31 de maio de 2020

Atos 2.1 a 4

Uma Igreja Fortalecida Pelo Espírito Santo - A Convicção da Importância da Presença do Espírito Santo
(Culto da Noite – 31 de Maio 2020 – IP Tatuapé)
Atos 2.1-4

Introdução
Inevitavelmente somos levados a pensar nos elementos que forjaram nestes homens simples da Galiléia essa força espiritual e moral que os levou a impactar o mundo e a enfrentar o mais poderoso Império que já existiu: Roma.
Deus, através de Lucas, parece querer nos mostrar exatamente isto! O que realmente estava por detrás destes homens e que os impulsionava, os motivava, fortalecia e dirigia na missão que tinham a cumprir. 
Sem dúvida alguma, este é um dos pontos de partida para uma compreensão adequada deste “Logon” (tratado), que, por meio da História da Igreja nas suas primeiras décadas, revela o amor de Deus pelo mundo caído e o seu plano redentivo de alcançar homens e mulheres de toda língua, raças e nações. 
Nesta noite com a Palavra de Deus, nós também precisamos buscar essa força vital e compreender que, assim como eles, também nós, em nossa geração, somos enviados para cumprir a tarefa de espalhar a mensagem do REINO DE CRISTO ao mundo, conclamando aos homens que aprendam a viver de um modo diferente, que redunde na mais perfeita experiência de vida, que é agradar a Deus e desfrutar dEle sempre. 
Hoje,  de forma especial, vamos buscar estes fatores de impulso de fé, em Atos, capítulo 2, versos 1 a 4. O Espírito Santo, sem nenhuma dúvida, é a personagem central dos acontecimentos descritos no Livro de Atos dos Apóstolos. Alguns autores, dentre eles, destaco Donald Carson e R.B. Kuiper, foram muito felizes em propor que o nome deste livro poderia ser: “Atos do Espírito Santo”. Sim, pois o Espírito Santo é o elemento central de todo este bem sucedido plano. 
Contudo, temos de nos perguntar: por que, então, a história, que Deus dirige, escolheu olhar para a liderança dos apóstolos, na hora de consagrar o nome deste livro. Eu, particularmente, gosto de pensar que há algo maravilhoso na obra da redenção, que Deus opera entre os homens. Pois, apesar de ser a Santíssima Trindade, responsável, por idealizar e realizar a obra Redentiva em nós e por nós, Deus nos dá a graça de nos vermos partícipes da mesma (sinergia), a ponto de não ter nenhuma dificuldade em afirmar que, ajudados por Deus, foram os seus apóstolos e a Igreja dos primeiros anos da era cristã que foram ao mundo transtorná-lo com a mensagem do Evangelho.
Somos nós, irmãos, que, ajudados por Deus, temos o dever de enfrentar com coragem o mundo para o qual fomos enviados, amando os homens e desejando ver a transformação da sociedade humana ao nosso redor. Não podemos falhar e isso só acontecerá se perdermos o foco e a dimensão da grande tarefa que nos foi confiada. Por outro lado, devemos afirmar, só conseguiremos realizar tal tarefa se não negligenciarmos o que de fato age em nós e deve ser o elemento decisivo: o Espírito Santo que se move em nós. Portanto, ao final desta mensagem, precisamos estar preparados para avaliar sobre o que temos pensado e como temos agido em relação, de fato, à presença gloriosa do Espírito Santo na nossa vida e como isso tem impactado a nossa disposição e foco no trabalho glorioso de levar o shalom de Deus ao mundo.

A Igreja Espera o Espírito Santo

Lucas, como já disse, está escrevendo um livro de natureza histórica, mas o seu propósito é que a história seja compreendida dentro de um tema. Por isso, então, ele não precisa datas em seu livro, ele não tem essa pretensão técnica. Os judeus, guardavam as festas prescritas por Moisés com certo rigor e a Festa de Pentecostes, a festa do quinquagésimo dia depois da Páscoa, ou para eles também, chamada Festa das Colheitas. Lucas torna significativo que eles de fato “esperaram a promessa”, mantiveram-se na expectativa daquilo que Jesus havia falado: Mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias (Atos 1.5). 

Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar (Atos 2.1). 

Ao Cumprir-se o Dia de Pentecostes – o que Lucas parece querer destacar com essa expressão é a ideia clara de que eles sabiam que Deus lhes daria algo, em algum momento, que lhes permitiria tornarem-se as testemunhas de Cristo Jesus. Justamente, destaca Lucas, isso aconteceu no dia da Festa de Pentecostes,  Festa das Semanas, das sete semanas, a qual, originalmente, os judeus comemoravam a concessão da Lei à Moisés, quando Deus vem ao mundo humano no Monte Sinai e fala com Moisés, dando-lhe a Lei, o ordenamento da vida humana, para que esta seja segundo a vontade de Deus. 
Da mesma forma, o que temos aqui, é a descida do Espírito Santo, mais uma vez, Deus vem ao mundo, morar com o homem, para também conduzi-lo à Lei, fazendo, por meio do Espírito andar na sua Lei. Isso tem um significado muito especial e Lucas entende claramente essa ligação. Pois ele compreendia que OUVIR A VOZ DE DEUS ERA O TRABALHO DO ESPÍRITO SANTO EM FAVOR DOS HOMENS: 
Certa mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender as coisas que Paulo dizia (Atos 16.14). . 
A relação entre a presença do Espírito Santo e o ouvir a Palavra de Deus é o ponto central da ação do Espírito Santo para Lucas, por isso, ele interliga tão claramente e com tanto destaque o fato disto ter acontecido no dia de Pentecostes, o que depois, tornou-se uma data importante do Cristianismo Primitivo. 
Estavam reunidos no mesmo lugar – Esse é um ponto importante a ser considerado, que eles estavam “reunidos” (homôu - juntos), isto é, estava como os frutos recolhidos de um pomar e colocados em mesmo cesto. Lucas destaca que eles se mantiveram juntos para aguardar a promessa de Cristo, o que mostra de fato, que aquilo que acontecia já desde o capítulo 1, quando eles imediatamente voltaram para estar com os irmãos em Jerusalém, que a sua unidade, de fato, é um ponto a ser considerado como obra do Espírito Santo.  
Lucas está mostrando como esse fato ilustrava a necessidade da Igreja de permanecer unida. O Espírito Santo é a promessa de unidade da Igreja, ele é quem nos torna o TEMPLO DO CORPO DE CRISTO. O Espírito Santo, segundo Paulo, age em todos, por meio de todos, está em todos e capacita e unifica a Igreja em Cristo Jesus. 
O Espírito Santo UNIFICA A IGREJA, ele é aplica a LEI DE DEUS ao coração da Igreja, ordenando a VIDA DO CORPO DE CRISTO. A igreja que vai impactar o mundo precisa desta convicção e desta realidade operante. Resistir à unidade é resistir ao Espírito Santo. 


A Igreja é Encontrada e Revestida Pelo Espírito Santo

Um segundo aspecto que Lucas destaca é que o ESPÍRITO SANTO não era um realidade que nascida da Igreja, mas de Deus. Ele não deixa espaço para a especulação à respeito de onde vem o poder presente na Igreja, não é a obra realizada na força do homem, mas na força que vem de Deus. Jesus havia prometido que DESCERIA sobre eles o Espírito Santo, ele viria da parte de Deus e este é exatamente o ponto que Lucas destaca neste verso 2.
De repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados (Atos 2.2)
De repente (aphnoh) – Lucas deixa claro que o evento não estava sob o controle da Igreja. Eles não estavam em uma sessão de oração, por meio da qual, desejavam manipular os poderes eternos e trazer a promessa, segundo a sua vontade, ao contrário disto, Lucas deixa clara a origem e a condução absolutamente divina para este preenchimento espiritual.
Veio do céu um som (eckos) – os que testemunharam o fato para Lucas foram capazes de identificar claramente a direção: do céu para a terra. O sinal visível que indicava fora sonoro: um som que veio do céu. Da mesma forma, como os discípulos haviam testemunhado a voz de Deus no batismo de Jesus: 
E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado, também o foi Jesus; e, estando ele a orar, o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho Amado, em ti me comprazo (Lucas 3.21-22).  
Sem dúvida os dois eventos estão conceitualmente conectados e um lança luzes sobre o outro. A Igreja deveria considerar claramente este ponto: O CÉU COMANDA A TERRA. O Espírito Conduz a Igreja. A ideia de um som, novamente, a percepção sensorial atestando a realidade do fato. De fato, o céu estava presente entre os homens. 
Encheu (ehplerosen) a casa onde estavam assentados – completou, preencheu, tomou todos os espaços. Essa é uma forma de se referir ao que aconteceu para estabelecer uma relação de domínio entre o SOM E O LUGAR. Como se o SOM houvesse preenchido todos os espaços e tomado o lugar para si, fazendo-se preponderante naquela relação com a realidade. 
Acredito que é exatamente essa relação que Lucas tem em mente. Ele deseja inculcar essa noção de que o Espírito Santo é a plenitude do Céu tomando a Igreja e potencializando-a para cumprir o seu chamado, a sua missão. A plenitude do Espírito, foi um tema importante para Paulo como a forma que deveria marcar o relacionamento do homem crente com o Espírito Santo, na busca de que a presença do céu fosse determinante da vida e conduta dos servos de Cristo e do Corpo de Cristo. 
Este também é um aspecto da nossa relação com o Espírito Santo que a Igreja que deseja realizar a vontade de Deus neste mundo e espalhar o Reino de Cristo, não pode negligenciar: A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO não é um fator que mostra o quão espirituais nós somos, mas revela o nosso reconhecimento de que nada podemos fazer fora dele. A busca pela plenitude do Espírito Santo é um fato que só ocorre quando estamos prontos a reconhecer nosso próprio vazio. O contrário também é verdadeiro: quando nos consideramos prontos demais, acho que erramos em desprezar o Espírito Santo. Precisamos de muito cuidado para essa relação. 
Esse ponto ainda será abordado no nosso último ponto.  


A Igreja é Capacitada e Organizada Pelo Espírito Santo

E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo  passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem (Atos 2.3-4).
Novamente, o que vemos é a condução dos céus sobre a terra, Deus tomando a iniciativa e chegando à sua Igreja. Por outro lado, novamente os sentidos humanos dando o tom da realidade, eles viram o fenômeno e relataram: ELES OUVIRAM E VIRAM. 
E apareceram (Ophthesan) línguas (glossai) como de fogo (phiros) – este relato de Lucas aponta para a realidade deste fato e a sua relação com Deus, com o Antigo Testamento, com João Batista, com Jesus etc. O que Lucas destaca nessa frase é a VISIBILIDADE DO FENÔMENO. “Ophthesan” – da raiz “oftalmos” – é o verbo utilizado pelo médico para indicar um fenômeno registrado pelos olhos dos que ali estavam. Sim, além do vento que fora OUVIDO, agora uma forma (línguas – glossa) que pareciam fogo (phiros) fora vista entre eles. Aqui temos alguns elementos redentivos importantes, que precisamos considerar. Primeiro, as línguas estavam ligadas ao fato real que iria acontecer logo a seguir que era eles FALAREM EM OUTROAS LÍNGUAS, isso aponta para a intenção do evento da descida do Espírito que era proclamar a VOZ DE DEUS, lembre-se do SINAI e do que significava o PENTECOSTES. O fogo aqui nos lembra o VELHO TESTAMENTO, pois sempre que o Senhor se manifestava purificando seu povo, o FOGO ERA UM ELEMENTO BASTANTE PRESENTE. O fogo que passou por entre as partes dos animais esquartejados por Abrão, o fogo que desce sobre o altar que Elias ergueu diante dos profetas de Baal, João Batista, o último dos profetas: 
Eu, na verdade vos batizo com água, mas vem o que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo (Lc 3.16).
Distribuídas entre eles – o Espírito Santo veio sobre a Igreja e não seletivamente sobre os melhores, mais santos, os líderes etc. A ênfase das expressões finais repousa sobre a coletividade e a presença do Espírito Santo sobre todos. 
Pousou uma sobre cada um deles – mais uma vez, reforçando exatamente essa perspectiva coletiva da presença do Espírito Santo. Sobre cada um deles é um destaque ainda maior. Distribuídas sobre eles aponta para a totalidade da coletividade e sobre cada um deles, aponta para a percepção da individualidade desta presença.
Todos ficaram cheios (ehplerosan) do Espírito Santo – a plenitude do Espírito Santo é um ato de preenchimento e empoderamento, capacitação do Espírito sobre a Igreja. Ele vem com seu poder e busca os filhos de Deus capacitando-os. Curiosamente, o verbo “plerou” é, nos casos usados aqui, é aplicado na voz passiva: primeiro a casa foi cheia do SOM e agora cada pessoa foi CHEIA DO ESPÍRITO SANTO. Paulo, mais tarde vai estimular o crente a uma vida que revele essa plenitude do Espírito Santo, como um alvo a ser desejado, a cada minuto da vida. 
(...) Mas enchei-vos do Espírito, falando entre voz, com salmos, hinos e cânticos espirituais etc (Efésios 5.18-19).
Passaram a falar (laleo) em outras línguas – Aqui o fato em si, a REDENÇÃO DO HOMEM, DEUS novamente desce à montanha e fala aos homens sobre sua LEI. Lahlei (falar com voz audível) foi mais uma vez a forma visível que atesta a realidade do fato: eles falaram e as pessoas ouviram. O Espirito lhes concedeu que a APROXIMAÇÃO DOS POVOS À LEI DE DEUS, aquilo que Miquéias e Isaías proclamaram com os POVOS VINDO AO MONTE DO SENHOR PARA OUVIR A LEI. 
Segundo o Espírito lhes concedia que falassem – O Espírito Santo é quem conduz a Igreja e a preenche, capacitando-a para essa tarefa. Lucas está pronto a nos mostrar que podemos e devemos confiar na obra que Deus irá realizar através de nós, não por nós, não por nossas capacitações próprias ou pelas nossas forças, mas PELO ESPÍRITO. 
Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito. 
Lucas nos chama à fé, à confiança, à ousadia, as mesmas qualidades que marcaram aquela geração de crentes, que confiaram que o Espírito Santo os capacitara e os organizara para enfrentar as portas do inferno e o mundo inteiro. 

CONCLUSÃO
Irmãos, precisamos renovar em nossos corações essas claras percepções da realidade do Espírito Santo na Igreja. O Pentecostes é o rememorar do fato de que DEUS VEIO AO SEU MONTE e deu à sua Igreja o seu ESPÍRITO e agora, Ele, através de nós, FALA AO MUNDO. 
O nosso problema é o negligenciar constante desse fato, deixando de olhar para o CÉU e querendo que a TERRA COMANDE O CÉU. Precisamos de uma renovação espíritual, que vai além das nossas decisões pragmáticas de fazer ver a igreja apenas como algo da esfera natural. O CORPO DE CRISTO não pode ser construído entre nós como uma CASA NATURAL, mas sim, COMO DISSE PEDRO: CASA ESPIRITUAL SOIS VÓS. 
Meus irmãos, precisamos sonhar com uma Igreja cheia do Espírito Santo, em que cada um de nós, tem como alvo VIVER NA ESFERA DO ESPÍRITO. Precisamos amadurecer nossa própria visão da IGREJA e do ESPÍRITO. 
A IGREJA PRECISA ESPERAR E BUSCAR MAIS A VIDA DO ESPÍRITO! 
A IGREJA PRECISA SE PREPARAR MAIS PARA ESTE REVESTIMENTO
A IGREJA PRECISA SER SUBMISSA ÀS ORDENS E ORDENAMENTOS DO ESPÍRITO SANTO.
Hoje, no DIA DE PENTECOSTES eu e você não podemos nos manter tão distantes dessa profunda necessidade de nossas almas: a VIDA NO ESPÍRITO. Portanto, não espere por ninguém, hoje ainda, você mesmo, busque falar com este Deus, que envia o seu Espírito. 
Lembre-se de Jesus: 
Por isso, vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á. Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra?  Ou se pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ou, se lhe pedir um ovo lhe dará um escorpião? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai Celestial dará o seu Espírito Santo àqueles que lho pedirem? (Lucas 11.9-13).

17 de maio de 2020

Atos 1.12-14

A Convicção da Importância dos Irmãos  
(Culto da Noite – Maio 2020 – IP Tatuapé)
Atos 1.12 a 14

Introdução
Todos estes perseveravam unânimes em oração (Atos 1.14). 
Os primeiros capítulos de Atos dos Apóstolos mostram uma Igreja fragilizada, por causa do fato de estarem, agora sem a presença física de Cristo, fragilizados porque havia certa perseguição em Jerusalém contra os cristãos e o transcorrer dos relatos, depois a descida do Espírito Santo nos mostrará a Igreja de fato perseguida pelas autoridades de Jerusalém, sendo presos e a Igreja acuada em oração. 
Mas estes primeiros capítulos também mostram a força da Comunhão do irmãos, de como juntos, eles viveram estes momentos difíceis e superaram tudo na força do Espírito Santo. 
Este é um conceito muito importante que o Livro de Atos trabalha fortemente: a FRATERNIDADE CRISTÃ, isto é, o Cristianismo como um lugar de irmandade. Na segunda parte do Livro o que temos é uma mudança sobre o conceito de irmandade, quando ela é expandida e uma nova visão de irmandade é introduzida, que é a irmandade com a Igreja gentílica. A irmandade vencendo a barreira da língua, da etnia e se tornando uma irmandade global. 
A irmandade do caminho foi um dos temas que Lucas utilizou para fortalecer o senso de pertencimento e de como a família da fé foi fundamental para a manutenção da vida do Corpo, pois era na família da fé que os perseguidos encontravam apoio. 
Precisamos lembrar que Lucas está nos mostrando como a vida no corpo e a vida fraterna é um ponto de apoio para nos manter firmes nas verdades ouvidas. Lucas quer estabelecer um nexo causal entre a obra importante da irmandade nos dias dos apóstolos e nos dias de luta da Igreja no final do século primeiro, quando quase todos os apóstolos já haviam morrido.
Este é um tema importante para os nossos dias e em particular para estes dias excepcionais que estamos vivendo. Em nossos dias, muita gente já considera a possibilidade de não buscar mais na irmandade a força para seguir adiante no caminho do fé. 
Vivemos um desafio nestes dias. Pois para alguns está ficando ainda mais clara a falta que faz a irmandade, para outros, parece que tanto faz, que não precisamos exatamente dos outros, podemos criar um tipo de irmandade sem vínculos. 
No texto desta noite, queremos ver alguns aspectos da irmandade e do que ela pode significar para cada um de nós. Este tem duas vias: o que eu preciso, que os outros façam por mim; e o que eu preciso fazer pelos outros irmãos. 




A Irmandade Como o Contexto 
do Cumprimento das Promessas de Cristo

Então, voltaram para Jerusalém, do monte chamado Olival, que dista daquela cidade tanto como a jornada de um sábado. Quando ali entraram, subiram para o cenáculo onde se reunião...  (Atos 1.12-13a). 
Você pode não perceber, nem sequer ter sentido isso alguma vez, mas quem já experimentou a diferença que a irmandade faz, quem já esteve sob circunstâncias em que a irmandade da fé, produziu um colchão de segurança, de paz, sabe que existe uma obra espiritual operando no seio da Igreja, um poder sobrenatural. Este é o ponto que precisamos considerar com Lucas aqui. 
Voltaram para Jerusalém do Monte Olival – Não sabemos exatamente quem eram os discípulos que estavam ali no monte Olival (nos arredores da cidade de Jerusalém – cerca de 1km – jornada de um sábado), sabemos que eram galileus, porque o anjo se dirige a eles assim: Varões galileus. O texto diz que eles não foram para a sua cidade, eles voltam, eles não se ausentam de Jerusalém, e quando voltam para a cidade, voltam para o lugar onde eles possuem um lugar de comunhão com os irmãos.
Jesus os havia advertido a não deixar a cidade de Jerusalém e eles interpretaram que esta espera para o cumprimento da promessa deveria acontecer no contexto da irmandade. 
Lucas considerou importante registrar que eles tomaram essa decisão. Em um momento importante da vida deles, afinal, a esperança deles que estava naquele homem que eles haviam seguido durante três anos, não estava mais presencialmente com eles. Contudo, a ordem de Cristo fez diferença para eles. 
Precisamos considerar como a vontade de Cristo de se manifestar através da nossa irmandade é importante e deve ser uma prioridade para nós, não importa as circunstâncias pessoais,  a IRMANDADE É O LUGAR ONDE A PROMESSA SERÁ CUMPRIDA. A Irmandade é veículo desta bênção que é dada dos céus. 
Irmãos, os grandes momentos dos apóstolos em Atos foram vividos no seio da irmandade, desde os momentos em que os conflitos precisaram ser resolvidos, as dúvidas e as promessas de Deus se revelaram no seio da comunidade da fé.
A IRMANDADE DA FÉ É CONTEXTO ONDE CRISTO MANIFESTA MAIS CLARAMENTE A PROMESSA DA SUA PRESENÇA. 

A Irmandade Como Contexto da Segurança do Caminho
Onde se reuniam Pedro, João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago. Todos estes perseveravam unânimes em oração, com as mulheres, com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele (Atos 1.13-14). 
Você precisa considerar que quando Lucas escreve o Livro de Atos dos Apóstolos, o seu relato histórico não é de natureza biográfica, ou historiográfica, a ponto dele tentar reconstituir as cenas históricas exatamente como elas aconteceram. 
O seu livro é um “tratado conceitual a partir da história acontecida”, é uma reflexão histórica. Então, você compreende como este relato se encaixa: 
Quando ali entraram, subiram para o cenáculo onde se reuniam Pedro, João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago.  
Subiram para o cenáculo onde se reuniam - Note que a ênfase de Lucas está sobre o que havia naquele lugar, sobre o significado daquele lugar para os irmãos. Era um lugar onde sua história acontecia de forma particular. Este cenáculo, muito possivelmente, se tratava do mesmo em que Jesus havia celebrado a última ceia, que para muitos historiadores pertencia à Maria, mãe de João Marcos (Atos 12.12).
Quem se reunia naquele lugar (Pedro, João, Tiago etc...Maria, mãe de Jesus, os irmãos dele) – a liderança da igreja. Lucas tenta nos mostrar a importância destas pessoas para a vida da Igreja, mostrar que estes líderes, em particular os apóstolos era um porto seguro para a vida da irmandade. Por isso, o Novo Testamento trata a liderança da irmandade como um porto seguro, uma espécie de baliza pela qual todo o restante do corpo pode ser conduzido.
Este é um aspecto muito importante da nossa irmandade, não a distinção, mas a necessidade de maturidade e a experiência trocada em meio à maturidade dos irmãos. Pessoas ajudam pessoas, irmãos, ajudam irmãos, a seguir adiante. Nossas experiências trocadas no contexto do corpo nos fortalece, nos anima, nos dá direção. 
Pena que tantas vezes perdemos a riqueza que existe entre nós, por coisas tão pequenas, por problemas tão pequenos. Deixamos de aproveitar o amor de Deus que flui, através daqueles que vivem ao nosso lado, nos mostrando o caminho, por inveja, ciúme, pequenez, egoísmos etc. Não estou falando apenas das lideranças formais e institucionais, mas muito além disto: das lideranças espirituais, das capacitações e dons do Espírito Santo dados à Igreja. 
Veja nesta lista de quem estava no cenáculo. Temos homens da mais elevada expressão no contexto do Novo Testamento, mas também temos a simples menção de homens que pouco sabemos sobre eles e sobre o que fizeram. A própria Maria, mãe de Jesus, pouco fala o Novo Testamento sobre a sua vida em meio aos apóstolos. Contudo, estava ela lá, como uma referência que Lucas pretende que todos se lembrem. 
A irmandade da fé nos fortalece é importante porque nesta unidade da fé, podemos ter a nossa caminhada segura, balizada pela experiência de todos com Cristo. 

A Irmandade da Fé Como o Contexto da Nossa Prática de Comunhão 

Enquanto muitos nos dias em que os Evangelho e Atos são escritos estavam se afastando da fé e muito possivelmente se afastando da irmandade, tanto que o escritor aos Hebreus exorta a não abandonarem a congregação e as cartas do Novo Testamento insistem na necessidade da reciprocidade: uns aos outros, Lucas nos exorta a perceber que na comunidade da fé:  HÁ COMUNHÃO COM DEUS, HÁ COMUNHÃO UNS COM OS OUTROS. 
Atos dos Apóstolos trabalha muito com essa expressão: PERSEVERAVAM UNÂNIMES . 
Todos Perseveravam (proskartereo – manter firme) Unânimes (homothimadon – mesmo sentimento pensamento) – Meus irmãos, notem como Lucas valoriza essa aproximação, essa força que emerge da nossa irmandade. O livro de Atos trabalha com esse conceito e mostra que a Igreja que transformou o mundo e por ele se espalhou contou com essa disposição de estar juntos: Atos 2.42 e 46; 4.32; 5.12 e 14.  
Em oração – Lucas destaca que a oração une a Igreja, torna a Igreja viva e melhora a comunhão entre nós. Ele destaca a oração e a doutrina dos apóstolos como os elos de comunhão mais fundamentais. Aqui, neste trecho, o destaque à oração tem um motivo: o ESPIRITO AINDA NÃO HAVIA DESCIDO E O PODER DO EVANELHO AINDA NÃO ERA DADO DE FORMA EVIDENTE. 
É muito importante notar como o CONTEXTO DO CORPO É O CONTEXTO ONDE A NOSSA COMUNHÃO SE FORTALECE, COM DEUS NO FORTALECIMENTO DA COMUNHÃO UNS COM OS OUTROS. 
A própria Lei de Deus aponta nesta direção: AMAR A DEUS E AO PRÓXIMO. 

CONCLUSÃO
Nesta noite quero propor uma reflexão importante sobre a SUA VIDA E A SUA VIDA NO CORPO. Como você está construindo essa relação. 
Quero pedir-lhe irmão que revise sua vivência no CONTEXTO DA IRMANDADE. Quero quer revise os valores que deixou construir no seu coração sobre isso e perceba onde está errando. 
Um problema sobre essa nossa caminhada é que se pegarmos a estrada errada, podemos nos desviar muito do destino e nos perder no caminho. Perder no caminho da Importância da irmandade é perder as bênçãos de Deus: 
Perder um lugar onde as promessas tem um especial contexto de realização; 
Perder um lugar onde de forma especial sua vida com Cristo é balizada e direcionada; 
Perder um lugar de comunhão, que faz sua vida com Deus ser mais consistente. 
Estamos como igreja isolados uns dos outros, distantes fisicamente, mas precisamos manter nossa irmandade vida. Esse é um desafio, que não pode depender apenas do pastor, dos que fazem as coisas?? Depende de todos nós. Temos de parar de cobrar dos outros, aquilo que devemos fazer. 
A Igreja Presbiteriana do Tatuapé deve ser conhecida como A FAMÍLIA IPT. Uma COMUNIDADE DE FÉ FRATERNA, onde mostramos a disposição de ser uma verdadeira FAMÍLIA DE CRISTO PARA TODOS.
ESSE TIPO DE SENTIMENTO, DE SENTIDO À VIDA ECLESIÁSTICA NÃO SE FAZ POR CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS, POR FRASES DE EFEITO, MAS PELA VIDA AUTÊNTICA DE TODOS SO QUE, DE FATO, VALORIZAM A VIDA NO CORPO DE CRISTO. 
Esse é um desafio que cada um tem de esforçar por fazer a sua parte. 
Que o Senhor nos ajude a viver como CORPO DE CRISTO. 

9 de maio de 2020

Atos 1.1-5

A Força da Mente Cativa  
(Culto da Noite – Maio 2020 – IP Tatuapé)
Atos 1.1 a 5

Introdução
O livro de Atos dos Apóstolos foi escrito por Lucas. O médico amado acompanhou o apóstolo Paulo a partir da sua segunda viagem missionária, quando o Evangelho chega às terras da Macedônia. Ele, se tornou uma das pessoas mais importantes da comitiva de Paulo. Assim como Marcos, Lucas viu a Igreja de Cristo sofrendo com a apostasia, abandonando a sua firmeza na fé e assim como Marcos, ele também decidiu escrever para a Igreja um Evangelho, contando a história de Cristo. O livro de Atos é, portanto, a continuação do Evangelho de Lucas e tem como premissa a necessidade de que a Igreja de Cristo se transforme em uma agência de mudanças deste mundo caído. 
Às vezes, esquecemos de quem está por detrás destes livros bíblicos e de que a Inspiração das Escrituras não age a despeito das próprias capacitações dadas por Deus aos homens. Lucas é um médico, um homem de diferencial capacidade cognitiva e de interpretação de situações. Um médico nos dias de Lucas era, sobretudo, alguém capaz de fazer um diagnóstico, compreender as situações. Não havia exames de sangue, laboratórios de análises, que cooperassem nos seus diagnósticos; os médicos contavam especialmente com sua capacidade de discernir pessoas e fatos. 
Pois bem, este homem que viu o agir de Deus através do apóstolo Paulo, que conheceu os demais apóstolos e viu o que Deus havia promovido no mundo, usando aqueles servos, se propôs a escrever e ajudar a Igreja a encontrar o caminho para atender ao seu chamado de levar o Evangelho e o Reino de Cristo ao mundo todo. 
Olhares atentos, mentes afiadas, perceberão que estes relatos de Lucas tem como propósito nos preparar para viver em meio a um mundo hostil, que precisa ser conquistado para Cristo Jesus. Ele propõe uma maneira diferente de ver o mundo e de perceber a própria presença de Cristo no mundo, através da ação transformadora da Igreja. 
O Evangelho não é para covardes, nem para aqueles que amam o presente século, como ele está. O Evangelho é para os que sentem nos corações o desejo de um mundo justo, de um mundo rico em amor, o Evangelho é para os que almejam Novo Céu e Nova Terra, mas que querem que o Jardim de Deus esteja melhor, como fruto do seu trabalho. O Evangelho é para aqueles que almejam agradar a Deus acima de tudo. Por isso, Lucas nos conclama a preparar nossos corações, isto é, nossas mentes para essa grandiosa tarefa. Somente os que tiverem mentes fortes, poderão fazer esta obra. 
Volte comigo no Evangelho de Lucas e leia o verso 4: 
Para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído (Lucas 1.4). 
VERDADE - CONVICÇÃO – INSTRUÇÃO – EPGNOS, ASFALEIAN, KATEQUEFES. 
Somente crentes com a MENTE CONVICTA e FORTALECIDA serão capazes de fato de fazer essa obra. Ela não se faz apenas com imaginação humana, com boas intenções (embora elas sejam importantes), essa obra se faz com a FORÇA QUE DEUS SUPRE. Com uma MENTE CATIVA A CRISTO e um PENSAR QUE REFLITA O REINO DO ALTO, AO QUAL PERTENCEMOS. 
A leitura que eu proponho fazermos em Atos dos Apóstolos é a da BUSCA POR UMA MENTE FORTE, capaz de resistir ao dias maus. 


UMA MENTE CONVICTA SE FORTALECE 
NO ENSINO DE CRISTO 
BASE INTECTUAL DA MENTE CRISTÃ

Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo, relatando todas as coisas que Jesus começou a fazer e ensinar (Atos 1.1). 
Por ser uma continuação do Evangelho de Lucas e sua conclusão, notamos que o verso 1 já aponta nessa direção, ao fazer referência ao “primeiro livro”. Não sabemos, exatamente quanto tempo depois do Evangelho Atos foi escrito, mas entendemos que a ideia de continuidade está justamente apresentada no verso 2. Então, o que temos aqui é a continuidade do ensino de Cristo e de suas obras, isto deve estar bem claro em nossa mente, que não há uma separação entre estes dois pontos, para que a Igreja perceba em si mesma a continuidade do Minsitério de Cristo. O Cristianismo é, por assim dizer, uma continuidade do Ministério de Cristo e não apenas uma contemplação do mesmo. Vamos ao texto: 
Livro (logon) – Lucas não usa a palavra Biblos ou Pergamus, ele prefere a palavra grega: LOGON, que encerra um valor conceitual, ela se refere a um discurso, uma ideia, uma maneira de compreender. Ele está falando de ideias, está falando do Evangelho, o que Cristo fez e ensinou, não como meros fatos históricos, mas como ideias a serem impregnadas. 
Teófilo – podemos sim estar simplesmente diante de um nome próprio, de uma pessoa, um patrocinador, ou de mais uma ideia: AQUELE QUE AMA A DEUS. 
Todas as coisas que Jesus fez e ensinou – o centro de seu argumento é olhar para Jesus e ver o modo como ele viveu e nos ensinou viver. Este é o ponto que precisamos considerar. 
Irmãos precisamos encarar a mensagem do Evangelho em um patamar muito elevado. NO campo das ideias, o Evangelho é a VERDADE sobre a realidade, sobre o mundo, o homem, o destino eterno das pessoas e o que fazer com a vida que nos foi dado por um Criador justo, generoso, providente e santo. 
A igreja que irá transformar o mundo ela precisa deste LOGON, precisa desta mentalidade e deste FUNDAMENTO INTELECTUAL: O ENSINO CRISTO. Precisamos compreender o Cristianismo não somente no campo da Teologia Sitemática dos seus ensinos, mas em como a mesagem do Evangelho deve se traduzir em um NOVO MODO DE PENSAR, em uma revolução de PENSAMENTO.
O crente não constrói o Cristianismo, ele não o FORMULA, ele, na verdade, SEGUE o EVANGELHO como uma fórmula de vida, segundo Deus. Precisamos que nossa mente absorva essa natureza essencial do Evangelho como um modo de vida, segundo a estrutura criacional, segundo o padrão do próprio Criador. O EVANGELHO É A NOSSA BASE INTELECTUAL. A mente se fortalece neste ponto: VIVER O EVANGELHO DE MODO DIGNO ESSE É O PONTO QUE SE ESPERA DO CRENTE CONSCIENTE. 

UMA MENTE CONVICTA SE FORTALECE 
NO GOVERNO DE CRISTO SOBRE A VIDA 
A BASE PRÁTICA DA MENTE CRISTÃ

Até ao dia em que, depois de haver dado mandamento por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas (Atos 1.2). 
Em geral fazemos a leitura deste texto, esquecendo de que quando ele foi escrito o conhecimento da ressurreição e da ascensão de Cristo já era de domínio da Igreja. Eles já conheciam a doutrina ensinada por Pedro logo no seu primeiro sermão: 
Exaltado à destra de Deus (...) Deus o fez Senhor e Cristo (Atos 2.33 e 36).
Lucas está demonstrando como o governo real e total de Cristo é um diferencial de motivação prática para a vida cristã. A ascensão inaugural deste governo, deve levar a Igreja a agir neste mundo de forma prática, olhando para este fato da realidade e confiando, portanto, em todas as circunstâncias, no governo soberano, eterno, glorioso e decisivo deste Cristo exaltado. Veja como ele constrói isso aqui no texto:  
Até à ascensão – O ensino que ele começou, as obras que ele começou até este dia. Isto implica em que continua a fazer e continua a ensinar, e o fará a partir de seus apóstolos que escolhera. Veja que o texto de Lucas encontra uma igreja atribulada, perseguida, intimidada, que precisava lembrar de que este Cristo, que fora elevado aos céus, era quem fortalecera aos apóstolos e dera à Igreja sua fé e o Espírito Santo. 
Apóstolos que escolhera – os crentes viram e conheceram, sabiam do que Deus havia feito por intermédio dos apóstolos e como mostrara o seu poder e como ensinara a sua igreja, por meio destes homens. Agora, ela deveria continuar firme na DOUTRINA DOS APÓSTOLOS, que é a DOUTRINA DE CRISTO. 
Foi elevado nas alturas - O GOVERNO de CRISTO era algo que deveria fazer os crentes corajosos e comprometidos com a obra. A falta destas duas qualidades na vida cristã, pode significar uma falta de consideração DO GOVERNO DE CRISTO JESUS. 
O escritor aos Hebreus, Paulo, Pedro, João, todos os escritores nos mostraram como este governo determina o modo prático como nos relacionamentos com a vida. Quando Paulo escreveu a respeito dos acontecimentos da vida, os momentos difíceis de sua jornada apostólica e mesmo quando propôs aos crentes que soubessem resistir firmes, ele sempre apontou o controle de Cristo sobre todas as coisas como uma base prática fundamental: 
Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito (Romanos 8.28). 
Que diremos, pois, à vista destas coisas? SE Deus é por nós, quem será contra nós? (Romanos 8.31). 
A BASE PRÁTICA DA VIDA CRISTÃ – este é o ponto que fortalece a nossa mente, ter uma ancoragem de segurança no fato de que todos os poderes deste mundo, não podem interferir na vontade de Deus e de Cristo, a nosso respeito: 
Em todas as coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente ou do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, Nosso Senhor (Romanos 8.37-39).


UM MENTE CONVICTA SE FORTALECE 
NA CONSCIÊNCIA DO REINO DE CRISTO 
BASE TELEOLÓGICA DA MENTE CRISTÃ

“Telos” é uma palavra grega muito técnica na filosofia e na teologia, em particular. Telos aponta para propósito, para alvos existenciais. Teleológico é aquilo que diz respeito à finalidade das pessoas e das intenções, o que move as pessoas, o propósito que cada um tem. 
A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muita provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus (Atos 1.3). 
Jesus ressurreto permaneceu no mundo mais quarenta dias (uma quarentena) com seus discípulos. O que ele falou nestes dias? Sobre o que discorreu? Qual foi o seu assunto principal: PARA O LOGON de LUCAS: O REINO DE DEUS. 
Depois de ter padecido se apresentou vivo – É necessário ter consciência de que o REINO DE DEUS É UMA OBRA EM CONTINUIDADE À CRUZ, um só tem sentido no outro. Lucas deseja que isto se impregne na mente cristã. O reino é real, DINÂMICO e a cruz é o seu ponto de partida, ou seja, a sua vitória sobre todo potestade inaugura um Reino, que quebra o domínio do pecado e a influência do Maligno sobre as nações. No alto da cruz, uma certa dose de ironia história, no modo de Deus nos ensinar, Pilatos  manda colocar a mensagem: Rei dos Judeus. Sim, sem o saber, Pilatos estava propondo o modo certo de olhar aquela cruz: O INÍCIO DO REINO. 
Com muitas provas – Um certo clima de desconfiança abrigou-se no coração da igreja nos primeiros momentos da ressurreição, então Jesus tratou de romper essa dúvida, aparecendo por quarenta dias aos seus discípulos, com provas irrefutáveis: comeu com eles, falou com eles, deixou-lhes tocarem nas suas feridas etc. O Reino, é necessário que a nossa mente se absorva nessa verdade, É REAL!  
Coisas concernentes ao Reino de Deus – JESUS propõe o Reino como o tema da Igreja, por isso, é preciso continuar a aprender e a perceber, vivenciar o Reino de Deus. Ele é o nosso alvo, ele é a nossa luta. Vivemos para que o Reino de Cristo se espalhe pelo mundo inteiro: 
Toda autoridade me foi dada no céu e na terra: IDE E FAZEI DISCÍPULOS. Precisamos anunciar o Reino de Cristo, que implica em dizer mais que o governo, mas um ambiente de luz, um lugar de justiça e paz. Precisamos ter incutido em nossas almas, em nossos desejos mais profundos essas características do REINO DE CRISTO, ensinados pelo próprio Cristo e pela Escritura, que é sua palavra. 
Os homens que transformaram o mundo e toda a Igreja se desejar continuar a fazer a obra de Cristo precisará ter essa base teleológica, em seu coração, em sua mente: O REINO É REAL, vivemos para o REINO DE CRISTO, ele é o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Essa mentalidade é tão importante, que no livro de Apocalipse, o próprio Cristo glorificado e as suas ações são os temas principais. 

UM MENTE CONVICTA SE FORTALECE 
NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO 
BASE FIDEÍSTA DA MENTE CRISTÃ

Não basta que eu e você tenhamos uma clara convicção teológica do Ensino de Cristo ou do seu Governo sobre todas as coisas. A obra de transformação de padrões do mundo caído, a luz que a Igreja é responsável por lançar sobre este mundo em trevas, não será lançada apenas pela capacidade que a Igreja tem de explicar a sua fé, ou até mesmo agir de forma prática. A força da Igreja vem do Espírito Santo de Deus que habita em nós.
Infelizmente, muitas vezes nos perdemos em nossas arrogantes pretensões cristãs. Somos levados a esquecer de que todo o progresso da fé em Cristo Jesus é na verdade uma obra maravilhosa do Espírito Santo em nós. Por isso, Lucas não pode deixar de fazer essa poderosa ligação da obra da Igreja Cristã com a obra do Espírito de Deus.
A base fideísta é a FÉ QUE NOS MOVE. 
E, comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias.  (Atos 1.4-5). 
Não será a nossa força, não será o nosso braço, não será a nossa capacidade de fazer as coisas, mas será o ESPÍRITO SANTO EM NÓS, que usará a Igreja para espalhar o Reino, para viver o GOVERNO, para mostrar ao mundo a MENTE DE CRISTO. 
Determinou-lhes que não se ausentassem – não busquemos fazer nada sem a força do Espírito Santo. Não seja ensimesmado, auto confiante, sem ceder o seu coração ao Espírito Santo. Os leitores de Lucas sabiam tudo o que os discípulos haviam feito e como foram usados por Deus para mudar o mundo ao seu redor. Contudo, Lucas não está empenhado em mostrar o poder destes homens, mas em como foram dependentes do Espírito Santo para fazer tudo o que fizeram. Por isso, ele enfatiza essa palavra de Jesus: NÃO SAIAM SEM O ESPÍRITO... 
Esperem a Promessa do Pai – Lucas é claro ao mostrar à igreja nos seus dias que a obra que fora realizada pela igreja até ali, não poderia ser uma obra feita na força do homem, nem do jeito do homem. A Igreja foi um instrumento de Deus e o método aplicado foi o Deus. 
Batizados com o Espírito Santo – podemos dizer que Lucas não escreveu o Atos dos Apóstolos, mas os Atos do Espírito Santo (Rienk B. Kuiper), no livro Evangelização Teocêntrica. Ele faz um comparativo entre o batismo de João e o que fora dado à Igreja. Ele diz que a força que estava na Igreja era a do Espírito Santo, isto implica, no reconhecimento verdadeiro de que a era que se iniciou é uma grandiosa era do reino de Cristo e era necessário confiar e viver em comunhão com o Espírito Santo e VIVER POR FÉ. 
A base da nossa vida cristã é a FÉ, QUE NOS MOVE, que nos faz seguros em Cristo e na obra que o Espírito Santo realizará através da nossa vida. A MENTE CRISTÃ QUE SE FORTALECE, O FAZ NESTE PODER DO ESPÍRITO SANTO, NA CONSCIÊNCIA DE QUE A ELE PERTENCEMOS E ELE MORA EM NÓS. 

Conclusão
A leitura de Atos dos Apóstolos não é somente para que saibamos um pouco sobre a história da Igreja, este não é o propósito deste LOGON. O propósito deste profundo livro é ser um REMÉDIO para a nossa fé, uma espécie de revigorante, que aumenta as defesas do Corpo de Cristo, que abastece as veias da nossa fé. 
A construção de uma MENTE CONVICTA, lastreada pelo ENSINO DE JESUS, O EVANGELHO DA BOA NOVA, nos conduzirá a uma CONSCIÊNCIA PROFUNDA do GOVERNO DE CRISTO E DA PRESENÇA PODEROSA DO ESPÍRITO SANTO NA IGREJA. 
A Igreja que fará a obra do Senhor neste mundo terá de ser uma Igreja cheia desta convicção, desta força que nos moverá a vencer os desafios, que retirará de nós o temor e nos fará valentes por Cristo. 
O EVANGELHO O ENSINO DE CRISTO – SUA BASE INTELECTUAL
O GOVERNO DE CRISTO – SUA BASE PRÁTICA
O REINO DE CRISTO – SUA BASE TELEOLÓGICA
E a FORÇA DO ESPÍRITO SANTO – a base PÍSTICA da sua vida cristã. 
Deus nos ajude a sermos essa igreja cheia de CONVICÇÃO.