4 de março de 2018

Marcos 10.2-16

Precisamos Prevenir a Perda da Plenitude do Reino Na Nossa Vida Familiar
Marcos 10-2-16

Introdução
O contexto de nossa passagem é a ideia de que a Igreja foi chamada para representar o Reino de Cristo entre os homens, sendo sal que traz a vida do reino ao mundo caído. Jesus convoca seus discípulos a um padrão diferenciado de vida, o que torna a existência da igreja uma necessidade do mundo, isto é, sem a igreja não haveria amostragem do Reino de Cristo.
Contudo, o problema que ocorria entre os discípulos é que essa vida diferenciada estava sendo distorcida por causa dos efeitos do pecado na trajetória da vida dos próprios servos do Reino. Marcos toma esta realidade a partir do ensino de Jesus sobre a vida familiar e os princípios que a devem reger.
O texto, claramente fala sobre dois aspectos da vida familiar: o casamento e a condução dos filhos pequenos a Cristo. Não devemos limitar o ensino de Jesus aos temas localizados do divórcio e a educação de crianças no reino. Precisamos expandir nossos conceitos sobre estes textos, propondo uma visão um pouco mais elevada.
Evidentemente, as passagens dos versos 2 a 12, versam sobre a matéria do divórcio e como Cristo Jesus posiciona-se contra a prática do divórcio. Esta figura está bem assentada em nossa doutrina e prática eclesiástica. Da mesma forma, os versos 13 a 16 não é apenas uma advertência contra a falta de cuidado dos pais no ensino cristão a seus filhos. Claro que está também bem assentado entre nós a necessidade de conduzirmos nossos filhos a Cristo, por meio de trazê-los ao culto e ao ensino da Palavra.
O que precisamos buscar nesta noite são conceitos mais profundos sobre o fato de que perdemos identidade enquanto reino e perdemos uma das mais preciosas bênçãos que Deus nos deu, ao nos dar vida familiar. Essa bênção é a experiência de plenitude do Reino de Deus, quando conduzimos a nossa vida familiar segundo os padrões do sal, isto é, segundo os padrões de Deus, da luz.
Ao final desta mensagem, seria importante que você olhasse para sua vida familiar e procurasse identificar sinais de que está perdendo a plenitude do Reino no seio da sua família. Seria importante que você não se conformasse com o fato de que o sal, neste caso, a família, está perdendo do sabor. Irmãos, precisamos de um olhar mais cuidadoso sobre o SIGNIFICADO E O SENTIDO DA VIDA FAMILIAR NO QUE DIZ RESPEITO A SER A AMOSTRAGEM MAIS PERFEITA DO REINO DOS CÉUS.
Quando perdemos a plenitude da vivencia do reino da vida familiar, perdemos a oportunidade de realmente trazer ao mundo uma amostragem do SAL transformador e preservador que Deus quer que sejamos e revelemos ao mundo.

Perdemos a Plenitude do Reino na Vida Familiar Quando Somos Determinados e Guiados pela Dureza do Nosso Coração Pecaminoso
E, aproximando-se alguns fariseus, o experimentaram, perguntando-lhe: É lícito ao marido repudiar a sua mulher? Ele lhes respondeu: que vos ordenou Moisés? Tornaram eles: Moisés permitiu lavrar carta de divórcio e repudiar. Mas Jesus lhes disse: Por causa da dureza do vosso coração, ele vos deixou escrito este mandamento, porém, desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. Por, deixará o homem a seu pai e mãe e unir-se-á à sua mulher, e, com sua mulher, serão os dois uma só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne. Portanto o que Deus ajuntou não o separe o homem (Marcos 10.2-9).

Desde o Princípio da Criação Deus os fez – Precisamos perceber que a questão levantada pelos fariseus foi respondida por Jesus voltando ao princípio da Criação e ao fato de Deus ser o Criador. Essa visão de Deus como nosso Criador e, portanto, tendo autoridade para conduzir e determinar o significado da nossa existência é o ponto chave para o ensino de Jesus sobre a vida humana. A vida familiar não é fruto de um mero processo de escolha humana, baseada apenas em critérios humanos e pessoais, a vida familiar, como o texto pode claramente estabelecer é fruto de um processo de decisão do criador.

Deus os fez homem e mulher – portanto o que Deus ajuntou não o separe o homem – essa frase controla a posição e o ensino de Jesus sobre o que é e para que serve a vida familiar. Aqui, claramente, a vida familiar é a realização de um desejo do Criador, sobre o modo como irá conduzir a nossa vida na terra, separando-nos e fazendo-nos um só com alguém para ELE próprio. A unidade entre homem e mulher é um processo espiritual, que deve servir como ponto de partida para que no decorrer de nossa vida se consolide por meio de atos morais de proximidade, atos físicos da sexualidade e atos espirituais de amadurecimento na fé.

Por causa da dureza de coração (skleroskardia) -  Irmãos, parte da vontade de Deus para revelar o seu governo perfeito sobre a nossa vida tem a ver com a vida familiar e a ligação íntima e perfeita entre o homem e a mulher. Este relacionamento, na Bíblia, muitas vezes, foi comparado ao relacionamento entre o próprio Deus e seu povo, uma espécie de ilustração vívida de como é o amor perfeito. A unidade familiar entre o homem e a mulher é a relação social mais complexa que existe. Você pode gostar de todas as demais pessoas do mundo, pode ter amizade e cumplicidade, mas ser espiritualmente UMA SÓ CARNE, só é possível com a sua esposa ou esposo.
A unidade conjugal é a única amostra de amor neste nível profundo, nenhuma outra, nem mesmo a relação entre pais e filhos, pode ser equiparada a esta ideia de amor profundo, é a única forma do Pai mostrar ao mundo o VALOR PROFUNDO DO AMOR UNIFICADOR. Contudo, o texto nos mostra que eles tinham dificuldade imensa de perceber que o REINO DE DEUS QUER SE TORNAR CONHECIDO POR MEIO DO AMOR DE UM HOMEM POR UMA MULHER. E o problema deles é que estavam sendo controlados pela DUREZA DO SEU CORAÇÃO.
Irmãos, precisamos refletir muito sobre o que a dureza do nosso coração nos faz perder a PLENITUDE DO REINO DE CRISTO NA VIDA FAMILIAR. A vida familiar poderia responder a o mundo sendo o maior e mais completo exemplo da manifestação do REINO DE CRISTO em seu fator de profunda UNIDADE DE AMOR, pois, homem e mulher conseguem, na vida conjugal plena, revelar uma amostra do profundo poder espiritual do amor.
Sinto que não percebemos o quanto perdemos, quando deixamos a dureza do nosso coração controlar e atrapalhar nosso desfrute da plenitude do Reino de Cristo, simplesmente porque nos deixamos dirigir por interesses controlados pela dureza do coração pecaminoso.
Quando nossa vida familiar é controlada pelos desígnios endurecidos do pecado controlador do coração, perdemos a possibilidade da plenitude do reino de Cristo e de salgar o mundo com esta plenitude de amor unificador.

Perdemos a Plenitude do Reino na Vida Familiar Quando Perdemos de Vista a Beleza de Sermos Usados Para Dar Significado à Vida de Alguém
Em casa, voltaram os discípulos a interroga-los sobre este assunto. E eles lhes disse: Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra aquela. E se ela repudiar o seu marido e casar com outro, comete adultério (Marcos 10.10-12).
Evidentemente um dos nossos maiores obstáculos à vida familiar plena é a nossa limitação em compreender de que forma Deus pode usar nosso casamento para refletir o seu amor e o seu reino ao mundo. Nesta parte do texto, os discípulos são os maiores interessados no tema, portanto, deixando de lado os fariseus e seus corações endurecidos, partimos para tentar compreender o que os discípulos pensavam sobre a vida familiar.

Divórcio (apolysso) – A palavra grega para divórcio indica “lançar fora”, isto é, repudiar, deixar de lado. Ela aponta para um ato de desprezo e desrespeito para com a condição do outro. Jesus está dizendo que quando somos conduzidos a abandonar e considerar o outro com desprezo, repúdio, o que estamos fazendo é também desprezando o que Deus nos fez. Fomos feitos parte do outro não para nós mesmos, para o próprio outro e isto para DEUS. Quando, movido por outros interesses, resolvemos nos perceber e perceber o outro segundo outro padrão e não o do interesse do CRIADOR, estamos desprezando a realidade de quem somos.

Adultério (moichós) – o condição de adultério é a aquela em que tornamos o outro em algo desprezível. Veja, o adultério é o mesmo que transformar o outro em algo desprezível e destituir-lhe o valor criacional. Deus abomina o repúdio, porque o repúdio é um ato de desvalorização da criação. Deus fez alguém e uniu você a este alguém com a finalidade de que, no amor que você viesse a devotar a essa pessoa, Deus revelasse o seu amor profundo. Quando desprezamos esta pessoa, estamos destituindo-a de valor e, naturalmente, perdendo o privilégio de vermos o mais absoluto significado de alguém.

Jesus está dizendo aos seus discípulos que o Senhor tem autoridade para escolher como é que deseja fazer nossa absoluta representação do seu amor irá se revelar ao mundo. Pecar contra essa pessoa que nos torna plenos é uma perda significativa da plenitude do reino em nossa experiência diária.  
Reconhecemos que há muitas dificuldades para servir a Deus na vida familiar e conjugal. Somos pessoas tão diferentes e tão complexas. Mas é justamente a vontade do Criador que comanda as nossas possibilidades. A plenitude do Reino é revelada no fato de Deus conseguir nos usar para vencer todas as dificuldades do que significa dar significado à vida de alguém.
O Casamento não é só algo complexo e difícil de se cuidar. O casamento é uma missão de trazer plenitude à vida de alguém, por meio da revelação do amor unificador de Deus que nos faz ser um com outra pessoa.
Quando um casamento se torna pleno e o homem e a mulher conseguem se ajudar nesta grande tarefa de um lapidar o outro, um salgar o outro em meio ao fogo das dificuldades, quando isto acontece, Deus é glorificado e a plenitude do reino se mostra aos homens.
Perdemos a profundidade da plenitude do reino, quando não percebemos a beleza desta tarefa e escolhemos servir nossos interesses e não os de Deus no casamento.

Perdemos a Plenitude do Reino na Vida Familiar Quando nos Deixamos Nossa Vida Ser Conduzida Apenas Por Valores Sociais Caídos do Mundo Pecaminoso
Então, lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo: quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele. Então, tomando-as nos braços e impondo-lhes as mãos, as abençoava (Marcos 10.13-16).
Com certeza, irmãos, a riqueza destes versos é muito maior do que somos capazes de abordar neste pequeno tempo que temos. Claro que aqui, o valor da vida das crianças está sendo ressaltado e a importância de conduzi-las para um relacionamento pessoal com Cristo. A vida familiar é uma oportunidade plena de amadurecimento na fé. Em nenhum outro ambiente é possível amadurecer relacionamento com Deus, quanto em nosso próprio lar.
Vamos olhar para este trecho nesta oportunidade, percebendo as razões que os impediam de vivenciar essa plenitude no reino e como precisavam revisar o que compreendiam ser o valor dos seus filhos.

Para que as tocasse – impondo as mãos – é possível perceber que nestes versos, o que está em tela é o toque de Jesus. Não temos aqui nenhuma instrução normativa para criação de uma cerimônia de toque das crianças, ou qualquer coisa do tipo. O que temos aqui é o estabelecimento de uma relação de importância entre a vida das crianças e o Rei.
Algumas vezes, somos conduzidos a valorizar as coisas e pessoas seguindo padrões de um mundo caído. Naquela ocasião era isto o que estava acontecendo. Os grandes mestres não podiam ser interrompidos por crianças, seu tempo era destinado aos adultos, os quais, sim interessavam aprender para divulgar ensinos. Mas, Jesus lhes mostra que o Reino dos Céus se manifesta na vida familiar seguindo um valor diferente dos hábitos socialmente construídos, por uma sociedade pecaminosa.
Quando nos permitimos ser controlados mais pelos hábitos pecaminosos do nosso mundo caído e seus valores corrompidos e perdemos de vista o verdadeiro significado das coisas segundo Deus, perdemos a beleza e a plenitude da vida no reino.
Dos tais é o reino dos céus – nossos filhos tem o direito de experimentar a plenitude do reino dos céus e nossos lares e nós temos o dever de lhes dar isto. Quando negligenciamos este valor profundo, por meio da atmosfera do amor que lhes conferimos e do amor que Deus revela a nós em nossa casa, estamos cometendo um grave pecado contra a vida de nossos filhos.
No verso 15, o Senhor toma a criança como um paradigma, e nos diz que o modo de reação da criança parece nos ensinar. Jesus falava acerca da simplicidade e da singeleza com que a criança percebe a vida, de forma não tão controlada pelos hábitos pecaminosos do mundo. Jesus não está dizendo que as crianças não tem pecado, mas que sua conduta ainda não é tão determinada pelos pecados socialmente  constituídos.
Por outro lado, ele também pode estar nos dizendo que aprendemos a nossa fé, logo cedo e que muito provavelmente seja a melhor maneira de ser apresentado ao reino de Deus e aprender os seus valores, quando os recebemos ainda na tenra idade.
A plenitude do reino é melhor vivenciada quando somos crianças e somos ensinados a viver para Cristo e nos aproximar de Cristo. O gesto de Jesus para com aquelas crianças é o estabelecimento de uma bênção real sobre elas. Isto é, daquela forma Jesus lhes mostrava que o Reino dos céus se estendia a elas, por meio da sua proximidade com o Rei.
Clive Staples Lewis, em suas Crônicas de Nárnia, mostra que o relacionamento de Aslam com os humanos acontece figuradamente através das crianças, da família Pevency. Especialmente Lúcia a mais nova dos irmãos, ela demonstra ter uma proximidade aos valores do reino de Nárnia ainda mais clara que o relacionamento dos seus irmãos mais velhos.

Conclusão
"A Plenitude do Reino na Vida Familiar" (Marcos 10.2-16)

Onde você vê problemas, Jesus vê a vontade do Pai;
Onde você vê relações meramente legais; Jesus vê uma missão divina;
Onde você vê limitações humanas; Jesus vê amplidão do reino dos céus.

Sem dúvida alguma, podemos estar muito equivocados no modo como consideramos o que é e para que serve a nossa vida familiar. É necessário recuperar a percepção gloriosa de como a vida familiar pode nos conduzir à plenitude existência por ser a mais poderosa ferramenta de condução da nossa alma à vida espiritual.
Claro que Deus deseja nos mostrar a plenitude do seu amor nos ensinando a viver a vida familiar de uma forma mais completa e perfeita e esta é a melhor maneira de experimentar a plenitude do Reino de Cristo, isto é, ter uma família que vive para Deus, segundo o modo de Deus.
Meus irmãos, precisamos recuperar a visão de que nosso lar é a mais importante instância de revelação do reino no âmbito da pessoalidade. Claro que a igreja ocupa um lugar de destaque quando trabalhamos a manifestação social do Reino de Cristo, mas quando falamos da questão da relação pessoal, o lugar onde mais nos aproximamos da plenitude da vida no reino é na nossa própria casa.
O que precisamos fazer para reverter um quadro de perda desta plenitude do Reino em nossa vida familiar? Trazer nossa vida familiar de volta para Cristo. Moldar nossos conceitos aos estabelecidos por Deus e trazer para contexto de nossas relações familiares os princípios do Reino, da unidade e do cuidado e da bênção de Deus.


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