fortalecei o vosso coração - Destaco também o fato de que Tiago entende que esta atitude deve ser moldada no coração, ou seja no profundo de nosso mente, no modo como de fato concebemos que a vida é. A construção que Tiago propõe, literalmente, seria assim traduzida: sede pacientes e vosso coração ficará firme.  
Meus irmãos, um coração Paciente é uma dádiva que fortalece a sua fé e para ter um coração paciente, primeiro é necessário que você compreenda o verdadeiro significado de toda a vida: CRISTO E O SEU REINO.


Um Coração Paciente Compreende o Real Valor  das Relações no Corpo de Cristo
Nem sempre é fácil viver entre as pessoas. Um dos meus professores dizia: gente dói. De fato, os relacionamentos humanos são um dos maiores desafios da vida cristã. Há muitas pessoas que ao menor sinal de tristeza ou luta nas relações pessoais procura fugir, se esconder.
A vida familiar, o convívio no trabalho, as relações com os vizinhos, a vida na igreja... Todos estes ambientes onde nos chocamos uns com os outros (quero dizer, entramos em choque) são enigmaticamente o melhor lugar para o desenvolvimento de nossa fé.
Fugir disto é o mesmo que pensar em um atleta fugir do treinamento físico que o prepara verdadeiramente para a competição. Tiago está nos chamando a enfrentar estas coisas com a percepção correta do seu significado para nós.
Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados. Eis que o juiz está às portas (Tiago 4.9).
Irmãos - Um pouco antes, Tiago havia proposto o ponto de reflexão sobre a origem das lutas e contendas que havia na igreja (Tiago 4.1). Para tratar disto, ele pede que eles olhem para si mesmos e propositadamente os chama de irmãos e pede para que não sejam conduzidos pelo pecado, antes lutem contra ele, inicialmente falando para eles acerca dos males da maledicência (Tiago 4.11).
Agora, mais uma vez, ele os chama de irmãos. Acredito que tinha a intenção de lhes mostrar que em Cristo havia um sentido mais elevado para a vida e também para os relacionamentos. Ele começa a pericope destacando “Irmãos, sede pacientes...”. Agora, mais uma vez, enfatiza: irmãos, não vos queixeis uns dos outros...
Não vos queixeis uns dos outros - o termo “estenassete”, traduzido por “queixar” aponta para aquela queixa murmurada. Como se Tiago estivesse falando que os cristãos estavam remoendo queixas dos seus irmãos no coração. O ponto, portanto, é que Tiago está trabalho um dos elementos que precisa ser afastado se queremos ter um coração paciente, ou seja, entender que nossa ligação uns com os outros tem um valor superior às meras relações sociais que estabelecemos.
Para não serdes julgados - Por isso, ele inclui este termos, apontado para o fato de que os cristãos deveriam entender que estes queixumes que o coração abrigava eram extremamente perigosos a ponto de interferir na nossa relação com Deus. De fato, irmãos, um coração paciente precisa discernir que as relações que temos uns com os outros tem um valor superior.
O Juiz está à porta - novamente ele chama para o ponto focal de Cristo como o regulador de todas as coisas. Sim, somos membros de Cristo e rejeitar o outro é rejeitar a Cristo, precisamos desesperadamente de revisões nesta área da vida Cristã.
O amadurecimento de nossa fé passará pelo corredor das nossas relações. Pois, como disse Paulo, é no atrito ou ajuste de todas as juntas e medulas que o Corpo efetua o seu crescimento é na sujeição de uns para com os outros que crescemos.
Uma vida cristã contenciosa, de múrmuros no coração contra os irmãos é sinal de fraqueza espiritual e por isso é que Tiago clama: SEDE PACIENTES.
Meus irmãos, um coração Paciente é uma dádiva que fortalece a sua fé e para ter um coração paciente, primeiro é necessário que você compreenda o verdadeiro significado de NOSSOS RELACIONAMENTOS: CRISTO E O SEU REINO.


Um Coração Paciente Compreende o Preço e o Resultado do Seu Chamado em Cristo
Muitas vezes, levantamos a discussão sobre nossa vocação. Queremos saber o que realmente Deus espera de nós e onde deseja nos usar, quer você tenha um chamado para atuar em meio à sociedade como um todo ou no que diz respeito ao relacionamento mas específico com os irmãos da fé, o trabalho que fazemos no ambiente da igreja.
Bem, uma pergunta que deveria antes de o que Deus espera que eu faça é: Como Deus espera que eu desempenhe o meu chamado?
Confesso que tenho uma enorme dificuldade de entender porque muitas vezes é preciso suplicar tanto para que você faça apenas aquilo que Deus lhe capacitou para fazer. Confesso, que nem sempre é fácil, porque o papel de pastor de igreja é em boa parte das vezes confundido com o papel de “motivador do rebanho”.
No fundo, eu penso que a resposta para as dificuldades que temos para por em prática os dons e talentos que Deus nos deu, sem murmurações tem a ver com o ponto focal de nossa vida e o entendimento de nossas relações. Mas também penso que tem a ver com o fato de que não temos uma real compreensão do fato de que todo chamado tem um preço e um resultado estabelecidos por Deus.
Irmãos, tomai por modelo no sofrimento e na paciência os profetas, os quais falaram em nome do Senhor - Tiago levanta o tema do sofrimento e o papel da paciência neste contexto, como no capítulo 1. Ele diz aos seus irmãos que eles deveriam vestir o modelo de sofrimento e paciência dos profetas. E finaliza o seu exemplo dizendo o seguinte: foi assim que eles falaram em nome do Senhor.
Quando as pessoas nos vêem superando as dificuldades da vida com paciência elas percebem que realmente servimos a alguém e que falamos em nome do Senhor. Mas, quando as pessoas nos vêem perplexos, angustiados, cheios de murmurações no coração, eles não podem ver Deus por meio de nós.
Eis que temos por felizes os que perseveraram firmes - Agora, ele junta o conceito da felicidade e da paciência e nos dá o outro lado da moeda, os que têm um coração paciente revelam ao mundo um contentamento que não está suportado apenas por circunstâncias meramente humanas, mas se estabelece na confiança e fé que são adquiridas na nossa perseverança, ou continua paciência em seguir o caminho e manter o coração firme.
Tiago irá usar um novo exemplo: Jó. Bem, assim como alguns dos irmãos, eu já li o livro de Jó e tenho dificuldade com a ideia de que Jó seja mesmo um exemplo de paciência. Afinal, Jó reclamou de Deus e até desejou a morte por causa do seu estado.
Precisamos aprender duas coisas com este exemplo. Temos, primeiro, de admitir que Jó era realmente paciente, afinal, depois de perder toda a riqueza, os filhos ele é capaz de dizer: o Senhor Deus deu, o Senhor Deus tomou, bendito seja o nome do Senhor.
Admitamos que ele não blasfemou como era o propósito do Diabo. Mas, o que dizer dos textos que se seguem ao capítulo 2 e vão até o capítulo 41, nos quais vemos as discussões de Jó com seus amigos e até com Deus?
Bem, devemos aprender que mesmo alguém paciente pode aprender a ser mais paciente ainda e é nas circunstâncias e nos relacionamentos da vida que desenvolvemos isso. Afinal, o capítulo final de Jó nos fala de um homem diferente e mais próximo de Deus. Aquele homem temente, que tinham algumas fraquezas é, agora, um homem temente, liberto de suas primeiras fraquezas e com certeza teve outras lutas e vitórias até o final de sua vida.
E vistes o fim que o Senhor lhe deu - temos aqui o tema da paciência e o do aperfeiçoamento que ela proporciona (Tiago 1.4). Precisamos entender que no contexto do nosso chamado a paciência é elemento fundamental para que realizemos nossa obra e também essencial para que o Senhor nos transforme.
Um coração paciente compreende que existe um preço e um prêmio para o nosso chamado neste mundo. Lembre-se de que a paciência é uma ferramenta do amadurecimento da sua e uma dádiva que pode ser aprendida.


CONCLUSÃO
Caros irmãos, ser paciente é uma necessidade da nossa fé. Jamais agradaremos a Deus e cumpriremos nossa missão neste mundo sem uma compreensão do valor e da necessidade de desenvolver essa virtude.
Saber manter-se no caminho e saber esperar os resultados da nossa vida é fruto de:
A) Uma compreensão de Cristo como ponto focal da existência
B) Uma compreensão do papel das nossas relações no crescimento e amadurecimento da nossa fé
C) Uma compreensão correta do preço e recompensa do nosso chamado.
Você tem dificuldade para desenvolver um coração paciente, comece trabalhando as razões pelas quais você deveria ser uma pessoa mais paciente e medite no fato de que NÃO SER PACIENTE é estar caminhando para fora da vontade de Deus.
A paciência é um dos resultado da obra do Espírito Santo, parte do Fruto do Espírito. Descubra em Deus e nas Escrituras os elementos que nos conduzem à paciência. Procure ser mais intencional na busca da paciência e se repreenda quando a IMPACIÊNCIA for a sua marca central, LEMBRE-SE QUE PACIENCIA É UMA VIRTUDE QUE PODE SER APRENDIDA E CULTIVADA.

Oração
Ajuda-me, Senhor, porque nem sempre consigo ser paciente e fazer de ti o ponto central da minha vida, nem sempre consigo ver as minhas relações como preciosas e nem sempre entendo os objetivos do Senhor no meu chamado, quando estou em meio às lutas. Dá-me um coração paciente e uma fé mais firme.
Amém


9 de agosto de 2015

Tiago 4.13-17


Os Perigos da Soberba nos Planos Pessoais
(Tiago 4. 13 a 17)

Foco da Nossa Condição Decaída
Seguindo o conteúdo e o foco da mensagem a partir dos versos 11 e 12, nos deteremos com mais foco no quanto o coração pode nos enganar e minar o amor a Deus. Neste texto, veremos no exemplo a partir da soberba de viver como se Deus não existisse e os perigos que isso representa para a nossa vida.

Introdução
Voltando um pouco, na primeira parte do capítulo 4, o problema apresentado por Tiago é que os problemas que eles enfrentavam no dia a dia estava relacionado ao coração cobiçoso e distante de Deus que eles nutriam e escondiam atrás de uma falsa religiosidade.
Donde procedem as guerras e contendas que já entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne? Cobiçais e nada tendes, matais e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes porque não pedis; pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres. Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus (Tiago 4.1-4).
O problema dos homens e mulheres para os quais Tiago escreve não são os infortúnios que estão passando na vida. O seu problema era que sua conduta era conduzida não pelo amor a Deus ou as transformações da Lei no coração, mas pelos prazeres que militavam na carne. Em outras palavras, a natureza pecaminosa do coração deles estava traindo sua fé.
Eles até oravam! Isto é, tinham algum tipo de atividade religiosa, mas o texto diz que a oração deles é inútil porque não é controlada por um coração conduzido pelo Espírito e a nova natureza, mas pelas expectativas pecaminosas do coração deles.
Eles não percebiam, mas não estavam sendo fiéis a Deus. Ao contrário, eles estavam trocando o amor a Deus por amor ao mundo. Isto é um comportamento idolátrico, movido por um amor a si mesmo maior e mais determinante que o amor devido ao Senhor.
Tiago tem uma mensagem a extrair do Velho Testamento que deveria causar forte impacto no seu coração soberbo e pecaminoso:
Ou supondes  que em vão afirma a Escritura: É com ciúmes que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós? Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (Tiago 4.5-6).
Tiago desejava que eles entendessem que ao nos dar o seu Espírito, Deus pretendia que nosso coração fosse conduzido à um amor submisso a Ele, o Senhor da Aliança. O ponto é pactual, isto é, Deus estava propondo a eles um Pacto de Amor, cuidado, proteção, graça, mas eles deveriam, em contrapartida, se submeterem às suas ordenanças e estipulações do Pacto, a Lei de Deus. Deus resiste, isto é, se mantém inimigo daqueles que se mantém soberbos e não se submetem às exigências pactuais. Aos humildes, entretanto, ele concede perdão e comunhão pactuais.
O problema deles, portanto, tinha a ver com o fato de que, na prática, embora tivessem uma vida religiosa, essa religião era vã, porque não funcionava no coração deles pelos padrões da Lei Perfeita de Deus. Mas Deus, por outro lado, propõe a saída e ela se chama arrependimento e aproximação.
Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração. Afligi-vos, lamentai, chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria em tristeza. Humilhai-vos na presença do Senhor (Tiago 4.7-10).
Proximidade com Deus, comunhão com Ele, esses são os remédios que precisamos para um viver transformado. Note, no verso 9, que a transformação é tão completa que aponta que deveríamos aprender o verdadeiro valor da vida. Ele indica que o riso tem que se transformar em pranto. Isto é, as coisas que você aprecia e que alegram o seu coração podem estar tão contaminadas que em lugar de você se alegrar com elas, deveria, na verdade chorar por causa disto ainda ocorrer na sua vida. O outro lado da moeda é que o pranto deveria se transformar em riso.
OU seja, aquelas coisas com as quais você não tem mais nenhum prazer e que aparentemente não quer mais na sua vida ou que parecem em incomodar, como a própria perseguição eu estavam sofrendo, isso vocês deveriam ver de uma forma positiva, pois elas podem estar te aproximando de Deus.
DEUS NÃO FARÁ NADA QUE TE AFASTA DELE, MAS SEMPRE AGIRÁ PARA FAZER SEU CORAÇÃO APRENDER O QUE É VERDADEIRAMENTE AMAR E SE SUBMETER A ELE DE TODO O CORAÇÃO.
Achei importante que nos demorássemos um pouco neste contexto, para que pensemos melhor sobre o texto que iremos refletir nessa noite. Tiago escolheu dois exemplos para ilustrar o problema que um coração soberbo pode nos trazer: primeiro ele nos falou da maledicência e dos perigos ocultos dela, como vimos no sermão da semana passada. Agora, ele usa a soberba nos planos pessoais e os perigos que corremos quando não percebemos que o amor a Deus foi esquecido e um outro Deus está controlando as nossas ações do dia a  dia.
Esperamos que você consiga identificar qualquer um destes perigos, se estiverem acontecendo na sua vida ou de alguém que você conhece e possa ajudar a si mesmo a voltar para o caminho e abençoar as pessoas com uma firme instrução sobre como viver e amar a Deus sobre todas as coisas.

Quando Nosso Coração Faz Planos Baseados na Soberba do Coração Podemos Nos Decepcionar Conosco Mesmos Pois Não Controlamos os Resultados.
O primeiro problema que identificamos nestes planos soberbos que nosso coração muitas vezes traça, baseado somente em possibilidades humanas é que, mesmo que tenham sido adequadamente planejados, nós não controlamos os resultados, porque sequer sabemos o que poderá acontecer-nos amanhã.
Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e termos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã (Tiago 4.13-14a).
Os planos que eles faziam não eram ilegais nem proibidos. Eram comerciantes pelo o que o texto indica e comerciantes precisavam planejar muito bem seus negócios. Eles tinham de saber onde iriam, ou seja, quanto tempo a viagem iria durar, também onde iriam, afinal, se fossem para uma cidade de 1000 habitantes levariam uma quantidade de mercadoria, por outro lado, se fossem para uma de 10.000 habitantes a quantidade de carga era outra. Quanto a pensar no lucro não era algo tão ruim, mas necessário, pois tinham de planejar bem o custo das mercadorias e das viagens para mensurarem se era bom ou não empreender aquele negócio.
Onde estava o erro? Pelo que Tiago escreve, eles faziam todos estes planos guiados por um coração arrogante e pretencioso. Ou seja, eles não conseguiam ver sua realidade de vida submissa a Deus. Antes, não submetiam a Deus suas necessidades e possibilidades, mas no dia a dia, Deus não existia para definir o padrão de seus negócios em todos os sentidos.
Atendei agora vós... - A estes negociantes Tiago previne, levantando algumas hipóteses que eles deveriam considerar. E o que primeiramente eles deveriam considerar era: Vós não sabeis o que sucederá amanhã.
O resultado planejado pode não se realizar. Aliás, este é um dos grandes problemas de todo balanço: o item do realizado. Porque nem sempre o realizado é melhor que o previsto. Um bom planejamento não é segurança suficiente para as realizações. Eles tinham de considerar isto. Eles não poderiam afirmar com toda a certeza de que seus produtos seriam bem aceitos, se não seriam assaltados no caminho, se conseguiriam chegar vivos no final da viagem se não haveria concorrência etc.
Estes comerciantes iriam se frustrar fortemente se seu comércio não viesse a vingar. Pois tinham planejado tudo, tinham feito todas as contas e mantinham todos os sonhos tão vivos no seu pensamento. 
Quando Nosso Coração Faz Planos Baseados na Soberba do Coração Podemos Nos Decepcionar Conosco Mesmos Pois Não Controlamos os Resultados.  
Quando nossos planos são dirigidos por um coração que não se aproxima de Deus para viver é muito fácil nos decepcionar, é muito fácil atrairmos para nós a tristeza, é muito fácil perder o estímulo, é fácil entrarmos em depressão. Porque nossos planos deram errado. A quem atribuiremos culpa? Ao sistema, ao governo, aos ladrões...


Quando Nosso Coração Faz Planos Baseados na Soberba do Coração Podemos Perder o Senso de Vinculação de Nossa Vida ao Poder de Deus Sobre Nós
O grande problema que Tiago vê em fazer planos guiados por um coração soberbo não está relacionado ao que pode nos acontecer psicologicamente quando os planos falharem, mas o que está acontecendo em nosso coração quanto ao que pensamos que realmente está controlando a nossa vida.
Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo  (Tiago 4.14-15).
Tiago lhes expõe o que a própria Escritura já havia falado sobre a vida humana, basta ler, por exemplo, o Salmo 90, que eles conheciam muito bem. A vossa vida é uma frágil condição e vocês mesmo não a podem controlar.
O ponto central que Tiago deseja que eles reconheçam é que submeter os planos a Deus é reconhecer que a nossa própria vida é uma realidade controlada por Deus, quanto mais os nossos planos.
Nossa vida está vinculada ao poder de Deus como nosso Criador e sustentador. O problema que Tiago está combatendo é o que chamamos hoje de uma ateísmo prático, quando vivemos sem vincular nossas possibilidades diárias ao próprio poder e vontade de Deus.
Tiago está lhes mostrando que o coração deles estava conduzindo os seus planos a ponto deles perderem, talvez sem perceber, o quanto estavam se desvinculando de Deus.
Infelizmente, este é um dos aspectos mais tenebrosos do modo como vivenciamos a vida cristã nos nossos dias. Por sermos bombardeados por todos os lados pelo antropocentrismo do iluminismo humanista da filosofia, e por ainda termos uma inclinação forte para deixar com que a nossa mente seja conduzida por uma perspectiva fortemente egocentrada, nos tornamos em presa fácil do ateísmo prático.
A questão do ateísmo prático é que ele é fruto de um enfraquecimento de nossa consciência de dependência total e diária de Deus.
DEvieis dizer: se o Senhor quiser - Tiago está opondo este pensamento com uma nova maneira de agir e pensar, centrada em Deus e no seu poder, na vontade do Senhor. Isto não é só submissão é entrega e confiança total.
Quando pensamos assim e as coisas não acontecem conforme o planejado, saberemos que a vontade do Senhor operou noutro sentido, isso não nos desanima, não nos entristece, mas nos faz crescer, repensar, reavaliar e retomar.
NOSSA VIDA SEMPRE ESTARÁ VINCULADA AO PODER E VONTADE DE DEUS, não deixe que os planos soberbos faça você perder a graça de sentir isso todo dia, em tudo o que fizer e realizar.

Quando Nosso Coração Faz Planos Baseados na Soberba do Coração Nos Tornamos Mais Arrogantes Diante de Deus e Nos Afastamos
O contexto do capítulo 4 de Tiago é uma forte exortação para a reaproximação com Deus como a única forma de realmente termos o coração transformado: Chegai-vos a Deus e ele se achegará a vós. Mas o coração soberbo não permite essa aproximação.
Às vezes, me pergunto porque algumas pessoas ouvem tanto a palavra de Deus, discutem coisas sobre a Palavra de Deus, mas não vivem em comunhão intima com Ele e estão sempre revelando um coração apegado ao mundo? A resposta das Escrituras é que os soberbos, mesmo que sejam vaidosos de sua cultura bíblica ou de sua religiosidade mantém seu coração longe do Senhor, porque Deus resiste ao soberbo. E isso é fruto de uma estrutura maligna e diabólica.
Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna (Tiago 4.16).
Arrogantes Pretensões Jactância Maligna - Tiago demonstra que isso é tão forte dentro do nosso coração que, embora estes mesmos homens estivessem vivenciando sua fé de forma soberba, eles ainda se gabavam, talvez contassem vantagem de sua própria capacidade de realização. O coração soberbo se mantém por meio de uma forte jactância.
O termo “jactância” (grego: alazoneia) foi usado por João e traduzido por “soberba da vida” dentro de um contexto de ensino muito semelhante a este de Tiago. Em primeira João 2.15-16, o amor ao mundo é uma corrupção do coração do homem que se afasta de Deus e isso não procede de Deus.
Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo.  Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele, porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida (alazoneia), não procede do Pai, mas procede do mundo (1João 2.15-16).
Tiago identificou este problema, tanto quanto João e ambos nos mostram que isso nos afasta de Deus e o ponto é simples, isso é uma estrutura do pecado, é uma estrutura maligna. Que a despeito de sabermos coisas sobre Deus nos mantém longe e afastados dEle.
Este argumento de Tiago vai se concluir no versículo 17, que sempre foi uma dificuldade para mim. Pois, aparentemente era um final extremamente brusco para o tema e aparentemente um tanto quanto desconexo com o assunto direto dos planos soberbos.
Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisto está pecando (Tiago 4.17).
Sim, está bem claro para mim o que este verso quer dizer, mas o que isso tem a ver com fazer planos soberbos. O “fazer o bem” que o verso propõe tem a ver com fazer planos submissos a Deus e que é pecado não planejar com Deus? Bem, evidentemente, fazer planos e manter a nossa realidade e vida vinculadas a Deus é sempre bom, mas eu acredito que Tiago esteja falando realmente do “Chegai-vos a Deus”.
O pecado nos afasta de Deus e toda vez que cedemos para o nosso coração pecaminoso, como por exemplo, deixando que ele guie nossas vidas e expectativas estamos nos afastando ainda mais e não pense que estar longe de Deus tenha a ver apenas com não vir à igreja! Porque, às vezes, estamos muito longe de Deus mesmo estando na igreja.
Tiago compreende que a experiência nossa com a realidade deve sempre estar ligada a Deus, donde vem todas as bênçãos sobre a nossa vida. Devemos compreender todas as coisas como vinculadas a Deus e sobretudo a nossa própria vida.
Deixar que o contrário aconteça e permitir que um coração soberbo controle nossa maneira de agir é caminhar na direção contrária da comunhão com Deus  e se afastar dele cada vez mais.

CONCLUSÃO
Note bem, para Tiago, quando temos a vida controlada por um coração soberbo podemos cair no obscuro abismo da decepção, afinal, ainda que todo o nosso planejamento e sonhos sejam perfeitos, os resultados devem sempre ser considerados como a resposta de Deus. O problema que quem é controlado por um coração soberbo é que quando as coisas não saem como planejado é conduzido à uma angústia pessoal que não pode ser consolada, ao contrário daquele que sempre compreende que Deus está no controle de tudo.
Tiago caminha além e diz que o maior problema de quem constantemente age assim é que seu coração, aos poucos, se torna ateísta prático e se esquece de que sua vida está realmente vinculada a Deus. Ele é quem nos dá a vida e todas as possibilidades dela.
Precisamos, por fim, lembrar de que a comunhão com Deus é um presente maravilhoso que ele nos dá graciosamente, mas que deve ser desfrutado no dia a dia e isso depende de como decidimos e fazemos nossas escolhas. Escolher fazer o bem é escolher andar com Deus e confiar nEle, o contrário é pecado.

APLICAÇÃO
Irmão não se trata de um texto contra o bom planejamento, mas um alerta contra um planejamento não submisso a Deus e não dependente. Trata-se de um texto contra a nossa arrogância.
Não se trata apenas de aprender a colocar uma frase antes dos nossos planos: se Deus quiser. Não se trata de um comportamento externo, mas de uma atitude que deve militar em nosso coração.
Quando você sair esta noite deste lugar, repense todos o seu planejamento de vida e pergunte: ONDE ESTÁ DEUS NISSO TUDO? Também você pode pensar não somente nos planos futuros, mas nas próprias atitudes pessoais: DE QUE MANEIRA MINHA ATITUDE ME APROXIMA DE DEUS?
COMECE A PERCEBER QUEM CONTROLA SUAS IDEIAS, EMOÇOES, PALAVRAS, DECISÕES: SUA ARROGÂNCIA E SOBERBA OU SUA SUBMISSÃO A DEUS SEGUNDO A PALAVRA?
ANTES DE DECIDIR E AGIR PENSE: QUERO SER CONTROLADO POR DEUS.

Oração
Senhor quero ser controlado por Ti e quero que meu coração aprenda a seguir a vontade do Senhor e ser-te submisso. Dá-me, cada vez mais, sabedoria para agir, principalmente quando sou prejudicado ou quando me sinto injustiçado, ou quando sonho com o meu futuro, para que eu não deixe prevalecer os prazeres que militam por minha carne, mas deixe prevalecer a alegria do Espírito que me faz te amar e servir.
Amém.