4 de junho de 2017

1 Coríntios 15.57-58

A Perseverança Cristã Como Revelação do Reinado de Cristo 
1Coríntios 15.57-58
(pregado em 04 de junho de 2017 – Dia de Pentecostes – Domingo de Santa Ceia – na IP Vila Formosa)

Introdução

O verdadeiro cristianismo é uma fé em movimento. Assim como o fruto é o resultado natural da vida de uma planta saudável, o trabalho do cristão é a melhor amostragem da presença da vida do Cristo ressurreto no coração humano. Portanto, o incentivo à perseverança cristã é o apontamento de um alvo existêncial a ser perseguido como um meta e modelo de vida para revelar ao mundo que Cristo é Senhor da vida do crente.

A falta de perseverança cristã, ao contrário disto, pode ser o diagnóstico de duas situações preocupantes. A primeira e mais séria é a falta de ligação vital com Cristo e seiva produtora de vida verdadeira. Neste caso, o remédio é o encontro sério e verdadeiro com Jesus. A segunda situação preocupante da falta de perseverança cristã é a infantilização da fé, que é a doença da vida cristã vivida de forma distorcida, que conduz o crente a um modelo de relação com Cristo que o afasta do principio primordial de prioridade do Reino de Cristo.

Baseados nos princípios elementares expostos nos versos 57 e 58 que é conclusão do capítulo 15 de 1 Corintios, queremos refletir com seriedade sobre a perseverança cristã como um resultado direto do governo do Cristo ressurreto na vida do crente. Os pontos que levantaremos nesta mensagem é uma proposta de uma autorreflexão que visa uma reorganização da vida de fé e entrega ao Reinado de Cristo, mediante à percepção das próprias prioridades existenciais.

Esperamos que todos sejamos capazes de olhar para o texto da Palavra com fé e disposição para escolher o caminho estreito da vida com Deus.

A Perseverança Cristã é Uma Consequência dos Atos Redentivos de Deus
Graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. (1Coríntios 15.57).
Deus nos dá a vitória - Quando Paulo conclui este texto, ele tem em mente um grande conjunto de realidades da Igreja de Corinto. Ele, certamente, está pensando no fato de que aquela igreja estava desenvolvendo um cristianismo baseado em méritos pessoais e havia irmãos ali que se arrogavam muito especiais e mais espirituais que os demais, mas ele propõe uma visão diferente: Deus é quem nos dá vitória!

O trabalho da igreja, portanto, e todo o seu crescimento era resultado de uma obra do Senhor na Igreja. Não se tratava de uma riqueza produzida pelo homem, mas por Deus.
Irmãos, reparar, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muito sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento, pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes, e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aqueles que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se glorie na presença de Deus. Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça, e santificação e redenção, para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor (1Coríntios 1.26-31).
Do que é que estamos falando? Estamos falando da consciência que deve nos guiar a servir: SERVIMOS COMO RESULTADO DA OBRA DE DEUS E NÃO PARA DAR RESULTADOS PARA DEUS.

Por intermédio de Cristo - A igreja de Corinto precisava considerar seriamente o a importância de ver o seu trabalho como um resultado da obra de Deus. Paulo está propondo aos irmãos que pensem na sua vida como uma continuidade do ministério prático de Cristo, especialmente como resultado de sua ressurreição: SE ELE RESSUSCITOU ENTÃO NÓS RESSUSCITAMOS TAMBÉM.

Portanto, a NOSSA PERSEVERANÇA É UMA CLARA DEMONSTRAÇÃO DE QUE DEUS JÁ AGIU POR NÓS E EM NÓS, POR MEIO DA OBRA CONSUMADA DE CRISTO JESUS.

A Vitória – neste capítulo 15, Paulo está nos dizendo que a vitória que recebemos da parte de Deus foi a vitória de Cristo sobre todos os inimigos. Ele diz aqui, que essa vitória de Cristo é dada a nós. Portanto, como é proposto no verso 58, nosso trabalho não é um esforço de conquistarmos a vitória, mas um desfrute do que já ocorreu. Talvez este seja um dos grandes defeitos do cristianismo fraco que muitos crentes parecem viver: a falta de percepção de que Cristo é o REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES, vitorioso CORDEIRO DE DEUS. Essa ausência de uma percepção clara da vitória de Cristo, faz com que muitos crentes vivam tão desanimados e impotentes, derrotadamente entregues às dificuldades desta vida.

Quando ele diz: SABENDO QUE EM CRISTO VOSSO TRABALHO NÃO É VÃO. Está justamente nos dizendo que não tem como ser vão, na medida em que todo o nosso trabalho é a clara revelação da vitória de Cristo.

Quer mostrar ao mundo um Cristo vitorioso? Então, mostre com a alegria do seu trabalho o que ele fez e faz em você e através de você. A sua falta de perseverança pode ser uma clara demonstração de sua falta de fé na vitória de Cristo. Será que existe algo que Cristo não possa fazer por você, algo que ele não tenha vencido por você, algo que ele tenha esquecido de preparar para que você viva a eternidade com ele? Claro que você sabe que o problema não é dele e sim do seu coração sem fé.

A nossa perseverança cristã é resultante dos atos redentivos de Deus. Portanto, o caminho de uma vida de serviços a Deus não pode começar a partir de uma ideia distorcida de que estamos na frente do processo de Redenção, mas de uma profunda e clara consciência de que vivemos para mostrar que ele venceu a morte por nós.

A Perseverança Cristã é Uma Priorização Absoluta do Reino de Deus
Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor (1Coríntios 15.58a).
A primeira e mais natural consequência desta percepção da vitória completa de Cristo em nosso favor é uma mudança espiritual profunda que nos leva a priorizar o Reino de Deus e a sua justiça. Jesus havia dito que este deveria ser o nosso foco existêncial:
Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber, nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir (...) Porque os gentios é que procuram estas coisas; pois o vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas (Mt 6.25, 32-33).
Portanto, meus amados irmãos – Paulo se coloca ao lado dos crentes e fala que fomos feitos filhos de Deus em Cristo Jesus e esta condição deveria nos levar a concluir que nosso trabalho deveria nos fazer trabalhadores dedicados do Reino de Deus. Jesus, ensinou os seus discípulos a descansarem completamente no Senhor e na força do seu poder, sabendo que ele conhece as nossas necessidades, nos chamando a uma vida voltada a usar as situações da vida não para se completar de alguma coisas, mas para usar as coisas que temos para servi-lo.

Edraiossede firme – literalmente é, fique parado, mantenha-se no lugar, não fuja desta posição. Paulo compreende que o bom trabalho começa na firmeza da fé, na confiança de que estamos no lugar certo e na condição certa para estar. Pense em um soldado, que vê o fogo inimigo se aproximar e não se intimida, sabe que sua fé é o que ele precisa, sabe que estar no lugar onde o seu capitão o mandou é o lugar onde deve estar.

Vivemos em um crise de firmeza, uma falta de perseverança absurda. Crentes que não conseguem manter o ritmo nunca, não se seguram em seus postos ao menor sinal de tormenta. Este tipo de cristianismo não consegue realizar o serviço do Senhor e revela pouca percepção da vitória de Cristo. O seu problema irmão, com sua inconstância é que você acha que quem vai ganhar a batalha é a igreja e não Cristo.

Quem vai dar jeito nas intempéries da sua vida, você acha que é o pastor, a igreja, seu marido, a esposa, os pais, os amigos, os irmãos da igreja... quando você abandonar sua confiança nas ferramentas e começar a confiar naquele que dirige usa a ferramenta, então irá se lembrar que o papel do martelo não é decidir em qual prego irá bater mas ficar ali na mão do carpinteiro do universo para ser usado do jeito dele, na hora dele, segundo a vontade dele.

Gineste ametakinetói – se tornem imóveis – Aqui, seguindo o conceito da palavra anterior, Paulo pede ao soldado que não mude usa posição de combate. O pressuposto é de que a vida produz enfrentamentos que exige resistência. Infelizmente, as pessoas querem vida tranquila e não vida vitoriosa. Muitos crentes, tentam vitórias pessoais e não a de Cristo, por isso, estão tão frustradas. O que prova que não crêem é que não conseguem manter-se perseverantes. A falta de perseverança não é só indecisão é falta de fé.

Ele usa um verbo interessante, ginomai, que é o mesmo usado para gerar em um sentido reflexivo. Isto é, gere em você mesmo uma postura imóvel. É um trabalho baseado em uma autoconsciência. Você precisa dizer para si mesmo que deve permanecer naquela posição que o seu Senhor te ordenou.

Perisseuontes – sempre abundantes – acho que poderíamos usar uma expressão ainda mais forte em português: em lugar de sempre abundantes, poderíamos dizer: sempre excedendo o normal, sempre excepcionalmente surpreendentes – Paulo está falando de uma postura não só de constância mas de perseverante excelência. Fazendo sempre o melhor na obra do Senhor.

Mas, acredito que talvez nada mais contrário que esta expressão é o que muitas vezes se vê no comportamento cristão que deixa as migalhas das forças, do tempo, da atenção para as coisas que tem a ver com o Reino de Deus. Somos capazes de uma vida altamente intensa no que diz respeito à produção de bens de valor material e não somos capazes de produzir bens valor eterno.

Na mensagem que preguei sobre trazer os valores eternos para a vida temporal, vimos como a visão da eternidade pode alterar a nossa perceppão e ação temporal. O problema é que ainda não fizemos este movimento de prioridade.

A perseverança cristã é uma mudança de paradigma de prioridades e o trabalhar pela comida que é eterna e não a que é passageira.
Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subisiste para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará, porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo (Jo 6.27).
Você consegue viver assim? Consegue tornar Cristo sua prioridade? Sua perseverança já chegou neste ponto? Então, você precisa rever exatamente qual é a sua fé e onde você deposita sua esperança.
Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens (1Co 15.19).

A Perseverança Cristã é Resultado de Uma Mudança de Expectativa e Significado da Vida Temporal
Sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão (1Coríntios 15.58b).
Paulo sabia que havia na igreja de Corinto uma grande lacuna de fé. Eles haviam perdido o foco e significado real da vida cristã. Então, partiram para um tipo de conquista pessoal que os levara a lutar uns com os outros, competir uns com os outros, a buscar honrarias humanas e reconhecimentos baseados em sucessos pessoais, inclusive reconhecimentos espirituais, baseados em méritos e privilégios humanos.

Quando nossa busca e esperança é tão limitada a nos completar apenas nesta vida e para esta vida, somos, como o verso 19 diz, pessoas infelizes, incompletas, insatisfeitas e sempre ansiosas. Precisamos de uma mudança urgente. Irmão, aprenda de uma vez: VOCÊ PRECISA MUDAR SUA EXPECTATIVA E SIGNIFICADO DA SUA VIDA TEMPORAL.

Pantote eidotes – portanto sabendo – Paulo conclui sua última palavra de exortação com uma palavra que propõe o caminho a ser seguido: o conhecimento como ponto de partida fundamental. O verbo que Paulo prefere usar indica um conhecimento revelado na prática. Como se ele estivesse dizendo que a postura de perserança é o resultado do conhecimento que temos da obra do Senhor por nós e da vitória de Cristo e dos seus resultados eternos. Este verbo, na sua raiz, significa “ver”, mas usado no modo perfeito indica uma visão que dá conhecimento.

Portanto, ver aqui é ter não uma visão física, mas uma percepção intelectual. Como quando alguém diz assim: você está vendo isto? No sentido de está entendendo isto? Um tipo de conhecimento experimental, quase baseado numa percepção sensorial da vida. Sim, Paulo está dizendo que a pessoa que se mantém perseverante está desfrutando de uma percepção sensorial, sobrenatural, especial do que realmente é a vida com Cristo.

A vida com Cristo é uma confiança eterna e a busca de significado eterno para a vida temporal.

No Senhor – Este é o ponto central de todo o argumento de Paulo. Sim, Cristo é o ponto semântico, o ponto de significado e sentido da vida. Tudo muda quando Cristo é quem confere sentido ao que fazemos e ao que somos. Não tem como uma mensagem mudar o curso de sua percepção de vida se você não conseguir compreender que Cristo é quem fala ao seu coração.  

Hó kopos himon, ouk estin kenos en kírion - O vosso trabalho nunca é vazio no Senhor – O outro ponto que quero chamar a atenção é para o fato de que Deus escolheu usar você. É o seu trabalho, aqui apontado pela palavra “kopos” que pode significar também “sofrimento”, sua “luta”. 

Acredito que Paulo está falando aos crentes dento do campo semântico, o campo de significado, da arte da guerra, da guerra que Cristo realiza contra o seu último inimigo a morte. Ele diz que nossa luta, como ferramenta da vitória do Senhor nunca é vazia. Ou seja, as marcas que a vida deixará em nós, como ferramentas do Senhor são os sinais da vitória de Cristo através do nosso labor.
Cada vez que a vida cristã te deixa marcar, elas são marcas da vitória de Cristo e portanto testemunho vivo de que Cristo usa a sua vida. A honra de sermos instrumentos de Cristo nesta batalha. OU seja, a nossa perseverança nesta luta é um resultado direto do fato de que Cristo nos usa e que somos dele e produtos de sua vitória, seu governo.

VOCÊ PRECISA DAR À SUA VIDA UM SIGNIFICADO MAIS ELEVADO. VOCÊ PRECISA PERCEBER-SE COMO PARTE DE UM PLANO ETERNO E PERCEBER SUA VIDA NUM OUTRO PATAMAR QUE EXCEDE O PLANO TEMPORAL DE EXISTENCIA.

OLHE além de si mesmo e além do tempo, além do que se pode ver apenas com os olhos da carne, olhe com os olhos da fé, veja o que não se pode tocar, o intangível e tenha coragem de crer e viver o extratemporal de Deus.

Conclusão
O ponto que temos de enfrentar corajosamente esta noite é que ainda nos falta este tipo de perseverança que revele realmente o governo de Cristo sobre a nossa vida. Que mostre que a eternidade de Cristo e de sua vitória sobre todas as coisas se sobrepõe à nossa vida diária determinando-a.

Sei que quando mais irmãos e irmãs começarem a pensar e a viver assim, estaremos num novo patamar de vida cristã. Isso é avivamento, isso é vida espiritual, isso é vida com significado transcendente.

A vida ressurreta é construída na medida em que a ressurreição de Cristo é uma chave de entendimento do próprio propósito da existência. Pois, quando o crente começa a perceber que sua vida está em Cristo e que ele é o ponto de chegada, o ponto de convergência para o qual se dirigem todas as coisas, algo acontece que muda o ritmo de nossa própria vida.

O trabalho com que ganhamos o dia a dia, o pão nosso de cada dia, estará a serviço do venha o teu reino, seja feita a tua vontade, do santificado seja o teu nome. As lutas todas, os inimigos que temos de perdoar, são apenas mecanismos de como o Senhor nos prova e como deseja que aprendamos do seu amor e perdão. Tudo muda de figura.

Coisas práticas mudam no seu comportamento, como por exemplo, sua disposição em oferecer seu corpo, mesmo cansado para cumprir propósitos mais elevados. Acredito que você não reclamara mais de ter de ir à igreja todos os domigos, afinal, você foi comprado pelo sangue para isto.

Será mesmo que você não precisa rever nada sobre suas prioridades? Você está pronto para tomar parte da ceia de Cristo e declarar fidelidade à ele. Você tem essa coragem? Ou você não crê que ele está aqui e te conhece?

Esta noite, ao tomar da ceia, quero te convidar a proceder uma importante mudança em sua vida. Saiba que o Reino de Cristo é construído pelo poder dele e não pelo seu, então renegue essa ideia tola de que você está na linha de frente e que se você não fizer a obra Deus não fará. Ao contrario disto comece a fazer do seu trabalho um resultado da obra de Cristo. Ou seja, faça da sua perseverança uma clara demonstração de gratidão. Sua ingratidão é denunciada na sua falta de operosidade e você sabe disto!!!

Agora, também comece a pensar em sua vida e sua perseverança como uma mudança de prioridade. OU seja, comece a realmente valorizar o que é eterno e a sua vida eterna. Comece a se lembrar que a eternidade começa na sua atitude temporal e passe a encontrar seu autossignificado em Cristo e não nas coisas que você constrói temporalmente.

Faça da sua perseverança em Cristo uma demonstração do governo dele sobre a sua vida e resolva definitivamente DEMONSTRAR que ele é o SENHOR DA SUA VIDA. Então, à mesa do seu Senhor, coma do pão e beba do cálice com amor.





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