Elementos do Caráter da Luz
Mateus
5.33-37
(Sermão Pregado em 05 de março de
2017)
FCD
Jesus
deseja que seus discípulos iluminem o mundo e o façam sendo pessoas de um
caráter confiável. A luz brilha por meio do caráter do crente e por isso ele
deve se apropriar das ferramentas que aperfeiçoam sua conduta. Neste texto, a
construção de Jesus nos leva a repudiar a construção de um caráter falso,
especialmente se ele vem na tentativa de subterfúgios que não uma vida
completamente reta e provada pelo que vivemos no dia a dia.
Introdução
Novamente
Jesus propõe uma reflexão sobre a palavra da Lei de Moisés. Aqui ele cita, de
forma livre o que encontramos no livro de Levítico 19.12 sobre as instruções
dadas a pessoas que se valiam de juramentos falsos para tentar conquistar
confiabilidade para o seu caráter que sabidamente era difuso e mentiroso.
Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade
cada um com o seu próximo, nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanareis o
nome do vosso Deus. Eu sou o Senhor (Lv 19.11-12).
Da
mesma forma que das vezes anteriores, Jesus Cristo cita o mandamento e leva-o a
um degrau acima de valor, na medida em que demonstra que o Senhor pede muito
mais do que somente uma pessoa que fale a verdade. Ele quer uma pessoa que
represente seu Deus neste mundo, descendo a montanha (referência ao sermão das
bem aventuranças) na direção dos outros, como alguém que lá no alto da comunhão
com Deus assumiu um compromisso com o Senhor.
Em
levítico, assim como aqui no capítulo 5 de Mateus, o ponto de referência é o
caráter de Deus:
Fala a toda a congregação dos filhos
de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou
santo (Lv 19.2).
Portanto, sede vós perfeitos, como
perfeito é vosso Pai Celeste (Mt 5.48).
NO
caso de Mateus, essa ligação entre “caráter do discípulo” e “caráter de Deus”
se notarmos que a conclusão de Jesus é que, se alguém não tiver este caráter
confiável, o tal só pode ter uma ligação com o
Maligno e não com Deus.
Portanto,
irmão, o texto desta meditação nos conduz a pensar sobre a necessidade de
desenvolvermos um caráter da luz, se desejamos brilhar com a luz de Cristo. Um
dos erros que não podemos deixar acontecer na nossa vida é o de tentar
construir uma reputação dissociada de um caráter verdadeiro. Subterfúgios não
poderão substituir a verdade.
Um
cristão de caráter duvidoso é como uma lâmpada embaçada e a sua luz não pode
dar segurança nem servir de referência para quem anda ao seu lado. Ele, pode se
dizer, é um cego guiando cegos.
PARA DESENVOLVER UM
CARÁTER DA LUZ PRECISAMOS LEMBRAR QUE A VIDA COM DEUS EXIGE UM PADRÃO RIGOSO DE
VERDADE
Todos,
ou quase todos, já ouviram a expressão “fio de bigode”. Em geral, associamos ao
passar do tempo uma ideai de degeneração no caráter das pessoas e o aumento da sua
falta de credibilidade. Infelizmente, temos de admitir que isto é uma verdade.
O que temos em nossos dias é um aumento da falta de retidão e, mais
infelizmente ainda, o mesmo podemos dizer daqueles que dizem ter um compromisso
com o Deus.
Entre
os grandes escândalos da Igreja Evangélica Brasileira temos a famosa e ridícula
cena da “oração da propina”. Veja como a notícia do Jornal o Estado de São
Paulo veiculou a notícia:
Manchete do Jornal em
30nov2009: ORAÇÃO DA PROPINA - Leia
abaixo a íntegra da Oração da Propina que
os deputados Rubens César Brunelli Jr. (PSC-DF) e Leonardo Prudente
(DEM-DF), presidente da Câmara Distrital, ofereceram ao então secretário Durval
Barbosa (Relações Institucionais), que distribuía as propinas entre
a base aliada. A ironia é a circulação do vídeo no Dia dos Evangélicos, que o
ex-governador Joaquim Roriz transformou em feriado na Capital, em busca dos
votos dos fiéis.
“Pai, queremos te
agradecer por estarmos aqui. Sabemos que somos falhos, que somos imperfeitos,
mas queremos agradecer aos santos que nos purificam. Olha, nós somos gratos
pelo amigo Durval, que tem sido um instrumento de bênção para as nossas vidas e
para essa cidade, que o Senhor contemple as questões do seu coração.
Santas são as
investidas, Senhor, de homens malignos contra a vida dele, contra as nossas
vidas. Nós precisamos dessa tua cobertura, dessa tua graça, da tua sabedoria.
De pessoas que tenham, Senhor, armas para nos ajudar nessa guerra. E, acima de
tudo, é o Senhor.
Todas as armas podem
ser falhas, todos os planejamentos podem falhar, todas nossas atividades, mas o
Senhor nunca falha. O Senhor tem pessoas para condicionar e levar o coração
para onde o Senhor quer. A sentença é o Senhor quem determina, o parecer e o
despacho é o Senhor que faz acontecer.
Nós precisamos de
livramento na vida do Durval, dos seus filhos, familiares. Nós precisamos de uma
cidade diferente, o Senhor tem uma cidade diferente para nós. Tu tens um novo
templo para nós, Senhor. E eu creio, Senhor, na tua palavra. O Senhor é
verdade, o Senhor é nossa Justiça. O Senhor é aquele que me abre as portas. Meu
Deus, a palavra irá envergonhá-los, serão constituídos em nada aqueles que se
levantarem contra nós.
O Senhor um dia pegou
um rei, o rei Nabucodonosor e fez ele pastar, comer capim, para entender que o
Senhor prevalece. Meu Deus, nós estamos sendo alvo de petardos. Meu Deus, dá um
jeito nessa situação. Tira esses homens do nosso caminho”.
Já
disse: “mais infelizmente ainda”, mas tenho de dizer que a infelicidade
continua se pensarmos que ainda não nos livramos de erros e descrença deste
tipo. Na verdade, devemos nos lembrar do que o próprio Jesus diz aqui no Sermão
da Montanha: nem todo o que me diz:
Senhor, senhor; entrará no reino dos céus.
Também ouvistes o que foi dito aos antigos: Não jurarás
falso, mas cumprirás rigorosamente para com o senhor os teus juramentos (Mt
5.33).
Bem,
olhando para o verso 33, o que temos é o enunciado do mandamento da Lei. Aqui,
o destaque o texto faz é que os juramentos falsos são proibidos por uma razão: TEMOS UMA RELAÇÃO COM DEUS, POR ISSO, AO FALAR
ALGO ESTAMOS ESTIRANDO AS CORDAS DO NOSSO RELACIONAMENTO COM DEUS COMO AQUELES
BONECOS DE TEATRO MARIONETES QUE NADA FAZEM SEM ESTAREM EM PLENA CONEXÃO COM O
SEU DONO. A DIFERENÇA É QUE AS CORDAS QUE NOS UNEM A DEUS SÃO MORAIS E NÃO
CORRENTES DE SUBJUGAÇÃO.
A
frase proposta no Sermão do texto grego não é fácil de traduzir. Os tradutores por
nos entregar: mas cumprirás
rigorosamente para com o Senhor os teus juramentos. Essa não é a intenção,
mas dá a entender que os votos de que se fala são somente aquele que fazemos ao
Senhor. Mas a ideia do texto é que todos os nossos votos, mesmo aqueles feitos
ao próximo, devem ser cumpridos como ao Senhor, ou, como algumas traduções
preferem: votos que foram feitos na
presença do Senhor.
Rigorosamente
é uma interpretação dada ao próprio significado da palavra “juramento”
(horkous) e está fortalecida ainda mais para gerar a ideia de rigor, quando
Cristo a conectou ao Senhor.
O
desenvolvimento de um CARÁTER DA LUZ E FIEL está ligado diretamente ao
amadurecimento da nossa fé, quando isto nos conduz a viver na PRESENÇA DE DEUS
e entender que nada é neutro e estamos ligados a Deus por cordas morais
inquebráveis. O que pode acontecer é que ou revelamos OBEDIENCIA OU
DESOBEDIÊNCIA A ELE, que é o mesmo de VIVER PARA ELE ou EM REBELDIA.
Comece
a pensar que tudo, absolutamente todos os compromissos morais de nossa vida,
serão fachos da LUZ DE CRISTO ou sinais de TREVAS, depende do quando estamos
dispostos a vivenciá-los e a melhor maneira é sempre fazer votos verdadeiros e
cumpri-los para DEUS.
O
caráter de Deus e a presença de Deus em todos os lugares exigem que ajamos com
CARÁTER FIEL. Desenvolver essa consciência da nossa ligação moral e da força do
caráter de Deus sobre o nosso pode mudar toda a nossa filosofia de conduta.
PARA DESENVOLVER UM
CARÁTER DA LUZ PRECISAMOS ABANDONAR QUALQUER SUBTERFÚGIO PARA CONSTRUIR UMA
REPUTAÇÃO DE CARÁTER SEM UM CARÁTER DE FATO
Acho
que preciso explicar melhor o que desejo dizer com este subtópico. Na verdade,
o que temos no Sermão de Jesus é a repetição de quatro exemplos de juramentos
que são subterfúgios usados pelos judeus nos seus dias para dar credibilidade à
sua chamada “palavra de honra”.
Eu, porém, vos digo: Do mesmo modo como nos outros dois
exemplos anteriores, Jesus parte do texto da Lei de Moisés e o aprofunda
conceitualmente. Ele trabalha com a ideia de que eles não poderiam pensar que a
Lei fosse meramente um escrito de regras humanas, mas Jesus indica um caminho
de aprofundamento da Lei no coração do homem.
De modo algum jureis: nem pelo céu;
nem pela terra; nem por Jerusalém; nem pela vossa cabeça –O que precisamos considerar aqui é que
eles tentavam convencer as pessoas de
que eram pessoas confiáveis dando ao seu juramento o tamanho das coisas pelas
quais eles se dispunham a jurar. O que estavam tentando provar é que juravam
por coisas elevadas, para que as pessoas pensassem que eram tão tementes que
jamais quebrariam um pacto, afinal, quem quebraria um pacto, colocando em risco
o céu, a terra de Israel, a cidade de Jerusalém ou o próprio pescoço?
No
fundo, eles não estavam interessados nestas coisas. Apenas estavam usando um
subterfúgio. Moisés, em Levítico 19 disse que fazer um juramento deste tipo era
atacar a integridade da relação com Deus, o mesmo que tomar o nome de Deus em
vão.
Irmãos,
o que não podemos deixar acontecer é que nosso caráter seja construído de forma
fictícia. O que precisamos é que ele seja verdadeiro e não uma construção
falsa, baseado em discursos ou enganações. Quando os judeus precisavam provar
suas intenções, eles se valiam destes recursos, mas o que Jesus quer é que as
pessoas conheçam o nosso caráter pelo modo como vivemos. Veremos isto no último
tópico.
Deus
desmascara este subterfúgio dizendo que eles não poderiam fazer isto porque
eles não possuem controle algum sobre aquelas coisas elevadas pelas quais eles
dizem fazer juramento.
Por ser o trono de Deus; por ser o
estrado do seus pés; porque é a cidade do grande Rei; porque não podes tornar
um fio de cabelo brando ou preto
– Jesus está dizendo que este juramentos não tem valor algum porque eles nada
possuem destas coisas que colocam como garantia. Bem, quando Deus jura
fidelidade à Abraão,, ele jura pela sua santidade. OU seja, Deus possui
santidade, é dele e Ele jura pela sua santidade porque pode fazer justiça a
este juramento. Quando os judeus faziam juramentos, eles eram considerados
falsos porque suas garantias eram apenas subterfúgios.
O
que precisamos pensar muito bem é quais tem sido os nossos subterfúgios para
tentar provar que temos um caráter confiável. Às vezes, até para Deus nós
mentimos deslavadamente. Quantos não foram aqueles que juraram fidelidade e
mais amor a Deus e logo se esqueceram. Disseram-se tocados, lágrimas pareciam
corroborar sua decisão, mas no fundo, tinham em mente somente o momento e uma
vontade de ser o que de fato não eram.
PARA DESENVOLVER UM
CARÁTER DA LUZ PRECISAMOS ASSUMIR NOSSA RELAÇÃO COM DEUS COMO UMA RELAÇÃO DE
VIDA DIÁRIA
O
que precisamos para um caráter da luz é aprender a viver na luz! Podemos ser
bons em apontar razões para os homens crerem em nós. Mas, precisamos aprender a
ser o que queremos que as pessoas vejam em nós.
Seja, porém, a tua palavra: sim, sim; não, não. O que
passar disto vem do maligno (Mateus 5.37).
Seja a tua palavra - Sim, sim – Não, não - Jesus não está falando só de ser uma pessoa
decidida, como muitas vezes a gente aplica esse verso. Jesus está falando de
uma pessoa que vive de forma verdadeira.
Quando ele diz “sim” todos sabem que vai viver o “sim” e todos sabem quando diz
“não” é porque vai viver o “não”. Não há surpresas é disto que trata a vida do
homem de Deus e que deseja resplandecer a luz de Deus neste mundo.
A
ideia de palavra aqui claro que está ligada ao contexto dos juramentos e estes
eram declarações solenes de intenções. Mas, a ideia mais profunda que Jesus
propõe não se restringe ao que dizemos,
mas ao modo como vivemos. Devemos pensar que Jesus está dizendo que devemos
viver de uma maneira que sejamos cridos e confiáveis, que as pessoas saibam o
que esperar de nós.
Já
ouvi uma pessoa dizer que um crente nunca pode dizer: talvez. Afinal, “talvez”
não é nem “sim” nem “não” é somente “talvez”. Claro que Jesus não está dizendo
isto. Ele está dizendo que se dissermos “talvez” é porque é “talvez” mesmo. As
pessoas devem saber quem somos, devem saber que nossa vida é verdadeira.
Irmãos,
precisamos de uma conduta diária verdadeira que irão fazer as pessoas confiar
em nós. Até nossos erros, porque somos pecadores, não serão tropeços para nossa
relação com as pessoas, porque elas realmente saberão que “erramos” ou “falhamos”
e não que deliberadamente mentimos.
O que passar disto vem do Maligno – Jesus termina esta repreensão
dizendo que toda a relação de vida tem a ver com Deus e revelam nossa
aproximação com o Senhor ou nosso distanciamento dEle. O que aqui ele quer
dizer é que nosso caráter revela quem realmente atrai a nossa vida, ou quem é o
NOSSO SENHOR: Deus ou o Maligno.
Ninguém pode servir a dois senhores,
porque ou há de aborrecer-se de um e amar o outro, ou se devotará a um e
desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas (Mateus 6.24).
Quando
nossa vida diária aponta para um caráter duvidoso, uma luz embaçada, nossa vida
apontará para o que todos já sabem: o maligno ainda está presente e dominando a
vida humana. Apenas um crente de vida diária definida pela verdade é que
revelará sua ligação pessoal com Deus.
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Acho
que preciso explicar melhor o que desejo dizer com este subtópico. Na verdade,
o que temos no Sermão de Jesus é a repetição de quatro exemplos de juramentos
que são subterfúgios usados pelos judeus nos seus dias para dar credibilidade à
sua chamada “palavra de
Para
ter um caráter da luz precisamos assumir uma relação diária com Deus, isto é
fundamental e decisivo. Talvez a mais importante decisão de toda a nossa vida
cristã seja esta.
CONCLUSÃO
Diante
destas palavras de Jesus precisamos claramente investigar nossa vida e tomar
algumas decisões. Talvez, você tenha erros como qualquer um pode ter e sua vida
não seja uma clara demonstração de sua ligação diária com o Senhor. Talvez você
seja alguém que tenha uma luz embaçada ou até opaca, ou seja, nada tem
colaborado para que o mundo conheça Cristo, por meio do seu caráter.
Caros
irmãos, todos podemos ter sombras em nosso caráter. Eu sei que preciso aprender
muito mais para que minha lâmpada brilhe de forma muito transparente a luz de
Cristo. O que precisamos, neste exato momento, é tomar uma decisão: PRECISAMOS DOBRAR NOSSO JOELHOS E PEDIR A CRISTO
UM CARÁTER IGUAL AO DELE, UM VIDA RETA, CONSTANTE, MAIS RIGOR EM CUMPRIR O VOTO
DE VIVER PARA DEUS.
Um
dos pecados que cometemos comumente, uns com os outros é o de exigir CARÁTER do
outro e sequer arranhar o verdadeiro caráter de Cristo em nossa maneira de
viver. Este tipo de conduta é mais que uma hipocrisia, é um ato de descrença.
Afinal, quem vive na presença de Deus não pode, sequer pensar, em viver menos
que a verdade todos os dias.
ORAÇÃO
Senhor,
Pai das Luzes, cujo caráter sequer possui sombra de variação, ajuda-me a viver
em retidão e a ser alguém, cuja conduta reta aponte para Ti e para Tua vida em
mim. Amém.
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