7 de abril de 2019

Efésios 5.1-2

Quanto Custa Amar?

(Culto da Manhã – Abril 2019 – IP Tatuapé)
Efésios 5.1-2
Introdução
No texto que nos serve de espelho esta noite, veremos a nós mesmos e nos avaliaremos como imitadores do amor de Cristo Jesus. Este é o ponto mais importante levantado pelo apóstolo Paulo nestes dois versos. Ao nos ver, precisamos perceber bem a nossa face diante deste espelho e nos perguntar com toda a seriedade: quanto custa para que você realmente ame ao Senhor e ao seu próximo? 
O “custo” de uma coisa é aquilo que você está disposto a perder para tê-la. Portanto, quando nos perguntamos sobre o “custo do seu amor”, sabemos que você estará disposto a deixar algo de lado para poder amar. 
Parece-me justo dizer que o amor que dedicamos a Deus muito pouco amor, muito menor do que realmente deveríamos dedicar se compreendermos realmente o que significa a obra que Ele fez por nós, ao nos dar seu Filho na Cruz como preço para a nossa Redenção.
Sem dúvida alguma a pergunta do título desta mensagem é bastante inquietante. Ela nos chama a atenção, primeiramente, para o fato de que o nosso amor para com Deus tem frequentemente um componente de “troca”. Afinal, esperamos que ao nos dedicarmos na vida religiosa, algo nos será dado pelo Criador. Esta pode ser uma prisão, da qual podemos estar cativos sem perceber.
Cristo é o padrão modelar proposto neste texto: COMO CRISTO NOS AMOU; e esse é o ponto de partida mais importante para a sua análise de custo nesta manhã. Esteja pronto para levar em consideração a possibilidade de descobrir-se um devedor ao amor de Deus e ter de refazer suas premissas de vida e amor.  
Amar Tem o Custo de Deixar de Viver os Padrões de Deus e Não Segundo Vontades Próprias
Irmãos, de alguma maneira, todos já sabemos que precisamos viver do modo de Deus e não do nosso jeito. Em geral, o nosso modo é permeado de buscas pessoais que nada nos completam como pessoas, é a construção de uma felicidade falsa, vazia e pueril, que se dissipa como uma neblina, que vai embora antes do sol chegar a brilhar sobre a terra.
Pense na imagem de uma labirinto- Perceba em si mesmo, se você tem sido alguém assim. Sempre tentando fazer só aquilo que te agrada, construindo um mundo cheio de imperfeições, seguindo em um labirinto de vontades pessoais que só constroem saídas falsas, que quando você percebe, está de novo perdido e sem saída.
Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados
Sede pois– o texto é a conclusão de um grande assunto que Paulo começou a tratar no capítulo 4, quando ele propôs conceito de “andar de modo digno do Senhor”, por que somos prisioneiros do amor imensurável de Deus, que nos é dado em Cristo Jesus, amor que excede todo o entendimento humano. NO capítulo 4.17, ele inicia uma sessão que nos deixa claramente comprometidos com este novo modo de vida, que nos torna muito diferentes dos homens sem Cristo, que estão alheios à vida que provém de Deus. E nos leva ao compromisso da obediência, que se resume em atos de amor, que se vê caracterizado nos versos anteriores ao nosso espelho desta manhã: 
E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção. Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmia e bem assim toda malícia. Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo vos perdoou (Efésios 4.30-32). 
Imitadores de Deus (mimetai)– Aqui a referência é justamente a este argumento poderoso que é o amor de Deus que se revelou na entrega de Cristo jesus. Esse perdão divino que nos é concedido sem a possibilidade de receber nada em troca. Este é o centro da questão: IMITAR A DEUS É ESCOLHER VIVER DE UM MODO QUE NOS LEVE A BUSCAR O OUTRO E NÃO A NÓS MESMOS.  O termo “mimetai” indica o ato de emular o mesmo que o outro faz, como as crianças que tentam imitar os adultos, brincando serem adultos, imitando médicos, policiais, mecânicos, seus pais...
Como filhos amados– ele usa aqui um fator comparativo que nos transporta para a fala do Pai sobre o próprio filho: este é o meu filho amado, em quem me comprazo. Paulo está dizendo que este modo de vida, mimetai, indica que temos como espelho e alvo de vida, a própria vida de Jesus. O que está muito ligado ao que foi dito anteriormente: 
(...) com vistas ao aperfeiçoamento dos santos (...) até que cheguemos (...) à perfeita varonilidade, à medida da estatura de Cristo (...) cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo (Efésios 4.12-15).   
O que precisamos fazer é ter em mente que O AMOR PROFUNDO A DEUS só será realmente evidenciado quando estivermos dispostos a viver do modo aprovado por Deus, imitando o próprio Deus como nosso exemplo maior. 
O seu amor custa o que você está disposto a perder para tê-lo. Aqui, a proposta é saber se você está disposto a viver do jeito de Deus e escolher o caminho de Deus ou presunçosamente, continuar no labirinto de suas próprias escolhas. Pense sobre isto! 
Amar Tem o Custo de Aprender o Valor dos Outros e a Necessidade de Esvaziar-se
Vivemos em um mundo de autorrealização, onde a busca de si mesmo e sua própria realização existencial é considerada uma virtude. Não por outro motivo, vivemos em meio a geração mais egoísta que já existiu, existindo com pessoas auto centradas, voltadas para interesses pessoais e excepcionalmente individualistas. Até mesmo o Cristianismo de nossos dias é contaminado por este modo de pensar e cada vez mais, somos menos irmãos. 
O caminho que Paulo propõe é completamente oposto a isto e por isso é um grande desafio para todos nós. Ele não consegue pensar em um crente vivendo para si mesmo, senão que define o crente a partir de uma única premissa: alguém disposto a dar a sua vida por outros.  
E andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós (Efésios 5.2). 
E andai (peripateite) em amor– logo no começo do capítulo ele diz: ANDAI POR MODO DIGNO DA VOCAÇÃO A QUE FOSTES CHAMADOS. Fomos chamados para um modelo baseado no prório Cristo e para cumprirmos a Lei de Deus que é o ordenamento perfeito da realidade, cujo resumo é: AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS E AO PRÓRIO COMO A TI MESMO. 
Bem, dentro deste quadro de referencia, Paulo aqui no verso dois nos chama a fazer do amor um modo de vida contínuo. Ele usa o verbo peripateo no presente contínuo, que indica uma ação continuada no presente. Ande sempre em amor! 
Como Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós– nessas duas orações, sentenças, temos o foco na pessoa do FILHO e na OBRA que Ele fez. Em tão pouco espaço de texto, Paulo conseguiu envolver a Trindade no processo da nossa vida: Ele começou ainda no capítulo 4 dizendo que NÃO DEVEMOS ENTRISTECER O ESPÍRITO; depois no capitulo cinco, no verso um, disse para IMITARMOS O PAI, como seu filhos amados, e agora, explicitamente, aponta CRISTO, O FILHO, como modelo ideal. 
Duas ênfases das sentenças deste verso 3: NOS AMOU – SE ENTREGOU POR NÓS. Jesus não buscou viver para si, para fazer de si o centro de toda a ação. Jesus esvaziou-se de si mesmo e viveu e morreu POR NÓS. Este ponto é um aspecto da vida Cristo que não podemos deixar de considerar: IMITAR A CRISTO É VIVER PARA OUTROS E NÃO PARA NÓS MESMOS. 
Compreenda quão desafiador é essa passagem! Como o CUSTO DO AMOR  tem valores elevados. Afinal, o AMOR CUSTA O QUANTO VOCÊ ESTÁ DISPOSTO A PERDER PARA TÊ-LO. A vida de amor não se constrói buscando A FAMA DE AMAR PESSOAS, MAS AMÁ-LAS MESMO QUE NINGUÉM SAIBA QUE AS ESTAMOS AMANDO. 
Voltemos para os Evangelhos. Lembremo-nos dos fariseus que davam suas esmolas em praças públicas e esperavam que os agraciados os louvassem em alto e bom som. Também voltemos àquela viúva pobre, que vai ao gasofiláceo, sem que ninguém saiba, e entrega tudo o que tem, todo o seu sustento. 
Claro que o verdadeiro amor tem um custo que passa pela ideia de valor do outro para nós. O SEU AMOR CUSTA O QUANTO VOCÊ ESTÁ DISPOSTO A PERDER PARA TÊ-LO, aqui eu pergunto: você está disposto a perder o privilégio de fazer tudo por si e dar lugar a fazer tudo pelos outros? Será que temos coragem para amar assim? 
Amar Tem o Custo de Viver Completamente Para o Agrado de Deus e de Não Procurar Ser Agradado
Paulo volta ao tema do agrado de Deus. No verso 1 ele deixou claro que a visão que tem em mente é a do próprio Jesus, o Filho amado do Pai.  Agora, no verso 2, ele volta ao tema com uma frase que complementa o que foi dito na primeira parte do verso: 
Como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave (Efésios 5.2b). 
Aqui Paulo usa uma linguagem do Velho Testamento, lembrando os sacrifícios estabelecidos no Levítico, que incluíam a morte e o derramamento de sangue como oferta a Deus pelos pecados. 
Oferta e Sacrifício a Deus– o ponto central é que Jesus se deu a si mesmo, abrindo mão de si, tendo como propósito último da sua existência: agradar ao Pai. Acho que isso deveria estar em nossa mente, quando falamos em amor ao próximo e amor a Deus. Um está relacionado ao outro, porque no final, seremos capazes de amar os outros e viver em esvaziamento pessoal, quando nosso amor a Deus nos mover a fazer aquilo que agrada a Deus. 
QUANDO AGRADAR A DEUS É O QUE MAIS ME AGRADA, amar de forma sacrificial por outras pessoas não é uma dor, mas uma felicidade. Por que é que Deus exige tal amor? Porque este tipo de amor é altamente benéfico a nós e a melhor maneira de alcançarmos o ponto alto do valor existêncial: EXISTIR BEM  PARA QUE OUTROS POSSAM EXISTIR MELHOR. Esse é o sentido das profissões, da paternidade, maternidade e da própria religiosidade. Lembre-se do disse Tiago sobre a verdadeira religião: 
Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem aventurado no que realizar. Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua religião é vã. A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo (Tiago 1.25-27). 
Como aroma suave– subia a Deus os odores do sacrifício e os textos bíblicos dizem que Deus recebia as ofertas como um aroma suave às suas narinas. Isso é o mesmo que dizer o quanto nossa vida causa prazer a Deus. Jesus viveu segundo esse modo e propósito existencial: TUDO FAZER PARA AGRADAR AO PAI. 
Precisamos aprender a viver para Deus! Digo precisamos no sentido de DEVER, afinal, a morte de Cristo nos compromete com isso. Pois, a morte dele é um resgate dado por nós, o qual agora nos torna PROPRIEDADE EXCLUSIVA DE DEUS. Viver para agradar a Deus não é somente esperado de você, mas um dever que Deus requer de você e que Ele tem o direito de receber. 
Por outro lado, o Pai se agrada de ver que eu e você estamos dispostos a viver assim, neste patamar de agradá-lo, de lhe dar prazer, de lhe fazer satisfeito em ser aquilo que que nos satisfaz. 
O seu amor custa aquilo que você está disposto a perder para tê-lo e agora o espelho da PALAVRA nos questiona: estamos prontos a viver para a agradar a Deus, abrindo mão de viver somente para sermos agradados? Quando assim estivermos prontos a viver, teremos começado a viver em AMOR. 
Conclusão
Três importantes passos precisamos empreender neste momento. Comece pensando no fato de que VOCÊ PRECISA PAGAR O PREÇO DO AMOR E ESTAR PRONTO A VIVER SEGUNDO O PADRÃO DE DEUS – isso requererá obediência ao Senhor e muita disposição de seguir na direção que Ele propõe. 
Em segundo lugar, VOCÊ PRECISA PAGAR O PREÇO DE SE DISPOR A VIVER PARA OS OUTROS – e isso requererá de você uma disposição de esvaziamento pessoal e mudar alvos existências egoístas, por uma rotina de vida de interesse nas coisas das outras pessoas. 
Por fim, VOCÊ PRECISA PAGAR O PREÇO DE VIVER PARA O AGRADO DE DEUS – isso implica em uma clara noção de que sua vida pertence a Deus e que é direito dele que você faça a sua vontade. Mas, mais que isso, Ele se agrada de que você se agrade nele e nele se sinta completo. 
Você consegue refletir sobre você mesmo e olhar neste espelho e perceber quem você tem sido até aqui? Você consegue notar deformações na sua vida cristã? Consegue perceber que o labirinto que você escolheu viver pode ser uma vida frustrante e que vivendo do jeito de Deus pode ser a única e verdadeira saída para você? 
Irmãos, eu queria poder dizer a vocês que em nossa igreja, o amor a Deus e ao próximo é a marca mais clara e fundamental. Mas, todos sabemos que muitas vezes, desprezamos a obra de Deus e de muitas formas. Em nossa igreja, menos de 40% dos membros maiores são contribuintes regulares e essa é só uma amostra de que nos falta algo. Precisamos considerar atentamente o que realmente comanda o amor em nosso coração.
Peço a você que consulte a Palavra de Deus e fale com seu Deus em oração. Sem disfarces, sem medos. Fale com ele sobre o seu tempo dedicado às coisas espirituais, sobre o seu empenho em amar o próximo e fazer aquilo que agrada a Deus e não somente o que te agrada. 
Olhe para o espelho da Palavra e fale com o Senhor!

Oração
Preciso, Senhor, mais de ti e menos de mim. Ajuda-me! 

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