9 de maio de 2020

Atos 1.1-5

A Força da Mente Cativa  
(Culto da Noite – Maio 2020 – IP Tatuapé)
Atos 1.1 a 5

Introdução
O livro de Atos dos Apóstolos foi escrito por Lucas. O médico amado acompanhou o apóstolo Paulo a partir da sua segunda viagem missionária, quando o Evangelho chega às terras da Macedônia. Ele, se tornou uma das pessoas mais importantes da comitiva de Paulo. Assim como Marcos, Lucas viu a Igreja de Cristo sofrendo com a apostasia, abandonando a sua firmeza na fé e assim como Marcos, ele também decidiu escrever para a Igreja um Evangelho, contando a história de Cristo. O livro de Atos é, portanto, a continuação do Evangelho de Lucas e tem como premissa a necessidade de que a Igreja de Cristo se transforme em uma agência de mudanças deste mundo caído. 
Às vezes, esquecemos de quem está por detrás destes livros bíblicos e de que a Inspiração das Escrituras não age a despeito das próprias capacitações dadas por Deus aos homens. Lucas é um médico, um homem de diferencial capacidade cognitiva e de interpretação de situações. Um médico nos dias de Lucas era, sobretudo, alguém capaz de fazer um diagnóstico, compreender as situações. Não havia exames de sangue, laboratórios de análises, que cooperassem nos seus diagnósticos; os médicos contavam especialmente com sua capacidade de discernir pessoas e fatos. 
Pois bem, este homem que viu o agir de Deus através do apóstolo Paulo, que conheceu os demais apóstolos e viu o que Deus havia promovido no mundo, usando aqueles servos, se propôs a escrever e ajudar a Igreja a encontrar o caminho para atender ao seu chamado de levar o Evangelho e o Reino de Cristo ao mundo todo. 
Olhares atentos, mentes afiadas, perceberão que estes relatos de Lucas tem como propósito nos preparar para viver em meio a um mundo hostil, que precisa ser conquistado para Cristo Jesus. Ele propõe uma maneira diferente de ver o mundo e de perceber a própria presença de Cristo no mundo, através da ação transformadora da Igreja. 
O Evangelho não é para covardes, nem para aqueles que amam o presente século, como ele está. O Evangelho é para os que sentem nos corações o desejo de um mundo justo, de um mundo rico em amor, o Evangelho é para os que almejam Novo Céu e Nova Terra, mas que querem que o Jardim de Deus esteja melhor, como fruto do seu trabalho. O Evangelho é para aqueles que almejam agradar a Deus acima de tudo. Por isso, Lucas nos conclama a preparar nossos corações, isto é, nossas mentes para essa grandiosa tarefa. Somente os que tiverem mentes fortes, poderão fazer esta obra. 
Volte comigo no Evangelho de Lucas e leia o verso 4: 
Para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído (Lucas 1.4). 
VERDADE - CONVICÇÃO – INSTRUÇÃO – EPGNOS, ASFALEIAN, KATEQUEFES. 
Somente crentes com a MENTE CONVICTA e FORTALECIDA serão capazes de fato de fazer essa obra. Ela não se faz apenas com imaginação humana, com boas intenções (embora elas sejam importantes), essa obra se faz com a FORÇA QUE DEUS SUPRE. Com uma MENTE CATIVA A CRISTO e um PENSAR QUE REFLITA O REINO DO ALTO, AO QUAL PERTENCEMOS. 
A leitura que eu proponho fazermos em Atos dos Apóstolos é a da BUSCA POR UMA MENTE FORTE, capaz de resistir ao dias maus. 


UMA MENTE CONVICTA SE FORTALECE 
NO ENSINO DE CRISTO 
BASE INTECTUAL DA MENTE CRISTÃ

Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo, relatando todas as coisas que Jesus começou a fazer e ensinar (Atos 1.1). 
Por ser uma continuação do Evangelho de Lucas e sua conclusão, notamos que o verso 1 já aponta nessa direção, ao fazer referência ao “primeiro livro”. Não sabemos, exatamente quanto tempo depois do Evangelho Atos foi escrito, mas entendemos que a ideia de continuidade está justamente apresentada no verso 2. Então, o que temos aqui é a continuidade do ensino de Cristo e de suas obras, isto deve estar bem claro em nossa mente, que não há uma separação entre estes dois pontos, para que a Igreja perceba em si mesma a continuidade do Minsitério de Cristo. O Cristianismo é, por assim dizer, uma continuidade do Ministério de Cristo e não apenas uma contemplação do mesmo. Vamos ao texto: 
Livro (logon) – Lucas não usa a palavra Biblos ou Pergamus, ele prefere a palavra grega: LOGON, que encerra um valor conceitual, ela se refere a um discurso, uma ideia, uma maneira de compreender. Ele está falando de ideias, está falando do Evangelho, o que Cristo fez e ensinou, não como meros fatos históricos, mas como ideias a serem impregnadas. 
Teófilo – podemos sim estar simplesmente diante de um nome próprio, de uma pessoa, um patrocinador, ou de mais uma ideia: AQUELE QUE AMA A DEUS. 
Todas as coisas que Jesus fez e ensinou – o centro de seu argumento é olhar para Jesus e ver o modo como ele viveu e nos ensinou viver. Este é o ponto que precisamos considerar. 
Irmãos precisamos encarar a mensagem do Evangelho em um patamar muito elevado. NO campo das ideias, o Evangelho é a VERDADE sobre a realidade, sobre o mundo, o homem, o destino eterno das pessoas e o que fazer com a vida que nos foi dado por um Criador justo, generoso, providente e santo. 
A igreja que irá transformar o mundo ela precisa deste LOGON, precisa desta mentalidade e deste FUNDAMENTO INTELECTUAL: O ENSINO CRISTO. Precisamos compreender o Cristianismo não somente no campo da Teologia Sitemática dos seus ensinos, mas em como a mesagem do Evangelho deve se traduzir em um NOVO MODO DE PENSAR, em uma revolução de PENSAMENTO.
O crente não constrói o Cristianismo, ele não o FORMULA, ele, na verdade, SEGUE o EVANGELHO como uma fórmula de vida, segundo Deus. Precisamos que nossa mente absorva essa natureza essencial do Evangelho como um modo de vida, segundo a estrutura criacional, segundo o padrão do próprio Criador. O EVANGELHO É A NOSSA BASE INTELECTUAL. A mente se fortalece neste ponto: VIVER O EVANGELHO DE MODO DIGNO ESSE É O PONTO QUE SE ESPERA DO CRENTE CONSCIENTE. 

UMA MENTE CONVICTA SE FORTALECE 
NO GOVERNO DE CRISTO SOBRE A VIDA 
A BASE PRÁTICA DA MENTE CRISTÃ

Até ao dia em que, depois de haver dado mandamento por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas (Atos 1.2). 
Em geral fazemos a leitura deste texto, esquecendo de que quando ele foi escrito o conhecimento da ressurreição e da ascensão de Cristo já era de domínio da Igreja. Eles já conheciam a doutrina ensinada por Pedro logo no seu primeiro sermão: 
Exaltado à destra de Deus (...) Deus o fez Senhor e Cristo (Atos 2.33 e 36).
Lucas está demonstrando como o governo real e total de Cristo é um diferencial de motivação prática para a vida cristã. A ascensão inaugural deste governo, deve levar a Igreja a agir neste mundo de forma prática, olhando para este fato da realidade e confiando, portanto, em todas as circunstâncias, no governo soberano, eterno, glorioso e decisivo deste Cristo exaltado. Veja como ele constrói isso aqui no texto:  
Até à ascensão – O ensino que ele começou, as obras que ele começou até este dia. Isto implica em que continua a fazer e continua a ensinar, e o fará a partir de seus apóstolos que escolhera. Veja que o texto de Lucas encontra uma igreja atribulada, perseguida, intimidada, que precisava lembrar de que este Cristo, que fora elevado aos céus, era quem fortalecera aos apóstolos e dera à Igreja sua fé e o Espírito Santo. 
Apóstolos que escolhera – os crentes viram e conheceram, sabiam do que Deus havia feito por intermédio dos apóstolos e como mostrara o seu poder e como ensinara a sua igreja, por meio destes homens. Agora, ela deveria continuar firme na DOUTRINA DOS APÓSTOLOS, que é a DOUTRINA DE CRISTO. 
Foi elevado nas alturas - O GOVERNO de CRISTO era algo que deveria fazer os crentes corajosos e comprometidos com a obra. A falta destas duas qualidades na vida cristã, pode significar uma falta de consideração DO GOVERNO DE CRISTO JESUS. 
O escritor aos Hebreus, Paulo, Pedro, João, todos os escritores nos mostraram como este governo determina o modo prático como nos relacionamentos com a vida. Quando Paulo escreveu a respeito dos acontecimentos da vida, os momentos difíceis de sua jornada apostólica e mesmo quando propôs aos crentes que soubessem resistir firmes, ele sempre apontou o controle de Cristo sobre todas as coisas como uma base prática fundamental: 
Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito (Romanos 8.28). 
Que diremos, pois, à vista destas coisas? SE Deus é por nós, quem será contra nós? (Romanos 8.31). 
A BASE PRÁTICA DA VIDA CRISTÃ – este é o ponto que fortalece a nossa mente, ter uma ancoragem de segurança no fato de que todos os poderes deste mundo, não podem interferir na vontade de Deus e de Cristo, a nosso respeito: 
Em todas as coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente ou do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, Nosso Senhor (Romanos 8.37-39).


UM MENTE CONVICTA SE FORTALECE 
NA CONSCIÊNCIA DO REINO DE CRISTO 
BASE TELEOLÓGICA DA MENTE CRISTÃ

“Telos” é uma palavra grega muito técnica na filosofia e na teologia, em particular. Telos aponta para propósito, para alvos existenciais. Teleológico é aquilo que diz respeito à finalidade das pessoas e das intenções, o que move as pessoas, o propósito que cada um tem. 
A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muita provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus (Atos 1.3). 
Jesus ressurreto permaneceu no mundo mais quarenta dias (uma quarentena) com seus discípulos. O que ele falou nestes dias? Sobre o que discorreu? Qual foi o seu assunto principal: PARA O LOGON de LUCAS: O REINO DE DEUS. 
Depois de ter padecido se apresentou vivo – É necessário ter consciência de que o REINO DE DEUS É UMA OBRA EM CONTINUIDADE À CRUZ, um só tem sentido no outro. Lucas deseja que isto se impregne na mente cristã. O reino é real, DINÂMICO e a cruz é o seu ponto de partida, ou seja, a sua vitória sobre todo potestade inaugura um Reino, que quebra o domínio do pecado e a influência do Maligno sobre as nações. No alto da cruz, uma certa dose de ironia história, no modo de Deus nos ensinar, Pilatos  manda colocar a mensagem: Rei dos Judeus. Sim, sem o saber, Pilatos estava propondo o modo certo de olhar aquela cruz: O INÍCIO DO REINO. 
Com muitas provas – Um certo clima de desconfiança abrigou-se no coração da igreja nos primeiros momentos da ressurreição, então Jesus tratou de romper essa dúvida, aparecendo por quarenta dias aos seus discípulos, com provas irrefutáveis: comeu com eles, falou com eles, deixou-lhes tocarem nas suas feridas etc. O Reino, é necessário que a nossa mente se absorva nessa verdade, É REAL!  
Coisas concernentes ao Reino de Deus – JESUS propõe o Reino como o tema da Igreja, por isso, é preciso continuar a aprender e a perceber, vivenciar o Reino de Deus. Ele é o nosso alvo, ele é a nossa luta. Vivemos para que o Reino de Cristo se espalhe pelo mundo inteiro: 
Toda autoridade me foi dada no céu e na terra: IDE E FAZEI DISCÍPULOS. Precisamos anunciar o Reino de Cristo, que implica em dizer mais que o governo, mas um ambiente de luz, um lugar de justiça e paz. Precisamos ter incutido em nossas almas, em nossos desejos mais profundos essas características do REINO DE CRISTO, ensinados pelo próprio Cristo e pela Escritura, que é sua palavra. 
Os homens que transformaram o mundo e toda a Igreja se desejar continuar a fazer a obra de Cristo precisará ter essa base teleológica, em seu coração, em sua mente: O REINO É REAL, vivemos para o REINO DE CRISTO, ele é o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Essa mentalidade é tão importante, que no livro de Apocalipse, o próprio Cristo glorificado e as suas ações são os temas principais. 

UM MENTE CONVICTA SE FORTALECE 
NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO 
BASE FIDEÍSTA DA MENTE CRISTÃ

Não basta que eu e você tenhamos uma clara convicção teológica do Ensino de Cristo ou do seu Governo sobre todas as coisas. A obra de transformação de padrões do mundo caído, a luz que a Igreja é responsável por lançar sobre este mundo em trevas, não será lançada apenas pela capacidade que a Igreja tem de explicar a sua fé, ou até mesmo agir de forma prática. A força da Igreja vem do Espírito Santo de Deus que habita em nós.
Infelizmente, muitas vezes nos perdemos em nossas arrogantes pretensões cristãs. Somos levados a esquecer de que todo o progresso da fé em Cristo Jesus é na verdade uma obra maravilhosa do Espírito Santo em nós. Por isso, Lucas não pode deixar de fazer essa poderosa ligação da obra da Igreja Cristã com a obra do Espírito de Deus.
A base fideísta é a FÉ QUE NOS MOVE. 
E, comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias.  (Atos 1.4-5). 
Não será a nossa força, não será o nosso braço, não será a nossa capacidade de fazer as coisas, mas será o ESPÍRITO SANTO EM NÓS, que usará a Igreja para espalhar o Reino, para viver o GOVERNO, para mostrar ao mundo a MENTE DE CRISTO. 
Determinou-lhes que não se ausentassem – não busquemos fazer nada sem a força do Espírito Santo. Não seja ensimesmado, auto confiante, sem ceder o seu coração ao Espírito Santo. Os leitores de Lucas sabiam tudo o que os discípulos haviam feito e como foram usados por Deus para mudar o mundo ao seu redor. Contudo, Lucas não está empenhado em mostrar o poder destes homens, mas em como foram dependentes do Espírito Santo para fazer tudo o que fizeram. Por isso, ele enfatiza essa palavra de Jesus: NÃO SAIAM SEM O ESPÍRITO... 
Esperem a Promessa do Pai – Lucas é claro ao mostrar à igreja nos seus dias que a obra que fora realizada pela igreja até ali, não poderia ser uma obra feita na força do homem, nem do jeito do homem. A Igreja foi um instrumento de Deus e o método aplicado foi o Deus. 
Batizados com o Espírito Santo – podemos dizer que Lucas não escreveu o Atos dos Apóstolos, mas os Atos do Espírito Santo (Rienk B. Kuiper), no livro Evangelização Teocêntrica. Ele faz um comparativo entre o batismo de João e o que fora dado à Igreja. Ele diz que a força que estava na Igreja era a do Espírito Santo, isto implica, no reconhecimento verdadeiro de que a era que se iniciou é uma grandiosa era do reino de Cristo e era necessário confiar e viver em comunhão com o Espírito Santo e VIVER POR FÉ. 
A base da nossa vida cristã é a FÉ, QUE NOS MOVE, que nos faz seguros em Cristo e na obra que o Espírito Santo realizará através da nossa vida. A MENTE CRISTÃ QUE SE FORTALECE, O FAZ NESTE PODER DO ESPÍRITO SANTO, NA CONSCIÊNCIA DE QUE A ELE PERTENCEMOS E ELE MORA EM NÓS. 

Conclusão
A leitura de Atos dos Apóstolos não é somente para que saibamos um pouco sobre a história da Igreja, este não é o propósito deste LOGON. O propósito deste profundo livro é ser um REMÉDIO para a nossa fé, uma espécie de revigorante, que aumenta as defesas do Corpo de Cristo, que abastece as veias da nossa fé. 
A construção de uma MENTE CONVICTA, lastreada pelo ENSINO DE JESUS, O EVANGELHO DA BOA NOVA, nos conduzirá a uma CONSCIÊNCIA PROFUNDA do GOVERNO DE CRISTO E DA PRESENÇA PODEROSA DO ESPÍRITO SANTO NA IGREJA. 
A Igreja que fará a obra do Senhor neste mundo terá de ser uma Igreja cheia desta convicção, desta força que nos moverá a vencer os desafios, que retirará de nós o temor e nos fará valentes por Cristo. 
O EVANGELHO O ENSINO DE CRISTO – SUA BASE INTELECTUAL
O GOVERNO DE CRISTO – SUA BASE PRÁTICA
O REINO DE CRISTO – SUA BASE TELEOLÓGICA
E a FORÇA DO ESPÍRITO SANTO – a base PÍSTICA da sua vida cristã. 
Deus nos ajude a sermos essa igreja cheia de CONVICÇÃO. 

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