A Convicção da Importância dos Irmãos
(Culto da Noite – Maio 2020 – IP Tatuapé)
Atos 1.12 a 14
Introdução
Todos estes perseveravam unânimes em oração (Atos 1.14).
Os primeiros capítulos de Atos dos Apóstolos mostram uma Igreja fragilizada, por causa do fato de estarem, agora sem a presença física de Cristo, fragilizados porque havia certa perseguição em Jerusalém contra os cristãos e o transcorrer dos relatos, depois a descida do Espírito Santo nos mostrará a Igreja de fato perseguida pelas autoridades de Jerusalém, sendo presos e a Igreja acuada em oração.
Mas estes primeiros capítulos também mostram a força da Comunhão do irmãos, de como juntos, eles viveram estes momentos difíceis e superaram tudo na força do Espírito Santo.
Este é um conceito muito importante que o Livro de Atos trabalha fortemente: a FRATERNIDADE CRISTÃ, isto é, o Cristianismo como um lugar de irmandade. Na segunda parte do Livro o que temos é uma mudança sobre o conceito de irmandade, quando ela é expandida e uma nova visão de irmandade é introduzida, que é a irmandade com a Igreja gentílica. A irmandade vencendo a barreira da língua, da etnia e se tornando uma irmandade global.
A irmandade do caminho foi um dos temas que Lucas utilizou para fortalecer o senso de pertencimento e de como a família da fé foi fundamental para a manutenção da vida do Corpo, pois era na família da fé que os perseguidos encontravam apoio.
Precisamos lembrar que Lucas está nos mostrando como a vida no corpo e a vida fraterna é um ponto de apoio para nos manter firmes nas verdades ouvidas. Lucas quer estabelecer um nexo causal entre a obra importante da irmandade nos dias dos apóstolos e nos dias de luta da Igreja no final do século primeiro, quando quase todos os apóstolos já haviam morrido.
Este é um tema importante para os nossos dias e em particular para estes dias excepcionais que estamos vivendo. Em nossos dias, muita gente já considera a possibilidade de não buscar mais na irmandade a força para seguir adiante no caminho do fé.
Vivemos um desafio nestes dias. Pois para alguns está ficando ainda mais clara a falta que faz a irmandade, para outros, parece que tanto faz, que não precisamos exatamente dos outros, podemos criar um tipo de irmandade sem vínculos.
No texto desta noite, queremos ver alguns aspectos da irmandade e do que ela pode significar para cada um de nós. Este tem duas vias: o que eu preciso, que os outros façam por mim; e o que eu preciso fazer pelos outros irmãos.
A Irmandade Como o Contexto
do Cumprimento das Promessas de Cristo
Então, voltaram para Jerusalém, do monte chamado Olival, que dista daquela cidade tanto como a jornada de um sábado. Quando ali entraram, subiram para o cenáculo onde se reunião... (Atos 1.12-13a).
Você pode não perceber, nem sequer ter sentido isso alguma vez, mas quem já experimentou a diferença que a irmandade faz, quem já esteve sob circunstâncias em que a irmandade da fé, produziu um colchão de segurança, de paz, sabe que existe uma obra espiritual operando no seio da Igreja, um poder sobrenatural. Este é o ponto que precisamos considerar com Lucas aqui.
Voltaram para Jerusalém do Monte Olival – Não sabemos exatamente quem eram os discípulos que estavam ali no monte Olival (nos arredores da cidade de Jerusalém – cerca de 1km – jornada de um sábado), sabemos que eram galileus, porque o anjo se dirige a eles assim: Varões galileus. O texto diz que eles não foram para a sua cidade, eles voltam, eles não se ausentam de Jerusalém, e quando voltam para a cidade, voltam para o lugar onde eles possuem um lugar de comunhão com os irmãos.
Jesus os havia advertido a não deixar a cidade de Jerusalém e eles interpretaram que esta espera para o cumprimento da promessa deveria acontecer no contexto da irmandade.
Lucas considerou importante registrar que eles tomaram essa decisão. Em um momento importante da vida deles, afinal, a esperança deles que estava naquele homem que eles haviam seguido durante três anos, não estava mais presencialmente com eles. Contudo, a ordem de Cristo fez diferença para eles.
Precisamos considerar como a vontade de Cristo de se manifestar através da nossa irmandade é importante e deve ser uma prioridade para nós, não importa as circunstâncias pessoais, a IRMANDADE É O LUGAR ONDE A PROMESSA SERÁ CUMPRIDA. A Irmandade é veículo desta bênção que é dada dos céus.
Irmãos, os grandes momentos dos apóstolos em Atos foram vividos no seio da irmandade, desde os momentos em que os conflitos precisaram ser resolvidos, as dúvidas e as promessas de Deus se revelaram no seio da comunidade da fé.
A IRMANDADE DA FÉ É CONTEXTO ONDE CRISTO MANIFESTA MAIS CLARAMENTE A PROMESSA DA SUA PRESENÇA.
A Irmandade Como Contexto da Segurança do Caminho
Onde se reuniam Pedro, João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago. Todos estes perseveravam unânimes em oração, com as mulheres, com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele (Atos 1.13-14).
Você precisa considerar que quando Lucas escreve o Livro de Atos dos Apóstolos, o seu relato histórico não é de natureza biográfica, ou historiográfica, a ponto dele tentar reconstituir as cenas históricas exatamente como elas aconteceram.
O seu livro é um “tratado conceitual a partir da história acontecida”, é uma reflexão histórica. Então, você compreende como este relato se encaixa:
Quando ali entraram, subiram para o cenáculo onde se reuniam Pedro, João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago.
Subiram para o cenáculo onde se reuniam - Note que a ênfase de Lucas está sobre o que havia naquele lugar, sobre o significado daquele lugar para os irmãos. Era um lugar onde sua história acontecia de forma particular. Este cenáculo, muito possivelmente, se tratava do mesmo em que Jesus havia celebrado a última ceia, que para muitos historiadores pertencia à Maria, mãe de João Marcos (Atos 12.12).
Quem se reunia naquele lugar (Pedro, João, Tiago etc...Maria, mãe de Jesus, os irmãos dele) – a liderança da igreja. Lucas tenta nos mostrar a importância destas pessoas para a vida da Igreja, mostrar que estes líderes, em particular os apóstolos era um porto seguro para a vida da irmandade. Por isso, o Novo Testamento trata a liderança da irmandade como um porto seguro, uma espécie de baliza pela qual todo o restante do corpo pode ser conduzido.
Este é um aspecto muito importante da nossa irmandade, não a distinção, mas a necessidade de maturidade e a experiência trocada em meio à maturidade dos irmãos. Pessoas ajudam pessoas, irmãos, ajudam irmãos, a seguir adiante. Nossas experiências trocadas no contexto do corpo nos fortalece, nos anima, nos dá direção.
Pena que tantas vezes perdemos a riqueza que existe entre nós, por coisas tão pequenas, por problemas tão pequenos. Deixamos de aproveitar o amor de Deus que flui, através daqueles que vivem ao nosso lado, nos mostrando o caminho, por inveja, ciúme, pequenez, egoísmos etc. Não estou falando apenas das lideranças formais e institucionais, mas muito além disto: das lideranças espirituais, das capacitações e dons do Espírito Santo dados à Igreja.
Veja nesta lista de quem estava no cenáculo. Temos homens da mais elevada expressão no contexto do Novo Testamento, mas também temos a simples menção de homens que pouco sabemos sobre eles e sobre o que fizeram. A própria Maria, mãe de Jesus, pouco fala o Novo Testamento sobre a sua vida em meio aos apóstolos. Contudo, estava ela lá, como uma referência que Lucas pretende que todos se lembrem.
A irmandade da fé nos fortalece é importante porque nesta unidade da fé, podemos ter a nossa caminhada segura, balizada pela experiência de todos com Cristo.
A Irmandade da Fé Como o Contexto da Nossa Prática de Comunhão
Enquanto muitos nos dias em que os Evangelho e Atos são escritos estavam se afastando da fé e muito possivelmente se afastando da irmandade, tanto que o escritor aos Hebreus exorta a não abandonarem a congregação e as cartas do Novo Testamento insistem na necessidade da reciprocidade: uns aos outros, Lucas nos exorta a perceber que na comunidade da fé: HÁ COMUNHÃO COM DEUS, HÁ COMUNHÃO UNS COM OS OUTROS.
Atos dos Apóstolos trabalha muito com essa expressão: PERSEVERAVAM UNÂNIMES .
Todos Perseveravam (proskartereo – manter firme) Unânimes (homothimadon – mesmo sentimento pensamento) – Meus irmãos, notem como Lucas valoriza essa aproximação, essa força que emerge da nossa irmandade. O livro de Atos trabalha com esse conceito e mostra que a Igreja que transformou o mundo e por ele se espalhou contou com essa disposição de estar juntos: Atos 2.42 e 46; 4.32; 5.12 e 14.
Em oração – Lucas destaca que a oração une a Igreja, torna a Igreja viva e melhora a comunhão entre nós. Ele destaca a oração e a doutrina dos apóstolos como os elos de comunhão mais fundamentais. Aqui, neste trecho, o destaque à oração tem um motivo: o ESPIRITO AINDA NÃO HAVIA DESCIDO E O PODER DO EVANELHO AINDA NÃO ERA DADO DE FORMA EVIDENTE.
É muito importante notar como o CONTEXTO DO CORPO É O CONTEXTO ONDE A NOSSA COMUNHÃO SE FORTALECE, COM DEUS NO FORTALECIMENTO DA COMUNHÃO UNS COM OS OUTROS.
A própria Lei de Deus aponta nesta direção: AMAR A DEUS E AO PRÓXIMO.
CONCLUSÃO
Nesta noite quero propor uma reflexão importante sobre a SUA VIDA E A SUA VIDA NO CORPO. Como você está construindo essa relação.
Quero pedir-lhe irmão que revise sua vivência no CONTEXTO DA IRMANDADE. Quero quer revise os valores que deixou construir no seu coração sobre isso e perceba onde está errando.
Um problema sobre essa nossa caminhada é que se pegarmos a estrada errada, podemos nos desviar muito do destino e nos perder no caminho. Perder no caminho da Importância da irmandade é perder as bênçãos de Deus:
Perder um lugar onde as promessas tem um especial contexto de realização;
Perder um lugar onde de forma especial sua vida com Cristo é balizada e direcionada;
Perder um lugar de comunhão, que faz sua vida com Deus ser mais consistente.
Estamos como igreja isolados uns dos outros, distantes fisicamente, mas precisamos manter nossa irmandade vida. Esse é um desafio, que não pode depender apenas do pastor, dos que fazem as coisas?? Depende de todos nós. Temos de parar de cobrar dos outros, aquilo que devemos fazer.
A Igreja Presbiteriana do Tatuapé deve ser conhecida como A FAMÍLIA IPT. Uma COMUNIDADE DE FÉ FRATERNA, onde mostramos a disposição de ser uma verdadeira FAMÍLIA DE CRISTO PARA TODOS.
ESSE TIPO DE SENTIMENTO, DE SENTIDO À VIDA ECLESIÁSTICA NÃO SE FAZ POR CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS, POR FRASES DE EFEITO, MAS PELA VIDA AUTÊNTICA DE TODOS SO QUE, DE FATO, VALORIZAM A VIDA NO CORPO DE CRISTO.
Esse é um desafio que cada um tem de esforçar por fazer a sua parte.
Que o Senhor nos ajude a viver como CORPO DE CRISTO.
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