1 de maio de 2016

João 20.30-31

Efeitos de Uma Fé Que Vê

João 20. 30 e 31
(pregado na IP Vila Formosa - Ciclo da Páscoa - Ressurreição - 01 de maio de 2016)

Foco da Nossa Condição Decaída
Partindo da afirmação do verso 29: “Bem aventurado os que não viram e  creram”, acreditamos que o texto aponta para uma fé que vê por meio da Palavra: “estes foram registrados para que creiais” (Verso 31). Esta fé deve nos fazer ver, isto é, apreender a realidade de Jesus Cristo e esta realidade deve mudar a nossa vida. O texto fala sobre os efeitos desta fé e centra estes efeitos em Cristo Jesus: veremos que ele é o  Cristo, o Filho de Deus e que em seu nome temos vida. 

Introdução
João viveu em dias de grande incerteza e nos dias em que produziu este Evangelho, possivelmente ainda pastoreando em Éfeso na Ásia Menor, os seus irmãos na fé estavam passando por tempos de crise. A igreja dos dias de João estava em uma crise de fé. Esta crise de fé pode ser vista no modo como a igreja vivia.
É muito importante que notemos que o grande propósito de todas as coisas que nos são reveladas nas Escrituras é um tipo de vida que esteja centrada em Cristo: para que tenhais vida em seu nome. Este é o ponto de partida para entendermos a PALAVRA e o propósito de Deus tê-la feito o seu instrumento de revelação especial.
Desenvolver uma vida ligada a Cristo é o grande alvo. A igreja dos dias de João foi chamada a perceber isto. Agora, eu e você podemos também VER QUE ESTE É O  NOSSO CHAMADO. Vejamos que uma fé que vê pode produzir esta vida em nós. 

Uma Fé Que Vê - Nos Faz Perceber Que Deus Tem Um Interesse em Nossa Vida Que Vai Além Daquilo do Que Temos Conhecido
“(...) Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro”

João precisa nos dizer que os registros que fez carregavam a intencionalidade de nos conduzir à CRER EM JESUS. No entanto, ele não se contém e precisa nos informar que eles, os DISCÍPULOS que andaram com Jesus, viram, ouviram, presenciaram e foram alvos de muitos outros sinais que Jesus realizou. Ele chega a hiperbolizar ao dizer que não caberia no mundo os livros que fossem escritos a partir de tudo o que Jesus fez em favor daqueles que o Pai lhe deu.
Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos (João 21.25).
É necessário que nossa mente seja alimentada com uma verdade sobre o agir de Deus em nosso favor: ELE É UM ELEVADO ESFORÇO DE AMOR, POR MEIO DA VIDA DE CRISTO NESTE MUNDO.
Muitos outros SINAIS - em todo o seu Evangelho, João deu preferência a usar uma palavra técnica para se referir ao agir de Cristo, ele os chamou de SINAIS (semeion).
Ao chamar os atos de Jesus de sinais, João estava apontando para uma realidade que estava além das coisas naturais. O que Jesus fazia apontava para a sua divindade, sua condição de Senhor da Vida, Luz do Mundo. João estava propondo aos seus leitores que considerassem atentamente que sua fé estava firmada na certeza de que haviam CRIDO naquele que é A VERDADE sobre a VIDA.
Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim (João 14.6).
MUITOS OUTROS sinais - voltando à expressão “MUITOS OUTROS” (pollá allá) João dá ênfase à quantidade, não tanto quanto à natureza dos sinais que foram realizados. Isto significa que muitas coisas, muitas outras coisas, muitos outros sinais apontaram para a realidade de Cristo, o Filho de Deus.
Isto explica porque os discípulos, depois que compreenderam a realidade de Cristo, foram tomados de tão grande ousadia, capacidade de se doar pela mensagem da qual se tornaram os principais portadores e divulgadores.
Caros irmãos, nós não vimos tudo o que os discípulos viram. Não tocamos nas feridas de Jesus, mas há algo a ser dito para nós: BEM AVENTURADOS OS QUE NÃO VIRAM E CRERAM.
Precisamos entender que o nosso Deus tem agido em nosso favor numa proporção de interesse que vai muito além do que podemos realmente perceber. Há muito mais do amor de Deus espalhado ao nosso redor. SOMOS MUITO INFANTIS QUANDO OLHAMOS SOMENTE PARA O ÓBVIO E NOS SÓ NOS CONTENTAMOS EM VER COISAS QUE ESTÃO APENAS NA SUPERFÍCIE DO AMOR DE DEUS. QUANDO AGIMOS ASSIM, PERDEMOS A GLÓRIA DOS DETALHES DE COMO DEUS NOS AMA E AGE EM NOSSO FAVOR.

Uma Fé Que Vê - Nos Faz Perceber Que Deus Tem Um Poderoso Plano Que se Cumpre em Cristo
“Estes porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo”

A estrutura deste verso é bem simples. A cláusula “PARA QUE CREIAIS QUE” dá sentido a duas afirmações e enseja a conclusão final:
· Para que creiais que - Jesus é o Cristo
· Para que creiais que - é o Filho de Deus
· Para que crendo - tenhais vida em seu nome
Vamos seguir esta estrutura para os próximos três pontos desta mensagem e agora vamos começar pela expressão: PARA QUE CREIAIS QUE JESUS É O CRISTO.
Quando João escreve para nos fazer ver o CRISTO, exatamente o que é que ele quer que vejamos?
O evangelho de João tem um longo introito. Ele apresenta a glória de Jesus como o Verbo Eterno e encerra com a chegada dele na terra. Logo em seguida, uma nova sessão é introduzida e ela tem a ver com o ministério de João Batista.
João Batista fala de Jesus e admite que ele é aquele que havia sido anunciado pelos profetas. João, o evangelista, por sua vez, faz uma interpolação ao pensamento de João Batista falando da ponte entre Moisés e Jesus CRISTO.
Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade, vieram por meio de Jesus Cristo (João 1.17).
É muito significativo o fato de João dar a Jesus o título de CRISTO e coloca-lo em paralelo à Moisés. Trata-se de uma visão de que Jesus veio completar a obra que foi iniciada em Moisés e dar-lhe a consistência. A Lei como uma sombra, é completada pela graça e a verdade de Cristo.
Ele, por exemplo, irá trabalhar o tema da vinda de Cristo como uma promessa, ou um plano que completa a obra de redenção do Velho Testamento. O registro da palavra de João Batista são muito importantes neste sentido:
Ele confessou e não negou: confessou: Eu não sou o Cristo (João 1.20).
Mais à frente, João Batista irá afirmar a grandeza de Cristo como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e indica aos seus discípulos que o sigam. O efeito foi que os discípulos de João Batista, entre eles André, começaram a entender que Jesus era o Cristo:
Era André, o irmão de Simão Pedro, um dos dois que tinham ouvido o testemunho de João e seguido Jesus. Ele achou primeiro o seu próprio irmão, Simão, a quem disse: Achamos o Messias (que quer dizer Cristo) (João 1.40-41).
Toda a ênfase do Evangelho a respeito de Jesus, tratando-o como o Cristo é fazer uma ligação estreita entre Jesus e as profecias. Isto indica claramente que ele era o Cristo, ou seja o cumprimento do plano divino para a salvação do seu povo.
Muitas outras passagens apontam para esta percepção de Jesus como o cumprimento do plano de Deus, Jesus como o Cristo. A passagem da mulher samaritana que entra na vida dos seus conterrâneos falando sobre ter encontrado um homem que havia falado  tudo o que ela estava fazendo e diz aos seus ouvintes: será ele o Cristo? (João 4.29).
Os fariseus começaram a se  irritar com Jesus, porque o povo lhe atribuía o título de Cristo (Messias) e até se perguntavam sobre o fato de que o Messias não poderia vir da Galiléia, uma região desprezada (João 7.41). As pessoas estavam chegaram a cobrar do próprio Jesus se ele era ou não era o Cristo.
Na oração sacerdotal, entretanto, o próprio Cristo registra:
E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo a quem tu enviaste (João 17.3).
Enfim, quando João nos diz que tudo o que escreveu tinha o propósito de apresentar à igreja dos seus dias uma mensagem que fortalecesse sua fé, por meio do efeito de lhes fazer crer que Jesus é o Cristo, implica em fazê-los perceber que a sua VIDA COM DEUS NÃO É UM ACASO, MAS O RESULTADO DE UM PROJETO DIVINO DE LHES ALCANÇAR E O RESULTADO DE UM AMOR PLANEJADO POR DEUS.
Este é o ponto meus amados irmãos! Precisamos ver pela fé que é isto de que se trata a nossa relação com Jesus: ELE É A FERRAMENTA DE DEUS PARA CONCLUIR UM PLANO DE AMOR ETERNO POR NÓS, POR CADA UM DE NÓS, SUAS OVELHAS. NADA É POR ACASO EM NOSSA RELAÇÃO COM DEUS, MAS TUDO É PARTE DO FATO DE QUE DEUS SEGUE O SEU  PLANO PODEROSO DE NOS DAR A VIDA ETERNA E CRISTO É PONTO CENTRAL DESTE PLANO.

Uma Fé Que Vê - Nos Faz Perceber Que Deus se Envolve Intimamente Neste Plano de Nos Dar Vida
“Estes porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o FILHO DE DEUS”

Vamos àquela segunda afirmação: PARA QUE CREIAIS QUE JESUS É O FILHO DE DEUS. O evangelhista João teve um carinho muito especial por esta afirmação.
O Unigênito de Deus é uma expressão paralela à Filho de Deus. Ele é apresentado no introito do Evangelho.
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai (João 1.14).
O testemunho das pessoas sobre Jesus ser o Filho de Deus foi muito usado pelo Evangelhista. Por exemplo, em lugar de colocar a frase do Pai: ESTE É O MEU FILHO AMADO, EM QUEM TENHO PRAZER, João preferiu pontuar sobre a opinião de João Batista:
Pois eu, de fato, vi e tenho testificado que ele é o Filho de Deus (João 1.34).
Vimos a sua glória, como do unigênito, eu sei que ele é o Cristo. Estas afirmações dão a clara noção de que as pessoas reconheceram a divina origem de Cristo. Ele não era comum, ele era o resultado de Deus vindo ao mundo, em seu filho. Isto é muito, muito significativo.
Talvez um dos testemunhos mais marcantes desta realidade de Deus conosco é o de Marta. Ela, que era sempre a mais afoita das irmãos de Lázaro, assim como Pedro era o mais afoito dos discípulos, produziu uma das mais maravilhosas declarações sobre Jesus:
Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá e todo o que vive e crê em mim não morrerá eternamente. Crês isto? Sim, Senhor, respondeu ela, eu tenho cristo que tu és o Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo (João 11.25-27).
Um dos mais conhecidos versos bíblicos trabalha com este envolvimento pessoal de Deus em nos salvar por meio do seu Filho.
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3.16).
Há muitas outras passagens no Evangelho sobre a verdade de Jesus como o Filho de Deus. O próprio Jesus falou sobre sua origem divina e se apresentou como o Filho de Deus. O fato, meus irmãos, é João desejava que os crentes entendessem que SUA NOVA VIDA NÃO ERA APENAS O REDSULTADO DE UM PLANO FRIO, CALCULADO PARA TER UM POVO. NA VERDADE, ELES SÃO ESTIMULADOS A CONFIAR NO FATO DE QUE DEUS NOS SALVA PARA NOS FAZER SEUS FILHOS.
Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crerem no seu nome (João 1.12).
Há algo de glorioso neste propósito de João. Ele nos remete a pensar na nossa vida como o resultado do amor de Deus e quando a gente passa a ver a vida assim, muda nossa percepção sobre os verdadeiros resultados que se deve buscar para a nossa vida. Começamos até mesmo a repensar o que realmente é a vida. Isto nos encaminha para a nossa ultima parte da mensagem.
Uma Fé Que Vê - Nos Faz Perceber Que Temos o Dever de Viver Num Padrão Diferente
“Para que, crendo, tenhais vida em seu nome”

Para que - João tem um hábito de escrita no qual repete muitas expressões. Ele usa muito a ideia de frases conclusivas, por isso, usa muito uma partícula de introdução de uma conclusão: A FIM DE QUE, PARA QUE... O famoso termo grego RHINA.
Quase sempre “rhina” aparece como cláusula  final. Mas, às vezes, ela é também usada como cláusula não final. Como cláusula final é usada, mais ou menos, umas cem vezes no Evangelho.
Isto mostra a grande importância de tirarmos conclusões sobre a nossa relação com Deus e com Cristo Jesus, seu filho. Precisamos pensar muito seriamente sobre o que somos em Cristo e o que Deus deseja produzir em nós. Este final do verso 31 é maravilhoso sobre isto.

Tenhais vida - Jesus havia dito algo sobre um padrão superior de vida que ele veio nos dar. Este padrão é marcado pela abrangência da realidade que ela contém:
O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância (João 10.10).
Eu acho um desperdício teológico o uso deste verso apenas para mostrar o mal que o ladrão faz, referindo-se preferencialmente a este ladrão como o Diabo. Não podemos olhar para um verso como este e não perceber adequadamente o que Cristo quer nos dar: vida em abundância.
Neste verso do capítulo 10, a palavra abundância é a tradução e uma palavra grega que indica coisa elevada: PERISSO. A ideia desta palavra é apontar para um padrão superior, um tipo de vida que não se compara ao que se propõe nas estruturas presas ao pecado.  Jesus se denominou ser a própria VIDA: eu sou a vida (João 14.6).
Tenhais - Um outro aspecto desta expressão é o TENHAIS. A palavra para ter (exkeh) carrega a ideia de “ter nas mãos”, como abraçar. Não é simplesmente receber, mas tomar posse para utilizar. 
Para que Crendo - Bem, muito do que João disse no Evangelho aponta para a necessidade de fortalecer a nossa fé. Aqui, ele se vale de um particípio presente. Um tempo verbal, que não carrega tanto a ideia de uma ação, mas de um estado, no caso o estado de crer. Algumas palavras em português são de origem deste tipo de declinação, por exemplo, a palavra “ESTUDANTE”, que é aquele que se mantém na atividade do ESTUDO.
Isto tem tudo a ver com a principal necessidade da igreja dos dias de João, que era manter o seu compromisso de fé. Eles precisavam se manter firmes na confissão e o que iria fortalece-los para isto é PERCEBER QUE JESUS TINHA FEITO MUITO, MAS MUITO MAIS POR ELES, QUE ELES PODERIAM IMAGINAR. ELES TAMBÉM DEVERIAM CONSIDERAR O IMPORTANTE FATO DE QUE A OBRA DE JESUS CRISTO É O RESULTADO DE UM GRANDE PROJETO DE DEUS PARA A SALVAÇÃO DA IGREJA E TAMBÉM DEVERIAM PERCEBER O QUANTO DEUS DESEJAVA UM RELACIONAMENTO PESSOAL COM ELES.
Quando a Bíblia nos chama de a família da fé, para mim faz todo o sentido que vivemos de uma maneira que possamos desfrutar de um tipo de vida superior, baseada na fé, por meio da qual, posso crer no futuro, descansar no poder de Deus, no seu amor e em tantas e importantes coisas que tem a ver com o Cristo chamou de vida em abundância.

Conclusão
O ponto que precisamos agora para pensar é: temos vivido com esta percepção de Jesus e da vida que ele tem para nós?  Irmãos, o objetivo de tudo o que Deus revelou é que a palavra produza vida em nosso coração.
Precisamos de uma percepção de algo superior, Jesus Cristo é o centro de nossa vida, nossa maior garantia, nosso maior bem, nosso Senhor, nosso Deus. Precisamos confiar na Bem aventurança de não ver e crer, ou de ver pela fé.
Quando a nossa fé amadurece, nos faz olhar para Cristo de um modo diferente. O mesmo modo como no Apocalipse João viu: ele no trono, governando todas as coisas, guerreando por nós e nos galardoando.
Fomos chamados para viver por fé e isto implica em desenvolver um olhar diferenciado para a nossa própria realidade, para a nossa própria vida. O RESULTADO E O EFEITO DE UMA FÉ QUE VÊ É O DESPERTAMENTO PARA A VERDADEIRA VIDA QUE HÁ EM CRISTO. ISTO É O SENTIDO DA EXPRESSÃO: VIDA EM SEU NOME.
Caro irmão, hoje pode ser um dia de mudança para todos nós. Mudança para um novo patamar de vida, mudança para fazer do mundo um lugar diferente para todos nós. Um lugar de vida abundante, que não está necessariamente ligada aos valores deste mundo, mas aos valores daquele que nos amou e deu a vida por nós.





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