10 de abril de 2011

Lucas 17. 11 a 19

Sua Gratidão é a Melhor Resposta às Bênçãos de Deus
Lucas 17. 11 a 19


Foco da Nossa Condição Decaída

O conhecido episódio dos dez leprosos curados no qual somente um voltou para agradecer a Jesus é um daqueles textos que nos permanecem em nossa mente ressoando. Aqui, Lucas propõe a gratidão como um modo de vida e a mais pura e verdadeira religião. Assim, Deus nos exorta a centralizar nossa vida na gratidão a Ele.

Contextualização

Penso que uma das coisas interessantes neste texto é perceber como ele se encaixa bem no seu contexto imediato. Afinal, ele vem logo depois de uma afirmação de extrema importância dentro do ensino de Jesus: “Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer” (Lc. 17.10).
Com essas palavras Jesus encerra uma conversa com os seus discípulos sobre o perdão, onde ele ordena que se o irmão pecar contra nós, sete vezes em um dia, devemos perdoar-lhe. Os discípulos, diante do desafio, pedem: “aumenta-nos a fé”. Talvez a idéia deles seria: bem isso é tão difícil que somente com uma fé maior que a nossa para cumprir.
Jesus, em resposta a este posicionamento e pergunta, conta uma pequena parábola sobre o servo que trabalhando no campo, o senhor o ordena a voltar para a refeição, mas pede que antes dele comer, ponha a mesa para o seu Senhor. Isso seria considerado algo normal, pois o servo não deve pensar em si mesmo e em suas necessidades, mas na vontade do seu Senhor. Assim, somos nós. Devemos pensar na vontade de Deus, antes mesmo que em nossas necessidades.
Para mim, Lucas vê essa história dos leprosos como uma maneira adequada de ilustrar esse ensino. Por isso, vamos observar essa passagem dentro deste prisma, ou seja, procuraremos compreender porque Jesus faz a observação pertinente sobre aquele que voltou, fazendo menção dos outros nove que não vieram.
  

A Gratidão é a Resposta Religiosa Que Nos Diferencia Daqueles Que Se Aproximam de Deus Com Uma Fé Distorcida

Quando lemos o texto, percebemos uma estrutura que identifica esses leprosos como seres humanos que venceram algumas diferenças para lidarem com sua doença.
A lepra era uma doença considerada repugnante por quase todos os povos da antiguidade. Tinha características de contágio e degeneração dos tecidos moles do corpo, que desfigurava as pessoas, tornando-as seres não bem-vindos no convívio social.
Aqueles dez leprosos, compreenderam que deveriam viver unidos por sua doença e se localizaram aos arredores de uma determinada aldeia e se mantinham à distância da passagem natural das pessoas.
Pela observação do verso 26 que disse que o que voltou era samaritano, podemos inferir, com certa segurança, que tínhamos entre os outros nove, pessoas de outras regiões, possivelmente, uma miscelânea de judeus e samaritanos, unidos pela dor e que haviam vencido os problemas de convivência das duas nações.
Outro aspecto positivo demonstrado por este grupo de leprosos é que eles tinham apreço por Jesus, pois vieram ao seu encontro e Lucas nos diz que “eles” gritaram: “Jesus, Mestre, compadece-te de nós!”. Esse tipo de atitude sugere que confiavam em Jesus e no poder dele para os curar. O próprio fato de se posicionarem à distância para esse grito de socorro, demonstra que não queriam fazer mal a ninguém e que pensavam nos demais.
Por fim, observando os traços da espiritualidade destes homens, você irá observar que, em sua prática pessoal tinham alguma ligação com a religião formal, dos samaritanos ou judeus, pois, quando Jesus lhes diz para irem ao sacerdote e se mostrarem, eles sabiam aonde deveriam ir.
Enfim, o que desejo observar neste texto é que, aqueles leprosos demonstraram comportamento religioso de fé, segundo padrões razoavelmente aceitáveis. Imagino que tenham sido declarados puros pelo sacerdote (conforme a religião dos judeus e samaritanos dizia que deveria acontecer) e seguiram suas vidas, inclusive com a religião.
Entretanto, a parte final da nossa passagem que, até aqui, falava deles em conjunto, faz uma distinção entre os nove e aquele que voltou para a agradecer. A diferença entre eles foi exatamente a sua atitude de gratidão.
“Não eram dez os que foram curados? Onde estão os nove? Não houve, porventura, quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro?   
Neste ponto, você já percebe que se sua religiosidade não o conduz à gratidão, alguma coisa pode estar errada, mesmo que em muitas coisas você se assemelha a todos os outros.
Ser um homem de fé, ter apreço por Jesus, ter relacionamento com a religião formal, pode não significar que vivemos nos lugares mais próximos de Deus. Por que o homem que vive perto de Deus, não suportaria viver essa proximidade sem agradecer.
Gostaria de explorar este ponto com outras passagens da Escritura, para mostrar a importância da gratidão e a mesma como consequencia de uma consciência e compreensão da obra de Deus. Mas, infelizmente, somente neste texto isso não é possível. Mas, convido a todos a fazerem uma busca neste sentido. 

A Gratidão é a Resposta Religiosa Que Nos Diferencia Daqueles Que Discernem Os Elevados Propósitos da Vida Com Deus 

Um segundo aspecto do texto que desejo observar sobre a atitude diferenciadora da gratidão é que ela é resultado de um discernimento mais completo dos elevados propósitos da vida com Deus.
Tem sido muito comum encontrar, nos meios religiosos cristãos, aquelas pessoas que vêem no relacionamento com Deus apenas um meio de melhorarem a sua própria vida. Aliás, a própria religião tem se valido dessa visão e propõe-se a ser a igreja onde você recebe o que quer mais rápido e melhor.
Certamente, esse jamais foi o propósito de Deus, ou seja, que vivamos e sejamos motivados a nos relacionar com Ele pelas coisas que pode nos conceder. Pelo contrário, Deus quer que a gratidão seja o tema da eternidade para todos nós. A gratidão na Bíblia, pode ser encontrada com muitos outros nomes, tais como: regozijo, alegria, satisfação etc.
Este milagre não aconteceu por meio do toque de Jesus como em outras ocasiões. Não há muitos detalhes do milagre em si, apenas o fato de Jesus lhes ordenar que fossem ao sacerdote e, diz, Lucas que eles, quando se puseram a caminho foram curados:
“Aconteceu que, indo eles, foram purificados” - Compreendemos que não chegaram a andar muito na direção do sacerdote, pois aquele que foi curado, assim que se percebeu curado, voltou a Jesus a ponto de encontrá-lo, ou seja, eles recebem a graça e seguem na direção determinada pelo próprio Jesus, como Jesus lhes ordenara.
SE você voltar no texto um pouco irá se lembrar de que Jesus disse: “Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer”. Aqueles nove, fizeram exatamente o que Jesus lhes dissera e foram ver o sacerdote e retomar a vida normal, inclusive a vida religiosa que era o centro da vida de uma pessoa naquele tempo e região.
O que voltou, fez além daquilo que o Senhor ordenou. Ele ofereceu sua adoração a Jesus e eu estou convencido de que ele foi movido pelo espírito da gratidão. Porque, ele compreendeu que o propósito do milagre que ocorrera na sua vida tinha como propósito torná-lo grato e ligado a Deus, no Seu Filho Jesus.
Veja que interessante o modo como o texto trata a matéria:
“Um dos dez, vendo que fora curado, voltou, dando glória a Deus em alta voz e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, agradecendo-lhe”
Ele discerniu que sua cura serviria à glória de Deus. Ele sabia que a maneira de oferecer a Deus essa glorificação era demonstrar a sua gratidão a Deus, colocando-se aos pés de Jesus e agradecendo-lhe. Os demais não atinaram para isso, mesmo que tivessem sido instruídos em muitas coisas da sua religião.
Gostaria de estimulá-lo a perceber isto, ou seja, os elevados propósitos de Deus ao agir a seu favor e realizar tudo o que realiza na sua vida, por meio do que Ele deseja que você o reconheça como seu Senhor em tudo. Não há lugar para sentar-se à mesa e desfrutar do alimento, sem antes voltar-se para Deus em gratidão pelo que ele dá, assim como tudo o mais na vida.

A Gratidão é a Resposta Religiosa Que Nos Diferencia Daqueles Que Não Descobriram Cristo Como o Centro de Sua Existência

Uma das coisas que as pessoas podem pensar é que aquele leproso que voltou para agradecer a Jesus, teria sido desobediente, pois a ordem de Jesus era que eles se dirigissem aos sacerdotes, e ele deixou isso em segundo plano e foi na direção de Jesus. Será que ele correu o risco de perder a bênção por causa dessa suposta desobediência?
O primeiro ponto que devemos observar aqui é procurar responder: será que ele de fato desobedeceu? Ele, por acaso não foi ao sacerdote? Gostaria de lhe dizer que você não pode esquecer de que Cristo é o nosso Sacerdote perfeito.
Não sei o quanto aquele homem refletiu sobre isso e chegou a essas conclusões, mas de alguma maneira, o Espírito Santo o conduziu àquele que é o nosso Verdadeiro Sumo Sacerdote. O Escritor aos Hebreus nos ensina que o Sacerdócio Levítico era apenas uma sombra do Verdadeiro Sacerdócio que se completaria em Cristo o nosso Sumo Sacerdote (Hebreus 7).
NO texto, Lucas nos mostra que aquele homem buscava a Deus e se prostrava diante de Jesus, o seu Sumo Sacerdote, aquele que intercede por nós, aquele que media a nossa relação com Deus. Diferentemente, dos demais, o que mais lhe importava era voltar para Cristo, em quem reconhecera a divindade.
O texto trata a questão dessa forma: “Um dos dez, vendo que fora curado, voltou, dando glória a Deus em alta voz e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, agradecendo-lhe. Então, Jesus lhe perguntou: Não eram dez os que foram curados? Onde estão os nove? Não houve, porventura, quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro?”
Você nota que Jesus declara que a atitude dele de gratidão era um ato de adoração a Deus e não a Jesus apenas. Ele não fora levado, como os demais, às estruturas da religião, mas notara que a verdadeira religião era aquela que nos aproxima de Deus, por meio de Jesus.
Lembramos agora as próprias palavras de Jesus: “Ninguém vem ao Pai senão por mim”.
Faz parte de toda a estrutura da Bíblia que venhamos a Deus por meio de Cristo e que façamos de Jesus o centro de nossa vida e culto. A gratidão a Cristo é uma marca dessa verdadeira religião.
A cruz, como centro máximo do seu ato sacerdotal, no qual o sacerdote, se faz oferta pelos seus, para que os seus se acheguem a Deus é o ponto de partida e o maior motivo da nossa gratidão.  Como diz o cântico:
Pela cruz dou graças
Pelo preço pago ali
Meu pecado suportou
Por seu amor, a graça recebi
Pelo amor dou graças
Pelos pregos em suas mãos
Com seu sangue me lavou
E me mostrou
Seu amor e o seu perdão.


Conclusão
Você pode se preocupar muito seriamente sobre o modo como tem vivido esse relacionamento com Deus. Qual é o lugar da gratidão na sua vida cristã. A gratidão, para você é algo esporádico? A gratidão é uma preocupação na sua vida apenas quando acontece algo que você precisava muito ou esperava muito? 
Veja o que encontramos neste texto e o que Deus espera que seja a nossa vida. Perceba que a gratidão deve ser um modelo de vida, ou seja, ser um cristão verdadeiro é ser alguém agradecido, eternamente agradecido. 
É muito importante que lembremos que Lucas escreve estas coisas para irmãos e irmãs que estavam em condições muito difíceis, ou seja, muitos deles estavam vivenciando situações muitíssimo desfavoráveis, sob pressões, perseguições etc. 
Em nossos dias, também vivemos muitas dificuldades para sermos cristãos. Pense, na realidade do Brasil e da cidade de São Paulo. Nós brasileiros trabalhamos muito, ganhamos pouco, somos um país com uma das maiores taxas de juros de todo o mundo; a violência campeia nossa nação, pela proliferação do crime, da corrupção, das drogas etc. 
TEmos de trabalhar muito e ainda, se queremos servir a Deus, temos de arrumar tempo para evangelizar, participar da obra do Reino etc. 
Mas, ainda que você tenha muita dificuldade para fazer tudo isso acontecer na sua vida, não se esqueça do que disse Jesus: Somos servos inúteis! 

Aplicação
Gostaria de ver a realidade da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa sendo transformada! Ainda temos muitos irmãos e irmãs, que não demonstram de forma prática a gratidão que devemos a Deus. Eu os conclamo a pensar sobre as bases de seu relacionamento com Deus e os convido a se engajarem na obra por gratidão a Deus e pala obra que Cristo fez na Cruz. 
Este é o tipo de igreja que desejamos que exista neste lugar, formada por pessoas agradecidas, cujo esforço nunca é utilizado para procurar se colocar acima dos demais ou, cujas dificuldades jamais sirvam como desculpas... esperamos que a vida de Gratidão seja a base por detrás de nosso envolvimento com o Reino. 
Eu desejo que neste lugar, Deus levante irmãos e irmãs dispostos a servir por uma intensa coerência e que se destaquem por sua gratidão a Deus. 
Deus nos abençoe!


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