9 de agosto de 2015

Tiago 4.13-17


Os Perigos da Soberba nos Planos Pessoais
(Tiago 4. 13 a 17)

Foco da Nossa Condição Decaída
Seguindo o conteúdo e o foco da mensagem a partir dos versos 11 e 12, nos deteremos com mais foco no quanto o coração pode nos enganar e minar o amor a Deus. Neste texto, veremos no exemplo a partir da soberba de viver como se Deus não existisse e os perigos que isso representa para a nossa vida.

Introdução
Voltando um pouco, na primeira parte do capítulo 4, o problema apresentado por Tiago é que os problemas que eles enfrentavam no dia a dia estava relacionado ao coração cobiçoso e distante de Deus que eles nutriam e escondiam atrás de uma falsa religiosidade.
Donde procedem as guerras e contendas que já entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne? Cobiçais e nada tendes, matais e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes porque não pedis; pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres. Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus (Tiago 4.1-4).
O problema dos homens e mulheres para os quais Tiago escreve não são os infortúnios que estão passando na vida. O seu problema era que sua conduta era conduzida não pelo amor a Deus ou as transformações da Lei no coração, mas pelos prazeres que militavam na carne. Em outras palavras, a natureza pecaminosa do coração deles estava traindo sua fé.
Eles até oravam! Isto é, tinham algum tipo de atividade religiosa, mas o texto diz que a oração deles é inútil porque não é controlada por um coração conduzido pelo Espírito e a nova natureza, mas pelas expectativas pecaminosas do coração deles.
Eles não percebiam, mas não estavam sendo fiéis a Deus. Ao contrário, eles estavam trocando o amor a Deus por amor ao mundo. Isto é um comportamento idolátrico, movido por um amor a si mesmo maior e mais determinante que o amor devido ao Senhor.
Tiago tem uma mensagem a extrair do Velho Testamento que deveria causar forte impacto no seu coração soberbo e pecaminoso:
Ou supondes  que em vão afirma a Escritura: É com ciúmes que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós? Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (Tiago 4.5-6).
Tiago desejava que eles entendessem que ao nos dar o seu Espírito, Deus pretendia que nosso coração fosse conduzido à um amor submisso a Ele, o Senhor da Aliança. O ponto é pactual, isto é, Deus estava propondo a eles um Pacto de Amor, cuidado, proteção, graça, mas eles deveriam, em contrapartida, se submeterem às suas ordenanças e estipulações do Pacto, a Lei de Deus. Deus resiste, isto é, se mantém inimigo daqueles que se mantém soberbos e não se submetem às exigências pactuais. Aos humildes, entretanto, ele concede perdão e comunhão pactuais.
O problema deles, portanto, tinha a ver com o fato de que, na prática, embora tivessem uma vida religiosa, essa religião era vã, porque não funcionava no coração deles pelos padrões da Lei Perfeita de Deus. Mas Deus, por outro lado, propõe a saída e ela se chama arrependimento e aproximação.
Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração. Afligi-vos, lamentai, chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria em tristeza. Humilhai-vos na presença do Senhor (Tiago 4.7-10).
Proximidade com Deus, comunhão com Ele, esses são os remédios que precisamos para um viver transformado. Note, no verso 9, que a transformação é tão completa que aponta que deveríamos aprender o verdadeiro valor da vida. Ele indica que o riso tem que se transformar em pranto. Isto é, as coisas que você aprecia e que alegram o seu coração podem estar tão contaminadas que em lugar de você se alegrar com elas, deveria, na verdade chorar por causa disto ainda ocorrer na sua vida. O outro lado da moeda é que o pranto deveria se transformar em riso.
OU seja, aquelas coisas com as quais você não tem mais nenhum prazer e que aparentemente não quer mais na sua vida ou que parecem em incomodar, como a própria perseguição eu estavam sofrendo, isso vocês deveriam ver de uma forma positiva, pois elas podem estar te aproximando de Deus.
DEUS NÃO FARÁ NADA QUE TE AFASTA DELE, MAS SEMPRE AGIRÁ PARA FAZER SEU CORAÇÃO APRENDER O QUE É VERDADEIRAMENTE AMAR E SE SUBMETER A ELE DE TODO O CORAÇÃO.
Achei importante que nos demorássemos um pouco neste contexto, para que pensemos melhor sobre o texto que iremos refletir nessa noite. Tiago escolheu dois exemplos para ilustrar o problema que um coração soberbo pode nos trazer: primeiro ele nos falou da maledicência e dos perigos ocultos dela, como vimos no sermão da semana passada. Agora, ele usa a soberba nos planos pessoais e os perigos que corremos quando não percebemos que o amor a Deus foi esquecido e um outro Deus está controlando as nossas ações do dia a  dia.
Esperamos que você consiga identificar qualquer um destes perigos, se estiverem acontecendo na sua vida ou de alguém que você conhece e possa ajudar a si mesmo a voltar para o caminho e abençoar as pessoas com uma firme instrução sobre como viver e amar a Deus sobre todas as coisas.

Quando Nosso Coração Faz Planos Baseados na Soberba do Coração Podemos Nos Decepcionar Conosco Mesmos Pois Não Controlamos os Resultados.
O primeiro problema que identificamos nestes planos soberbos que nosso coração muitas vezes traça, baseado somente em possibilidades humanas é que, mesmo que tenham sido adequadamente planejados, nós não controlamos os resultados, porque sequer sabemos o que poderá acontecer-nos amanhã.
Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e termos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã (Tiago 4.13-14a).
Os planos que eles faziam não eram ilegais nem proibidos. Eram comerciantes pelo o que o texto indica e comerciantes precisavam planejar muito bem seus negócios. Eles tinham de saber onde iriam, ou seja, quanto tempo a viagem iria durar, também onde iriam, afinal, se fossem para uma cidade de 1000 habitantes levariam uma quantidade de mercadoria, por outro lado, se fossem para uma de 10.000 habitantes a quantidade de carga era outra. Quanto a pensar no lucro não era algo tão ruim, mas necessário, pois tinham de planejar bem o custo das mercadorias e das viagens para mensurarem se era bom ou não empreender aquele negócio.
Onde estava o erro? Pelo que Tiago escreve, eles faziam todos estes planos guiados por um coração arrogante e pretencioso. Ou seja, eles não conseguiam ver sua realidade de vida submissa a Deus. Antes, não submetiam a Deus suas necessidades e possibilidades, mas no dia a dia, Deus não existia para definir o padrão de seus negócios em todos os sentidos.
Atendei agora vós... - A estes negociantes Tiago previne, levantando algumas hipóteses que eles deveriam considerar. E o que primeiramente eles deveriam considerar era: Vós não sabeis o que sucederá amanhã.
O resultado planejado pode não se realizar. Aliás, este é um dos grandes problemas de todo balanço: o item do realizado. Porque nem sempre o realizado é melhor que o previsto. Um bom planejamento não é segurança suficiente para as realizações. Eles tinham de considerar isto. Eles não poderiam afirmar com toda a certeza de que seus produtos seriam bem aceitos, se não seriam assaltados no caminho, se conseguiriam chegar vivos no final da viagem se não haveria concorrência etc.
Estes comerciantes iriam se frustrar fortemente se seu comércio não viesse a vingar. Pois tinham planejado tudo, tinham feito todas as contas e mantinham todos os sonhos tão vivos no seu pensamento. 
Quando Nosso Coração Faz Planos Baseados na Soberba do Coração Podemos Nos Decepcionar Conosco Mesmos Pois Não Controlamos os Resultados.  
Quando nossos planos são dirigidos por um coração que não se aproxima de Deus para viver é muito fácil nos decepcionar, é muito fácil atrairmos para nós a tristeza, é muito fácil perder o estímulo, é fácil entrarmos em depressão. Porque nossos planos deram errado. A quem atribuiremos culpa? Ao sistema, ao governo, aos ladrões...


Quando Nosso Coração Faz Planos Baseados na Soberba do Coração Podemos Perder o Senso de Vinculação de Nossa Vida ao Poder de Deus Sobre Nós
O grande problema que Tiago vê em fazer planos guiados por um coração soberbo não está relacionado ao que pode nos acontecer psicologicamente quando os planos falharem, mas o que está acontecendo em nosso coração quanto ao que pensamos que realmente está controlando a nossa vida.
Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo  (Tiago 4.14-15).
Tiago lhes expõe o que a própria Escritura já havia falado sobre a vida humana, basta ler, por exemplo, o Salmo 90, que eles conheciam muito bem. A vossa vida é uma frágil condição e vocês mesmo não a podem controlar.
O ponto central que Tiago deseja que eles reconheçam é que submeter os planos a Deus é reconhecer que a nossa própria vida é uma realidade controlada por Deus, quanto mais os nossos planos.
Nossa vida está vinculada ao poder de Deus como nosso Criador e sustentador. O problema que Tiago está combatendo é o que chamamos hoje de uma ateísmo prático, quando vivemos sem vincular nossas possibilidades diárias ao próprio poder e vontade de Deus.
Tiago está lhes mostrando que o coração deles estava conduzindo os seus planos a ponto deles perderem, talvez sem perceber, o quanto estavam se desvinculando de Deus.
Infelizmente, este é um dos aspectos mais tenebrosos do modo como vivenciamos a vida cristã nos nossos dias. Por sermos bombardeados por todos os lados pelo antropocentrismo do iluminismo humanista da filosofia, e por ainda termos uma inclinação forte para deixar com que a nossa mente seja conduzida por uma perspectiva fortemente egocentrada, nos tornamos em presa fácil do ateísmo prático.
A questão do ateísmo prático é que ele é fruto de um enfraquecimento de nossa consciência de dependência total e diária de Deus.
DEvieis dizer: se o Senhor quiser - Tiago está opondo este pensamento com uma nova maneira de agir e pensar, centrada em Deus e no seu poder, na vontade do Senhor. Isto não é só submissão é entrega e confiança total.
Quando pensamos assim e as coisas não acontecem conforme o planejado, saberemos que a vontade do Senhor operou noutro sentido, isso não nos desanima, não nos entristece, mas nos faz crescer, repensar, reavaliar e retomar.
NOSSA VIDA SEMPRE ESTARÁ VINCULADA AO PODER E VONTADE DE DEUS, não deixe que os planos soberbos faça você perder a graça de sentir isso todo dia, em tudo o que fizer e realizar.

Quando Nosso Coração Faz Planos Baseados na Soberba do Coração Nos Tornamos Mais Arrogantes Diante de Deus e Nos Afastamos
O contexto do capítulo 4 de Tiago é uma forte exortação para a reaproximação com Deus como a única forma de realmente termos o coração transformado: Chegai-vos a Deus e ele se achegará a vós. Mas o coração soberbo não permite essa aproximação.
Às vezes, me pergunto porque algumas pessoas ouvem tanto a palavra de Deus, discutem coisas sobre a Palavra de Deus, mas não vivem em comunhão intima com Ele e estão sempre revelando um coração apegado ao mundo? A resposta das Escrituras é que os soberbos, mesmo que sejam vaidosos de sua cultura bíblica ou de sua religiosidade mantém seu coração longe do Senhor, porque Deus resiste ao soberbo. E isso é fruto de uma estrutura maligna e diabólica.
Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna (Tiago 4.16).
Arrogantes Pretensões Jactância Maligna - Tiago demonstra que isso é tão forte dentro do nosso coração que, embora estes mesmos homens estivessem vivenciando sua fé de forma soberba, eles ainda se gabavam, talvez contassem vantagem de sua própria capacidade de realização. O coração soberbo se mantém por meio de uma forte jactância.
O termo “jactância” (grego: alazoneia) foi usado por João e traduzido por “soberba da vida” dentro de um contexto de ensino muito semelhante a este de Tiago. Em primeira João 2.15-16, o amor ao mundo é uma corrupção do coração do homem que se afasta de Deus e isso não procede de Deus.
Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo.  Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele, porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida (alazoneia), não procede do Pai, mas procede do mundo (1João 2.15-16).
Tiago identificou este problema, tanto quanto João e ambos nos mostram que isso nos afasta de Deus e o ponto é simples, isso é uma estrutura do pecado, é uma estrutura maligna. Que a despeito de sabermos coisas sobre Deus nos mantém longe e afastados dEle.
Este argumento de Tiago vai se concluir no versículo 17, que sempre foi uma dificuldade para mim. Pois, aparentemente era um final extremamente brusco para o tema e aparentemente um tanto quanto desconexo com o assunto direto dos planos soberbos.
Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisto está pecando (Tiago 4.17).
Sim, está bem claro para mim o que este verso quer dizer, mas o que isso tem a ver com fazer planos soberbos. O “fazer o bem” que o verso propõe tem a ver com fazer planos submissos a Deus e que é pecado não planejar com Deus? Bem, evidentemente, fazer planos e manter a nossa realidade e vida vinculadas a Deus é sempre bom, mas eu acredito que Tiago esteja falando realmente do “Chegai-vos a Deus”.
O pecado nos afasta de Deus e toda vez que cedemos para o nosso coração pecaminoso, como por exemplo, deixando que ele guie nossas vidas e expectativas estamos nos afastando ainda mais e não pense que estar longe de Deus tenha a ver apenas com não vir à igreja! Porque, às vezes, estamos muito longe de Deus mesmo estando na igreja.
Tiago compreende que a experiência nossa com a realidade deve sempre estar ligada a Deus, donde vem todas as bênçãos sobre a nossa vida. Devemos compreender todas as coisas como vinculadas a Deus e sobretudo a nossa própria vida.
Deixar que o contrário aconteça e permitir que um coração soberbo controle nossa maneira de agir é caminhar na direção contrária da comunhão com Deus  e se afastar dele cada vez mais.

CONCLUSÃO
Note bem, para Tiago, quando temos a vida controlada por um coração soberbo podemos cair no obscuro abismo da decepção, afinal, ainda que todo o nosso planejamento e sonhos sejam perfeitos, os resultados devem sempre ser considerados como a resposta de Deus. O problema que quem é controlado por um coração soberbo é que quando as coisas não saem como planejado é conduzido à uma angústia pessoal que não pode ser consolada, ao contrário daquele que sempre compreende que Deus está no controle de tudo.
Tiago caminha além e diz que o maior problema de quem constantemente age assim é que seu coração, aos poucos, se torna ateísta prático e se esquece de que sua vida está realmente vinculada a Deus. Ele é quem nos dá a vida e todas as possibilidades dela.
Precisamos, por fim, lembrar de que a comunhão com Deus é um presente maravilhoso que ele nos dá graciosamente, mas que deve ser desfrutado no dia a dia e isso depende de como decidimos e fazemos nossas escolhas. Escolher fazer o bem é escolher andar com Deus e confiar nEle, o contrário é pecado.

APLICAÇÃO
Irmão não se trata de um texto contra o bom planejamento, mas um alerta contra um planejamento não submisso a Deus e não dependente. Trata-se de um texto contra a nossa arrogância.
Não se trata apenas de aprender a colocar uma frase antes dos nossos planos: se Deus quiser. Não se trata de um comportamento externo, mas de uma atitude que deve militar em nosso coração.
Quando você sair esta noite deste lugar, repense todos o seu planejamento de vida e pergunte: ONDE ESTÁ DEUS NISSO TUDO? Também você pode pensar não somente nos planos futuros, mas nas próprias atitudes pessoais: DE QUE MANEIRA MINHA ATITUDE ME APROXIMA DE DEUS?
COMECE A PERCEBER QUEM CONTROLA SUAS IDEIAS, EMOÇOES, PALAVRAS, DECISÕES: SUA ARROGÂNCIA E SOBERBA OU SUA SUBMISSÃO A DEUS SEGUNDO A PALAVRA?
ANTES DE DECIDIR E AGIR PENSE: QUERO SER CONTROLADO POR DEUS.

Oração
Senhor quero ser controlado por Ti e quero que meu coração aprenda a seguir a vontade do Senhor e ser-te submisso. Dá-me, cada vez mais, sabedoria para agir, principalmente quando sou prejudicado ou quando me sinto injustiçado, ou quando sonho com o meu futuro, para que eu não deixe prevalecer os prazeres que militam por minha carne, mas deixe prevalecer a alegria do Espírito que me faz te amar e servir.
Amém.


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